WE'BIZ - ABRIL 2015

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Empresas com Horizonte A ciência é a melhor parceira das startups. Com I&D+i é possível criar produtos inovadores, desenvolver tecnologias sofisticadas, implementar negócios disruptivos. E o Horizonte 2020 está aí para financiar a transferência de conhecimento.

LAPA

CARLOS MOEDAS

PORTUGAL 2020

A startup que promete pôr fim aos perdidos e achados

Taxa de sucesso das candidaturas portuguesas ao H2020 “encontra-se dentro da média europeia” Entrevista ao Comissário Europeu

Calendário anotado destaca os concursos abertos nos próximos meses



EDITORIAL PROPRIEDADE ANJE -Associação Nacional de Jovens Empresários CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO João Rafael Koehler Francisco Fonseca DIRETOR Rafael Alves Rocha COORDENADORA Mónica Rodrigues Neto REDATORES André Amorim Costa Ricardo Vieira Melo Mónica Rodrigues Neto COLABORADORES NESTA EDIÇÃO Bruno Nunes Hugo Costa José Fontes Mónica Veloso Olga Machado Suzana Alípio GRAFISMO Garra Publicidade, S.A. DEPÓSITO LEGAL 388168/15 IMPRESSÃO Empresa Diário do Minho, Lda TIRAGEM 15.000 PERIODICIDADE Mensal ANO DE EDIÇÃO 2015

Ter horizonte é ter mundo. E quem me rodeia sabe quanto tenho repetido esta máxima: é urgente ter mundo! Ter horizonte é também olhar para o amanhã como uma oportunidade: não como o dia em que fazemos o que ficou por fazer hoje, mas como o dia em que vamos fazer mais e melhor. Ter horizonte é ainda ter a capacidade de potenciar os nossos pontos fortes e de minimizar os fracos com as forças do que e de quem nos rodeia. Ter horizonte é, enfim, empreender com sentido de inovação, globalidade e complementaridade, antes até de pensar em competitividade. E, em matéria de empreendedorismo, é incontornável, no momento que vivemos, dizer que ter horizonte é sobretudo pensar nos programas de apoio comunitário como oportunidades de inovação, internacionalização, criação, expansão e constituição de networks sinérgicas. Ora, se há programa que nos dá oportunidade (e perdoem‑me a repetição, mas falar de horizonte é sublinhar várias oportunidades) para isso é o Horizonte 2020. E para abordar o Programa-Quadro Comunitário de Investigação & Inovação neste número da WE’BIZ encontramos casos de empresas que captaram a essência deste programa, falamos com profissionais ligados à investigação e à transferência de conhecimento sobre as suas fragilidades e vantagens, e tivemos ainda a prerrogativa de apresentar a perspetiva do Comissário Europeu Carlos Moedas, numa grande entrevista concedida à nossa revista. Extravasando o tema de fundo desta edição, a WE’BIZ não perdeu, porém, o foco dos empreendedores com horizonte. E assim encontrou a startup Lapa, entre outros exemplos de fazer negócio, ora de forma mais diferenciadora, ora de fora mais criativa ou até social. E tendo no horizonte uma área com défice de competências no nosso país, a programação informática, fomos de encontro a projetos que se dedicam à reconversão rápida de profissionais de outras áreas, disponibilizando até cursos online. Inspirados pelo modelo de negócio ágil que apresentamos neste número, pelos 100 mil fatores que influenciam o algoritmo do Facebook ou até pelos quatro mitos do financiamento esclarecidos por Paulo Andrez, estamos certos de que os nossos leitores têm nesta edição diversas oportunidades (outra vez!) adicionais para ter horizonte! Rafael Alves Rocha Diretor Abril 2015 WE’BIZ 3


SUMÁRIO

03 06 10 13 18 28 34 42 38 EDITORIAL

weFIRST › PRIMEIRA MÃO

P. 06 Relatório da AMWAY: 41% dos portugueses consideram hipótese de criar um negócio P. 08 Mulheres lideram apenas 28,2% das empresas nacionais

weNUMBERS › FINANCIAMENTO

weFIND › OPORTUNIDADES

P. 10 iUP25k: 25 mil euros para as três melhores ideias de negócio P. 12 Criar e gerir com inteligência artificial

P. 13 Abertos concursos para incentivos do Portugal 2020 P. 13 Nova Linha de Crédito PME Crescimento: Dois mil milhões de euros contratualizados com os bancos

weZOOM › TEMA DE FUNDO

P. 18 Um horizonte de esperança na I&D+I para empresas e centros de conhecimento

weSTART › STARTUPS

weTALK › ENTREVISTA

P. 28 Farfetch é a primeira “billion dolar company” de origem portuguesa

P. 34 Taxa de sucesso de candidaturas portuguesas ao H2020 “encontra-se dentro da média europeia”

P. 29 Uma startup entre perdidos e achados P. 32 Vantagens da metodologia Scrum

weLEARNING › FORMAÇÃO

weCREATE › ECONOMIA CRIATIVA

P. 38 Master da Anje revela novas tendências de Marketing e consumo

P. 42 O nó como princípio criativo

P. 39 Programar é uma competência de futuro e já pode ser adquirida online

4 WE’BIZ Abril 2015

Comissário europeu Carlos Moedas


43 45 47 52 57 59 62 weTECH › TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

weSOCIAL › EMPREENDEDORISMO SOCIAL

P. 43 Bitcoin, a moeda que nasceu no basfond da net

P. 45 Mudar o mundo sem perder a sustentabilidade

weNOW › ATUALIDADE

P. 47 Comferência Empreendedorismo 2020: a iniciativa empresarial da próxima década em género, número e grau P. 49 Mostra e Bootcamp levam inovação à sede da ANJE

P. 50 Roadshow da AICEP percorre Europa, Ásia e a América em busca de investimento externo P. 50 10% das startups em Portugal exportam no primeiro ano de atividade P. 51 ”Plano Juncker” garante 315 milhões para recuperação económica da UE

weNEXT › AGENDA

weSEARCH › LIVROS & SITES

P. 52 Abril

P. 57 “Mercator”: o livro do marketing tem nova versão em português

P. 55 Maio

P. 58 Startup ranking: o barómetro digital e social dos novos negócios

weSHARE › WEB & APPS

P. 59 Tudo sobre o famoso “algoritmo” do Facebook que determina quem vê o quê

P. 61 Outlook: a melhor app para o Gmail é da Microsoft

weTHINK › OPINIÃO

P. 62 Paulo Andrez

Business Angel, Presidente Emérito da EBAN, Administrador da DNA Cascais Quatro mitos do financiamento de startups em Portugal

Abril 2015 WE’BIZ 5


weFIRST › PRIMEIRA MÃO

RELATÓRIO DA AMWAY:

41%

DOS PORTUGUESES CONSIDERAM HIPÓTESE DE CRIAR UM NEGÓCIO Em 2014, 41% dos portugueses imaginavam‑se a criar um negócio, o que representa um crescimento de 9% face ao ano anterior. Mais: 65% dos inquiridos afirmaram ter uma atitude positiva face ao empreendedorismo. Já o que os motiva para os negócios é, sobretudo, a “independência patronal”, resposta que colhe 47% das preferências. Por outro lado, 50% dos portugueses acreditam que é possível aprender a ser empreendedor, mas 64% consideram que a formação nesta área é “insatisfatória”. São estas as principais conclusões do Relatório Global de Empreendedorismo 2014 da Amway. A Amway, empresa do setor de venda direta, apresentou o seu 5.º Relatório Global de Empreendedorismo, relativo a 2014. No estudo, 41% dos portugueses inquiridos imaginam-se a criar um negócio, o que representa um crescimento significativo face ao ano anterior, em que apenas 32% dos inquiridos consideravam a fazê-lo. Os valores atuais são, aliás, muito próximos da média europeia, que é de 38%, e da média mundial, 42%. 6 WE’BIZ Abril 2015

Por outro lado, 65% dos portugueses que participaram no estudo afirmaram ter uma atitude positiva face ao empreendedorismo. No entanto, esta percentagem encontra-se consideravelmente abaixo da média europeia e mundial, que regista valores de 73% e 75%, respetivamente. Já quanto ao motivo apontado para ambicionarem ter o seu próprio negócio, 47% dos portugueses (mais 3% do que em

2013) apontaram a “independência patronal”, um valor semelhante ao dos restantes países analisados. Neste indicador, os jovens com menos de 35 anos de idade ainda representam uma percentagem maior: 50%. Regressar ao mercado de trabalho e ter a possibilidade de realização pessoal e de concretização das próprias ideias foram as outras motivações mais referidas pelos


PRIMEIRA MÃO ‹ weFIRST portugueses inquiridos, com 36% e 35% de respostas, respetivamente. Comparativamente a 2013, a ideia de regressar ao mercado laboral registou um aumento de 5% das respostas, o que reflete “o receio que as pessoas têm relativamente ao desemprego e à dificuldade em encontrar uma nova oportunidade”, diz o estudo. A diretora-geral da Amway Ibéria, Monica Milone, defende que, “embora se tenham identificado algumas barreiras no Amway Global Entrepreneurship Report de 2014, a criação do próprio emprego continua a consolidar-se em Portugal, ano após ano”, quer “como uma alternativa ao desemprego”, quer “como uma forma de considerar o futuro a longo prazo”. O Relatório Global de Empreendedorismo 2014 da Amway foca-se, essencialmente, na dicotomia “nascer empreendedor” ou “aprender a sê-lo”. E sobre este assunto 50% dos portugueses inquiridos acreditam que é possível aprender a ser empreendedor. Contudo, 64% considera que a formação em empreendedorismo é “insatisfatória”. Esta perceção é extremamente negativa, comparativamente à média europeia e mundial, que é de 43% em ambos os casos.

46% ACREDITAM QUE SE NASCE EMPREENDEDOR Em relação à eventualidade de se nascer empreendedor, 46% dos participantes portugueses no estudo acredita nesta possibilidade. A

76

%

54

%

este respeito, os jovens com menos de 35 anos têm uma opinião mais vincada em relação à formação: 60% acham que se pode aprender a ser empreendedor, um valor semelhante à média dos restantes países analisados. “Em Portugal, os jovens assumem a importância da formação no que diz respeito ao empreendedorismo, especialmente formação em competências básicas na gestão de negócios”, acrescenta Monica Milone.

relação a este indicador, facto que, aliás, se verificou na maioria dos países em que se vive uma situação económico-financeira menos favorável. O Relatório Global de Empreendedorismo de 2014 é o resultado de um inquérito realizado a mais de 40 mil cidadãos, entre os 18 e os 64 anos de idade, espalhados por 38 países diferentes: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Brasil, Canada, Coreia do Sul, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, EUA, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Japão, Lituânia, Noruega, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Roménia, Rússia, Suécia, Suíça, Turquia e Ucrânia. O estudo foi igualmente realizado na China, Colômbia, India, México e Africa do Sul, mas apenas junto da população residente em áreas metropolitanas.

Quanto à responsabilidade pela formação, 49% dos portugueses inquiridos é da opinião de que o empreendedorismo deve ser ministrado em programas fornecidos pelo Estado ou por qualquer entidade não lucrativa, como associações empresariais e câmaras de comércio. E este padrão é observado em todos os grupos demográficos analisados no estudo. A segunda e terceira opções indicam que a formação em empreendedorismo deverá ser dada no ensino superior ou no ensino secundário, ambas com 29% de respostas.

Em Portugal, o estudo permitiu analisar a atitude dos inquiridos face à criação do próprio emprego, bem como os principais motivos subjacentes ao desenvolvimento de novos negócios. No âmbito educativo, os agentes empresariais podem identificar os aspetos cruciais para a formação de empreendedores e a opinião do universo de entrevistados sobre o papel do sistema de ensino na dinamização do ecossistema empreendedor português.

Considerando o ambiente social, o setor político e as pessoas em geral, a maioria dos portugueses inquiridos (75%) afirmaram que a sua comunidade é pouco recetiva e apoiante no que toca a assuntos relacionados com o empreendedorismo e com os empreendedores. Esta conclusão, diz o estudo, “representa um enorme entrave ao crescimento de negócios próprios e tem uma proporção muito maior do que a média europeia e global, de 48% e 49%, respetivamente”. Importa salientar que Portugal foi o país que registou uma percentagem mais negativa em

O relatório de 2014 foi desenvolvido pela Amway Europa, com o apoio da Universidade Técnica de Munique e do instituto GfK Research de Nuremberga. O texto integral do estudo está acessível em www. amwayentrepreneurshipreport.com.

Dos jovens portugueses têm uma atitude positiva face à criação do próprio emprego

80%

Dos jovens europeus

Dos jovens portugueses concebem a criação do seu próprio emprego

49

Dos jovens europeus

%

Abril 2015 WE’BIZ 7


weFIRST › PRIMEIRA MÃO

MULHERES LIDERAM APENAS

28,2% DAS EMPRESAS NACIONAIS O cenário tem vindo a melhorar nos últimos anos, mas é ainda grande a desigualdade de género nas empresas do nosso país. A Taxa de Atividade Empreendedora em Portugal correspondia, em 2012, a 9,3% do sexo masculino, enquanto no sexo feminino se situava nos 6,2%. Aliás, em 2014, apenas 28,2% das empresas portuguesas tinham uma liderança feminina. As mulheres representam 42,3% dos empregados, desempenham 33,8% das funções de gestão e 24,9% das funções de direção executiva das empresas em Portugal.

8 WE’BIZ Abril 2015


PRIMEIRA MÃO ‹ weFIRST

Já segundo os dados mais recentes do GEM – Global Entrepreneurship Monitor, a Taxa de Atividade Empreendedora (TAE) em Portugal correspondia, em 2012, a 9,3% do sexo masculino, enquanto no sexo feminino se situava nos 6,2%. Apesar disso, o rácio empreendedores/ empreendedoras diminuiu relativamente a 2011, passando de 2,23% para 1,51%, pelo que se pode concluir que o país progride no sentido da paridade. Mais: a TAE global em Portugal aumentou como resultado de um acréscimo do número de mulheres empreendedoras. As mulheres representam pois, quer em Portugal, quer no resto da Europa, um potencial empresarial ainda por desenvolver e materializar em novos negócios. Com efeito, a criação de empresas por mulheres é um fator de desenvolvimento socioeconómico ainda subaproveitado, sobretudo se tivermos em conta a elevada presença feminina nas universidades e de como essa qualificação superior pode ser aplicada em projetos de empreendedorismo. Importa lembrar que, em Portugal, as mulheres representam cerca de 60% da população estudantil universitária. Por outro lado, a promoção do empreendedorismo feminino é também importante para a prevenção e proteção face ao

desemprego, na medida em que consubstancia a criação do próprio posto de trabalho. Deve ressalvarse, contudo, que seria desejável que as mulheres desenvolvessem uma atividade empresarial por convicção e oportunidade, e não por razões de subsistência económica. Mas muito do empreendedorismo feminino português está associado ao desemprego e à degradação das condições de vida.

POUCAS EXECUTIVAS E VÁRIOS OBSTÁCULOS Parece evidente que o desempenho empresarial das mulheres se encontra aquém do desejável, principalmente no que se refere a atividades empreendedoras de cariz inovador, que são as que mais contribuem para o desenvolvimento de uma economia do conhecimento. Apesar do elevado número de mulheres com qualificação superior, estas tendem a incrementar os seus negócios em setores de atividade de serviços ou comércio, em detrimento de áreas estratégicas de desenvolvimento científico, tecnológico ou criativo. Isto significa que as mulheres se encontram pouco envolvidas em atividades que lhes permitam mobilizar todo o seu potencial e assumir posições de responsabilidade e decisão. Aliás, segundo a INFORMA (responsável pela maior base de dados nacional e mundial de empresas), apenas 28,2% das empresas portuguesas tinham uma liderança feminina, em 2014. As mulheres representam, de acordo

com o mesmo barómetro, 42,3% dos empregados, desempenham 33,8% das funções de gestão e 24,9% das funções de direção executiva das empresas. Estes dados fazem com que Portugal continue a ser um dos países europeus com menor representação de executivas no topo das empresas, ainda que o número de mulheres no tecido empresarial (empregadas, cargos de direção, gestão e liderança) tenha vindo a aumentar nos últimos anos, em especial em funções de liderança. Neste último item, registouse um aumento de 5,3% em relação a 2011. Esta situação de desigualdade penaliza, não apenas as mulheres, mas também as próprias empresas. Isto porque a diversidade de género traz vantagens às empresas, na medida em que possibilita uma maior variedade de perspetivas de gestão a vários níveis. Neste pressuposto, a diversidade de género traduzse, a jusante, numa capacidade de decisão mais refletida, competente e abrangente nas administrações das empresas. Os principais obstáculos a uma maior participação das mulheres na atividade empresarial são sobretudo de natureza cultural, económica e financeira. Cultural, porque subsistem na sociedade portuguesa estereótipos e preconceitos que afastam as mulheres das empresas. Económica, porque as mulheres são tidas como menos produtivas, mais absentistas e menos credíveis profissionalmente do que os homens. Financeira, porque as mulheres enfrentam mais barreiras no acesso a financiamento do que os homens e no crédito bancário são-lhes impostas taxas de juro mais elevadas.

42,3% 57,7%

24,9% 75,1%

33,8% 66,2%

28,2% 71,8%

Empregados

Funções de direção

Funções de gestão

Liderança

Segundo a INFORMA, em 2014, as mulheres representavam 42,3% dos empregados, desempenhavam 33,8% das funções de gestão e 24,9% das funções de direção executiva das empresas. A liderança era feminina em apenas 28,2% das empresas. Ainda assim, sublinhe-se, subiu 5,3 pp em 2014, face a 2011. Abril 2015 WE’BIZ 9

Fonte: INFORMA in “Onde param as mulheres? Presença feminina nas organizações em Portugal 2015”

Apesar de as mulheres representarem 52% da população europeia, constituem apenas um terço dos trabalhadores independentes ou dos fundadores de empresas na UE. Em Portugal, e de acordo com o INE, as trabalhadoras por conta própria como empregadoras são pouco mais de 73 mil, enquanto os trabalhadores nesta situação totalizavam quase 166 mil.


weFIND › OPORTUNIDADES

iUP25k:

25 MIL EUROS PARA AS TRÊS MELHORES IDEIAS DE NEGÓCIO De há seis anos a esta parte, a Universidade do Porto organiza um concurso de ideias de negócio: iUP25k. Para concorrer é indispensável ter uma ligação a esta instituição do ensino superior e, claro, um projeto empresarial inovador, com potencial de rentabilização económica e que vá ao encontro de necessidades do mercado. Em disputa está um total de prémios no valor de 25 mil euros, a dividir pelas três melhores ideias de negócio. A 29 de maio próximo, os 10 finalistas do 6.º iUP25k – Concurso de Ideias de Negócio da Universidade do Porto vão competir pelos diferentes prémios em disputa. Como aconteceu em edições anteriores, será ainda atribuído um prémio especial para a melhor ideia de negócio na área do empreendedorismo social e um outro prémio para a melhor ideia na área das tecnologias de informação e comunicação. Em disputa estará um total de prémios no valor de 25 mil euros, a dividir pelas três melhores ideias de negócio: 15.000 euros para a melhor ideia e 5.000 euros para as duas restantes. Sensibilizar a comunidade para a importância do empreendedorismo e a criação de novos projetos empresariais é o principal propósito do concurso iUP25k. Trata-se de uma competição de ideias de 10 WE’BIZ Abril 2015

negócio desenvolvida pela Universidade do Porto, que conta com o apoio da ANJE, e que visa apoiar projetos com potencial, baseados em processos de exploração de conhecimento e inovação. Aberto à participação das comunidades civil, estudantil, investigadora e docente, o iUP25k não concentra atenções em nenhum setor de atividade específico e segue o propósito de facilitar a geração de ideias de negócio inovadoras em qualquer domínio científico, tecnológico ou social. Para isso, a organização do concurso facilita o acesso ao financiamento adequado e a parcerias estratégicas, criando oportunidades para a aprendizagem sobre o processo de inovação e comercialização de tecnologia.


OPORTUNIDADES ‹ weFIND

PRÉMIOS PARA “BEST TIC” E “BEST SOCIAL BUSINESS” A participação no concurso exige que pelo menos um dos elementos da equipa tenha, ou tenha tido, uma ligação à Universidade do Porto. Os candidatos devem preencher um formulário de candidatura e submeter um vídeo, com duração até três minutos, sobre a ideia de negócio. No dia 29 de abril, vão ser divulgadas as 25 ideias finalistas, que devem seguir, posteriormente, o Action Business Plan. Segue-se uma apresentação (elevator pitch) dos finalistas, o que vai possibilitar aos jurados o contacto direto com as ideias a concurso. No dia 8 de maio, serão divulgadas as 10 ideias finalistas.

premiados com 5 mil euros, valor que será convertido em serviços de diagnóstico de propriedade industrial dos projetos e em oportunidades de instalação dos negócios e mentoring. Paralelamente, o público decidirá a atribuição da menção honrosa, estando ainda previstas as decisões sobre os galardões “Best TIC” e “Best Social Business”. O primeiro prémio proporciona um conjunto de vantagens estratégicas, onde se incluem o apoio em coaching/ mentoring e o acesso a aconselhamento sobre programas de financiamento ou ao programa BizSpark da Microsoft para startups de âmbito tecnológico. Sobre o “Best Social Business” sabe-se, para já, que permitirá aos promotores do projeto apresentar a respetiva ideia de negócio na final do iUP25k.

O vencedor da competição vai arrecadar 15 mil euros em prémio pecuniário e beneficiar de serviços de incubação e mentoring. Os segundos e terceiro classificados serão

QUE PRÉMIOS ATRIBUI O iUP25k?

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io: 5.0 2º Prém

15.000€ em prémio pecuniário e serviços de incubação e mentoring; consultoria e depósito de um pedido de patente ou proteção de design nacional.

Prémios no valor de 5.000€ em serviços de incubação e mentoring; serviço de diagnóstico de Propriedade Industial ao projeto.

Prémios no valor de 5.000€ em serviços de incubação e mentoring; serviço de diagnóstico de Propriedade Industial ao projeto.

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BEST SOCIAL BUSINESS

Prémio do Público

BEST

TIC

Promoção da ideia de negócio na final do iUP25k; Prémio em definição.

Apoio em coaching e mentoring; Acesso e aconselhamento sobre programas de financiamento; Acesso ao Programa BizSpark da Microsoft para as Startups de âmbito tecnológico; Apoio para acesso a programas internacionais da Microsoft, nomeadamente AppCampus; Tablet e Smartphone Windows. Abril 2015 WE’BIZ 11


weFIND › OPORTUNIDADES AS TIC COMO OPORTUNIDADE DE POUPANÇA

CRIAR E GERIR COM INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL Se é de contas que nos propomos falar, nada melhor do recorrer à velha regra de três simples para expor uma oportunidade de empreendedorismo e gestão que cruza poupança, negócios e tecnologia, ao abrigo do conceito de “business intelligence”. Na verdade, e agora sim vamos à equação, quase podemos dizer que o conceito de “business inteligence” está para o mundo dos negócios, na sua globalidade, como as tendências “low cost” estão para o segmento específico do setor turístico. “O conceito prático de ‘business intelligence’ (BI), ao contrário do que se possa imaginar, não é recente. Já era usado há milhares de anos, quando povos antigos cruzavam informações obtidas junto da natureza em benefício próprio, observando e analisando o comportamento das marés, os períodos de seca e de chuvas, a posição dos astros, entre outras. Eram formas de obter informações 12 WE’BIZ Abril 2015

úteis para tomar decisões que permitiam a melhoria de vida das respetivas comunidades. O BI é uma prática usada por grande parte das empresas para analisar informação e conhecimento de forma inteligente”, afirma Pedro Perfeito, consultor empresarial com experiência na preparação de empresários na aplicação do conceito. Um conceito que, na atualidade, e quando aplicado ao mundo da gestão e ao universo da criação de empresas, está intimamente ligado às tecnologias de baixo custo e aos softwares, que permitem não apenas obter poupanças mas também potenciar negócios e oportunidades. O especialista afirma, por isso, que o BI vem conceder aos empreendedores novas formas de “detetar desperdícios, identificar tendências ou analisar desempenhos”. “O BI não vem substituir sistemas operacionais com ERP, CRM e outros, mas sim dar um apoio significativo na tomada de decisões, que será baseada em factos e menos em induções e/ou instintos dos gestores”, acrescenta Pedro Perfeito. Quer isto dizer que desenhar um novo negócio ao abrigo da lógica de BI ou mudar a forma de gerir uma empresa já existente também neste sentido não implica mudanças estratégicas propriamente ditas. Em causa está apenas o aproveitamento diferenciado de um conjunto de ferramentas que, na maior parte dos casos, são já pré-existentes mas não são devidamente aplicadas ou exploradas. E esse aproveitamento diferenciado poder ser um suporte significativo na tomada de decisões, que desta forma, e de modo mais fidedigno, passam a ser baseadas em factos, cálculos e previsões e menos

em induções dos gestores. “Grande parte do que é feito (ou deveria ser feito) relativamente ao BI, é feito de forma a adaptar a tecnologia ao negócio e não o inverso. Por isso mesmo, existe sempre um esforço extra em organizar e estruturar os diversos modelos de negócio para posteriormente se recorrer a uma ferramenta tecnológica que permita pôr em prática a monitorização e controlo da gestão do negócio”, afirma Pedro Perfeito. O consultor, formador e empresário, destaca, a propósito, como ferramentas de acesso facilitado e de potencial elevado, “o Microsoft Excel, como front-end principal da solução, e o Microsoft SQL Server, como back-end da solução”. Com esta combinação, acrescenta, é possível desenhar “um repositório de informação que servirá de base para a visão 360º do negócio”. Para as empresas com capacidade de investimento, e porque os benefícios retirados poderão ser proporcionais a essa capacidade e dimensão, fica também a referência a alguns exemplos que têm custos (considerados dispendiosos para os negócios mais pequenos): SAS, IBM Cognos e Oracle. E a propósito de investimentos e às diferenças entre grandes e pequenas empresas, Pedro Perfeito faz questão de ressalvar que, tal como existem muitas grandes empresas nacionais que nem um sistema de BI possuem, há também companhias que fazem grandes investimentos em software, sem deles tirar o devido partido. O ideal, aconselha, será efetuar “investimentos progressivos, que possibilitem avaliar no dia-a-dia a verdadeira importância/benefício da implementação deste tipo de sistemas de apoio à gestão”.


FINANCIAMENTO ‹ weNUMBERS

ABERTOS CONCURSOS PARA INCENTIVOS DO PORTUGAL

2020 Nos meses de março e abril, o Governo português abriu concursos de mil milhões de euros no âmbito do Portugal 2020, além de ter disponibilizado os três mil milhões de euros que ainda estão por aplicar do anterior programa comunitário de apoio, o QREN (Quadro Estratégico de Referência Nacional). “Contamos poder executar, já este ano, 5% do Portugal 2020, o que, conjugado com os três mil milhões do QREN por entregar aos investidores – e que terão que ser distribuídos até final de dezembro – nos levará a injetar na economia cerca de quatro mil milhões de euros”, afirmou o ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro. No caso do Portugal 2020, foram abertas candidaturas a sistemas de incentivo para financiamento nas áreas da I&D empresarial, da inovação empresarial, da internacionalização de PME, da qualificação de PME, do empreendedorismo de base tecnológica, da transferência de conhecimento, dos direitos de propriedade (intelectual e industrial), entre outras de igual

pertinência para o desenvolvimento socioeconómico do país.

O Portugal 2020, quadro de programação de fundos europeus que substitui o QREN, decorre do Acordo de Parceria estabelecido entre o nosso país e a Comissão Europeia. Acordo, esse, que define os princípios e objetivos da política de desenvolvimento económico, social e territorial que vai ser implementada em Portugal, com o apoio dos fundos europeus, até 2020. O nosso país vai receber, até 2020, mais de 25 mil milhões de euros em fundos, divididos por 16 programas operacionais e aplicados um pouco por todo o país. Se forem acrescentados os 7 mil milhões de contrapartidas nacionais, públicas e privadas, o investimento poderá chegar aos 33 mil milhões de euros, segundo as contas do Governo. O Portugal 2020 está assente em quatro eixos temáticos: Competitividade e Internacionalização; Capital Humano; Inclusão Social e Emprego; Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos. Para financiar cada um destes eixos, o novo quadro

comunitário de apoio reúne os Fundos Europeus Estruturais e de Investimento, o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), o Fundo de Coesão, o Fundo Social Europeu (FSE), o Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER) e o Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas (FEAMP). As principais prioridades do Portugal 2020 são, segundo se pode ler no site do programa, o “estímulo à produção de bens e serviços transacionáveis”, o “incremento das exportações”, a “transferência de resultados do sistema científico para o tecido produtivo”, o “cumprimento da escolaridade obrigatória até aos 18 anos”, a “redução dos níveis de abandono escolar precoce”, a “integração das pessoas em risco de pobreza e combate à exclusão social”, a “promoção do desenvolvimento sustentável, numa ótica de eficiência no uso dos recursos”, o “reforço da coesão territorial, particularmente nas cidades e em zonas de baixa densidade” e, por fim, a “racionalização, modernização e capacitação da Administração Pública”.

Abril 2015 WE’BIZ 13


weNUMBERS › FINANCIAMENTO

CALENDÁRIO ANOTADO Tendo como fonte o website do Portugal 2020, a WE’BIZ destaca o calendário comum de concursos previstos no programa, no domínio Competitividade e Internacionalização, sublinhando, literalmente, aqueles que têm abertura para o futuro próximo. Projetos que, na sequência de iniciativas de I&D apoiadas, promovam o registo de direitos de propriedade industrial sob diferentes formas (registo de patentes, modelos de utilidade, desenhos ou modelos).

PLANO DE AVISOS SISTEMA DE INCENTIVOS INSTRUMENTO

I&D Empresarial

Inovação Empresarial Vales Internacionalização PME Qualificação PME

TIPOLOGIA DE APOIO

Projetos Individuais de I&DT (a) Projetos Individuais de I&DT (Regime Contratual) Projetos Co-Promoção de I&DT (a) Projetos Demonstradores (a) (b) Projetos Mobilizadoes (a) (b) Núcleos de I&DT (Proj. Individuais) (a) Núcleos de I&DT (Proj. Co-Promoção) (a) Proteção de Direitos de Propriedade Industrial (Contínuo) Projetos de Internacionalização I&DT (Contínuo) Inovação Produtiva (Regime Contratual) Inovação Produtiva Empreendedorismo Vale I&DT, Empreendedorismo, Internacionalização e Inovação PME Projetos Individuais de Internacionalização Projetos Conjuntos de Internacionalização Projetos Individuais de Qualificação PME Projetos Conjunto de Qualificação PME Formação - ação para PME

ORGANISMOS INTERMÉDIOS

PROGRAMA OPERACIONAL

1ª Fase 2015

Início

Fim

Data de decisão

IAPMEI AICEP

COMPETE 2020 e PO Regionais COMPETE 2020, PO Lisboa e PO Algarve

20-mai-15 17-mar-15

31-jul-15 31-dez-15

27-nov-15 n.a.

ANI ANI ANI IAPMEI ANI ANI/IAPMEI

COMPETE 2020, PO Lisboa e PO Algarve COMPETE 2020 e PO Regionais COMPETE 2020, PO Lisboa e PO Algarve COMPETE 2020 e PO Regionais COMPETE 2020 e PO Regionais COMPETE 2020 e PO Regionais

30-mar-15 30-mar-15 1-out-15 1-jun-15 1-out-15 4-mai-15

2-jun-15 24-jun-15 26-fev-16 31-jul-15 31-dez-15 31-dez-15

30-set-15 21-out-15 29-jun-16 27-nov-15 3-mai-16 n.a.

ANI

COMPETE 2020 e PO Regionais

24-abr-15

24-jun-15

30-set-15

AICEP AICEP, IAPMEI, TP IAPMEI TP AICEP, IAPMEI, TP

COMPETE 2020 e PO Regionais COMPETE 2020 e PO Regionais PO Regionais COMPETE 2020 e PO Regionais

17-mar-15 20-mar-15 20-mar-15 1-mai-15

31-dez-15 24-abr-15 24-abr-15 31-mar-16

n.a. 4-ago-15 4-ago-15 (d)

AICEP AICEP IAPMEI, TP IAPMEI, TP Confederações (d)

COMPETE 2020 e PO Regionais COMPETE 2020, PO Lisboa e PO Algarve COMPETE 2020 e PO Regionais COMPETE 2020, PO Lisboa e PO Algarve COMPETE 2020 e PO Regionais

30-mar-15 1-out-15 30-mar-15 1-out-15 20-mai-15

22-mai-15 31-dez-15 22-mai-15 31-dez-15 11-set-15

31-ago-15 11-abr-16 31-ago-15 11-abr-16 21-dez-15

(a) Foram considerados 15 dias úteis adicionais na análise para a consulta a peritos externos. (b) O lançamento do concurso do Programa Mobilizadores é adiado para o final do ano tendo em conta a necessidade de reconhecimento prévio de novos clusters. (c) Concursos contínuos com fases de decisão mensais. (d) No caso do COMPETE 2020. NOTA: Para além do presente Plano de Concursos, poderão ser abertos pelas Autoridades de Gestão, sempre que se justifique, concursos específicos desde que aprovados pela Comissão Interministerial de Coordenação do Portugal 2020.

Projetos de suporte à internacionalização da I&D empresarial, através do incentivo à submissão de candidaturas a programas de I&I financiados pela União Europeia ou de projetos de I&D industrial à escala europeia. Inclui-se ainda a dinamização da participação em redes internacionais de I&I por parte de empresas.

Projetos de aquisição de serviços de consultoria em atividades de investigação e desenvolvimento tecnológico, bem como serviços de transferência tecnológica.

INFORMAÇÃO GERAL Os projetos candidatos podem ser apresentados em duas modalidades distintas: a) Projetos individuais (realizados por uma empresa); b) Projetos em copromoção, liderados por uma empresa e envolvendo a colaboração efetiva entre entidades do sistema de I&I no desenvolvimento de atividades de I&D. 14 WE’BIZ WE’BIZ Abril Abril 2015 2015 14

Fonte: www.portugal2020.pt


FINANCIAMENTO ‹ weNUMBERS

PLANO DE AVISOS MODERNIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INSTRUMENTO

Administração Pública

TIPOLOGIA DE APOIO

ORGANISMOS INTERMÉDIOS

Modernização da Administração Pública (FEDER e FSE) e Capacitação da Administração Pública (FSE)

AMA (a)

1ª Fase 2015

Início

Fim

Data de decisão

20-abr-15

31-jul-15

6-nov-15

NOTA: Para além do presente Plano de Concursos, poderão ser abertos pelas Autoridades de Gestão, sempre que se justifique, concursos específicos desde que aprovados pela Comissão Interministerial de Coordenação do Portugal 2020.

Elegíveis para este concurso são as operações que permitam modernizar e capacitar a Administração Pública. São ainda suscetíveis de apoio as ações de formação promovidas neste âmbito.

PLANO DE AVISOS CIÊNCIA INSTRUMENTO

Investigação Científica (FEDER)

TIPOLOGIA DE APOIO

Projetos de Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico (b) Projetos de investigação de carácter exploratório Programas integrados de IC&DT (b) Infraestruturas Científicas (FEDER) (b) Programas de Atividades Conjuntas Projetos de Provas de Conceito Proteção de Direitos de Propriedade Intelectual (contínuo) Projetos de internacionalização I&DI (contínuo)

ORGANISMOS INTERMÉDIOS

FCT FCT FCT FCT FCT FCT ANI ANI/FCT

1ª Fase 2015

Início

Fim

Data de decisão

10-abr-15 15-jun-15 10-abr-15 27-mai-15 11-mai-15 11-mai-15 4-mai-15 4-mai-15

3-jul-15 15-set-15 30-jun-15 6-jun-15 4-set-15 4-set-15 31-dez-15 4-dez-15

(a) (a) (a) (a) (a) (a) n.a. (a)

(a) Tendo em conta a especificidade dos projetos em causa, com análise com recurso a peritos, que por vezes são peritos internacionais, o prazo esperado para decisão será definido posteriormente. (b) Concurso direcionado para entidades pré-qualificadas. NOTA: Para além do presente Plano de Concursos, poderão ser abertos pelas Autoridades de Gestão, sempre que se justifique, concursos específicos desde que aprovados pela Comissão Interministerial de Coordenação do Portugal 2020.

Projetos de internacionalização de I&D, visando o suporte à internacionalização da investigação científica e tecnológica, por via do apoio à preparação e submissão de candidaturas a programas de I&D financiados pela União Europeia.

Projetos que integrem a proteção de direitos de propriedade intelectual, visando promover o registo de direitos de propriedade industrial sob a forma de registo de patentes, modelos de utilidade, desenhos ou modelos.

INFORMAÇÃO GERAL As tipologias de projetos previstos no artigo anterior podem apresentar as seguintes modalidades: a) Projetos individuais (realizados por um só beneficiário); b) Projetos em copromoção (realizados em consórcio entre duas ou mais entidades beneficiárias).

Fonte: www.portugal2020.pt

Abril 2015 2015 WE’BIZ WE’BIZ 15 15 Abril


weNUMBERS › FINANCIAMENTO

Nesta área são apoiados projetos que visem a dinamização do empreendedorismo, nomeadamente empreendedorismo qualificado e criativo.

No segmento de “Qualificação” são incentivados projetos desenhados para o reforço da capacitação empresarial de pequenas e médias empresas. O objetivo é desenvolver bens e serviços influenciando positivamente o nível da produtividade e a capacidade para criar valor.

PLANO DE AVISOS AÇÕES COLETIVAS INSTRUMENTO

Ações Coletivas (FEDER)

TIPOLOGIA DE APOIO

Internacionalização Qualificação PME Transferência Tecnologia Empreendedorismo Dinamização Clusters

ORGANISMOS INTERMÉDIOS

AG AG AG AG AG

1ª Fase 2015

Início

Fim

20-abr-15 20-abr-15

4-set-15 20-jul-15

20-abr-15 20-abr-15 1-out-15

11-set-15 20-jul-15 1-dez-15

Data de decisão 14-dez-15 26-out-15 21-dez-15 26-out-15 11-mar-16

NOTA: Para além do presente Plano de Concursos, poderão ser abertos pelas Autoridades de Gestão, sempre que se justifique, concursos específicos desde que aprovados pela Comissão Interministerial de Coordenação do Portugal 2020.

Na área da “Internacionalização” são elegíveis os projetos preparados para capacitar atividades económicas através da definição de estratégias de expansão fora de portas e abordagens aos mercados externos. São igualmente candidatáveis os projetos orientados para o reforço da visibilidade internacional da oferta portuguesa, promovendo o reforço da capacidade competitiva e a progressão na cadeia de valor.

Na componente da “Transferência do conhecimento científico e tecnológico” são suscetíveis de apoio todos os projetos enquadrados nos domínios prioritários de estratégia de investigação e inovação para uma especialização inteligente.

INFORMAÇÃO GERAL Os projetos no âmbito do presente sistema de apoio podem assumir uma das seguintes modalidades: a) Projetos individuais (apresentados e realizados por um só beneficiário); b) Projetos em copromoção (apresentados e realizados por dois ou mais beneficiários).

Fonte: www.portugal2020.pt

16 WE’BIZ Abril 2015


2

FINANCIAMENTO ‹ weNUMBERS

NOVA LINHA DE CRÉDITO PME CRESCIMENTO

Os números continuam a ser o principal entrave da materialização de negócios de pequena e média dimensão em Portugal, facto que levou o Governo a alargar o leque de soluções para o financiamento de empresas, através da operacionalização de uma nova linha de crédito PME Crescimento. Contratualizado com os bancos pela ação do Ministério de Economia, o novo instrumento tem uma dotação total de dois mil milhões de euros, estando 150 milhões

mil milhões de euros contratualizados com os bancos diretamente alocados à revitalização e capitalização das empresas. Construída com o propósito de potenciar negócios com perfis e necessidades diferenciados, a linha de crédito para as empresas nacionais concentra apoios financeiros para micro e pequenas empresas (300 milhões de euros), entidades exportadoras (200 milhões de euros), organizações que registaram elevado crescimento (100 milhões de euros) e empresas com problemas de fundo de maneio (800 milhões de euros). Acresce ainda a principal novidade face às anteriores linhas contratualizadas, com 150 milhões de euros dedicados às PME que passaram por um Processo Especial de Revitalização ou aos projetos empresariais que necessitam de reforçar capitais próprios. A linha PME Crescimento surge como um conjunto de instrumentos de quase-capital, onde os rendimentos do titular (investidor) estão associados aos resultados da sociedade apoiada. Resultados esses que não são assegurados no caso de insolvência da entidade envolvida e que podem ser convertidos em participações sociais ordinárias. A nova plataforma de apoio financeiro ao tecido empresarial pretende, por

isso, dar resposta às dificuldades sentidas pelas organizações enquanto a Instituição Financeira de Desenvolvimento não inicia atividade. A introdução de uma linha específica para as empresas reestruturadas pelo PER surge com a mesma missão, respondendo aos problemas das empresas que, sendo operacionalmente viáveis, precisam de um impulso financeiro em matéria de fundo de maneio para garantir um cenário de crescimento. As condições da nova linha PME Crescimento variam de acordo com o nível de risco dos negócios, tendo como referência base a taxa de Euribor a seis meses, acrescida de um spread de 3,875%. No entanto, as empresas exportadoras beneficiam de um spread ainda mais baixo (3%). Sobre os prazos máximos de amortização, o novo instrumento financeiro estabelece a meta de seis anos em termos gerais. A linha PME Crescimento divulgada no mês de março surge, assim, dentro das previsões temporais apontadas pelo secretário de Estado da Inovação, Pedro Gonçalves (primeiro trimestre de 2015), mas com uma dotação global superior à versão inicial do instrumento em 900 milhões de euros. Abril 2015 WE’BIZ 17


weZOOM › TEMA DE FUNDO

UM HORIZONTE DE ESPERANÇA NA I&D+I PARA EMPRESAS E CENTROS DE CONHECIMENTO A conversão do conhecimento em valor empresarial é fundamental para que a Europa produza bens, serviços e tecnologias que se diferenciem no mercado global. A batalha da competitividade tem, pois, de ser ganha no topo da cadeia de valor, fornecendo ao mercado soluções inovadoras a partir de know-how altamente especializado. Caso contrário, a concorrência de economias com baixos custos de produção continuará a condicionar o crescimento da Europa. Por isso foi criado o Horizonte 2020, o maior programa público de apoio à I&D+i de sempre. Para Portugal, é a grande oportunidade de adotar um modelo de desenvolvimento mais consentâneo com as exigências da economia do conhecimento. Nas últimas décadas, Portugal registou avanços muito significativos na qualificação dos recursos humanos, designadamente nas áreas das ciências, tecnologias, engenharias e matemáticas. Tanto assim que o número de investigadores por mil pessoas ativas é hoje superior à média da UE e dos EUA. Consequentemente, 18 WE’BIZ Abril 2015

o sistema científico e tecnológico nacional desenvolve hoje mais investigação, com melhores resultados e maior repercussão internacional. Para se ter uma ideia, o número de publicações científicas por milhão de habitantes é semelhante à média da UE e dos EUA.


TEMA DE FUNDO ‹ weZOOM Contudo, o país ainda não conseguiu transformar em investimento, riqueza e emprego o potencial quer do seu capital humano, quer do conhecimento científico produzido nos seus centros de investigação. Por isso, o impacto da inovação na economia portuguesa se situa abaixo da média dos países europeus mais desenvolvidos. Desde logo, porque as empresas portuguesas investem em I&D+i substancialmente menos dos que as suas correntes europeias, norteamericanas e japonesas, assim como empregam um número reduzido de investigadores, cerca de 24% do total nacional. Aliás, apenas 3% dos doutorados portugueses estão a trabalhar em empresas, um valor irrisório quando comparado com os restantes países desenvolvidos. Ainda assim, em 2013, Portugal foi o Estado-membro da UE onde a inovação mais cresceu. Ainda a figurar na lista dos “inovadores moderados”, o nosso país registou no último ano uma taxa de crescimento em inovação de 3,9%, a maior entre os 28 Estados-membros. Portugal ocupa a 29.ª posição ao nível da

inovação no grupo de 52 países analisados pelo Barómetro de Inovação da COTEC. Em comparação com 2013, Portugal conseguiu ultrapassar de novo Espanha, tornando-se no líder dos países da Europa do Sul. No top 5 deste barómetro situa-se a Suíça, seguida pela Finlândia, Dinamarca, Suécia e Alemanha.

organização e 38,8% destinou‑se à aquisição de maquinaria, equipamento, software e edifícios.

Em Portugal, 54,5% das empresas realizam atividades de inovação, sendo que 41,2% desenvolveram inovação de produto ou processo, de acordo com a Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC). Por setor de atividade, as empresas portuguesas do setor dos serviços apresentam valores para atividades de inovação superiores às empresas do setor da indústria (60,7% contra 50%, respetivamente).

Um dos grandes handicaps do tecido empresarial português é, portanto, a sua insuficiente qualificação, quer ao nível dos recursos humanos, quer ao nível da capacidade para desenvolver atividades de inovação. Por isso, é fundamental que as empresas beneficiem dos resultados da investigação científica realizada em Portugal, de forma a ganharem competitividade a partir de fatores críticos como a inovação, a criatividade e a tecnologia. Contudo, há ainda muitas falhas na transferência de conhecimento entre a Academia e as empresas. Falhas, essas, a que importa atender, sob pena de se inviabilizar o pleno desenvolvimento económico e social do nosso país.

Ainda segundo a DGEEC, a despesa total com atividades de inovação de produto ou processo realizadas pelas empresas foi de 2.168 milhões de euros. No universo das empresas que inovaram, 43,9% do total da despesa com inovação foi dedicado a atividades de I&D dentro da própria

O nosso país deve, portanto, adotar um modelo de desenvolvimento mais consentâneo com as exigências da economia do conhecimento. Isto significa que o tecido empresarial tem de subir na cadeia de valor, incorporando mais inovação nos processos de fabrico, elevando

O Horizonte 2020 – Programa-Quadro Comunitário de Investigação & Inovação tem um orçamento global superior a 77 mil milhões de euros para o período 2014-2020, distribuídos por três grandes pilares: Excelência Científica, Liderança Industrial e Desafios Societais. Para além destes três pilares, existem ainda outros instrumentos que representam, no total, cerca de 6% do orçamento do H2020.

do orçamento total

22% do orçamento total

77

MIL MILHÕES DE EUROS

39%

Liderança Industrial

Desafios Societais

Excelência Científica

32% do orçamento total

Abril 2015 WE’BIZ 19


weZOOM › TEMA DE FUNDO o perfil tecnológico de bens e serviços, melhorando os modelos de gestão, valorizando o capital humano e apostando em elementos diferenciadores. Ora, para que tal aconteça, a nossa estrutura produtiva tem de encontrar a sua sustentação já não tanto nos fatores tradicionais de competitividade, mas sobretudo na ciência, tecnologia e inovação.

ECOSSISTEMA MAIS FAVORÁVEL À I&D+I Portugal beneficia hoje de um contexto mais favorável à evolução de um modelo económico centrado na procura para um modelo económico centrado na oferta de bens transacionáveis, com inovação e potencial exportador. O país usufrui de um novo quadro comunitário de apoio, o Portugal 2020, com programas operacionais financiados por fundos europeus num valor total a rondar os 25 mil milhões de euros. Acresce que o Horizonte 2020 – Programa-Quadro Comunitário de Investigação & Inovação (H2020) prevê um bolo financeiro global superior a 77 mil milhões de euros para o período 2014-2020, a maior verba de sempre para promover a ciência na Europa. Com 9,5 milhões de euros destinados à competitividade e inovação, o Portugal 2020 apresenta assim uma verba para a promoção da inovação 20% superior à do anterior quadro de apoio comunitário: o QREN. Entre 2,7% e 3,3% é a meta traçada pelo novo programa de fundos comunitários para a percentagem do PIB destinada a investimento em I&D em Portugal, até 2020. Ao nível da UE, esta meta ideal situa-se nos 3%. Em Portugal existe a ambição de alcançar o objetivo de investir 2,8% do PIB em I&D até ao final da década, mas na realidade esta percentagem ainda não ultrapassou os 1,5%. Ainda no âmbito do Portugal 2020, é atribuída uma dotação de 4.414 milhões de euros ao Programa Operacional Temático para a Competitividade e Internacionalização. Este programa tem como objetivo o aumento do investimento empresarial em investigação e inovação, através de projetos de I&D promovidos pelas empresas, da criação e dinamização de núcleos de I&D empresariais, da participação de empresas em programas europeus de I&D e de atividades de demonstração e 20 WE’BIZ Abril 2015

valorização económica de resultados da I&D empresarial ou em contexto empresarial. Serve tudo isto para dizer que, no quadro europeu, existem hoje excelentes condições para as empresas portuguesas qualificarem os seus recursos humanos, desenvolverem atividades de I&D+i e criarem produtos com maior valor acrescentado. Isto porque o H2020 exige que os projetos científicos financiados pelo programa tenham uma componente de inovação e envolvam empresas. Desta forma procura-se promover a colaboração entre as empresas e as universidades, laboratórios, centros de I&D+i e parques tecnológicos, tendo em vista o estabelecimento de um novo paradigma de desenvolvimento socioeconómico na Europa. O H2020 é especificamente orientado para o apoio à ciência, através do cofinanciamento de projetos de investigação, inovação e demonstração. O apoio financeiro é concedido na base de concursos em competição e mediante um processo independente de avaliação das propostas apresentadas. Os concursos, as chamadas calls, ganharam alguma complexidade em relação ao passado. Os projetos tornaram-se multidisciplinares, levando à formação de equipas mais amplas. Apesar de toda a

informação sobre o programa-quadro ser pública, apresentar um projeto pela primeira vez pode revelar-se uma tarefa complicada. Em muitos casos, as calls requerem pelo menos três entidades, o que leva quem quer concorrer a procurar parceiros e a formar consórcios de diferentes países, indústrias e comunidades académicas. Em média, um terço das candidaturas ao H2020 procura apoio e informação junto do Gabinete de Promoção do Programa-Quadro de I&DT. O gabinete ligado à Fundação para a Ciência e Tecnologia faz a ponte entre investigadores e empresas privadas e as atividades do programa-quadro. Acrescente-se ainda que o H2020 é composto por três pilares programáticos com âmbitos diferentes: Pilar I – Excelência Científica (com cerca de 32% do orçamento total); Pilar II – Liderança Industrial (correspondente a cerca de 22% do orçamento); Pilar III – Desafios Societais (com cerca de 39% do orçamento total). Para além destes três pilares, existem ainda outros instrumentos que representam, no total, cerca de 6% do orçamento do H2020. Adicionalmente, o programa EURATOM, destinado a atividades na área da energia nuclear, tem um orçamento, no âmbito do H2020, de 2,37 milhões de euros para o período de 2014 a 2020. Para 2014 e 2015, a Comissão Europeia anunciou 15 mil milhões de euros, dos quais perto de 8 mil milhões deveriam ser distribuídos no primeiro ano. Para já, são conhecidos os resultados de concursos referentes a apenas 30% das verbas, representando 2,6 mil milhões de euros. E é deste montante que 56 milhões de euros vão para participantes portugueses. Quanto à proposta para 2015, estão em cima da mesa 9,5 mil milhões de euros para o H2020, mas o valor está dependente do acordo entre o Parlamento Europeu e os governos dos Estados-membros, que continuam sem se entenderem sobre o orçamento da UE para o próximo ano. De acordo com o comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas (ver entrevista nesta edição), foram submetidas até agora 1.853 candidaturas de instituições ou projetos portugueses, das quais 268 receberam financiamento do H2020. A taxa de sucesso portuguesa encontra-se, por isso, sensivelmente


TEMA DE FUNDO ‹ weZOOM dentro da média europeia. No âmbito do instrumento específico para as PME, o SME Instrument, seis empresas portuguesas foram já selecionadas, num total 275 empresas europeias. O SME Instrument é dirigido a PME orientadas para a internacionalização, crescimento e inovação. O incentivo é a fundo perdido na Fase I (análise do conceito e viabilidade da ideia) em 100% das despesas elegíveis e na Fase II (investigação, desenvolvimento e demonstração) em 70% das despesas elegíveis (valor do projeto: 50 mil euros, realizado no máximo em 6 meses). Há ainda uma Fase III, destinada à comercialização, em que o valor do projeto

poderá variar entre um e três milhões de euros, realizado de 12 a 24 meses. Na Fase I são elegíveis projetos para viabilidade do conceito, análise do risco, regime de propriedade industrial, procura de parceiros, estudos de design e aplicação piloto. Na Fase II são elegíveis projetos para desenvolvimento, prototipagem, testes, pilotos, miniaturização/scale-up e market replication. Já na Fase III são elegíveis projetos para apoio através de redes, formação, informação, gerenciamento de IP, compartilhamento de conhecimento e disseminação.

A PERSPETIVA DA ACADEMIA

A transferência de conhecimento, ou seja, o processo de conversão do valor científico em valor empresarial e económico é o propósito base do Horizonte 2020. Um objetivo que envolve dois polos de interesses: por um lado, os investigadores, sedentos de capital para continuar a investir em novas descobertas, ao abrigo do que apelidam de “investigação fundamental”; por outro, os empresários, necessitados de financiamento para conquistar competitividade por via da inovação, mas nem sempre munidos de recursos ou redes de contactos para o efeito. A WE’BIZ foi de encontro aos dois lados daquela que a União Europeia pretende que seja a mesma “moeda” e recolheu testemunhos de quem faz a ponte entre centros de investigação e empresas, mas também de empreendedores que estão já à descoberta deste novo horizonte.

Um balanço razoável entre o apoio à investigação e o fomento da sua aplicação Responsável do INEB – Instituto de Engenharia Biomédica da Universidade do Porto considera que as PME ainda não estão preparadas para colaborar com os centros de I&D+i, mas vê um equilíbrio de forças entre o suporte dado aos investigadores e os incentivos concedidos aos projetos de aplicação empresarial.

“No global, o Horizonte 2020 apresenta um balanço razoável para fomentar investigação fundamental, ao mesmo tempo que estimula os investigadores a colaborar com o tecido empresarial, e a desenvolver tecnologias e aplicações focadas num utilizador final, para o bem do contribuinte”. Quem o diz é João Cortez, responsável pelo desenvolvimento de negócio e projetos internacionais do Translational Research Office do INEB - Instituto de Engenharia Biomédica da Universidade do Porto.

Do ponto de vista do financiamento do que apelida de “investigação em colaboração” e “investigação contratada”, o responsável sublinha as colaborações com a indústria e em particular com as PME, acrescentando mesmo que “os projetos colaborativos têm sido o prato forte nos programas quadro”. “O H2020 alarga o apoio aos instrumentos em que esta transferência é promovida, transversalmente às áreas científicas, desde os mais dirigidos a empresas (SME instruments nos

Abril 2015 WE’BIZ 21


weZOOM › TEMA DE FUNDO

seus três níveis), ao Fast Track to Innovation, FTE, etc”, acrescenta João Cortez. A estes o responsável do INEB faz questão de somar outros programas e instrumentos em que o processo de transferência pode ser suportado por “transferência de conhecimento e de pessoal qualificado e ações de formação”. Em causa estão referências como as ações Marie-Curie (em particular as ITN-EID), mas também as RISE ou Twinning. Mas o rio de referências não fica por aqui. Quando confrontado com a questão de uma eventual castração da investigação fundamental em detrimento da aplicada, João Cortez responde com outros exemplos como “as ERC (European Research Council), as FET (Future Emerging Technologies), as RIA (Research and Innovation Actions), que financiam investigação mais fundamental, ainda que com finalidade de terem resultados com benefício claro para a sociedade (desde conhecimento a tecnologias)”. Pela sua experiência na interligação entre as empresas e os investigadores, o responsável de “business development” do INEB dá nota do interesse crescente muito claro da comunidade empresarial em “conseguir acesso a financiamento para atividades de inovação, investigação, desenvolvimento e prova de conceito”, assim como colaboração por parte dos centros de I&D+i de modo a adquirirem novos conhecimentos ou simplesmente terem acesso a equipamento ou instrumentação analítica.

22 WE’BIZ Abril 2015

Porém, João Cortez reconhece também que este interesse não é sinónimo de preparação. Pelo contrário. Em causa está, sobretudo, um problema de “falta de informação”, mais concretamente sobre como chegar a estes financiamentos. “Em alguns casos as empresas têm dificuldade em adquirir toda a informação sobre as tipologias de financiamento disponíveis e os vários mecanismos, que nem sempre são fáceis para quem entra de novo neste mundo do H2020”, acrescenta. Além disso, o responsável do INEB afirma que as PME “não têm capacidade para investir o tempo necessário para preparar uma candidatura ganhadora, ou de contratar quem o faça”. E nesse âmbito reconhece que o esforço recai, e bem, sobre as instituições de I&D+i, visto que os benefícios são mútuos. Mas, ainda que proativamente as referidas instituições já tenham um ação determinante a este nível, João Cortez alerta para que “há um caminho ainda a percorrer” no sentido de facilitar o acesso das empresas aos programas de financiamento. Além de reclamar um papel mais ativo por parte das entidades ligadas ao Estado – das centrais às regionais – João Cortez defende “uma ligação mais coordenada entre estas entidades, as empresas e as instituições de I&D+i”. Sobre estas últimas, destaca a ação particular dos gabinetes de projetos e de transferência de tecnologia, que “poderão servir como polo agregador de esforços e competências”.

“Mais apoio, focado mas transversal, é necessário. Penso ser também necessário descentralizar as instituições de apoio, como o GPPQ [Gabinete de Promoção do Programa Quadro de I&DT], de modo a estarem mais próximas de quem precisa” João Cortez, Responsável da área de desenvolvimento de negócio e projetos internacionais do Translational Research Office do INEB


weZOOM › TEMA DE FUNDO

“Este é um programa de excelência. É preciso trabalhar com os melhores” Margarida Rossi, “Head of Business Development” do IBMC Instituto de Biologia Molecular e Celular, alerta para o nível de competitividade do H2020 e sensibiliza os empresários para a necessidade de incrementar os níveis de ambição e confiança. Níveis esses que, obviamente, não podem dissociar-se dos mais elevados padrões de competência e inovação. Pelos contactos que estabelece com a comunidade empresarial, enquanto elo de ligação com os investigadores do IBMC, Margarida Rossi diz ter consciência de que os empresários nacionais incorrem, com frequência, no erro de começar por ver o Horizonte 2020 “levianamente”, na perspetiva em que se deixam nivelar pelos padrões de exigência dos programas quadro nacionais. O alerta de Margarida Rossi tem tudo menos de presunção. Pelo contrário, sempre pronta para encontrar sinergias entre a academia e o tecido empresarial setorial, a responsável do IBMC pretende, deste modo, sublinhar a importância de uma tomada de consciência por parte das empresas: “é preciso perceberem que tem de haver investimento: investimento em parceiros – é preciso encontrar os parceiros certos – e em tempo e dedicação – porque isto não se faz de um dia para o outro”. Procurando ainda contrariar a tendência nacional para uma reduzida capacidade de afirmação internacional e autopromoção, a responsável do IBMC aponta mesmo para uma forma muito prática de idealizar projetos para o H2020. “É preciso pensar à frente: no mundo ideal com quem é que eu gostava de trabalhar? E atirar para ali”, afirma. “Este é um instrumento muito competitivo” e “um instrumento de excelência, acima de tudo”, justifica ainda Margarida Rossi. Tudo isto para dar nota da importância de construir “projetos ambiciosos”. E a “Head of Business Development” reconhece que os portugueses são os melhores em diversas áreas de competência, facto que tem levado, inclusive, empresas internacionais a

procurarem centros de investigação portugueses para apresentar candidaturas ao Horizonte 2020. Exemplo disso é a história de uma empresa indiana, que contactou o IBMC por ali ter encontrado um investigador com uma área de especialização que vai de encontro às suas necessidades. Sobre os procedimentos nestes casos, Margarida Rossi reconhece que, na decisão de efetivar um projeto em consórcio, os investigadores têm um papel determinante. São eles quem domina a possibilidade científica e técnica, o papel da gestora de negócio do IBMC reside mais na avaliação do potencial empresarial ou comercial. Há ainda uma ação determinante de prospeção, isto é, Margarida Rossi está sempre atenta às necessidades do mercado, nomeadamente quando estão em causa tecnologias que o IBMC tem capacidade de desenvolver. Ainda sobre as dificuldades nacionais no acesso ao Horizonte 2020, Margarida Rossi acrescenta um ponto que não reside nas empresas, nem no perfil dos empreendedores. Em causa está uma debilidade do ecossistema nacional, assente no que a responsável diz decorrer do “posicionamento estratégico da FCT [Fundação para a Ciência e Tecnologia] ou do próprio Governo”. Falamos de “uma questão de lobby”. Melhor dizendo, da falta do mesmo em Bruxelas, onde tudo se decide. A especialista em transferência de conhecimento considera que deveríamos ter mais figuras responsáveis pela promoção do que Portugal faz bem, a quem caberia ainda, no sentido inverso, dar sinais às empresas portuguesas que permitissem identificar em que áreas deveriam ser canalizados esforços.

“Nós não fazemos lobbying em Bruxelas. O que não se percebe. Toda a gente faz e é muito mais fácil conseguir uma candidatura quando o lobby está bem feito do que quando não está” Margarida Rossi, “Head of Business Development” do IBMC Abril 2015 WE’BIZ 23


weZOOM › TEMA DE FUNDO CASOS EMPRESARIAIS

HORIZONTE 2020 - SME INSTRUMENT

Fase 1 - Junho 2014 - Número de Projetos Pré-selecionados 45 39

40 35 30

26

25

20

20

ESLOVÉNIA

4

2 REINO UNIDO

2

TURQUIA

1

SUÉCIA

1

ESPANHA

2

PORTUGAL

HOLANDA

LETÓNIA

IRLANDA

HUNGRIA

ALEMANHA

4 1

POLÓNIA

4

NORUEGA

10 3

FRANÇA

ÁUSTRIA

0

DINAMARCA

1

5 2 FINLÂNDIA

4

ESTÓNIA

4 BULGÁRIA

5

11

ITÁLIA

9

10

ISRAEL

15

Gráfico divulgado pela Comissão Europeia em junho de 2014, para anunciar o número de projetos aprovados para a primeira fase da primeira call do SME Instrument e a respetiva distribuição por países. Em Portugal, apenas a empresa STAB VIDA conseguiu a validação do instrumento do Horizonte 2020. Espanha liderou com 39 projetos aprovados. Fonte: http://europa.eu

A REFERÊNCIA NACIONAL NO SME INSTRUMENT

STAB VIDA

foi a única portuguesa aprovada na primeira call dirigida às PME Concorreu sozinha, munida da experiência acumulada desde 2001 no competitivo mercado da biotecnologia e de uma proposta inovadora, capaz de impulsionar o crescimento do negócio ao ritmo de 30% ao ano. O resultado não poderia deixar o CEO Orfeu Flores mais orgulhoso: a STAB VIDA destacou-se como a única empresa portuguesa com um projeto aprovado para a primeira fase da call inaugural do SME Instrument (instrumento do Horizonte 2020, específico para PME). 24 WE’BIZ Abril 2015

Sempre se evidenciou por estar à frente do seu tempo, na vanguarda da conversão da investigação biotecnológica em negócio. Por isso, o feito conquistado naquela que foi a primeira oportunidade lançada pelo SME Instrument não foi surpresa, nem para a comunidade científica, nem para a comunidade empresarial (pelo menos, pela curta amostra contactada pela WE’BIZ no âmbito deste trabalho). A STAB VIDA é uma empresa de biotecnologia, com sede na Caparica e escritórios no Porto e em Madrid, especializada em produtos e serviços na área da genética, do ADN e do diagnóstico molecular humano.


TEMA DE FUNDO ‹ weZOOM Detentora de diversas patentes e com vasta experiência em projetos internacionais, apresentou ao Horizonte 2020 uma proposta intitulada easierNGS, através da qual se propõe “inovar no mercado altamente competitivo do NextGeneration Seequencinf (NGS) com uma nova gama de produtos e serviços”, conta Orfeu Flores. “Com o desenvolvimento do easierNGS, a STAB VIDA prevê tornar-se uma referência no mercado do NGS e aumentar assim a sua quota de mercado de forma considerável e a nível global”, complementa o CEO. Ainda que a especificidade do projeto em causa dificulte uma resposta de fácil entendimento para quem não domina a temática biotecnológica, Orfeu Flores justifica, com facilidade, os pontos fortes da proposta. Primeiramente, a “apresentação de uma nova solução para uma oportunidade de negócio identificada na área do NGS”. Depois, “a vasta experiência que a STAB VIDA tem nesta área”. E, por fim, o potencial e o impacto que a inovação terá no crescimento desta PME: “a STAB VIDA demonstrou ser uma empresa ‘em operação’ real, com uma carteira de clientes corrente e com um crescimento médio de vendas de 15 a 20% anual, consistente nos últimos

cinco anos, e que o desenvolvimento do easierNGS permitirá um crescimento de pelo menos 30% ao ano, com perspetivas de poder gerar três novos postos de trabalho anualmente”, remata o fundador da empresa. Entretanto, já depois desta primeira conquista, a STAB VIDA efetuou outras candidaturas, em outras linhas, não apenas no quadro do SME Instrument, tendo somado conquistas adicionais, na primeira e segunda fases, de cada uma delas (no caso do SME Instrument, por exemplo, as empresas beneficiam, na primeira fase, de 50 mil euros para financiar estudos de viabilidade dos seus projetos). Com 21 colaboradores e um volume de negócios (números de 2014) de 1,124 milhões de euros, a STAB VIDA vê “na internacionalização uma clara estratégia”, facto que leva também Orfeu Flores a evidenciar o papel do Horizonte 2020 não só ao nível da inovação, mas também no que à internacionalização diz respeito. Atualmente, a PME está sobretudo presente em Espanha, que representa já 40% do total do volume de negócios da empresa. Mas as suas exportações chegam também a mercados como Israel, Angola, Nigéria ou Itália.

Excelente instrumento europeu para apoio à inovação e internacionalização, em vários ramos de atividade, que traz um enfoque muito especial no apoio às PME Orfeu Flores, CEO da STAB VIDA

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weZOOM › TEMA DE FUNDO SUCESSO E OTIMISMO NO NICHO DO ESPAÇO

Quando a exigência é uma vantagem “Gosto muito do Horizonte 2020, porque a avaliação e a competência técnica são muito mais fortes do que a componente financeira, que é aquilo a que nós estamos habituados nos QREN’s”, afirma Ricardo Patrício, CEO da empresa. O cofundador do negócio de atividades espaciais nascido em Coimbra em 2004 confessa, deste modo, as dificuldades inerentes aos programas do anterior quadro comunitário nacional, no qual a Active Space Technologies acabou por sentir-se penalizada pela vertente burocrática e por um processo de avaliação em que “a execução financeira” parecia pesar mais do que a “vertente técnica”. Ricardo Patrício ressalva, porém, não deter experiência ao nível do Portugal 2020, para estabelecer uma comparação. Por isso, prefere centrarse nas potencialidades que encontra no H2020 e nos benefícios que já retirou do programa. A Active Space Technologies acaba de submeter duas candidaturas ao H020, no âmbito de calls especificas para a área do espaço, e tem uma outra a decorrer. Mas a estes números cumpre ainda somar candidaturas efetuadas no quando do programa “Clean Sky”. “Tratase de um subprograma do H2020 para a aeronáutica, relativamente ao qual também temos algumas expectativas”, explica o CEO da empresa. “É, claramente, para nós um dos principais subprogramas do H2020”, complementa. Ricardo Patrício tem consciência de que “para quem não exporta

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tanto e está apenas habituado ao mercado doméstico, o H2020 é muito mais complicado”. Não é o caso da Active Space Technologies, cujas exportações são superiores a 95%. “Nós trabalhamos para fora sobretudo e estamos habituados a grandes projetos e a projetos em consórcio. No fundo, é um bocadinho a nossa génese e aquilo a que nós estamos habituados”, refere o empresário, acabando também por dar nota de que nem mesmo a imposição de estabelecer consórcios é vista como um entrave pela empresa, no que concerne ao H2020. “Estamos envolvidos em projetos de desenvolvimento de satélites para a rede espacial europeia, que são sempre consórcios muito grandes a nível europeu. Trabalhar em consórcio não nos assusta. É onde estamos à vontade e como costumamos trabalhar”, acrescenta. O empresário admite que os projetos conjuntos são negativos quando as empresas estão concentradas em desenvolver e proteger as suas próprias tecnologias, condição em que é necessário avaliar muito bem a forma como a inovação vai ser partilhada. Mas a Active Space Technologies está a reservar a I&D+i para um processo interno de desenvolvimento de competências e de preparação para futuro, por isso, o empresário declara que a partilha agora exigida pelo H2020 “não preocupa” a empresa. Pelo contrário, é uma oportunidade de negócio: a Active Space Technologies tem apostado em entrar nos projetos como prestadora de serviços de engenharia na sua área de atividade, “quase como subcontratada”, segunda palavras de Ricardo Patrício. No caso concreto do projeto que está atualmente a decorrer, a Active Space Technologies não liderou a candidatura, mas é o parceiro com maior peso financeiro, contando com um financiamento de meio milhão de euros. O projeto envolve um investimento global de 3,5 milhões de euros e tem liderança de uma empresa espanhola, bem posicionada na área de satélites de telecomunicações para sistemas de controlo térmico. “É uma

Conhecer a opinião da Active Space Technologies sobre o Horizonte 2020 é mergulhar no espírito do programa e perceber o que ele representa para as empresas de base científica, ainda que não possamos esquecer que esta PME diverge, por natureza, das comuns PME. É outro campeonato, melhor dizendo, um negócio de outra galáxia. área que nos interessa muito porque a Active Space está a posicionar-se cada vez mais nas telecomunicações. No fundo, é um mercado menos institucionalizado e mais comercial, um dos subsetores do espaço que nos interessa muito”, reforça o CEO. A empresa cofundada com o empreendedor Bruno Carvalho tem já representação na Alemanha, sendo que, só em Portugal, emprega 30 pessoas. Em 2014 conquistou um volume de negócios de 2,2, milhões de euros (apenas em Portugal). Os mercados internacionais são difíceis de elencar no caso de uma empresa que trabalha com instituições que são globais, como por exemplo a Agência Espacial Europeia. Mas Ricardo Patrício sublinha Reino Unido, Espanha e Holanda como os países onde a PME desenvolve parte significativa das suas atividades nos segmentos espaço, aeronáutica, nuclear e, de um modo mais abrangente, indústria.

“Estamos envolvidos em projetos de desenvolvimento de satélites para a rede espacial europeia, que são sempre consórcios muito grandes a nível europeu. Trabalhar em consórcio não nos assusta. É onde estamos à vontade e como costumamos trabalhar”. Ricardo Patrício, CEO da Active Space Technologies


TEMA DE FUNDO ‹ weZOOM EM CANDIDATURA

18 MESES, 17 PARCEIROS E UMA CONVICÇÃO:

“temos uma candidatura

ganhadora”

A Microsoft e a Universidade do Porto lideram um consórcio de 17 entidades, reunidas pela ação empreendedora de Verónica Carvalho para preparar uma candidatura ao H2020. O projeto, centrado num inovador sistema de e-learning para populações alheadas dos tradicionais sistemas de ensino, respira o espírito transnacional e até transcontinental que está na essência do programa comunitário. De nacionalidade argentina, casada com um português e com vasta experiência ao nível da União Europeia, a mentora desta candidatura partilha o processo inerente à construção de uma candidatura que tenta a sua sorte num exigente pilar de apoio, onde apenas três projetos podem ser financiados. “Fui eu que coordenei tudo e foi muito complicado, porque também está em causa o tempo de gestão”, confessa Verónica Orvalho. “É também necessário pensar nas contribuições que cada parceiro tem que ter, pensar na complementaridade de competências entre parceiros, ter a certeza de que os parceiros que se juntam são os melhores na sua área a nível europeu”, complementa. Com isto, a investigadora partilha a convicção de, em matéria de Horizonte 2020, não há lugar para “parceiros médios”, pelo contrário, é preciso envolver os melhores de cada área para garantir “mais probabilidades de sucesso”. Verónica Orvalho fala em “milhares de detalhes” mas por ter já vivido uma “má experiência no passado com consultores” diz ter substituído esse recurso por uma aposta num “consórcio muito forte”, através do qual reuniu os apoios necessários para pensar em detalhe cada elemento da candidatura. “Estamos a falar de empresas como a Microsoft e até de PME que já têm fundos europeus, bem como centros de investigação que são já centros de excelência reconhecidos, ou seja, estão envolvidas pessoas que têm já muita experiência em escrita de propostas”, sublinha. O longo período de 18 meses foi mais do que suficiente para “iterar a ideia” e até promover um encontro de dois dias entre os vários parceiros, onde estiveram presentes cerca de 35 pessoas, incluindo vice-reitores de universidades, presidentes de empresas e até especialistas independentes em e-learning, mais concretamente um europeu e um

norte-americano. Verónica Orvalho diz que esse foi o momento em que percebeu estar construída “uma proposta ganhadora”. A complexidade do projeto, fez com que o consórcio tenha entretanto decidido fragmentar a grande proposta – submetida dia 14 de abril – em projetos mais pequenos, que poderão dar origem a várias candidaturas, nomeadamente ao Portugal 2020. É o caso do projeto Avatar Pipeline, com o qual Verónica Orvalho integrou o BIP – BIP - Business Ignition Programme. Promovido no âmbito de uma estreita parceria entre a Universidade do Porto e a ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários, que surge como parceiro empresarial, o BIP é um programa de iteração de modelos de negócio para tecnologias desenvolvidas em meio académico. Aqui, Verónica contou com o apoio de uma equipa de mentores e tutores, que a ajudaram a validar a apurar o projeto e validar o modelo de negócio. Convicta do valor do projeto, a empreendedora não se revela, no entanto, totalmente confiante quanto à validação do mesmo junto do Horizonte 2020. “Podemos ter uma proposta ganhadora com 13 valores – e acho que um 13 sobre 15 em prestações europeias é um valor muito elevado – mas só ganha efetivamente quem tem 14,5 ou 15”, esclarece Verónica Orvalho. “Só três propostas vão ser financiadas dentro deste pilar ao qual nos vamos candidatar. E vão candidatar-se mais de 50, de certeza”, acrescenta. Por isso, a convicção do potencial da candidatura e da necessidade demonstrada por

várias instituições portuguesas envolvidas levam a empreendedora a confessar depositar mais esperanças nas candidaturas posteriores que pretende efetuar ao Portugal 2020.

“I’ve been in the dark side e acho que é muito difícil” Verónica Orvalho conta com alguns anos de experiência em matéria de projetos de investigação em contexto internacional, tendo inclusive já desempenhado o papel de “avaliadora em várias ocasiões”. Por isso, acaba por dizer ter conhecimento de causa suficiente para ter uma noção mais clara da exigência envolvida no H2020. “É como no filme “Star Wars”: “i’ve been in the dark side”. E acho que é muito difícil, mesmo tendo propostas ganhadoras”, brinca. Mas nem tudo é mau nesta exigência, até porque as propostas que forem preparadas de acordo com esses pré-requisitos terão certamente outras oportunidades, defende a investigadora: “O H2020 serve como fio condutor para poderem criar propostas muito sólidas, porque as guidelines que a União Europeia tem e os pré-requisitos existentes impõem standards de qualidade muito elevados. Então, eu acho que se tem de tomar a candidatura como um bom ponto de partida”.

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weSTART › STARTUPS SUCESSO

FARFETCH

PRIMEIRA “BILLION DOLAR COMPANY” DE ORIGEM PORTUGUESA Com mais de 1.500 marcas associadas a 300 lojas diferentes, a plataforma online internacional das boutiques multimarca Farfetch já comunica com cerca de 450 mil clientes, distribuídos por 180 países. A cereja no topo do bolo? São os mais de 300 milhões de euros faturados pela Farfetch em 2014 e o estatuto de “billion dollar company” conquistado na avaliação de uma ronda de financiamento, onde a empresa levantou aproximadamente 81 milhões de euros. Mais um passo de gigante do fundador e CEO José Neves. Ponto de encontro e venda para marcas dos quatro cantos do mundo, a Farfetch nasceu em 2008 com o propósito de facilitar a ligação entre consumidores, fornecedores, criadores, insígnias e agentes de moda numa comunidade online. José Neves viu no potencial da Internet uma oportunidade para prestar um serviço que as boutiques e os pequenos negócios de moda não poderiam criar e suportar com um nível de qualidade condizente com o grau de exigência do mercado global. Surge assim uma cooperativa digital que propõe uma relação winwin, fornecendo uma plataforma de venda sem custos de aluguer ou manutenção e recolhendo os proveitos ao amealhar uma pequena parte da margem de lucro dos agentes envolvidos. A empresa assume, por isso, a função de intermediário na relação entre fornecedores e clientes e trabalha 28 WE’BIZ Abril 2015

sobretudo a produção de materiais promocionais (sessões fotográficas). Na ótica do consumidor final, Farfetch é igualmente sinónimo de valor acrescentado porque facilita a compra das últimas peças exibidas nas ruas de Londres, Paris, Milão ou outras capitais de moda, em poucos segundos e através de um processo simples e seguro.

UMA QUESTÃO DE NÚMEROS

Entre a extensa lista de marcas presentes na Farfetch constam nomes como a Valentino, a Dolce & Gabbana ou a Givenchy. A dimensão internacional da empresa tem ainda repercussão na distribuição dos escritórios e a Farfetch mantém infraestruturas em Londres, Nova Iorque, Los Angeles, São Paulo e Porto, empregando 700 colaboradores, entre os quais perfilam 275 portugueses. Mas estes não são os números impressionantes, já que a Farfetch conseguiu, em novembro do ano passado, faturar oito milhões de dólares em apenas um dia, processando encomendas para diferentes partes do globo. Ainda em matéria de faturação, José Neves adianta que o valor anual de 2015 não ficará abaixo dos 500 milhões de euros, metade da avaliação financeira atual da empresa em dólares.

> Previsão para a faturação de mais de 500 milhões de dólares em 2015;

> Mais de 300 lojas; > Mais de 1500 marcas; > 450 mil clientes originários de 180 países diferentes;

> Mais de 700 colaboradores; > Já conseguiu vender 8 milhões de dólares em peças no período de 24 horas; -

> O website recebe cerca de 9 milhões de visitantes por mês.

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Farfetch vale mil milhões e ocuparia um milhão de metros quadrados se convertesse a loja virtual num espaço físico.


STARTUPS ‹ weSTART PERFIL

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UMA STARTUP ENTRE PERDIDOS E ACHADOS A Lapa criou um dispositivo que podemos colar aos objetos que perdemos com facilidade (ou que tememos perder) e que, associado a uma aplicação, nos permite facilmente chegar até eles em caso de desencontro. Um negócio que não escapa ao mais distraído dos investidores. Já angariou 100 mil dólares em crowdfunding, acaba de fechar uma ronda com investidores privados, tem clientes em 60 países e conquistou uma parceria com a Benetton que dará ainda muito que falar.

Quantas vezes desejou ser possível telefonar para o comando da televisão, perdido no sofá, ou “dar um toque” às chaves do carro, cuja perda nos impede de sair a todo o gás para aquela reunião importante? Um sinal sonoro bastava para que pequenos objetos do nosso quotidiano facilmente fossem identificados no local exato onde os esquecemos. A Lapa Studio tem a solução. Pensar no “molusco gastrópode, de concha univalve, pertencente à família dos Patelídeos, utilizado na alimentação, que aparece com muita frequência preso aos rochedos do litoral” (definição da Porto Editora para a palavra “lapa”) é o melhor que temos a fazer para perceber o conceito proposto pela empresa do Porto e, desde logo, constatar quão bem lhe assenta o nome escolhido para entrar no mercado. Abril 2015 WE’BIZ 29


weSTART › STARTUPS Recém-chegado de Silicon Valley, onde uma vez mais constatou o potencial do projeto lançado em novembro de 2012, João Lobato Oliveira explica tecnicamente o conceito de falamos: “a Lapa Studio, Lda, é uma empresa que oferece soluções de hardware e software baseadas na tecnologia Lapa, uma tecnologia assente em Bluetooth Low Energy (novo Bluetooth de baixo consumo) e uma aplicação móvel, atualmente para iOS e Android”, sintetiza. Sobre a utilidade e âmbito de utilização destas soluções que decorrem da fusão entre hardware e software, o empreendedor sublinha que “a Lapa foi desenvolvida com o objetivo primário de proteger pertences pessoais, animais e crianças, e evitar que estes se percam”. Ou seja, especifica João Lobato Oliveira, “a Lapa é um dispositivo que comunica com a Lapa App e juntos oferecem várias funcionalidades que permitem encontrar qualquer objeto perdido, proteger objetos ou até animais de estimação e pessoas”. Mas o esforço empreendido no desenvolvimento e comercialização da Lapa promete novidades para um futuro próximo. “Estamos a trabalhar para otimizar e expandir o leque de aplicações da tecnologia Lapa e a desenvolver um conjunto de novas ideias baseadas na mesma tecnologia”, adianta o empresário. João Lobato Oliveira, de 29 anos, e Luís Certo, de 30, juntaramse em novembro de 2012 para transformar a ideia Lapa em negócio, tendo como ponto de partida um investimento próprio de 2 mil euros. Em setembro de 2013, conscientes de o financiamento seria crucial para a expansão, abalançaram-se numa campanha de crowdfunding, que angariou 100 mil dólares. O empreendedor não esconde que, por constrangimentos de ordem financeira, outros projetos semelhantes, que surgiram entretanto impulsionados pelo aparecimento da tecnologia Bluetooth Low Energy e “que beneficiaram de grande investimento inicial”, acabaram por antecipar-se no mercado, ainda que os responsáveis da Lapa tenham noção de que “não existia qualquer produto semelhante” quando começaram o seu desenvolvimento, e que, por isso mesmo, têm trunfos para vir a liderar o mercado.

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LAPA 2.0 NASCE PRESA À INOVAÇÃO A corrida está ainda no início e João Lobato Oliveira garante que, hoje, a Lapa tem trunfos estratégicos, difíceis de equiparar. “A nossa estratégia de conquista da preferência de marca passa por criar pontos de diferenciação e manter uma base de clientes fiéis. Aliando um dispositivo elegante a um desempenho sem falhas e uma aplicação móvel com um design cuidado, compatível com mais de 150 dispositivos, e fácil de usar, apostamos na qualidade e oferta de uma solução completa de perdidos e achados”, assegura. Além disso, solução e empreendedores têm vindo a somar conquistas, quer ao nível do investimento, quer ao nível das sinergias de negócio que podem estar na origem de um salto significativo nos próximos tempos. “Fechamos recentemente uma primeira ronda de investimento com investidores privados que nos permitiram alargar a nossa equipa e arrancar com o desenvolvimento da Lapa2.0”, refere com entusiasmo João Lobato Oliveira. O empresário admite, porém, que será ainda necessário “capital adicional para alavancar a produção e dar resposta eficiente à procura de mercado”. E sobre a procura, e porque a propósito da Lapa só nos ocorrem verbos e palavras do campo lexical de procura, não podemos deixar de referir que a Lapa já encontrou clientes em mais de 60 países. “A Lapa teve adesão internacional desde o início do projeto. O facto de termos recorrido ao crowdfunding e de vendermos principalmente online permitiu-nos atingir mercados estrangeiros desde muito cedo”, conta o empreendedor. A internacionalização propriamente dita está agora a ser operacionalizada nos seguintes países: Bélgica, Canárias, Malásia, Estados Unidos e Canadá.

“JOINT VENTURE” NOS EUA Estamos a trabalhar no sentido de expandir a empresa através de parcerias de distribuição. Além de uma ‘joint venture’ com um parceiro nos Estados Unidos e Canadá, temos parcerias com distribuidores locais na Bélgica, Canárias e Malásia, e estamos a negociar acordos noutros países” João Lobato Oliveira, cofundador da Lapa.


STARTUPS ‹ weSTART

LAPAS LARANJA PARA A BENETTON À conquista do investimento de que necessita para crescer e entrar em novos mercados, a Lapa juntou, recentemente, uma parceria com a Benetton que, além de dar provas de potencial, pode vir a abrir novas portas. “Fizemos uma Lapa laranja exclusivamente para uma linha de mochilas desta marca, que deve entrar nas lojas no início do próximo ano escolar”, adianta João Lobato Oliveira.

15 MINUTOS POR DIA tempo médio que gastamos à procura de pequenas coisas

PERFIL EMPREENDEDOR João Lobato Oliveira: 29 anos, nascido no Porto, Mestre em Engenharia Electrotécnica e de Computadores e Doutorado em Engenharia Informática, ambos pela FEUP. Fez ainda pós-doutoramento na Honda Research Institute, em Tóquio, no Japão, em parceria com a FEUP.

15 MIL OBJETOS POR ANO EM LISBOA Contas do sistema de ‘Perdidos e Achados’ de Lisboa

220 MIL OBJETOS POR ANO EM LONDRES Contas do sistema equivalente dos transportes da cidade

400 MALAS POR DIA Número de perdas registadas nos aeroportos portugueses Luís Certo: 30 anos, nascido em Bragança, Mestre em Engenharia Informática pela FEUP e finalista do Programa Doutoral em Engenharia Informática também pela FEUP. Foi cofundador e desenvolvedor da allSchedules, uma app de iPhone para verificação de horários de transporte em tempo-real.

113 TELEMÓVEIS POR MINUTO Número de dispositivos perdidos ou roubados nos EUA

TELEMÓVEL; CHAVES; DOCUMENTOS IMPORTANTES; ÓCULOS E CARTEIRA O que mais perdemos todos os dias Abril 2015 WE’BIZ 31


weSTART › STARTUPS MODELO

Vantagens da metodologia

SCRUM O Scrum é uma metodologia ágil (agile) para desenvolvimento de software, muitas vezes direcionado para a área financeira. Não se trata, contudo, de um mero processo ou técnica para desenvolvimento de produto. É, isso sim, um framework dentro do qual se aplicam vários processos e técnicas, tendo em vista a gestão do desenvolvimento complexo de produtos de forma interativa e incremental. No fundo, o Scrum promove a eficácia na gestão e no desenvolvimento de produto, permitindo encontrar melhores soluções em ambos os casos. Importa referir que o Scrum se baseia na ideia de que, durante um projeto, os clientes irão certamente mudar as suas intenções relativamente ao 32 WE’BIZ Abril 2015

software que desejam e necessitam. Para enfrentar isto, um projeto Scrum avança através de constantes interações, discussões e feedbacks entre programadores e utilizadores, de forma a introduzir paulatinamente melhorias no produto. Em ciclos curtos de desenvolvimento, o Scrum permite entregar módulos de software que funcionam integralmente e controlar a evolução do produto em curtas reuniões diárias. Deste modo, os clientes passam a integrar a equipa de desenvolvimento, as entregas são mais rápidas e com as funcionalidades desenvolvidas a 100%, são implementados planos de redução de riscos, há discussões diárias com a equipa para análise do trabalho, existe mais transparência no


STARTUPS ‹ weSTART

planeamento e no desenvolvimento do software, realizam-se reuniões frequentes com os stakeholders para monitorizar o processo, os problemas não são ignorados e o horário de trabalho é rentabilizado. De facto, a metodologia Scrum oferece um conjunto de práticas e funções pré-definidas, que são adotadas pela equipa de programadores para maximizarem as suas capacidades de entrega rápida do produto e para responderem aos requisitos entretanto alterados, convertidos ou emergentes. Por isso, uma equipa Scrum é habitualmente multifuncional e transversal, havendo grande comunicação, interação e sinergias entre os seus elementos. A utilização de equipas multifuncionais permite a partilha de informação e a compreensão das necessidades e capacidades de cada elemento, melhorando a comunicação entre todos. Na metodologia Scrum, o desenvolvimento de software é gerido de forma muito flexível e requer gestores de projeto com experiência específica em agile. A função de gestão de projeto não é a tradicional, já que o ScrumMaster consiste, em primeiro lugar, num facilitador que institui regras acordadas, remove impedimentos ao progresso e garante que a equipa se mantém focada. No Scrum Board, a equipa apresenta o seu feedback relativo às tarefas planeadas para o sprint (unidade básica de desenvolvimento em Scrum), permitindo perceber em qualquer momento o estado atual de cada etapa do processo de desenvolvimento. Este quadro deve ter algum detalhe, sem prejudicar a facilidade de leitura dos dados. Com o feedback atempado por parte da equipa e utilizadores, é possível antecipar problemas e evitar constrangimentos. Durante o sprint review, realizado no final de cada sprint, é fundamental que todos os elementos da equipa falem abertamente acerca dos pontos positivos e negativos e que melhorias gostariam de ver implementadas. O objetivo é encarar as dificuldades/ problemas de forma honesta, para assim se chegar a um consenso sobre como podem ser ultrapassados.

SQUIMI: uma fábrica de soluções ágeis Considerada pela University Technology Enterprise Network (UTEN) como uma das 16 startups portuguesas que mais dá que falar nos EUA, a SQUIMI centra a sua atividade no desenvolvimento de software à medida baseado em Scrum e metodologia ágil. Sofware esse que, por sua vez, se destina a apoiar a criação de software de forma simples, rápida e centrada nas necessidades da organização. Assumindo-se como uma Solutions Factory, a SQUIMI propõe-se a resolver todo o tipo de desafios no âmbito da Engenharia de Software, tendo sempre em vista um objetivo: tornar os computadores e a computação úteis para o negócio, utilizáveis e acessíveis às pessoas.

Agile Portugal 2015 Nos dias 22 e 23 de maio, o Porto acolhe a iniciativa Agile Portugal 2015, um evento internacional, que constitui uma oportunidade para aprender com especialistas nacionais e estrangeiros, bem como para fazer networking com empresas que já implementaram a metodologia.

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weTALK › ENTREVISTA

Comissário europeu Carlos Moedas

Taxa de sucesso de candidaturas portuguesas ao H2020 “encontra-se dentro da média europeia” O comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação acredita que a UE irá crescer substancialmente nestas três áreas fundamentais para o desenvolvimento socioeconómico. Para Carlos Moedas, “a UE tem a matéria-prima necessária” para recuperar o atraso ao nível da transferência e valorização do conhecimento que ainda hoje revela face aos EUA ou ao Japão. A saber, “académicos e cientistas que lideram em áreas de ponta, um alto nível de formação profissional e um tecido industrial de qualidade, assente nas PME”. Considera também que o tecido empresarial português reúne as condições essenciais para tirar proveito do programa Horizonte 2020 (H2020), embora aconselhe as PME a trabalharem mais “em rede através de consórcios ou parcerias com universidades, em polos empresariais ou incubadoras de startups”. Diz-se, de resto, confiante no “talento e ideias” das empresas nacionais, mas confessa que gostaria que ver um maior número de PME a candidatarem-se a fundos europeus. 34 WE’BIZ Abril 2015


ENTREVISTA ‹ weTALK Em linhas gerais, como se caracteriza a estratégia europeia para a investigação, ciência e inovação, áreas que tutela enquanto comissário europeu? E qual o papel do H2020 nessa estratégia? O investimento em investigação, ciência e inovação está no centro da estratégia Europa 2020 para o crescimento inteligente, sustentável e inclusivo. Para atingir esse fim, o programa H2020 dispõe de um orçamento de 80 mil milhões de euros, disponíveis ao longo de sete anos (2014 a 2020) para o apoio à investigação. Trata-se do maior programa público de investigação do mundo em termos de orçamento. O H2020 conjuga três pilares com âmbitos diferentes: a excelência científica, a liderança industrial e os desafios societais. Estamos neste momento na fase de execução do programa, na qual procuramos assegurar a mais correta e eficaz aplicação dos fundos ao serviço dos empreendedores e cientistas europeus, para que haja espaço para a inovação e para que as startups se tornem médias e grandes empresas. Esta estratégia permitirá reduzir o défice de investigação e de inovação da Europa em relação aos EUA e ao Japão, bem como travar a perda de terreno nestas áreas para os países emergentes? O objetivo desta estratégia é, efetivamente, recuperar o atraso no desempenho da inovação europeia em relação aos parceiros internacionais. De acordo com o último relatório Innovation Union Scoreboard, que avalia o desempenho dos sistemas de inovação em todos os Estados-membros e outros países fora da União, os EUA, o Japão e a Coreia do Sul ainda superam a UE. Embora a UE tenha vindo a recuperar nos últimos anos, o que é um sinal muito positivo. A UE, e Portugal igualmente, tem a matéria-prima necessária para alcançar este objetivo: académicos e cientistas que lideram em áreas de ponta, um alto nível de formação profissional e um tecido industrial de qualidade, assente nas PME. Que áreas científicas deve a Europa privilegiar na sua estratégia de investimento? As áreas ligadas à ciência e ao conhecimento. Áreas em que a

UE já dispõe de um grande knowhow, como a saúde, as energias, os transportes ou as novas tecnologias. É importante continuar a investir nestas áreas em que temos dado cartas. Contudo, importa também não incorrer numa especialização excessiva que possa prejudicar o progresso sustentável europeu. Numa Europa a sair muito lentamente da recessão, como espera criar um ambiente mais favorável à investigação e à inovação? Quando assumi este papel na Comissão apresentei as grandes prioridades para o meu mandato, que se prendem, em primeiro lugar, com a criação das condições para libertar o pleno potencial da investigação, da ciência e da inovação. Trata-se, no fundo, daquilo que o poder político pode e deve fazer para favorecer a investigação e a inovação. Na prática, é necessário alterar o ambiente regulatório para gerar investimento nestas áreas, harmonizar as políticas nacionais para a ciência e a inovação, explorar as sinergias com os fundos estruturais e regionais e finalizar o Espaço Europeu de Investigação (ERA), que consiste na criação de um mercado interno para cientistas e investigadores. Em segundo lugar, penso que o aumento considerável do orçamento dedicado à investigação, inovação e ciência é um claro compromisso da UE para criar esse ambiente. Foram criados novos instrumentos de financiamento capazes de orientar os investidores para áreas com uma forte componente de investigação: H2020, Innovfin e Fundo Europeu de Investimento Estratégico.

EMPREENDEDORISMO NÃO SE JUSTIFICA POR QUESTÕES CULTURAIS Não há o risco do H2020 ter o mesmo fim inglório da Estratégia de Lisboa, que também propunha um modelo de desenvolvimento económico baseado no conhecimento? O H2020 tem uma lógica diferente: define áreas prioritárias, para as quais se organizam concursos específicos e é disponibilizado financiamento. Ao contrário de outros fundos para a área da agricultura e fundos regionais, os fundos do H2020 não são atribuídos a um Estadomembro, mas sim aos investigadores e projetos escolhidos pela sua qualidade a partir de Bruxelas. O que é que está a ser feito para garantir que o H2020 vai ser implementado de forma eficiente e sem desperdício de verbas? As prioridades do H2020 foram estabelecidas no lançamento do programa. Pretende-se premiar a excelência e isso é assegurado com um conjunto de garantias. Em primeiro lugar, a avaliação dos projetos em cada uma das calls é feita por especialistas independentes, cujo critério de seleção tem por base a qualidade dos projetos e sua adaptabilidade aos objetivos do programa. Em segundo lugar, a Comissão Europeia realiza um rigoroso controlo orçamental, com auditorias ex-ante e ex-post, isto é, antes e depois dos projetos serem financiados. Finalmente, o Tribunal de Contas Europeu realiza auditorias ao financiamento dos projetos.

O que une as empresas de sucesso hoje em dia é o elevado risco da ideia inicial, a forte componente inovadora e tecnológica, um forte ecossistema de venture capital ou de outras fontes de investimentos que seja capaz de viabilizar os saltos de investimento que estas empresas necessitam de ir fazendo para se tornarem globais. Abril 2015 WE’BIZ 35


weTALK › ENTREVISTA Acha que as instituições, centros e grupos de investigação europeus, que genericamente têm menos predisposição para a valorização económica do conhecimento do que os seus congéneres norte-americanos ou japoneses, estão em condições de assegurar o cumprimento dos objetivos do H2020?

A avaliação dos projetos submetidos no âmbito do H2020 privilegia a investigação com aplicação direta no mercado. Com este critério não se está a cercear a investigação fundamental e a liberdade dos cientistas, bem como a investigação nas ciências sociais e humanas, à partida com menos aplicabilidade económica?

Eu não diria que existe menos predisposição nas instituições europeias para fazer boa ciência e desenvolver novas ideias com utilidade no mercado. A Europa, principalmente nos últimos anos, tem criado um ambiente mais favorável à criação de empresas e à investigação. Contudo, quando comparamos ao nível global, ainda nos falta a capacidade das nossas empresas inovadoras de crescer de forma rápida para alcançar uma dimensão crítica. A lista das empresas que se tornaram “unicórnios”, como o Wall Street Journal lhes chama, apresenta 75 startups valorizadas em mais de mil milhões de dólares, das quais apenas seis são europeias. Uma destas é portuguesa: a Farfetch de José Neves.

Não, de forma nenhuma. São duas componentes complementares. Por um lado, na investigação fundamental, a UE tem uma excelente qualidade e tem produzido 1/3 do conhecimento fundamental a nível mundial. Por outro, a UE sempre demonstrou alguma dificuldade em transformar as ideias em produtos no mercado.

Não acredito que o empreendedorismo se justifique com questões culturais. Os empreendedores europeus não são diferentes dos norte-americanos em termos da inovação e do apetite para o risco. Eles enfrentam apenas um mercado que lhes tem sido menos favorável. Por exemplo, o mercado europeu é mais fragmentado, apesar do nosso enorme esforço para diminuir as barreiras no mercado interno. Tem também tido historicamente uma menor diversidade de fontes de investimento, que é precisamente o que o plano Juncker pretende reverter. E tem tido ainda um ambiente regulatório menos propício ao empreendedorismo, que eu espero no final do meu mandato ter dado um forte contributo para melhorar. E as empresas europeias? Estarão elas preparadas para aumentarem a sua intensidade de inovação à luz dos objetivos do H2020? Têm obrigação de estar preparadas. Num ambiente empresarial global, as empresas terão de garantir o seu foco para os produtos e serviços inovadores. O que une as empresas de sucesso hoje em dia é o elevado risco da ideia inicial, a forte componente inovadora e tecnológica, um forte ecossistema de venture capital ou de outras fontes de investimentos que seja capaz de viabilizar os saltos de investimento que estas empresas necessitam de ir fazendo para se tornarem globais. 36 WE’BIZ Abril 2015

Com a ligação ao mercado, o H2020 não pretende limitar a liberdade dos investigadores, mas sim garantir as condições para que eles tenham os recursos e a possibilidade de transformarem as suas ideias e conhecimento de excelência em produtos que se tornem acessíveis a todos, de forma a gerar riqueza e emprego com o seu trabalho. Temos o caso do MP3, por exemplo. Foi desenvolvido na Europa num esforço científico para conceber um formato para a informação áudio mais compacto e sem uma perda percetível de qualidade auditiva. [Mas] foi preciso ir para os EUA para esta inovação ser transformada num produto colocado no mercado. São exemplos como estes que gostaríamos de ver revertidos e acreditamos que existe todo o potencial dentro dos nossos centros de investigação, se tiverem a visão e as condições favoráveis para isso.

268 PROJETOS PORTUGUESES COM FINANCIAMENTO Qual é hoje a taxa de candidaturas ao H2020 por entidades portuguesas e a taxa de sucesso dessas candidaturas? O H2020 teve início no final de 2014 e está, portanto, numa fase de arranque. Até agora foram submetidas 1.853 candidaturas de instituições ou projetos portugueses, e 268 projetos receberam financiamento do H2020. A taxa de sucesso portuguesa encontra-se sensivelmente dentro da média europeia. Contudo, esta taxa de sucesso deve ser interpretada com cuidado, pois ela é relativa ao número de candidaturas. Assim, o H2020 pode ser vítima do seu próprio

sucesso, dado o aumento do número de candidaturas e o alto nível de exigência no processo de seleção dos projetos em cada call. Sendo o tecido empresarial português constituído em mais de 95% por PME, e muitas delas sem recursos humanos qualificados, capital para investimento e capacidade tecnológica, é de esperar um contributo significativo do H2020 para a competitividade da nossa economia? Sem dúvida. No H2020 há uma meta específica para as PME: o SME Instrument. Estas podem colaborar em projetos como parte de um consórcio e receber apoio através deste instrumento concebido a pensar nas pequenas empresas altamente inovadoras. Prevemos um aumento de pelo menos 20% da participação das PME. Os procedimentos de candidatura têm vindo a ser simplificados a pensar nas necessidades destas empresas, e existe também financiamento disponível para aconselhamento e orientação destes empresários para os melhores métodos para atrair investimento privado. Para este instrumento [o SME Instrument], 275 PME europeias já foram selecionadas, das quais seis são portuguesas. Além disso, foram disponibilizados 175 milhões de euros para financiar atividades de inovação e para o desenvolvimento dos planos de negócios das PME ou estudos de viabilidade para os seus projetos. Que características e condições devem ter as empresas portuguesas para serem bemsucedidas nas suas candidaturas a financiamento pelo H2020? Além do que já referi, posso dar alguns exemplos práticos. É importante que trabalhem em rede através de consórcios ou parcerias com universidades, em polos empresariais ou incubadoras de startups. O contacto com congéneres internacionais é também importante para se candidatarem a alguns instrumentos. E as universidades e suas unidades de I&D+i? Estarão, de facto, preparadas para se candidatarem a financiamento pelo H2020 e terem sucesso? Sim. Portugal teve um grande aumento no investimento em I&D durante a última década (uma média


ENTREVISTA ‹ weTALK anual de 7% entre 2000 e 2007), que conduziu a um reforço na formação dos recursos humanos e na qualidade científica. Apesar disso, Portugal continua a ter um desempenho baixo em relação à média europeia, particularmente no que toca à valorização tecnológica, cooperação público-privada, transferência de conhecimento e empregabilidade em atividades assentes no conhecimento. Têm vindo a verificar-se progressos em certas áreas. Por exemplo, a criação da Agência para a Inovação tem-se revelado um ótimo avanço. É necessário continuar a apostar na cooperação entre as organizações de investigação.

EUROPA APOSTA NO INVESTIMENTO Os constrangimentos financeiros e burocráticos a que o ensino superior tem sido sujeito, a redução drástica das bolsas de doutoramento e pósdoutoramento e os cortes no financiamento dos centros de I&D pela FCT não diminuíram a capacidade científica e tecnológica do país? Compreendo a preocupação. Contudo, estou confiante na qualidade da ciência feita em Portugal, que tem vindo a ser reconhecida ao nível

europeu. As estatísticas oficiais do Conselho Europeu de Investigação (ERC) indicam que os investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência são os que conseguiram ganhar mais bolsas milionárias do ERC desde 2007, com sete bolsas no valor de 11,24 milhões de euros. Já no H2020, atá agora 15 bolseiros sediados em Portugal receberam financiamento do programa, num total de 23 milhões de euros. Outros cinco bolseiros portugueses no estrangeiro receberam 7,8 milhões de euros. O H2020, aliado ao chamado plano Juncker, corresponde a uma nova visão da Europa, em que a austeridade é preterida em favor do crescimento económico, da competitividade e da criação de emprego? Ou as duas visões, contracionista e expansionista, são compatíveis? Se olharmos para a evolução do investimento após a criação do euro, tivemos claramente duas fases: uma fase de forte crescimento do investimento seguida de uma fase de travagem, durante a crise financeira. Algum deste investimento foi bem aplicado, outro nem tanto, e contribuiu para fomentar uma economia muito dependente de rendas. Além do mais, esse fluxo financeiro foi essencialmente derivado de dívida e não de capital. Durante a crise financeira, o nível de investimento na

Portugal teve um grande aumento no investimento em I&D durante a última década (uma media anual de 7% entre 2000 e 2007), que conduziu a um reforço na formação dos recursos humanos e na qualidade científica. Apesar disso, Portugal continua a ter um desempenho baixo em relação à média europeia, particularmente no que toca à valorização tecnológica, cooperação público-privada, transferência de conhecimento e empregabilidade em atividades assentes no conhecimento.

UE registou uma quebra de 15% desde o pico atingido em 2007. A nova Comissão Europeia está a liderar a abertura de uma nova fase com mais investimento, mas também com melhor investimento por via do plano Juncker. O plano Juncker engloba três importantes elementos: para além do Fundo Europeu de Investimentos Estratégicos, prevê também alterações ao ambiente regulatório para o tornar mais propício ao investimento na ciência, investigação e inovação e prevê ainda a criação de um “centro de investimento”, de apoio aos investidores. O Fundo Estratégico, para o qual contribui o H2020, funciona como garantia para baixar o risco de investir em projeto inovadores. Pretendemos assim atrair investimento privado, em vez de o substituir, para que os projetos de elevado potencial e elevado risco passem a ser mais viáveis. Para terminar, que balanço faz destes primeiros meses como comissário europeu? Ser comissário é um trabalho muito interessante e que me tem dado a oportunidade de trabalhar com pessoas de topo. Os primeiros meses foram marcados pela preocupação com a área da saúde, principalmente o combate ao vírus do ébola. Entretanto, tenho-me dedicado a uma diversidade de outros campos de investigação que se têm revelado muitíssimo interessantes e, acima de tudo, que têm um grande impacto no dia a dia de todos nós. Durante estes meses, tenho feito várias visitas a Portugal e recebido visitas portuguesas aqui em Bruxelas. Quero manter este contacto próximo com os investigadores e as empresas portuguesas. Acredito no seu talento e ideias, que, aliás, atraíram no anterior programa quadro (que vigorou entre 2007 e 2013) 520 milhões de euros de investimentos da UE. Olhando para os números atuais, confesso que gostava de ver mais empresas portuguesas a candidatarem-se. A pasta pela qual estou responsável nos próximos anos tem uma agenda muito ambiciosa, mas tenho confiança de que estamos a dar passos no caminho certo.

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weLEARNING › FORMAÇÃO

MASTER DA ANJE

revela novas tendências de Marketing e consumo

FORMAÇÃO AVANÇADA É A PRIMEIRA ETAPA DE UM PROGRAMA TRIPARTIDO DEDICADO À GESTÃO DA FORÇA DE VENDAS

Vender é a solução para arrancar ou expandir negócios em conjunturas de crise ou prosperidade e o foco da Pós-Graduação em Sales Management, promovida pela ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários, em parceria com o ISMAI - Instituto Universitário da Maia, a partir do início de maio, em horário pós-laboral. A primeira etapa deste intenso programa formativo tripartido é o Master em Marketing e Tendências de Consumo, que terá lugar no centro de formação empresarial da associação, no Porto, entre os dias 6 de maio e 9 de junho. A velocidade de desenvolvimento de novos produtos/serviços e a evolução tecnológica constante obrigam as empresas a refletir sobre a estratégia comercial, de forma a assegurar a resposta positiva às necessidades específicas dos mercados. Emergente deste contexto, o programa da Pósgraduação em Sales Management promove um desempenho comercial diferenciador, prevendo a abordagem integral às dimensões estratégicas e operacionais do processo de Gestão de Vendas. O Master Novas Tendências nas Vendas (7 de setembro a 26 de outubro) e o Master em Gestão Estratégica de Equipas de Vendas (9 de novembro a 28 de dezembro) juntam-se à jornada inaugural do Master em Marketing e Tendências de Consumo para complementar a proposta de valor global desta formação avançada. No final, os participantes poderão obter um diploma de Pós-Graduação em Sales Management, 30 ECTS - European Credit Transfer System e usufruir de um plano de equivalências na oferta escolar de mestrados do ISMAI. Marketing Estratégico, Pricing e Rendibilidade e Trade Marketing serão os três principais temas versados durante as 60 horas do Master em Marketing e Tendências de Consumo. Centrado na análise e interpretação

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de casos e situações de vendas reais, o curso vai proporcionar o desenvolvimento de competências para a definição e implementação de estratégias de preço capazes de obter benefícios e criar valor. O objetivo último do master é aumentar o volume de vendas na atividade profissional dos participantes, recorrendo à coordenação de concertados planos de promoção. A coordenação dos trabalhos será assegurada por três formadores com elevada notoriedade no mundo académico, reconhecido sucesso profissional e grande vivência prática. A saber: Lúcia Babo, licenciada em Organização e Gestão de Empresas e MBA em Comercialização e Marketing na Escola de Gestão do Porto; Carlos Rouco, licenciado em Ciências Militares e mestre em Gestão da Formação Desportiva; e José Moreira da Silva, professor e consultor Sénior de Psicologia Social e das Organizações em empresas nacionais e estrangeiras, doutorado em Ciência Política e antigo Adjunto na Presidência do Conselho de Ministros. Da formação avançada de dirigentes e altos quadros ao reforço da qualificação de colaboradores, a ANJE tem uma resposta formativa completa, perfeitamente adaptável às características do tecido empresarial português. A ambição de integrar no seu plano formativo todos os públicos do universo das empresas justifica uma oferta que culmina com o ensino pós-graduado e que inclui também uma Pós-graduação em Gestão e um conjunto de masters na área da organização de eventos. Os associados ANJE beneficiam de preços especiais na frequência de todas as ofertas formativas. A consulta de informações específicas sobre programas de conteúdos e processos de inscrição podem ser efetuados no endereço www.anje.pt.


FORMAÇÃO ‹ weLEARNING

PROGRAMAR É UMA COMPETÊNCIA DE FUTURO E JÁ PODE SER ADQUIRIDA ONLINE

PLATAFORMA

STUK.IO

JÁ ENSINOU PROGRAMAÇÃO A MAIS DE MIL PESSOAS, PROVENIENTES DE MAIS 100 PAÍSES DIFERENTES.

A Comissão Europeia anunciou recentemente que a Europa vai criar, nos próximos cinco anos, 900 mil empregos nas áreas das tecnologias de informação, sendo que, apenas em Portugal, prevê-se que faltem 15 mil profissionais com competências procuradas pelas empresas. A programação é apenas uma delas. A WE’BIZ encontrou uma startup atenta a esta oportunidade, que é global, e que abraçou o desafio de transformar qualquer cidadão num programador com potencial para lançar aplicações mobile de suporte à atividade empresarial. Trata-se da Stuk.io, que ousa ainda cumprir tudo isto apenas no universo online. Escalado por diferentes níveis de complexidade, o projeto tem registado um crescimento mensal das vendas superior a 100%.

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weLEARNING › FORMAÇÃO As opções de formação académica para o setor tecnológico multiplicam‑se pelas instituições universitárias nacionais, mas não conseguem reunir, num curto de espaço de tempo, os fatores que distinguem a proposta de valor da Stuk. io: aquisição de competências, resposta às necessidades pessoais e do mercado e aumento de saídas profissionais. A empresa pretende que os formandos programem a partir do zero e, para isso, propõe guias passo a passo traduzidos em tutoriais em formato vídeo, que podem ser consultados em qualquer hora ou local, desde que o dispositivo permita o acesso à Internet. Joaquim Valente, Chief Marketing Officer do projeto, revela que a Stuk.io centra atenções numa área com potencial e que, por isso, está a “converter muitas pessoas de diferentes backgrounds em programadores com valor no mercado”. De acordo com o responsável, os programadores com experiência subscrevem igualmente o “serviço para poderem evoluir mais rapidamente e criar portefólio para procurarem melhorias contratuais no mercado”. Ruby on Rails e outras tecnologias para a web são o principal instrumento de trabalho e o ponto de partida para a conquista do objetivo pessoal de cada discente. No final, os resultados apresentados poderão ser uma rede social, um website diretório ou um marketplace, consoante o grau de exigência e os projetos individuais dos participantes. A Stuck.io lança o desafio aos internautas sob três níveis distintos de aprendizagem: “Básico”, “Intermédio” e “Avançado”. Atualmente a empresa disponibiliza um curso para os níveis “Básico” e “Avançado” e dois para o patamar “Intermédio”, mas prevê o lançamento de novas ofertas formativas no futuro próximo. A iniciação do curso é simples e cada ação está estruturada em diferentes lições, devendo o formando optar pela formação mais adequada ao tipo de aplicação que pretende desenvolver. Após a conclusão, os participantes poderão personalizar o resultado final com funcionalidades extras, recorrendo aos Codecasts (tutoriais que ensinam a integrar funcionalidades da Stuk.io). Pagamentos, serviços de busca, monitorização, sistemas de votos são apenas alguns exemplos das funções incorporáveis. As instruções dos vídeos detalham todos os passos 40 WE’BIZ Abril 2015

OFERTA ATUAL DE CURSOS DA STUK.IO

FUNDAMENTOS DE RUBY ON RAILS

2 SIDED MARKETPLACE

Nível: Básico

Duração: 4 horas e 6 minutos

Duração: 4 horas e 14 minutos

Número de Lições: 36

Nível: Intermédio

Número de Lições: 38

WEBSITE DIRECTÓRIO

REDE SOCIAL

Nível: Intermédio

Duração: 5 horas e 54 minutos

Duração: 2 horas e 40 minutos

Número de Lições: 36

Nível: Avançado

Número de Lições: 29

DISPONÍVEIS BREVEMENTE

Web Scraper ado

Nível: Avanç

publicações r a z i t a m o t Au ociais nas redes s édio

Nível: Interm

Crowdfundin Marketplac g e

Nível: Interm

édio

Website de Dating Nível: Intermédio


FORMAÇÃO ‹ weLEARNING da criação e, por cada aplicação concluída, os utilizadores são premiados com um certificado da empresa. Em matéria de preços, os participantes podem beneficiar dos serviços da Stuk.io em três pacotes de subscrição. A modalidade gratuita prevê apenas a utilização dos Codecasts patrocinados, enquanto a inscrição “Starter” obriga ao pagamento de um valor mensal de 15 dólares, mas confere acesso ao centro de ajuda e ao fórum da

plataforma, bem como aos cursos de nível “Básico”, “Intermédio” e “Avançado” para a produção de aplicações web reais. O pacote “Developer” tem o custo mensal de 37 dólares, proporciona o suporte de chat individual com programadores experientes (cinco conversas mensais) e engloba ainda as office hours (participação e visualização de sessões gravadas).

concretizar as ideias de negócio orientadas para o universo mobile, construindo um portefólio a partir dos projetos criados durante as formações da Stuk.io. Portefólio esse que poderá servir como cartão de apresentação para uma candidatura de emprego nos parceiros de recrutamento da empresa (JOBBOX. io, Hytch e LaunchCode).

Além das competências recolhidas em matéria de programação, os formandos terão oportunidade de

ACADEMIA DO CÓDIGO: DA INTEGRAÇÃO PROFISSIONAL À PREPARAÇÃO DOS MAIS NOVOS A Academia de Código é um projeto empresarial que também visa colmatar a falta de programadores. A startup aposta sobretudo na requalificação de desempregados, que não encontraram empregos noutras áreas, através de um curso intensivo de cerca de três meses. Uma formação que pretende ensinar todas as bases de código e programação essenciais para estes profissionais se tornarem programadores qualificados e capazes de ingressar no mercado de trabalho. O projeto já tem metas definidas para a próxima década e os promotores esperam requalificar e proporcionar um novo rumo profissional a 10.000 candidatos.

os alunos do 1º ciclo que se encontram a frequentar as escolas básicas. No momento atual, a Academia de Código Júnior já iniciou atividade em três estabelecimentos de ensino, através de uma parceria com a Câmara Municipal de Lisboa e a Fundação Calouste Gulbenkian (Escola Básica 1 do Bairro do Armador, Escola Básica 1 Alda Vieira e Jardim Escola São João de Deus). Os softwares à medida e a interação com robots são fatores atrativos para os cerca de 75 alunos envolvidos nesta ação. O próximo passo é replicar o modelo à escala nacional, colocando a programação no rol de competências básicas do percurso de aprendizagem e garantindo a sustentabilidade do setor a longo prazo.

Os segmentos mais jovens não foram esquecidos pela startup que apostou, por isso, no lançamento da Academia de Código Júnior. Esta iniciativa direciona atenções para

DIREÇÃO-GERAL DA EDUCAÇÃO APOSTA NO ENSINO BÁSICO A preocupação da Comissão Europeia com a escassez de e-skills conduziu a Direção-Geral da Educação à implementação de uma campanha nacional, que envolveu diversos parceiros tecnológicos nacionais de referência, tocando 2085 pessoas através de 16 eventos. Espera-se agora que esta iniciativa, ainda simbólica, dê lugar, já no próximo ano letivo, a uma ação de aplicação mais alargada e de raiz. Em destaque poderá estar um concurso para que as escolas básicas possam ter um programa de ensino de programação.

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weCREATE › ECONOMIA CRIATIVA

O NÓ COMO PRINCÍPIO CRIATIVO Design sem limites é a proposta da Darono para a execução manual de uma vasta gama de home fashion objects. Tudo começa com um nó e um processo produtivo e criativo 100% português. A marca de design cria peças únicas, personalizadas com uma fibra própria: têxtil técnico composto por poliéster e viscose. Este fio encorpado diferencia a empresa pelos materiais e pela execução, resultando numa trança, em torno da qual todas as peças se desenvolvem e criam, sempre com recurso a técnicas manuais. Eco-friendly e antibacteriana, a matéria-prima do projeto possibilita uma paleta de cores alargada e a construção de peças adaptáveis a diferentes tipos de ambiente - sóbrios, divertidos, calmos, vibrantes, quentes ou frios.

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TECNOLOGIA E INOVAÇÃO ‹ weTECH

BITCOIN

Na chamada Deep Web nasceu uma moeda virtual, o bitcoin, que abre novas possibilidades de transações comerciais no ciberespaço. É também na Internet profunda que se refugiam políticos perseguidos por regimes totalitários, ativistas de diferentes movimentos sociais, militantes de organizações de resistência cívica, jornalistas de investigação ou informadores secretos, por exemplo. Contudo, na Internet que escapa aos motores de busca e, deste modo, à atenção do comum cibernauta acoitam‑se os mais escabrosos crimes, graças ao anonimato permitido por softwares de encriptação.

A MOEDA QUE NASCEU NO BASFOND DA NET Sim, já todos sabíamos que a Internet não é o mundo delicodoce das selfies aparvalhadas, das fotos de pratos gourmet, das imagens com gatinhos, das correntes de energia, das frases melosas e de outras frioleiras do mesmo calibre que proliferam nas redes sociais. Mas nem todos têm presente que à margem de motores de busca tão populares como o Google, o Yahoo ou o Bing existe a denominada Deep Web (Internet profunda). Ou seja, uma espécie de basfond da net, que, justamente por não estar indexada aos tais motores de busca, acoberta toda a sorte de crimes do ciberespaço. Quase sem deixar rasto, é possível na Deep Web comprar droga, traficar armas, contratar assassinos a soldo, aceder a redes pedófilas, consultar sites especializados em clonar cartões de crédito, aprender a montar bombas, integrar organizações jihadistas ou participar em movimentos neonazis. Essencial para garantir o anonimato na Internet profunda é apagar ou mascarar o rasto do dinheiro, com o qual se compra todo o tipo de produtos e serviços ilícitos. Por isso, a moeda corrente na Deep Web é o bitcoin, que nasceu nas profundezas da net em 2008, no auge da crise financeira mundial. Qualquer pessoa pode comprar esta criptomoeda e ficar com o respetivo crédito numa espécie de carteira virtual, sendo que, atualmente, um bitcoin vale cerca de quatro dólares. Para adquirir algum

produto ou serviço com bitcoins, o sistema gera um código aleatório que liquida a conta em questão, sem identificar o utilizador. Refira-se que, para além da troca de bitcoins por dólares ou euros, é possível “extrair” esta moeda virtual desvendando um código matemático complexo. Diariamente são transacionados milhões de dólares em bitcoins, havendo já muitas empresas de referência nos EUA, no Japão e na Europa a aceitarem pagamentos nesta moeda em vulgares operações comerciais. Em Portugal, por exemplo, foi lançada em outubro a primeira caixa ATM para bitcoins e já é possível fazer investimentos imobiliários com esta moeda virtual. Em 2015, deverão ser instaladas mais caixas ATM de bitcoins no Porto e no Algarve. Trata-se, pois, de uma plataforma financeira com imenso potencial de crescimento. De resto, os defensores do bitcoin apontam várias vantagens a esta moeda. A saber, a liberdade de pagamento (é possível enviar e receber qualquer quantia de dinheiro instantaneamente em qualquer parte do mundo e a qualquer momento), os baixos custos (os pagamentos são processados sem taxas ou com taxas bastante reduzidas), a segurança para comerciantes e utilizadores (as transações são seguras, irreversíveis e não contêm informações confidenciais ou pessoais dos clientes, sendo impossível Abril 2015 WE’BIZ 43


weTECH › TECNOLOGIA E INOVAÇÃO enquanto na Deep Web ele está dissimulado numa combinação aleatória de letras e algarismos. Acresce que os sites que alimentam o submundo da Internet estão protegidos por softwares de encriptação, entre os quais avulta o popular TOR, acrónimo de The Onion Router (o “router cebola”). Este software foi criado pela Marinha norte-americana para as comunicações secretas e depois, à semelhança da Internet, saiu da esfera militar para a sociedade. Facilmente descarregável, o TOR surgiu animado por boas intenções: proteger a privacidade dos cibernautas e defendê-los da devassa propiciada pelos motores de busca.

efetuar cobranças indesejadas ou não notificadas) e a transparência, neutralidade e previsibilidade (por um lado, a informação sobre a moeda está disponível, em tempo real, na blockchain, lista que contém todas as transações realizadas no universo bitcoin; por outro, é impossível controlar ou manipular o protocolo bitcoin, porque este é criptograficamente seguro).

O TOR não permite que, ao acedermos a um site, o nosso computador entre em contacto com um servidor que consegue identificar o IP (Protocolo de Internet). Antes desse contacto com o servidor se concretizar, uma rede anónima de computadores cria pontes criptografadas até ao site em causa. Daí que, embora seja possível identificar o IP que chegou ao destinatário, não é possível conhecer toda a série de computadores que se meteu pelo caminho e muito menos quem acedeu ao site. Para além de garantir o anonimato, o TOR protege da indiscrição posts, mensagens instantâneas e outras formas de comunicação.

DEEP WEB: O LADO SOMBRIO DA NET

550 MIL MILHÕES DE DOCUMENTOS

A informação reunida na Deep Web não é invisível, embora seja bastante difícil aceder a ela. O mesmo não acontece na Internet tradicional, onde é possível pesquisar informação livremente através dos motores de busca. Os quais, por seu turno, registam e analisam os movimentos dos seus utilizadores, guardando-os durante vários anos. A este nível, quase nada do que é feito na Internet permanece em segredo, sendo por isso relativamente fácil roubar informação a quem navega.

Um estudo da Universidade de Berkeley, na Califórnia, estima que a dimensão da Deep Web seja 500 vezes superior à da Internet mainstream. Calcula-se que lá existam 550 mil milhões de documentos, ocupando

A obscuridade e discrição da Deep Web são garantidas pela ausência de hiperligações encadeáveis pelos algoritmos dos motores de busca, o que permite que conteúdos menos recomendáveis permaneçam longe da vista do comum cibernauta. Por exemplo, um link na rede aberta é o mais explícito possível para que os utilizadores fixem o endereço ou reconhecerem o seu conteúdo, 44 WE’BIZ Abril 2015

mais de 7.500 milhões de terabytes de informação. Para se ter uma ideia, a Internet que usamos diariamente não ultrapassa os 19 milhões de documentos. Em 1998, a dimensão da informação da Deep Web já era equivalente ao conjunto dos documentos produzidos em toda a história da Humanidade. Hoje, pensase que esse volume tenha aumentado 63 vezes. Até o que partilhamos nas redes sociais, como o Twitter ou o Facebook, está alojado na Deep Web, uma vez que esses conteúdos não são revelados a terceiros pelos motores de busca. Estima-se que na Internet que todos conhecemos existam mais de 3 mil milhões de páginas não indexáveis, cuja informação, mesmo com filtros de privacidade acionados, pode muito bem ser consultada por hackers, investigadores criminais ou até por gestores dos motores de busca. Sendo a Deep Web uma rede imensa, reservada e anónima, é também passível de ser utilizada para fins mais benfazejos e atividades mais nobres. Em países com regimes totalitários, muitas das ações, comunicações e projetos de movimentos de resistência política passam pela Deep Web. Por outro lado, o crime no ciberespaço também se combate na Internet profunda, designadamente com a ajuda de informadores secretos ou de agentes infiltrados. A Deep Web é igualmente de grande utilidade para os jornalistas de investigação, na medida em que garante um maior grau de proteção do anonimato das fontes, condição essencial para noticiar assuntos mais melindrosos. Aliás, a WikiLeaks – organização transnacional sem fins lucrativos que divulgou segredos de Estado sobre acontecimentos sensíveis, como a invasão do Afeganistão ou a guerra no Iraque – nasceu precisamente na Deep Web.


EMPREENDEDORISMO SOCIAL ‹ weSOCIAL

Mudar o mundo sem perder

A SUSTENTABILIDADE A Pista Mágica nasceu em 2008 com um plano de negócios à medida, criou a única Escola de Voluntariado existente em Portugal e dá‑nos aqui uma verdadeira lição de empreendedorismo social. A Pista Mágica é um projeto de empreendedorismos social, que começou por afirmar-se como a primeira, e ainda única, escola de voluntariado em Portugal, mas que entretanto é muito mais do que isso. A fundadora Sónia Fernandes diz que a inovação reside “no facto de trazer para a economia social as exigências e o profissionalismo do setor empresarial, mantendo o foco na missão social e trazendo mais eficácia e impacte às missões das ONG”. Mais do que pistas, de 2008 até aos dias de hoje, o projeto deu provas de sustentabilidade, conquistou parceiros de referência, como a Fundação EDP ou a Fundação Calouste Gulbenkian, e diversificou a sua área de atividade, espalhando magia por outras áreas além do voluntariado. Apesar de desenhado com base num plano de negócios, como se de uma empresa se tratasse, este “não é um projeto de empreendedorismo ‘clássico’, mas social”, afirma Sónia Fernandes. “As respostas que damos contribuem para um mundo melhor e os eventuais ‘lucros’ são reinvestidos totalmente no cumprimento da missão da organização, em vez de irem para os bolsos dos seus sócios – como acontece nas empresas”, esclarece ainda a empreendedora que preside a Organização Não Governamental

para o Desenvolvimento (ONGD). “É certo que nem todos os nossos serviços são gratuitos. Aqueles que são pagos contribuem para a sustentabilidade da organização, custeando a sua estrutura. Sem isso não poderíamos existir, pois não haveria quem financiasse esses custos. E daí surge outra qualidade, que é a sustentabilidade”, acrescenta Sónia Fernandes. E é entre as estratégias levadas a cabo para equilibrar a missão social e a

referida sustentabilidade que somos conduzidos ao diversificado universo de ação da Pista Mágica, composto por apostas tão variadas como serviços pagos na área da formação e consultoria, venda de publicações temáticas e ainda sinergias com parceiros estratégicos, como ONG, empresas e organismos públicos. Enquanto escola, a Pista Mágica tem uma vasta oferta de cursos dirigidos aos agentes de voluntariado, nomeadamente: “Gestão de Abril 2015 WE’BIZ 45


weSOCIAL › EMPREENDEDORISMO SOCIAL

PROJETOS INTERNACIONAIS, FORMAÇÃO E PUBLICAÇÕES Licenciada em Antropologia e mestre em Ação Humanitária, Cooperação e Desenvolvimento, a fundadora e presidente da Pista Mágica já desenvolveu trabalho e competências de voluntariado internacional em países como EUA, Moçambique, Timor-Leste e Togo. Em Portugal, a empreendedora social diz ser voluntária desde os 14 anos. Como formadora e docente, Sónia Fernandes diz já ter contactado “centenas de voluntários”, bem como “dezenas de estudantes e profissionais”. Mas a necessidade de partilha esteve também na base do lançamento de publicações. A fundadora sa Pista Mágica é ainda autora de três livros: “Sobreviver em Missão” (2009), “Diário de Maio Luz. Pensamentos em Missão” (2010) e “Todos temos asas, mas apenas os voluntários sabem voar” (2011).

Voluntariado”; “Voluntariado Internacional”; “Iniciação ao Voluntariado” (um para Voluntários e outro para Formadores); “Como fazer um projeto” (nacional ou local); ou “Planeamento Estratégico das OSFL – Organizações Sem Fins Lucrativos” Mas “o projeto estrela” é, nas palavras da presidente da organização, o “Mudar o Mundo (MoM)”, que se propõe educar as crianças para a prática do voluntariado como exercício da cidadania. Sónia Fernandes explica que o MoM contribui “para o aumento da valorização da prática do voluntariado e da sua execução com base na capacitação dos voluntários e na qualidade/eficácia das ações desenvolvidas”. E porque mudar o mundo não basta. A Pista Mágica abalançouse, entretanto, em outros voos, entrando num consórcio ambicioso, que tem a FNAJ - Federação Nacional de Associações Juvenis como promotora líder. Trata-se do VOAHR - Voluntariado para uma Ação Humanitária de Referência. “Este projeto está a testar uma metodologia inovadora de capacitação das ONG em gestão de voluntariado, através de atividades diferentes e é financiado pela EEA Grants (fundos geridos pela Fundação Calouste Gulbenkian). No final, teremos testado e melhorado a 46 WE’BIZ Abril 2015

inovadora metodologia de capacitação das ONG e estaremos aptos a implementar um sistema mais eficaz de implementação de programas de gestão de voluntariado, que contribuam para um maior impacte das missões das organizações da economia social”, esclarece Sónia Fernandes.

55.383

Número de organizações da economia social existentes em Portugal

MANUAL “AUMENTADOR DE ASAS” AINDA PROCURA APOIOS A Pista Mágica está a trabalhar no lançamento do “Manual de Educação para o Voluntariado -Aumentador de Asas”. “Nesta edição os educadores terão à sua disposição dezenas de atividades associadas à estória, onde podem inspirar as crianças para a ajuda ao outro e ao mundo”, descreve Sónia Fernandes. “ Já o temos concebido, agora só falta imprimir, mas são necessários fundos (cerca de 10.000€) para o fazer”, confessa a empreendedora social. Para já, através de uma campanha de crowdfunding, foi angariado 25% do capital necessário.

1 milhão e 40 mil voluntários

Números de 2012 relativos à população residente com 15 ou mais anos, que participou em, pelo menos, uma atividade formal e/ou informal de trabalho voluntário Fonte: Conta Satélite da Economia Social – INE


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weNOW CONFERÊNCIA EMPREENDEDORISMO 2020: A INICIATIVA EMPRESARIAL DA PRÓXIMA DÉCADA EM GÉNERO, NÚMERO E GRAU

Pedro Passos Coelho encerrou conferência da ANJE com um apelo à pedagogia do insucesso A sede nacional da ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários foi, no passado dia 6 de março, palco de uma jornada dedicada à reflexão sobre o futuro da iniciativa empresarial. A conferência “O Empreendedorismo 2020: sem Género, Número(s) ou Grau”, a Mostra de Empreendedorismo 3.0 e o Bootcamp Empresarial do BIP - Business Ignition Programme (acelerador de ideias promovido pela Universidade do Porto em estreita parceria com a ANJE) chamaram mais de 400 participantes ao ecossistema empreendedor da associação e revelaram algumas linhas de evolução do empreendedorismo nacional. Empresários, académicos de referência, investidores e outros representantes associativos lançaram um olhar sobre o empreendedorismo feminino, as novas lógicas de financiamento e a transferência de conhecimento, tendo como referência um número que impõe um novo paradigma e injeta na economia a esperança de recuperação: 2020. António Portela, vice-presidente da ANJE, foi o primeiro a tomar palavra realçando o novo perfil do empreendedor nacional e a importância da nova geração de fazedores para a evolução da iniciativa empresarial. O responsável afirmou mesmo que “esta geração tem ferramentas e competências muito mais específicas e direcionadas para o empreendedorismo”.

João Rafael Koehler Presidente da ANJE, defendeu “aposta nas empresas exportadoras”, na sessão de encerramento da Conferência Empreendedorismo 2020. Março 2015WE’BIZ WE’BIZ47 47 Abril 2015


weNOW › ATUALIDADE Após o tradicional discurso de boas-vindas, seguiram-se três conversas num registo informal, prático, jovem e disruptivo, que permitiram identificar um conjunto de problemas e diretrizes associados ao futuro da iniciativa empresarial em território português. A negação do cenário de discriminação com base no género, a preparação insuficiente das ideias de negócio para a captação de financiamento, a necessidade urgente de capitalizar as empresas para fomentar o investimento e a internacionalização e a falta de preparação dos empreendedores para vender o conhecimento científico produzido nas universidades aos investidores são algumas das conclusões retiradas de uma intensa jornada de discussão encerrada por João Rafael Koehler, presidente da ANJE, e Pedro Passos Coelho, Primeiro-ministro do Governo de Portugal.

O presidente da ANJE tomou a palavra para efetuar um balanço sobre as reflexões levadas a cabo nos três painéis e apresentar algumas das propostas defendidas pela associação representante dos jovens empresários. João Rafael Koehler começou por referir que, apesar dos sinais positivos, como, por exemplo, o crescimento das exportações, “há ainda um longo caminho a percorrer na valorização do conhecimento e na transferência para as empresas”. Além de um novo paradigma de financiamento, o presidente da ANJE defendeu ainda a pertinência de uma maior “aposta nas empresas exportadoras”, com “discriminação positiva em matéria fiscal”. João Rafael Koehler concluiu reforçando as expectativas positivas para o futuro do empreendedorismo a breve trecho e dando o mote para uma nova postura no percurso de recuperação da economia, através da afirmação “mais vale tarde do que nunca, mas é

preferível que nunca seja tarde”. Pedro Passos Coelho interveio de seguida, começando por realçar a incapacidade de encarar o insucesso como o início para um caminho novo. O Primeiro-ministro apelou, por isso, à capacidade de interpretação do erro como um fator normal no universo das empresas, que confere aos agentes envolvidos a possibilidade de aprender e progredir. Sobre o financiamento, Pedro Passos Coelho afirmou que “precisamos de aprender bem com os nossos erros e colocar o sistema financeiro numa rota mais bem-sucedida do que até hoje, financiando projetos com potencial”. Em jeito de conclusão, o governante referiu ainda que o futuro do empreendedorismo será melhor se os fazedores demonstrarem capacidade para “fazer muito melhor do que já fizemos” e não “muito mais do mesmo”.

GÉNERO

NÚMERO(S)

GRAU

“O empreendedorismo não tem género. Eu acredito que esta ideia está relacionada com tendências relativas a algumas áreas de negócio, onde se verificam algumas tendências de género”.

“O grande desafio dos próximos anos é assumirmos e aceitarmos, como um coletivo, que a capitalização das empresas é importante.”

“Quando se trata de desenvolver uma startup, geralmente é necessário conjugar diferentes competências: alguém que seja muito bom na área técnica do negócio e outros elementos com competências na área de gestão, que saibam vender e controlar os números.”

Mariana Andrade, fundadora e diretora da Douro SkinCare

Ricardo Luz, administrador executivo da Instituição Financeira de Desenvolvimento

Carlos Brito, Pró-Reitor da Universidade do Porto para a Inovação e Empreendedorismo

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MOSTRA E BOOTCAMP LEVAM INOVAÇÃO À SEDE DA ANJE

Às empresas que mostraram exemplos de inovação juntaram‑se os empreendedores do BIP – Business Ignition Programme num bootcamp dedicado ao aperfeiçoamento de modelos de negócio. “Convocamos diferentes comunidades – a empreendedora, a científica, a associativa, a financeira e a política – com o propósito de fazer convergir, na nossa sede nacional, um conjunto de ideias e projetos que necessitam de ser fomentados e articulados, para bem do nosso ecossistema empreendedor”, afirmou o presidente da ANJE, João Rafael Koehler, dando nota das atividades que complementaram a Conferência Empreendedorismo 2020. Falamos da Mostra Empreendedorismo 3.0 e do Bootcamp Empresarial do BIP – Business Ignition Programme.

Na mostra, que interagiu com os mais de 400 conferencistas e que recebeu a visita do Primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, era possível encontrar as hortas urbanas da Noocity, a impressão 3D da Beeverycreative, as instalações criativas da FAHR 021.3, as peças de design da Darono, os skates fisioterapêuticos e interativos da POWA e até a solução que permite encontrar coisas perdidas, desenvolvida pela Lapa.

em estudo durante a jornada do passado dia 6 de março. Carlos Brito, Pró-Reitor da Universidade do Porto para a Inovação e Empreendedorismo, teve a oportunidade de fazer um roteiro pelas diferentes equipas de trabalho, dando a conhecer à comitiva de governantes e convidados institucionais alguns exemplos de inovação testados e potenciados ao longo das semanas de trabalho do programa BIP.

Já o Bootcamp Empresarial do BIP tomou conta das instalações dos jovens empresários de um modo divergente. Em causa está a inovação na perspetiva da transferência do conhecimento tecnológico. O BIP assume-se como um programa de iteração de modelos de negócio para tecnologias desenvolvidas no meio académico. O propósito é promover a criação de novos negócios, daí que o programa seja materializado numa estreita parceria entre a Universidade do Porto e a ANJE, que surge como parceiro empresarial do projeto. A conversão de valor científico em valor económico processa-se a partir da apresentação e validação de modelos de negócio junto do mercado e do seu posterior desenvolvimento com base nas mais recentes metodologias de criação e gestão de empresas.

“Este programa que nós, Universidade do Porto, temos com a ANJE é absolutamente estratégico e é estratégico por várias razões”, afirmou Carlos Brito. “Em primeiro lugar, porque resulta de uma parceria entre a Universidade do Porto e uma associação de natureza empresarial, e isso reflete a vontade e a postura da universidade de estar muito próxima dos desafios que se colocam às empresas em Portugal. Depois, também é estratégico por outra razão: aquilo que temos aqui, hoje, na ANJE, é uma apresentação de tecnologias desenvolvidas na Universidade do Porto, em que nós procuramos conjugar competências de gestão com um trabalho de mentoring e com um objetivo muito concreto – ajudar estas tecnologias a valorizarem-se no mercado através da criação de startups e de spin-offs”, afirmou o Pró-Reitor.

E foram precisamente essas metodologias aquelas que estiveram

Março Abril 2015 WE’BIZ 49


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ROADSHOW DA AICEP PERCORRE EUROPA, ÁSIA E AMÉRICA EM BUSCA DE INVESTIMENTO EXTERNO A evolução recente da economia portuguesa recolocou a nação no mapa global de investimentos e a AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal pretende fomentar a injeção de capital externo com um roadshow transcontinental. A jornada internacional para a captação de fundos já está no terreno e operacionalizou três sessões de promoção do investimento fora de portas, bem como a conferência “InvestInPortugal: Right Choice, Right Time”, decorrida no dia 9 de abril, em Lisboa. Para o futuro estão agendadas visitas a 23 geografias distintas, distribuídas por três continentes: Europa, Ásia e América.

Toquio Emirados Árabes Unidos

Em resposta ao interesse demonstrado por diversos agentes empresariais e investidores fora de portas, a AICEP preparou uma agenda de iniciativas para completar o processo de reinserção de Portugal no radar de investimentos. A conferência “InvestInPortugal: Right Choice, Right Time” integrou o programa global de ações e mereceu a comparência e intervenção do Primeiro-Ministro do Governo de Portugal, Pedro Passos Coelho, do Ministro da Economia, António Pires de Lima, e do Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete. Perante uma plateia composta por empresários, investidores, dirigentes das diversas câmaras de comércio e associações empresariais, tomaram igualmente a palavra

Abril 2015 50 WE’BIZ Março 2015

Xangai

representantes de empresas estrangeiras com investimentos de dimensão significativa em Portugal. Lingjiang Xu, do grupo chinês Fosun (detentor da companhia de Seguros Fidelidade e da Espirito Santo Saúde), e Carlos Barros, diretor-geral da Fujitsu, foram dois dos oradores convidados a partilhar a experiência de investimento no território nacional. No plano internacional, os embaixadores portugueses em Berlim, Pequim e Brasília revelaram ainda a estratégia atual e futura para a promoção do investimento direto em Portugal. O roadshow internacional com passagem prevista por 23 geografias já arrancou com visitas a Xangai, Tóquio e Emirados Árabes Unidos. A próxima ação está agendada para o início do mês de maio, no Brasil.

10% DAS STARTUPS CRIADAS EM PORTUGAL EXPORTA NO PRIMEIRO ANO DE ATIVIDADE A dimensão global do nosso país, outrora associada aos descobrimentos, conhece agora maiores efeitos no tecido empresarial, já que a tendência exportadora das startups criadas em solo lusitano aumentou. A conclusão é do estudo “O Empreendedorismo em Portugal 2007-2014”, produzido pela Informa D&B. O documento analisou as novas empresas criadas nos sete anos referidos e revela que uma em cada dez entidades a despontar atualmente em território nacional exporta no primeiro ano de vida. O difícil escoamento dos produtos no espaço português catapultou os gestores para novas opções e o documento elaborado pela empresa que se dedica ao estudo do tecido empresarial revela duas conclusões centrais: os novos projetos lançados em Portugal exportam mais e os negócios individuais ou de menor dimensão estão a crescer. A percentagem de empresas que vende além-fronteiras no primeiro ano de existência subiu de 8% (2007) para 10% (2013), sendo que no núcleo de organizações exportadoras metade do volume de negócios provém da comercialização de produtos nos mercados forasteiros. O estudo acrescenta ainda que, no quinto ano de atividade, a taxa de empresas com orientação internacional duplica. No período entre 2013 e 2014 surgiram mais de 35 mil empresas em Portugal e 93% foram sociedades comerciais. Agricultura, pecuária, pesca e caça lideram os setores que registaram maior variação positiva no número de nascimentos, apresentando uma subida de 16%. No sentido inverso, os negócios associados à construção (-9%) e às atividades imobiliárias (-7%) encabeçam o ranking de variações negativas. Em matéria de volume de negócios, as startups apresentaram, em 2013, um valor médio fixado nos 74 mil euros, acolhendo (também em média) 2,1 empregados. Estes resultados representam uma queda face aos valores de 2007, quando as novas empresas apresentavam um volume


ATUALIDADE ‹ weNOW médio de negócios de 86 mil euros, acolhendo 2,7 empregados. As entidades com menos de um ano de existência representam 18% do emprego criado em Portugal anualmente. Alargando o espetro de análise ao grupo de empresas jovens (organizações com menos de cinco anos de atividade), a representatividade em número de postos de trabalhos gerados por ano aumenta para 46%. Em comparação com todo o tecido empresarial, as empresas jovens significam 34% das entidades, concentrando 15% dos empregados e 9,6% do volume de negócios.

A REPRESENTATIVIDADE DAS STARTUPS E JOVENS EMPRESAS EM PORTUGAL – Startups com menos de um ano representam 18% do emprego criado em Portugal anualmente. – As empresas com menos de cinco anos de atividade são responsáveis por 46% dos novos postos de trabalho criados por ano. – As empresas jovens concentram 15% dos empregados e 9,6% do volume de negócios de todo o tecido empresarial português.

“PLANO JUNCKER” GARANTE 315 MILHÕES PARA RECUPERAÇÃO ECONÓMICA DA UE Investimento, competitividade e criação de emprego foram os três pilares de ação evocados pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, quando defendeu as linhas orientadoras do atual executivo comunitário perante o Parlamento Europeu. A queda de investimentos na ordem

dos 430 mil milhões de euros registada no espaço europeu, de acordo com dados divulgados pela Comissão Europeia (CE) e o Banco Europeu de Investimento (BEI), fez soar o alarme e ativar um plano direcionado para o crescimento e a criação de novos postos de trabalho. Nascia então o “Plano Juncker” com 315 milhões de euros preparados para a revitalização do velho continente no próximo triénio. Estruturado sobre três eixos centrais, o plano de investimento pretende despoletar o financiamento em grande escala, criar um ambiente mais favorável para os investidores e disponibilizar dinheiro para a economia real. Ao apontar diretamente para alguns setores estratégicos da União Europeia, o “Plano Juncker” concentra esforços na inversão do cenário de investimento decrescente, potenciando o reforço competitivo da economia comunitária, a otimização dos recursos de produção e a melhoria das infraestruturas. A viabilidade da execução de investimentos no terreno está associada ao Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos (FEIE). Criado em conjunto com o Banco Europeu de Investimento, este instrumento concede financiamentos de longo prazo e facilita o acesso das PME e empresas de média capitalização ao capital de risco. A dotação total do FEIE está fixada em 21 mil milhões de euros, resultantes da junção entre uma parte do orçamento da União Europeia (15 mil milhões de euros) e uma fatia pertencente ao Banco Europeu de Investimento (6 mil milhões de euros). O FEIE funciona como um amortecedor que protege os promotores do risco inicial. Esta lógica serve a missão de atrair projetos com nível de risco mais elevado, mas com valor estratégico relevante para a União Europeia e que de outra forma não conseguiriam angariar financiamento.

Prioridade aos projetos infraestruturais Com a criação do “Plano Juncker”, a Comissão Europeia pretende, sobretudo, fomentar a execução de projetos associados às infraestruturas, mais especificamente às redes de banda larga e de energia, bem como às infraestruturas de transporte em centros industriais. Educação, investigação, inovação,

eficiência energética e o filão das energias renováveis são outras áreas que reúnem consenso para o apoio à dinamização de novas ações e iniciativas. Jean-Claude Juncker referiu ainda que serão privilegiados os projetos com potencial para atribuir mais postos de trabalho aos jovens. Para garantir a elegibilidade no processo de candidatura, os projetos a concurso deverão contribuir para uma oferta de valor acrescentado no espaço europeu, possuir condições de viabilidade, representar valor económico e iniciar atividade no prazo máximo de três anos. O “Plano Juncker” prevê a constituição de uma reserva de candidaturas europeias atualizada, onde serão concedidas informações aos investidores sobre as oportunidades de investimento disponíveis no momento atual e no futuro. A integração da lista preliminar de projetos não assegura a seleção ou o financiamento pelo plano de investimentos, sendo este um processo rigoroso que pretende apenas apurar um núcleo de candidatos com propostas transparentes, viáveis e capazes de recuperar a confiança dos investidores, mobilizando o financiamento do setor privado. Portugal já apresentou 113 projetos a concurso, com um valor global correspondente de 31,8 mil milhões de euros. A liderar o conjunto de áreas com mais candidaturas reunidas estão os setores dos transportes e da energia.

AS PREVISÕES DO “PLANO JUNCKER” • PIB da União Europeia contará com um acréscimo entre os 330 mil milhões e os 410 mil milhões de euros; • Criação de emprego em grande escala, com valores entre 1 a 1,3 milhões de novos postos de trabalho criados até 2017. • A Comissão Europeia e o Banco Europeu de Investimento acreditam que o FEIE conseguirá obter um efeito multiplicador até 15 vezes do valor atribuído. Abril 2015 WE’BIZ 51


AGENDA DESTAQUE

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STARTUP WEEKEND LISBOA

PREPARA NEGÓCIOS PARA O MERCADO O movimento internacional Startup Weekend regressa a Lisboa, entre os dias 1 e 3 de maio, para um fimde-semana dedicado à criação e ao desenvolvimento de novos projetos empresariais. A jornada intensiva de três dias vai decorrer no Palacete Henrique de Mendonça, começando por avaliar as ideias de negócio ou empresas dos participantes num pequeno pitch. O objetivo é diagnosticar fraquezas e fatores diferenciadores para, de seguida, potenciar o desenvolvimento de projetos com base no acompanhamento de um painel de especialistas. Networking, coaching, mentoring e acesso a uma comunidade global de empreendedores são apenas alguns dos benefícios incluídos na proposta de valor do Startup Weekend Lisboa. Ao longo do fim-de-semana, os participantes terão oportunidade de verificar a viabilidade dos respetivos projetos e desenvolver competências para a expansão de negócios, através da aproximação à filosofia de gestão Lean Startup e ao modelo de Customer Development. Manuel Tânger, cofundador e head of innovation da Beta-i, é o primeiro orador com presença confirmada no programa, que contará ainda com as participações de Joana Mendonça, diretora do gabinete de empreendedorismo Universidade de Lisboa, André Gouveia, professor de design da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, e de um conjunto de empreendedores experientes no papel de coaches e mentores. A abertura do Startup Weekend ocorre no dia 1 de maio com um momento dedicado à expansão das redes de contactos e à apresentação dos oradores convidados do programa. A jornada inaugural integra ainda, depois da já referida sessão de apresentações de negócios,

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um momento dedicado à construção de equipas para o desenvolvimento dos projetos apresentados e de outras ideias de negócios. Só, então, arrancam oficialmente os trabalhos. No dia seguinte, os promotores dos projetos poderão começar por frequentar um workshop sobre a utilização dos modelos de Canvas e Customer Development, adaptando os ensinamentos recolhidos às respetivas ideias de negócio. Já após o almoço, o contacto com os coaches será o ponto de partida para a definição dos contornos finais do projeto, que serão apresentados no balanço final da segunda jornada. Para o último dia estão reservadas uma sessão de formação dedicada à preparação do pitch final e uma ronda de questões com os mentores do programa. Durante a tarde, os empreendedores terão oportunidade de ultimar as apresentações, que vão decorrer após o período de jantar. Segue-se a avaliação das ideias de negócio expostas e uma votação final para a escolha dos melhores projetos do Startup Weekend Lisboa. Desde a edição inaugural, o Startup Weekend Lisboa já potenciou o desenvolvimento de dezenas de startups para o mercado, sendo que, três meses após a realização do programa, 36% dos projetos participantes continuam o seu percurso para o mercado. O custo de participação no programa está fixado nos 37 euros.

STARTUP WEEKEND LISBOA Cidade: Lisboa Data: 1 a 3 de maio Promotores: Startup Weekend Preços: 37 euros Inscrições: http://www.up.co/communities/portugal/ lisbon/startup-weekend/ Contacto: lisbon@startupweekend.org


AGENDA ‹ weNEXT

ABRIL 2015 DISCOVER SUMMER INTERNSHIP VODAFONE

Cidade: ---Data: 19 de abril (termina o prazo de candidaturas) Promotor: Vodafone Preços: ---Inscrições: www.vodafone.pt Contacto: www.vodafone.pt A Vodafone confere oportunidades de integração na sua estrutura profissional em diferentes áreas, por intermédio do programa Discover Summer Internship Vodafone. Válido para o período entre julho e setembro, o programa de estágios curriculares tem como principais destinatários os jovens pré-finalistas ou finalistas de licenciatura e os alunos de mestrado, preferencialmente nas áreas de Economia, Gestão, Direito e Engenharia. Os participantes podem, através da iniciativa, garantir a sua primeira experiência profissional, sendo acompanhados por um tutor durante toda a experiência de aprendizagem.

SEMINÁRIO “IFC – INICIATIVA CIDADES SUSTENTÁVEIS NA AMÉRICA LATINA E CARAÍBAS” Cidade: Lisboa (Salão Nobre do Ministério das Finanças) Data: 20 de abril Promotores: Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério das Finanças e Sociedade Financeira Internacional do Grupo do Banco Mundial (IFC) Preços: Gratuito Inscrições: www.portugalglobal.pt Contacto: gt.multilaterais@portugalglobal.pt As empresas e entidades (públicas ou privadas) prestadoras de serviços ou soluções aplicáveis no desenvolvimento sustentável das cidades da América Latina e Caraíbas são os principais destinatários do seminário agendado para o dia 20 de abril, no Salão Nobre do Ministério das Finanças. A iniciativa integrará ainda, no programa de atividades, encontros bilaterais para as empresas/entidades apresentarem projetos e planos de investimento específicos nestes países, reunindo com os representantes da IFC após marcação prévia.

CONCURSO REGIONAL DE EMPREENDEDORISMO “CONSTRUIR FUTUROS NA REGIÃO DE COIMBRA”

Cidade: Coimbra Data: 20 de abril (termina o prazo de candidaturas) Promotor: Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra Preços: ---Inscrições: www.construirfuturos.pt Contacto: geral@cim-regiaodecoimbra.pt O Concurso Regional de Empreendedorismo “Construir Futuros na Região de Coimbra” recebe candidaturas até ao dia 20 de abril e pretende dinamizar o tecido empresarial regional, apoiando projetos inovadores com viabilidade económica e financeira e potencial para a criação de novos postos de trabalho qualificados. A competição prevê a atribuição de prémios monetários no valor total de 5000 euros, montante que será dividido, em duas fatias de 2500 euros, pelo projeto “Mais Exequível” e a candidatura “Mais Criativa”.

MISSÃO EMPRESARIAL AO LUXEMBURGO

Cidade: Luxemburgo Data: 20 a 22 de abril Promotor: Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa Preços: 1950 euros Inscrições: www.ccip.pt Contacto: geral@ccip.pt A Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa organiza uma Missão Empresarial ao Luxemburgo entre os dias 20 e 22 de abril. Trata-se de uma viagem de negócios de carácter multissetorial, que pretende detetar potenciais oportunidades de negócio numa das economias mais abertas e dinâmicas da União Europeia. Além do conhecimento aproximado do ambiente de negócios luxemburguês, a missão empresarial vai ainda proporcionar o contacto direto com a Embaixada Portuguesa no Luxemburgo e outros parceiros locais de referência.

WORKSHOP “PROGRAMAS DE APOIO AO EMPREENDEDORISMO/SISTEMAS DE FINANCIAMENTO”

Cidade: Faculdade de Ciências da Universidade do Porto Data: 21 de abril Promotores: Federação Académica do Porto e Cidade das Profissões Preços: Gratuito Inscrições: www.fap.pt

Contacto: susanaalves@fap.pt A Faculdade de Ciências da Universidade do Porto acolhe, no dia 21 de abril, o workshop “Programas de apoio ao empreendedorismo/sistemas de financiamento”. Enquadrada no Roteiro do Empreendedor, promovido pela Federação Académica do Porto e a Cidade das Profissões, esta iniciativa permitirá aos participantes reconhecer diferentes apoios financeiros e estratégicos disponibilizados com o propósito de gerar novos projetos empresariais. A participação no workshop é gratuita, mas está sujeita a inscrição obrigatória.

CONFERÊNCIA INTERNACIONAL “URBAN ANALYTICS - ACCELERATING THE DEVELOPMENT OF SMART CITIES IN PORTUGAL

Cidade: Lisboa Data: 22 de abril Promotores: Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia e Direção‐Geral do Território Preços: Gratuita Inscrições: www.dgterritorio.pt/urbananalytics2015 Contacto: urbananalytics2015@dgterritorio.pt Na realidade portuguesa, o conceito das smart cities ainda origina muitas perguntas, mas o trabalho de aproximação às cidades inteligentes já começou e conhecerá nova etapa com a realização da Conferência internacional “Urban Analytics – Accelerating the development of smart cities in Portugal”, agendada para o dia 22 de abril. A iniciativa organizada pelo Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia terá lugar no auditório da Gare Marítima de Alcântara e reúne oradores internacionais numa plataforma de discussão para profissionais, que pretende difundir conhecimento sobre as cidades analíticas.

SESSÃO DE DIVULGAÇÃO DO PROGRAMA OPERACIONAL DO ALGARVE - CRESC ALGARVE 2020

Cidade: Lagos Data: 22 de abril Promotor: CRESC Algarve 2020 Preços: Gratuito Inscrições: www.ccdr-alg.pt Contacto: poalgarve21@ccdr-alg.pt O Centro Cultural de Lagos acolhe, no próximo dia 22 de abril, uma sessão de divulgação do Programa Operacional do Algarve (CRESC ALGARVE 2020), enquadrado num roteiro regional de apresentação dos Fundos Europeus (FEDER e FSE) disponíveis para Abril 2015 WE’BIZ 53


weNEXT › AGENDA a região algarvia até 2020. A iniciativa é gratuita, mas está sujeita a inscrição obrigatória, e pretende esclarecer os possíveis beneficiários (públicos e privados) sobre regulamentos, regras, incentivos disponíveis, condições de elegibilidade e outras informações diretamente ligadas à apresentação de candidaturas às oportunidades do Portugal 2020.

WORKSHOP “INOVAÇÃO EM MARKETING NAS REDES SOCIAIS – COMO GERAR LUCROS EM POUCO PASSOS?”

Cidade: Campus de Gualtar da Universidade do Minho - Braga Data: 22 de abril Promotor: Liftoff Preços: Gratuito Inscrições: liftoff.aaum.pt Contacto: liftoff@aaum.pt O Liftoff, Gabinete do Empreendedor da Associação Académica da Universidade do Minho, promove o workshop “Inovação em Marketing nas Redes Sociais – Como gerar lucros em poucos passos”, no próximo dia 22 de abril. A iniciativa vai decorrer no campus de Gualtar da Universidade do Minho e visa preparar os participantes para a construção de uma estratégia de marketing nas redes sociais que garanta a obtenção de proveitos a longo prazo. Carlos Cunha, especialista em Marketing e Gestão Estratégica, será o responsável pela coordenação dos trabalhos do workshop.

GOOGLE ONLINE MARKETING CHALLENGE

Cidade: ---Data: 22 de abril (termina o prazo de candidaturas) Promotor: Google Preços: ---Inscrições: www.google.com/onlinechallenge Contacto: www.google.com/onlinechallenge A Google está a desafiar os estudantes de ensino superior de todo o mundo a criar uma campanha de marketing online para promover um negócio. A inscrição no desafio deve ser efetuada por equipas com limite mínimo de três elementos e máximo de seis pessoas. A campanha deve ser direcionada para um negócio e cada equipa terá à sua disposição 250 dólares na plataforma de publicidade paga Google Adwords. No final, os melhores desempenhos serão premiados com uma viagem a São Francisco e uma visita às instalações da Google. O período de candidaturas encerra no dia 22 de abril. 54 WE’BIZ Abril 2015

CONCURSO DE IDEIAS DE EMPREENDEDORISMO SOCIAL HURRY UP Cidade: Porto Data: 24 de abril (termina o prazo de candidaturas) Promotor: Freguesia de Paranhos Preços: ---Inscrições: www.jfparanhos-porto.pt Contacto: www.jfparanhos-porto.pt A promoção da cidadania ativa, responsável e participativa, aliada à criação de negócios com valor comunitário é o principal desígnio do Concurso de Ideias de Empreendedorismo Social Hurry Up. Disponível para a receção de candidaturas até ao próximo dia 24 de abril, a iniciativa pretende contribuir para a resolução de problemas sociais existentes na cidade do Porto. A ideia vencedora será premiada com 500 euros e 12 meses de incubação gratuitos na Unidade Empresarial de Paranhos.

CONCURSO BIG SMART CITIES

Cidade: ---Data: 24 de abril (termina o prazo de candidaturas) Promotores: Vodafone Power Lab e Câmara Municipal de Lisboa Preços: ---Inscrições: bigsmartcities.com Contacto: bigsmartcities.com O concurso Big Smart Cities procura empreendedores apaixonados por tecnologia e com vontade de desenvolver projetos inovadores com potencial para melhorar a qualidade de vida daqueles que trabalham, visitam, estudam e vivem nas cidades portuguesas. “Smart Mobility”, “Smart Energy”, “Smart Tourism” e “Smart Living” são as quatro categorias que dão forma à proposta de valor do concurso. O melhor projeto vai arrecadar 10 mil euros para o desenvolvimento da ideia proposta e beneficiará ainda dos serviços de incubação, coaching e formação proporcionados pelo Vodafone Power Lab.

STARTUP PIRATES BRAGA

Cidade: Braga (Startup Braga) Data: 25 de abril a 2 de maio Promotor: Startup Pirates Preços: 80 euros Inscrições: braga.startuppirates.org Contacto: braga@startuppirates.org A Startup Pirates organiza mais uma sessão de aceleração de negócios entre os dias 25 de abril e 2 de maio, nas instalações da Startup Braga. O objetivo do evento é viabilizar projetos empresariais em fase incipiente, dotando os promotores das competências e ferramentas necessárias para o lançamento dos

projetos no mercado. Nesse sentido, a Startup Pirates organiza um conjunto de workshops e palestras orientadas por empresários experientes, proporcionando ainda serviços de mentoring aos participantes.

PRÉMIO BPI SENIORES

Cidade: ---Data: 26 de abril (termina o prazo de candidaturas) Promotor: BPI Preços: ---Inscrições: www.bancobpi.pt Contacto: premiobpiseniores@bancobpi.pt Conceder apoios a projetos que visem a integração social e promovam a melhoria da qualidade de vida e o envelhecimento ativo de pessoas com idade superior a 65 anos é o principal desígnio do Prémio BPI Seniores. A competição avança para a sua terceira edição e lança o desafio a todas as instituições privadas sem fins lucrativos com sede em território português. O Prémio BPI Seniores prevê a atribuição de 500 mil euros em prémios, valor distribuído pelo primeiro prémio (200 mil euros) e as menções honrosas (50 mil euros cada). Os vencedores serão conhecidos no dia 1 de outubro.

ANJE STARTUP ACCELERATOR

Cidade: ---Data: 26 de abril (termina o prazo de candidaturas) Promotores: ANJE Preços: ---Inscrições: www.inovaportugal.com/asa/ Contacto: asa@anje.pt O ASA – ANJE Startup Accelerator é um programa de aceleração promovido pela ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários que apresenta uma combinação inovadora de metodologias com provas dadas em programas de empreendedorismo internacionalmente reconhecidos com metodologias de estímulo à criatividade. Tendo uma duração prevista de seis semanas, o ASA potencia desta forma quer as hard e soft skills dos empreendedores, quer as valências dos seus projetos, sempre em ambientes desafiantes.

WORKSHOP “FÓRUM DA INTERNACIONALIZAÇÃO”

Cidade: Lisboa (Quinta de Santa Marta – Estrada da Circunvalação – Algés) Data: 28 de abril Promotor: ANJE e Areagest Preços: Gratuito Inscrições: www.anje.pt


AGENDA ‹ weNEXT Contacto: judite.ferreira@anje.pt A ANJE organiza, em parceria com a Areagest, o workshop “Fórum da Internacionalização”, no próximo dia 28 de abril. A decorrer nas instalações da associação em Algés, a iniciativa pretende dotar os empresários de informações pertinentes que potenciem a internacionalização dos respetivos negócios (incentivos, impostos e estratégia associados ao processo de exportação de projetos empresariais). Os “Impostos e obrigações nos negócios internacionais” e os “Incentivos à internacionalização” são dois temas com abordagem prevista no workshop.

COLÓQUIO “PORTUGAL E O COMÉRCIO INTERNACIONAL: OS GRANDES DESAFIOS”

Cidade: Auditório do Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo - Porto Data: 29 de abril Promotor: Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo Preços: ---Inscrições: www.iscet.pt Contacto: iscet@iscet.pt O auditório do Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo acolhe, no próximo dia 29 de abril, o colóquio “Portugal e o Comércio Internacional: os grandes desafios”. A iniciativa pretende abordar diferentes matérias relacionadas com a importação e exportação de produtos e serviços e contará com os testemunhos de José Rijo, representante do Grupo Rangel, Rui Marques da Silva, em representação da Tiffosi, e Ermelinda Santos, profissional do setor de importação da Alfândega do Freixieiro.

PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO EM EMPREENDEDORISMO CULTURAL E CRIATIVO

Cidade: Centro de Artes Visuais de Coimbra Data: 29 de abril (termina o prazo de candidaturas) Promotores: Audax-IUL e Centro de Artes Visuais de Coimbra Preços: 590 euros Inscrições: www.audax.iscte.pt Contacto: audax@iscte.pt Valorizar a cultura enquanto vetor de desenvolvimento social e económico é o principal propósito do Programa de Capacitação em Empreendedorismo Cultural e Criativo, a decorrer entre os dias 6 de maio e 24 de junho, no Centro de Artes Visuais de Coimbra. No final do programa,

os participantes terão reunido as competências necessárias para a compreensão crítica e o uso de ferramentas de gestão adequadas ao setor cultural e criativo. “Empreendedorismo e Proposta de valor”, “Design thinking, criatividade e inovação”, “Marketing no Setor Cultural e Criativo” são alguns dos temas com abordagem prevista durante a ação formativa.

CONCURSO DE IDEIAS DE NEGÓCIO DE CASCAIS

Cidade: ---Data: 30 de abril (termina o prazo de candidaturas) Promotor: DNA Cascais Preços: ---Inscrições: www.dnacascais.pt Contacto: cinc@dnacascais.pt A DNA Cascais já abriu o período de candidaturas para a nona edição do Concurso de Ideias de Negócio de Cascais. A competição recebe inscrições até ao dia 30 de abril e foca atenções na dinamização da prática empreendedora no concelho. “Turismo”, “Saúde”, “Energia/Ambiente”, “Empreendedorismo Social”, “Tecnologias de Informação e Comunicação” e “Comércio e Serviços” são as seis categorias do concurso que, em oito anos de existência, já recolheu mais de 600 candidaturas apresentadas por 1600 participantes. No final, além do prémio monetário, os participantes poderão ainda beneficiar de apoio estratégico para a construção dos planos de negócio e a captação de investimento.

MBA EXECUTIVO PORTO BUSINESS SCHOOL

Cidade: Porto Data: 30 abril (termina o prazo da primeira fase de candidaturas) Promotor: Porto Business School Preços: 19500 euros Inscrições: www.pbs.up.pt Contacto: execmba@pbs.up.pt O MBA Executivo da Porto Business School possui dupla acreditação internacional (AMBA e EPAS) e foi desenhado para corresponder às necessidades dos executivos. Trata-se de um programa avançado em gestão empresarial com duração de um ano, cujo principal objetivo é fornecer ou atualizar competências e conhecimentos na direção de empresas. Contabilidade, economia, finanças, gestão de pessoas, marketing e planeamento de controlo e gestão são apenas alguns dos tópicos integrados na estrutura curricular do programa formativo.

MAIO 2015 STARTUP WEEKEND LISBOA

Cidade: Lisboa Data: 1 a 3 de maio Promotor: Startup Weekend Preços: 37 euros Inscrições: http://www.up.co/communities/portugal/ lisbon/startup-weekend/ Contacto: lisbon@startupweekend.org O Startup Weekend surge com o propósito de esclarecer os empreendedores sobre a viabilidade das suas ideias de negócio. A próxima sessão vai decorrer no Palacete Henrique de Mendonça, em Lisboa, entre os dias 1 e 3 de maio. Começando com a apresentação das ideias de negócio na sexta-feira, os participantes vão desenvolver os respetivos projetos, validando e construindo as ideias com recurso a metodologias de Lean Startup. No domingo, vão decorrer as apresentações dos protótipos perante um painel de especialistas.

GLOBAL MANAGEMENT CHALLENGE 2015

Cidade: ---Data: 6 de maio (termina o prazo de candidaturas) Promotores: SDG e Jornal Expresso Preços: ---Inscrições: www.sdg.pt Contacto: info@sdg.pt Testar estratégias e linhas de gestão empresarial é o principal objetivo do Global Management Challenge. A competição organizada pela SDG e o Jornal Expresso, assume-se como uma ferramenta formativa de apoio à estratégia em gestão empresarial. Em regime de simulação, os participantes podem implementar as estratégias definidas e medir o impacto das decisões tomadas. O propósito último da iniciativa é, por isso, potenciar a obtenção de melhores desempenhos dos investimentos reais, valorizando as empresas dos participantes junto da comunidade de investidores.

INRES – ENTREPRENEURSHIP IN RESIDENCE

Cidade: ---Data: 8 de maio (termina o prazo de candidaturas) Promotor: Carnegie Mellon Portugal Preços: ---Abril 2015 WE’BIZ 55


weNEXT › AGENDA Inscrições: www.cmuportugal.org Contacto: news@cmuportugal.org O programa Carnegie Mellon Portugal acaba de lançar uma nova edição do “inRes – Entrepreneurship In Residence”, programa de aceleração de negócios para empreendedores portugueses na área das Tecnologias de Informação e Comunicação. À semelhança da primeira edição, o programa vai proporcionar uma etapa de formação intensiva em Portugal, seguida de dois meses de imersão em Pittsburgh e na Carnegie Mellon University (CMU), nos Estados Unidos. As candidaturas continuam disponíveis até ao dia 8 de maio.

CONCURSO EUROPEU PARA A INOVAÇÃO SOCIAL 2015

Cidade: ---Data: 8 de maio (termina o prazo de candidaturas) Promotor: Comissão Europeia Preços: ---Inscrições: ec.europa.eu Contacto: ec.europa.eu Subordinado ao tema “Novas maneiras de crescer”, o Concurso Europeu para a Inovação Social 2015 visa apoiar a próxima geração de inovadores do continente europeu na construção de um caminho de crescimento inclusivo, baseado em organizações com ideias empreendedoras na área da inovação social. A competição disponibiliza 50 mil euros aos três melhores projetos e o valor dos prémios será canalizado para a aceleração e materialização das ideias sugeridas. Os semi finalistas terão ainda a oportunidade de frequentar um intensivo programa de mentoring.

MASTER EXECUTIVO EM ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE EVENTOS

Cidade: Porto (Rua do Passeio Alegre, nº20) Data: 13 de maio a 2 de novembro Promotores: ANJE e Observatório de Investigação e Desenvolvimento de Comunicação Preços: 1950 euros Inscrições: www.anje.pt Contacto: focoanje@anje.pt A Gestão de Eventos assume relevância crescente no mix promocional das empresas, facto que sustenta o crescimento continuado desta área de negócio no mercado global. Neste pressuposto, o Master Executivo em Organização e Gestão de Eventos pretende clarificar o valor intangível associado aos eventos, enquanto ferramenta de comunicação, bem como os respetivos efeitos sobre a imagem projetada das organizações. Trata-se de uma formação executiva avançada, que foi desenhada 56 WE’BIZ Abril 2015

para o desenvolvimento e recolha de competências essenciais ao planeamento e à implementação eficaz de todas as decisões estratégicas e operacionais inerentes à organização e gestão de eventos.

SPEED NETWORKING OEIRAS

Cidade: Lisboa (AERLIS - Oeiras) Data: 21 de maio Promotor: Big Eventos Preços: 15 euros Inscrições: www.speednetworking.com.pt Contacto: info@speednetworking.com.pt A Incubcenter, infraestrutura sediada em Oeiras, será o palco do Speed Networking Oeiras. Expandir redes de contactos, estabelecer parcerias ou identificar novas oportunidades de negócio são apenas três objetivos desta iniciativa. O encontro de networking contará com uma palestra inicial sobre o “Plano de Marketing low-cost”, que vai anteceder as reuniões de speednetworking. Em cinco minutos, os participantes terão oportunidade de conhecer novos profissionais e agendar futuros encontros para a definição de parcerias proveitosas para as empresas envolvidas.

MISSÃO EMPRESARIAL AO PANAMÁ

Cidade: Cidade do Panamá Data: 23 a 29 de maio Promotor: Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa Preços: 3250 euros Inscrições: www.ccip.pt Contacto: geral@ccip.pt A Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa organiza, entre os dias 23 e 29 de maio, uma Missão Empresarial ao Panamá. Aquela que é reconhecida como a segunda maior economia da América Central representa um canal estratégico para a internacionalização, pela relação de proximidade estabelecida com os Estados Unidos da América e as potências económicas sul-americanas. Com perfil multissetorial, a viagem de negócios prevê a realização de reuniões individuais de negócios com empresas e empresários a atuar no Panamá, de acordo com o perfil e as necessidades de cada empresa participante.

BUILDING GLOBAL INNOVATORS

Cidade: ---Data: 24 de maio (termina o prazo de candidaturas) Promotores: Instituto Universitário de Lisboa, Massachusetts Institute of Technology, MIT Portugal, Deshpande Center for Technological Innovation e o Martin Trust Center for Entrepreneurship Preços: ---Inscrições: www.mitportugal-bgi.org/

Contacto: mitportugal-iei@iscte.pt O Building Global Innovators avança para a sua sexta edição e procura acelerar novos negócios tecnológicos, recolhendo candidaturas até ao dia 24 de maio. Empreendedores, startups e spin-outs com menos de cinco anos de existência são os principais destinatários deste programa que incide sobre quatro áreas do mercado: “Medical Devices & Health IT”, “Smart Cities & Industrial Tech”, “Enterprise IT & Smart Data” e “Ocean Economy”. Os participantes recebem um conjunto de apoios avaliados em um milhão de euros e têm ainda a oportunidade de entrar em contacto direto com investidores e personalidades com know-how para expandir os negócios envolvidos.

SEMINÁRIO “INTERNACIONALIZAÇÃO: OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO EM FRANÇA”

Cidade: Oeiras Data: 28 de maio Promotor: Associação Empresarial da Região de Lisboa Preços: Gratuito Inscrições: www.aerlis.pt Contacto: aerlisoeiras@aerlis.pt A Associação Empresarial da Região de Lisboa promove o seminário “Internacionalização: Oportunidades de negócio em França”, no próximo dia 28 de maio. Tratase de uma oportunidade privilegiada para conhecer o potencial do mercado francês em diferentes setores de atividade. Em 2013, a França conquistou o estatuto de quinta maior economia mundial, sendo ainda a segunda potência económica da União Europeia. A participação no seminário é gratuita, mas está sujeita a inscrição obrigatória.


LIVROS & SITES ‹ weSEARCH LIVRO

“Mercator”:

o livro do marketing tem nova versão em português O “Mercator” foi lançado em Portugal pela primeira vez em 1992 e surge agora com uma versão atualizada para explicar o novo paradigma de relação entre as marcas e o mercado. Sob o título “Mercator da Língua Portuguesa” a obra considerada por muitos a “bíblia” dos marketeers continua a posicionar-se como ferramenta de aproximação ao marketing e às variáveis que mais o influenciam na atualidade. A autoria mantém-se partilhada, através dos contributos de referências lusas do mundo da gestão e do universo académico. interagir com a marca e criar efeitos positivos ou negativos em cadeia. Permanentemente conectados, os consumidores tornam-se o principal vetor de preocupação e atuação estratégica das empresas. Partindo de um âmbito temático alargado, que compreende módulos focados em tópicos tão distintos como “A Política de Preço” ou os “Canais de Distribuição”, acabamos por centrar atenções num tópico transversal aos empresários vinculados aos diferentes setores de atividade: “O Mix da Comunicação”.

A janela temporal entre o período de lançamento do primeiro “Mercator” e a época atual ficou marcada por um conjunto de evoluções tecnológicas, com implicações na forma de comunicar com o consumidor. Com olhar atento sobre os países de língua oficial portuguesa, o livro reflete sobre a nova realidade de interação entre as marcas e os diferentes públicos. Realidade essa que é agora, sobretudo, mediada pelas recentes ferramentas proporcionadas pela Internet, condicionada por novos formatos nos programas de fidelização e pela crescente importância das componentes relacionais do marketing. Os autores portugueses Pedro Dionísio e Joaquim Vicente Rodriques ajudam os empresários a interpretar, em 19 capítulos, esta nova era do marketing, onde os consumidores assumem papel ativo, detêm poder, aconselham, influenciam e participam no processo de produção dos bens. Os autores desconstroem a nova lógica C2C (Consumer to Consumer), através da qual cada cliente pode

Sobre os negócios de perfil publicável, o livro aponta claramente as “Relações Públicas” como uma ferramenta de trabalho permanente sobre a imagem projetada do negócio. Para o fim fica uma área com preponderância crescente no processo de comunicação empresarial: a “Comunicação Digital”. Com um modelo de interação diferenciado, esta comunicação é salientada por assentar em plataformas válidas para qualquer negócio, desde que a aposta efetuada equacione o diálogo permanente e a presença nas redes sociais mais propícias ao desenvolvimento do projeto. O livro acrescenta também que este fator afeta o “Marketing Direto” e a forma como as soft skills são trabalhadas pelas marcas. O atendimento deixa de ser o único momento de interação e passa a ser uma parte muito ínfima do processo relacional contínuo e diário das insígnias com os respetivos clientes no meio digital. Apesar da dimensão teórica sustentada, o “Mercator da Língua Portuguesa” complementa a análise com casos práticos. Mais do que uma revisão sobre conceitos, a obra funciona como um “dicionário de comunicação para negócios” que revela soluções a explorar pelos fazedores.

Lançamos um novo desafio, o de publicar um livro que contribua para um melhor conhecimento da realidade socioeconómica, das práticas de marketing nos vários países desta comunidade, que permita aos gestores destes países identificarem oportunidades e adequarem as estratégias de marketing a estes mercados.

TÍTULO “Mercator da Língua Portuguesa” AUTORES Pedro Dionísio e Joaquim Vicente Rodrigues EDITORA Dom Quixote PUBLICAÇÃO fevereiro 2015 NÚMERO DE PÁGINAS 608 PREÇO 44 euros Abril 2015 WE’BIZ 57


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STARTUP RANKING: o barómetro digital e social dos novos negócios

Os algoritmos são a resposta para as principais dúvidas sobre a comunicação de entidades nas redes sociais, mas servem agora um propósito globalizado através do website Startup Ranking. A plataforma combina estatísticas sobre a presença e as ações das empresas na Internet e revela a importância de cada projeto nas esferas social e digital. Numa escala de 0 a 100.000 pontos de SR Score (indicador que mede a influência e relevância dos negócios), os empresários podem perceber quem são os melhores do mundo ou do país, monitorizando em tempo real o seu desempenho online. A fórmula parece complexa, mas mistura apenas dois elementos para apurar a notoriedade das empresas na Internet. O SR Score é assim construído com os inputs associados ao SR Web (importância das startups na internet numa escala de 0 a 100.000) e ao SR Social (nível de influência social dos projetos nas redes sociais, mensurado sob a mesma escala). A dupla de indicadores reúne, individualmente, um grupo de fatores responsável pela variação dos resultados obtidos e que, em última análise, reproduz efeitos sobre o algoritmo do SR Score e a posição de cada startup na tabela. A progressão nos rankings é mais difícil, à medida que as entidades envolvidas vão obtendo melhores resultados. Nesse pressuposto, é mais fácil subir de um SR Score de 30.000 pontos para 50.000 pontos do que melhorar a prestação de 80.000 para 90.000. A equipa responsável

pelo site está, atualmente, a estudar a integração de novas fontes de informação para influenciar o algoritmo, apontando diretamente ao LinkedIn, ao Pinterest e ao Youtube. Os utilizadores podem consultar as listas sobre os melhores projetos a nível mundial ou nacional, estando ainda disponíveis os rankings de startups e grupos (representativos de uma área de atividade, região, continente, entre outros). Para as empresas mobile ou de orientação B2B - Business2Business, os produtores da plataforma Startup Ranking deixam a promessa para a breve introdução de novos fatores de avaliação, que extravasem o desempenho nos social media e os fatores de SEO - Search Engine Optimization (processo que permite mensurar o grau de visibilidade das páginas web nos serviços de pesquisa online).

URL http://www.startupranking.com/ ZOOM > Plataforma de apoio para a promoção integrada de negócios no universo digital; > Rankings internacionais e nacionais; > Ferramenta de benchmarking e monitorização em tempo real. SECÇÕES How it Works? Explicação clara e sucinta sobre os indicadores que constroem os rankings exibidos pela plataforma. Top Ranking Lista das empresas com melhores resultados no panorama mundial. Country Rankings Lista das empresas com melhores resultados no país. Public Lists Tabela que apresenta os melhores scores em grupo. New Startups Espaço dedicado ao ranking das 100 startups com melhor SR Score. Register Startup Secção para registar projetos empresariais nos rankings da plataforma. ADICIONAR AOS FAVORITOS?

TOP 3 Nacional

Global SRank

TOP 3 Global

Global SRank

Bundlr Science4You Outsystems

408 901 918

Eventbright MailChimp Behance

1 2 3

Curiosidade: No top 10, as primeiras nove são empresas dos Estados Unidos da América. 58 WE’BIZ Abril 2015

> Fácil e rápido acesso a uma plataforma com as principais referências em matéria de comunicação digital; > Possibilidade de monitorização do desempenho dos negócios no universo digital.


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Tudo sobre o famoso “algoritmo”

do Facebook que determina quem vê o quê

Quem tem conta no Facebook certamente já se terá questionado porque passa dias, ou até meses, sem ver uma publicação de um determinado amigo. A curiosidade passa a preocupação quando falamos de páginas e não percebemos como, de modo orgânico (ou seja, sem recurso a publicidade), é tão complexo criar um perfil institucional com uma base alargada de seguidores e com índices de interação e alcance elevados. A resposta está no “algoritmo” do Facebook, dizem prontamente os especialistas. A WE’BIZ foi em busca, precisamente, de uma das especialistas portuguesas na matéria para descodificar o famoso fator que controla os nossos murais. Virgínia Coutinho é social media strategist para a América Latina da Socialbakers, empresa global de referência em analytics para social media, e explica-nos que “o algoritmo do feed de notícias é uma espécie de filtro que o Facebook criou e que determina qual a informação que cada utilizador recebe no seu feed de notícias, consoante as preferências manifestadas pelo mesmo”. A consultora em Facebook e autora do livro “The Social Book” diz ainda que “se não existisse este algoritmo, cada utilizador de Facebook receberia diariamente milhares de publicações (entre publicações dos seus amigos e das páginas que segue), o que certamente não se traduziria numa boa experiência com a rede social”. Analisando uma vez mais a questão no prisma das páginas e das empresas, este filtro do Facebook justifica, por exemplo, que uma empresa com 1000 seguidores não comunique efetivamente para 1000 pessoas, mas sim “para uma pequena percentagem desse número”, afirma Virgínia Coutinho. Na verdade, “o conteúdo das páginas chega ao feed de notícias dos seguidores que mostraram interesse em receber conteúdo da mesma, o que costuma ser uma pequena percentagem da base de fãs”, acrescenta a mesma responsável.

Mas desengane-se quem tem um novo projeto e considera que, por ser novo no Facebook e ter uma comunidade reduzida, está em desvantagem. Virgínia Coutinho argumenta, a propósito, que a tendência é precisamente contrária. Ou seja: quanto maior a página, menor a percentagem de seguidores que recebem o seu conteúdo. “Estive recentemente a analisar páginas com centenas de milhares de seguidores e cujo conteúdo não chegava a 1% desses seguidores”, exemplifica a portuguesa que está a fazer carreira na Socialbakers.

Mais de 100 mil fatores influenciam o que vemos no feed de notícias Mas o que pode, então, influenciar este filtro? Não teríamos caracteres suficientes para enumerar. Isto porque estima-se, de acordo com Virgínia Coutinho, que sejam mais de 100 mil os fatores que determinam o que uma pessoa vê ou não no respetivo feed de notícias. Entre os exemplos incluem-se a velocidade da internet da pessoa em causa ou o tipo de publicações com as quais costuma interagir.

específica que importa descortinar. Aqui, a interação é tudo. Isto porque Virgínia Coutinho afirma que “a interação frequente com as publicações é um dos fatores mais determinantes para alguém ver ou não o seu conteúdo”. E quando falamos em interações falamos de gostos, comentários, cliques e partilhas. No fundo, se as pessoas clicam com frequência ou gostam com frequência das publicações de uma determinada página, aumenta, automaticamente, a probabilidade de uma publicação dessa página surgir no seu feed noticioso. Por isso, Virgínia Coutinho é perentória no conselho: “as empresas têm de criar conteúdo interessante, não apenas do ponto de vista comercial, mas também conteúdo que lhes garanta esse tipo de interações, ou seja, conteúdo que gere interesse entre os seus seguidores”. Quer isto dizer que, por muito grande que seja a necessidade ou vontade de vender e de utilizar o Facebook como canal promocional de cariz comercial, as empresas não podem desviar-se da satisfação dos interesses dos seus seguidores. Só assim conseguirão mais interações e, por conseguinte, terão mais probabilidades de canalizar o algoritmo em seu proveito.

Mais uma vez, as páginas institucionais têm uma realidade Março Abril 2015 WE’BIZ 59


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Investir em anúncios no Facebook é praticamente inevitável. Como tenho vindo a afirmar nos últimos meses, a era do Facebook enquanto plataforma gratuita terminou. As empresas que queiram ter maior retorno a partir da plataforma deverão considerar apostar em anúncios

1% em centenas de milhares

A verdade, porém, é que estamos a falar de estratégias que trabalham apenas no âmbito das probabilidades orgânicas de interagir com os seguidores e de conquistar notoriedade. As garantias, essas, parecem ter uma única solução: pagar. A social media strategist para a América Latina da Socialbakers arrisca dizer que é “praticamente inevitável” investir em anúncios no Facebook. Talvez seja o fim da promoção gratuita e democrática que muitos empresários viram nascer com a famosa rede social. Ou talvez seja apenas um novo desafio, que alerta as empresas para a importância de repensar as suas estratégias de marketing digital, pelo menos na perspetiva do que partilham, quando partilham e para quem partilham. 60 WE’BIZ Abril 2015

Qual a melhor dica para uma empresa que pretende melhorar a performance da respetiva página de Facebook, sem investir em publicidade?

Há páginas com centenas de milhares de seguidores, cujo conteúdo só alcança 1% desse universo.

Investir em anúncios no Facebook é praticamente inevitável. Como tenho vindo a afirmar nos últimos meses, a era do Facebook enquanto plataforma gratuita terminou. As empresas que queiram ter maior retorno a partir da plataforma deverão considerar apostar em anúncios.

TRÊS QUESTÕES, TRÊS CONSELHOS

No entanto, e respondendo à sua questão, criar conteúdo interessante e de qualidade irá manter as pessoas interessadas na sua página e fará com que recebam o seu conteúdo.

Para além de desmitificar o conceito de “algoritmo” do Facebook, Virgínia Coutinho deixa três dicas aos empresários que procuram mais visibilidade nesta rede social. Virgínia Coutinho, social media strategist para a América Latina da Socialbakers

1

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Qual o número ideal de publicações de uma página empresarial? Não existe um número que se possa aplicar a todas as páginas e tipos de negócio. (…) Costumo recomendar às PME que façam pelo menos quatro publicações por semana e que façam testes para saber quantas publicações estão os seus seguidores dispostos a receber por dia, analisando alcance, interações e feedback negativo das publicações.

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Quais os melhores horários de publicações? Dependerá sempre de quem são os seus fãs. (…) Nas estatísticas da página têm informação sobre as horas a que os fãs da página estão online, o que é um excelente indicador, no entanto recomendo a realização de testes que considerem diferentes horários e dias da semana, para assim entenderem quando devem partilhar conteúdo nas suas páginas.


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OUTLOOK A melhor app para o Gmail é da Microsoft

À primeira leitura, pode parecer confuso. Mas é mesmo assim. Chama-se Outlook, ou seja, assume o mesmo nome do serviço de emails da Microsoft, mas é uma app compatível com sistemas operativos Apple e Android e, a poucos dias do seu lançamento, no final de janeiro, foi considerada por vários especialistas como a melhor aplicação móvel para uso do Gmail. “The best Gmail app for the iPhone is now made by Microsoft” (a melhor app do Gmail para iPhone é agora feita pela Microsoft) – foi deste modo que o site norte-americano “The Verge” deu conta das grandes vantagens da Outlook. Tendo como ponto de partida que o Gmail é o serviço de email mais popular do planeta e que o iPhone é o mais popular dos smartphones (um pressuposto sempre controverso entre fãs dos universos iOS e Android), mas que a experiência da combinação de ambos não tem sido feliz ao longo dos anos, o referido site ousa dizer que a Microsoft Outlook vem facilitar a vida a quem tem conta no Gmail e pretende melhorar a utilização da mesma no iPhone.

CATEGORIA Produtividade Versões Disponíveis Android, iPhone e iPad PREÇO Gratuito

Mas a aplicação desenvolvida pela empresa de Bill Gates vai mais longe nas compatibilidades. A app Microsoft Outlook funciona não apenas com o Gmail, mas também o próprio Outlook e com outros serviços de correio eletrónico como o Yahoo Mail. Acresce que pode ser usada com várias contas. Entre as funcionalidades mais destacadas desta app está a integração com o calendário, que permite partilhar horários disponíveis e agendar compromissos, tudo isto de forma integrada e com a possibilidade, sempre valorizada, de receber notificações de lembrete. A Microsoft Outlook facilita ainda a gestão da caixa de entrada, permitindo assinalar mensagens para ler mais tarde, assim como evidenciar emails ou filtrar mensagens durante o processo de pesquisa. Os anexos podem ser arquivados, incluindo no OneDrive e no Dropbox. Abril 2015 WE’BIZ 61


weTHINK › OPINIÃO

OPINIÃO PAULO ANDREZ

Business Angel, Presidente Emérito da EBAN, Administrador da DNA Cascais

Quatro mitos do financiamento de start ups em Portugal Portugal assistiu nos últimos anos a uma explosão do “empreendedorismo”, com bastante impacto ao nível da comunicação social. Aparentemente, tudo isto é positivo. No entanto ao participar como orador em várias conferências, tanto em Portugal como no estrangeiro, tenho assistido, com alguma estupefacção, a como alguns mitos têm conseguido sobreviver ao longo dos anos, aqui em Portugal. É nesse sentido que eu penso ser importante que a comunidade empreendedora, representada em Portugal pela ANJE, possa ter uma visão mais crítica e realista da situação. Vou então abordar quatro dos principais mitos: Mito Nr.º 1 - “Se tiveres uma boa ideia os investidores aparecerão para investir” Se isto fosse verdade, ninguém produziria nada, pois todos estariamos a gerar boas ideias. Vamos a um exemplo. Levar as pessoas à Lua a passar um fim de semana por apenas 200 euros é uma ideia fantástica. Mas como se executa? Bem .... isso logo se vê. Podemos ter a melhor ideia do mundo, mas se não a conseguirmos concretizar, o valor da nossa ideia é: zero. O valor de um projeto está muito mais na capacidade de o concretizar do que propriamente na ideia. Assim, os empreendedores devem focar-se mais no Como (falando com potenciais clientes por exemplo) e não tanto na ideia. Mito Nr.º 2 -”As capitais de risco investem muito mais dinheiro em start ups do que os Business Angels” A nível Europeu em 2013 (dados de 2014 só serão publicados em maio de 2015) as capitais de risco investiram 2 mil milhões de euros em start ups, enquanto os business angels investiram 5,5 mil milhões de euros. Um rácio semelhante acontece atualmente em Portugal (ver dados do programa Compete). Se procura investimento para a sua start up deve começar por procurar Business Angels (ex: www.fnaba.org), pois aumenta as suas hipóteses de sucesso e o seu leque de potenciais investidores. 62 WE’BIZ Abril 2015

Mito Nr.º 3 - “Em Portugal não há dinheiro para investir em Start Ups” Nunca como hoje, existiu tanta disponibilidade de meios financeiros para apoiar start ups. Existem 16 clubes de Business Angels em Portugal, existem cerca de 50 entidades veículo de investidores que trabalham em conjunto com a PME Investimentos, existem mais de uma dezena de sociedades de capital de risco disponiveis a investir em start ups, existem fundos comunitários... Eu lido todos os dias com Business Angels e todos os dias ouço a mesma queixa:”faltam projetos bem estruturados, com verdadeira adesão ao mercado em Portugal”. Mito Nr.º 4 - “Nos EUA é que é bom. Em Silicon Valley é facilimo angariar capital” A minha resposta a todos os empreendedores que se lamentam que têm um projeto fantástico, mas que em Portugal não conseguem obter capital e que nos EUA é que é fácil, eu digo sempre a mesma coisa: “Existem voos diários para os EUA!” Conheço vários empreendedores que tentaram financiar-se em Silicon Valley e não conseguiram. Vários business angels de Silicon Valley procuram projetos fora daquela área pois os salários atingiram valores muito elevados, tornando o “burn rate” de uma start up em Silicon Valley quase proibitivo. Naturalmente que ter uma presença em Silicon Valley pode ter sentido do ponto de vista comercial, mas é um Mito que só ali se consegue financiar start ups. Em 2013, Portugal foi o 3.º país a nível europeu com o maior rácio de investimento de business angels sobre o PIB. E isso deveria encher-nos de orgulho e de esperança num futuro melhor, pois os investidores investem porque acreditam no futuro...e não em Mitos! Enquanto uns acreditam em Mitos, outros criam o seu Futuro!



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