WE'BIZ - FEVEREIRO 2015

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A MINHA EMPRESA TEM MELHOR AMBIENTE DO QUE A TUA A moda da felicidade no local de trabalho já não é um exclusivo das gigantes multinacionais. Reter talento é o desafio do milénio e as startups já perceberam isso. Conheça o exemplo da tecnológica Blip.

ENTREVISTA “OE 2015 poderia ter ido mais longe nos incentivos ao crescimento económico” João Rafael Koehler

CURSOS DE CRIATIVIDADE

MODELO DE LEAN MANAGEMENT

As melhores referências nacionais e estrangeiras

Tudo o que uma estratégia “lean” pode fazer pelo seu negócio



PROPRIEDADE ANJE -Associação Nacional de Jovens Empresários CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO João Rafael Koehler Francisco Fonseca DIRETOR Rafael Alves Rocha COORDENADORA Mónica Rodrigues Neto REDATORES André Amorim Costa Ricardo Vieira Melo Mónica Rodrigues Neto COLABORADORES NESTA EDIÇÃO Bruno Nunes Hugo Costa José Fontes Mónica Veloso Olga Machado Suzana Alípio GRAFISMO Garra Publicidade, S.A. DEPÓSITO LEGAL 388168/15 IMPRESSÃO Empresa Diário do Minho, Lda TIRAGEM 15.0000 PERIODICIDADE Mensal

EDITORIAL A chamada Geração Millennial, em cujas mãos estará o País num futuro não muito distante, diz preferir trabalhar em empresas que, antes de tudo, se focam nas pessoas. A conclusão é do estudo Millennial Survey, da Delloite. Curiosamente, não versamos estes dados neste novo número da WE’BIZ, mas confirmamos, a partir deles, a atualidade e pertinência da temática que escolhemos para retomar a nossa publicação: a nova moda da felicidade no local de trabalho. Mais do que analisar os benefícios concedidos no seio de grandes empresas, nomeadamente multinacionais, fomos em busca de como estas estratégias e práticas de gestão de pessoas se refletem na realidade das startups. Imbuídos por este espírito de bem-estar e motivação, evidenciamos ainda nesta WE’BIZ a conquista da Targetalent, que conseguiu dar provas de como a sua descoberta científica se pode converter num negócio viável e angariou os 200 mil euros de investimento de que necessitava para entrar no mercado. Lançamos ainda um olhar atento sobre o Orçamento de Estado para 2015 e sobre as primeiras oportunidades de financiamento que o Portugal 2020 lança para as PME. Em matéria de oportunidades, e porque este será certamente um marco na história do empreendedorismo em Portugal, não poderíamos deixar de dar nota da entrada em Portugal do Shark Tank. Mais do que isso, contamos com uma entrevista de um dos tubarões, João Rafael Koehler, que nos fala na condição de presidente da ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários. Do empreendedorismo social da Sapana.org aos melhores cursos para estimular o pensamento criativo, muitas são as descobertas que propomos. E porque também nós, equipa WE’BIZ, aprendemos com o tema em destaque neste número, foi com uma reforçada dose de energia e boa disposição que redigimos cada um dos artigos aqui publicados. Rafael Alves Rocha Diretor

ANO DE EDIÇÃO 2015

Fevereiro 2015 WE’BIZ 3


SUMÁRIO

03 06 14 18 37 42 47 52 57 EDITORIAL

weFIRST › PRIMEIRA MÃO P. 06 Kit de diagnóstico de cancro oral conquista investimento de 200 mil euros P. 09 Universitários portugueses querem ser empreendedores

weNUMBERS › FINANCIAMENTO

weZOOM › TEMA DE FUNDO

P. 14 O que muda nas empresas com o OE 2015

P. 18 A minha empresa tem melhor ambiente do que a tua

P. 16 Portugal 2020 abre as primeiras oportunidades de financiamento para PME

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P. 17 Comissão europeia disponibiliza guia de acesso aos fundos europeus

weLEARNING › FORMAÇÃO

weCREATE › ECONOMIA CRIATIVA

P. 37 Criatividade: os melhores cursos para estimular a inovação

P. 42 Casa do Conto: histórias de um negócio criativo

P. 40 Novo Plano de Formação Contínua ANJE: Gestão de pessoas e competências pessoais em evidência no início de 2015

weNOW › ATUALIDADE

P. 47 PME e Startups reclamam mudanças para 2015

P. 47 “Generation awake” quer alterar os hábitos de consumo nacionais P. 48 Contratações de TI vão aumentar 10% ao ano nos próximos três anos P. 49 Turismo vai criar 160 mil oportunidades de emprego em solo português P. 49 Berlim, Paris, Londres, Nova Iorque e Xangai acolhem roteiro internacional de moda portuguesa P. 50 ANJE promove negócios de biotecnologia na China e no Japão P. 50 Banco de Fomento disponibiliza 1,5 mil milhões de euros para PME

weNEXT › AGENDA

weSEARCH › LIVROS & SITES

P. 52 Fevereiro

P. 57 O que distingue as empresas vencedoras

P. 56 Março

P. 57 “Startiupi - Fazer Coisas” P. 57 “O Livro Vermelho das Mulheres Empreendedoras” P. 58 VentureBuff: interação e colaboração para negócios de valor acrescentado

4 WE’BIZ Fevereiro 2015


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weFIND › OPORTUNIDADES P. 10 Erasmus para jovens empreendedores estimula criação de negócios em 37 países P. 12 Incubação virtual: quando a empresa se instala na cloud P. 13 Shark Tank: o fenómeno dos tubarões que investem em startups chegou a Portugal

weSTART › STARTUPS

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P. 28 Negócio de laboratório: A Bn’MLBehavioral & Molecular Lab está a revolucionar o processo de desenvolvimento de novos fármacos P. 30 Cinco startups que prometem em 2015 P. 31 Na Finlândia o rosto é que paga P. 32 As virtudes da metodologia “Lean Startup”

weTECH › TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

P. 34 OE poderia ter ido mais longe nos incentivos ao crescimento económico Presidente da ANJE, João Rafael Koehler

weSOCIAL › EMPREENDEDORISMO SOCIAL

P. 43 Como proteger a inovação tecnológica?

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weTALK › ENTREVISTA

P. 45 Despertar paixões e capacitar fazedores

weTHINK › OPINIÃO

P. 51 Carlos Melo Brito Pró-Reitor da Universidade do Porto para a Inovação e Empreendedorismo U. Porto: Uma Universidade empenhada na valorização do conhecimento

weSHARE › WEB & APPS

P. 59 Storytelling: a chave para o sucesso na era das redes sociais P. 61 Trello: A App que organiza tudo

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weTHINK › OPINIÃO P. 51 Francisco Fonseca CEO da AnubisNetworks Quatro dicas para um ambiente de trabalho das empresas da economia 3.0

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weFIRST › PRIMEIRA MÃO

KIT DE DIAGNÓSTICO DE CANCRO ORAL CONQUISTA

200 MIL EUROS

DE INVESTIMENTO

Solução da startup Targetalent, que permite colheita de células e obtenção de resultados durante a consulta médica, conta com o apoio de dois fundos de capital de risco Paula de Melo Alves e Fernando Ferreira desenvolveram o kit de diagnóstico na CESPU, onde ambos são docentes.

O ano de 2014 foi de conquistas para a startup Targetalent, que promete dar frutos já em 2015. A empresa responsável por um kit de diagnóstico precoce de cancro oral, o Blue Stain, atacou em diversas frentes, dando provas de que a inovação científica que está na sua origem está longe de marcar a diferença apenas no universo académico e tem um vasto potencial de negócio, devidamente fundamentado e estruturado. O resultado foi a vitória do Prémio do Jovem Empreendedor da ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários e, antes disso, o investimento por parte de dois fundos de capital de risco, no valor global de 200 mil euros. Falamos dos business angels Creative Wings e Green Capital, que estão já a apoiar a materialização do plano de negócios da Targetalent para o Blue Stain. Na verdade, a conquista deste suporte contou também com o envolvimento e apoio da ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários. A startup, formalmente constituída em 2012, participou, em novembro de 2013, numa sessão de investidores levada a cabo pela associação, durante a 16.ª Feira do Empreendedor.

6 WE’BIZ Fevereiro 2015


PRIMEIRA MÃO ‹ weFIRST Palco onde Paula de Melo Alves e Fernando Ferreira, investigadores e fundadores da empresa, tiveram a oportunidade de apresentar o conceito perante um painel diversificado de entidades de capital de risco, business angels e venture capital. As provas dadas nos meses seguintes ao pitch acabariam por determinar a concretização do investimento (a 12 meses), em agosto deste ano. “Nós participamos numa sessão de investidores da ANJE, fomos contactados por algumas capitais de risco que se mostraram interessadas no projeto e acabamos por ter o interesse maior da Vega Ventures, que decidiu investir no nosso projeto através de dois fundos, sendo que o investimento previsto para o tempo de um ano é de cerca de 200 mil euros”, recorda a empreendedora. “Os business angels que estão connosco têm-nos disponibilizado consultoria a vários níveis, talvez o mais visível seja a elaboração do plano de negócios”, complementa Paula de Melo Alves, sobre o apoio que se junta ao investimento financeiro. Quando pedimos a empreendedora para desmitificar o conceito de capital de risco e ser mais específica nos apoios que vão além do dinheiro investido, Paula de Melo Alves não é parca em palavras: “desde logo, a elaboração de um plano de negócio, a possibilidade de candidaturas a outros fundos estruturais, o relacionamento com os mercados, a previsibilidade da chegada ao mercado, através de contactos e de uma rede de um networking que tem de se estabelecer para se chegar ao públicoalvo”. “Portanto, eu diria que, ainda que a parte mais visível seja a financeira, o apoio dos business angels é também um apoio logístico, de suporte e de camaradagem em alguns períodos, pelo menos assim tem acontecido connosco, e penso que o objetivo seja esse”, complementa a jovem empreendedora. Sobre o futuro deste acompanhamento e o prazo do investimento em causa, Paula de Melo Alves é cautelosa, sem colocar em causa os fundamentos que lhe permitem uma expectativa otimista, a curto-médio prazo. “O que temos neste momento estipulado é o objetivo da chegada ao mercado, ao fim de um ano, mas é evidente que temos a expectativa de, após essa chegada ao mercado, ter algum apoio e, eventualmente, uma nova ronda de investimento”, afirma.

REVOLUCIONAR O DIAGNÓSTICO, REDUZIR CUSTOS E ACELERAR O TRATAMENTO A solução nascida, em Gandra, em contexto de investigação na CESPU - Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário permite a colheita de células do corpo humano e a sua análise em apenas alguns minutos. O negócio da Targetalent foca-se, então, no desenvolvimento de testes de diagnóstico que utilizam as células como meio biológico, mais concretamente uma tecnologia diferenciada de interface biodigital, que permite o diagnóstico rápido e em qualquer parte do mundo. Quer isto dizer que, através do kit Blue Stain, é possível diagnosticar a doença durante uma consulta médica. “É uma solução completamente inovadora, não há nada igual. Pela primeira vez no mundo, é possível, durante a consulta, fazer um esfregaço e sair um resultado”, explica Paula de Melo Alves, CEO da Targetalent. A solução direciona-se, sobretudo, para o diagnóstico do cancro oral, uma doença que regista 540 mil novos casos por ano, com uma taxa de mortalidade de 80% (seis em cada 10 pacientes morrem nos cinco anos seguintes ao diagnóstico). Mas o Blue Stain “também pode ser aplicado a outros tipos de patologias, outros tipos de cancro”, acrescenta Paula de Melo Alves. Imediato, não invasivo e indolor, o Blue Stain diferencia-se por ser um recurso médico eficiente, sem qualquer implicação logística, o que, por si só, representa uma redução de custos para hospitais e clínicas médicas. O nome do projeto justifica-se pelo facto de o interface digital utilizar um corante patenteado, que tem a cor azul de base.

É uma solução completamente inovadora, não há nada igual. Pela primeira vez no mundo, é possível, durante a consulta, fazer um esfregaço e sair um resultado, também durante a consulta

Paula de Melo Alves, CEO da Targetalent, sobre a solução Blue Stain, que vem facilitar o diagnóstico de cancro oral. Fevereiro 2015 WE’BIZ 7


weFIRST › PRIMEIRA MÃO

DO LABORATÓRIO PARA O MUNDO DOS NEGÓCIOS Docentes e investigadores da CESPU - Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário, Paula de Melo Alves e Fernando Ferreira vêm do universo científico e o mundo dos negócios é um desafio recente. Depois de se formar em Patologia, Paula, que tem agora 29 anos, começou a trabalhar como técnica no laboratório de patologia da CESPU, onde também leciona nas áreas de histopatologia e citologia, incluindo patologia oral. Fernando Ferreira, por seu turno, começou por estudar patologia, tornando-se posteriormente dentista. Detentor de um diversificado currículo académico (que inclui um doutoramento em Barcelona), é responsável pelo laboratório de

PRIZE MONEY DE 20 MIL EUROS E ACOMPANHAMENTO EMPRESARIAL

patologia da CESPU, onde também é professor de medicina dentária, além de liderar a assembleia-geral. Está envolvido em diversos projetos de investigação, incluindo no campo internacional, no âmbito dos quais tem empreendido esforços por estabelecer parcerias entre o mundo académico e os laboratórios privados. Mas foi através da ANJE e da sessão de investidores em que participaram que os recém-galardoados pelo Prémio do Jovem Empreendedor deram o passo decisivo rumo à transformação de uma descoberta científica num negócio estruturado. “Eu diria que sem a ANJE nós não tínhamos conseguido o investimento, nem os contactos, nem sequer tínhamos conhecido uma boa parte dos business angels e dos investidores que estão no mercado”, refere Paula de Melo Alves.

CASO DE SUCESSO ENTRE INVESTIDORES

O Prémio do Jovem Empreendedor da ANJE atribuído à Targetalent tem o valor global de 30 mil euros. Prémio esse que contempla um prize money no valor de 20 mil euros e um conjunto integrado de apoios no valor de 10 mil euros, incluindo um ano de incubação numa das infraestruturas da Rede de Incubação da ANJE, suporte promocional, oferta de uma pós-graduação e ainda acesso a instrumentos e programas de incentivo financeiro e de acompanhamento da atividade empresarial.

Quando, em 2013, foram selecionados pela ANJE para integrar uma sessão de investidores, a decorrer no âmbito da Feira do Empreendedor, os dois especialistas em patologia, Paula de Melo Alves e Fernando Ferreira, não suponham o sucesso que viriam a fazer entre as diversas entidades financiadoras ali representadas. Os contactos culminariam com o apoio de 200 mil euros, fechado em agosto de 2014 e válido por um ano.

PLANO DE NEGÓCIOS

$

Investimento

200 mil euros

$

$ 628.522 Val

% TIR

44,38 % 8 WE’BIZ Fevereiro 2015

>1 ano Payback


PRIMEIRA MÃO ‹ weFIRST

Universitários portugueses querem ser empreendedores Estudos recentes revelam que os jovens universitários portugueses têm apetência pelo empreendedorismo, circunstância que vem ao encontro da necessidade do país de dinamizar a atividade empresarial, qualificar as empresas e gerar alternativas de emprego ao trabalho por conta de outrem. Neste sentido, o esforço que as instituições do ensino superior têm realizado para criar ecossistemas favoráveis ao empreendedorismo está a ter correspondência junto da comunidade estudantil. As instituições do ensino superior têm hoje a promoção do empreendedorismo jovem entre as suas obrigações académicas e institucionais. Neste sentido definiram estratégias de valorização económica do conhecimento que passam, em boa medida, pela criação de condições para que os estudantes apliquem as suas competências técnico-científicas em projetos empresariais. Para tanto, muitas universidades e politécnicos portugueses passaram a oferecer formação específica em empreendedorismo (palestras, workshops, formação contínua e formação graduada), criaram incubadoras de empresas, têm gabinetes de apoio à inovação e organizaram redes de financiamento destinadas a startups (em parceria com business angels, sociedades de capital de risco, bancos, entre outras instituições de financiamento públicas e privadas). Deste modo, as instituições do ensino superior geraram um ecossistema favorável a processos de criatividade, ao desenvolvimento de ideias de negócio, à produção de propostas de valor e à transferência de tecnologia. Tendo em conta esta nova realidade, importa agora saber se o esforço das instituições do ensino superior tem correspondência nas respetivas comunidades estudantis. Ou seja, se os estudantes demonstram apetência para converterem conhecimento em valor empresarial, criando também, deste modo, o próprio emprego.

Ora, segundo o 3º inquérito de Emprego 2013, realizado pela rede de universidades Universia e pela comunidade laboral Trabalhando.com, a maioria dos estudantes do ensino superior português inquiridos (82%) gostaria de trabalhar de forma independente. Para 34% dos estudantes envolvidos no estudo, o empreendedorismo é o “método apropriado para ter liberdade de ação profissional”, enquanto 29% considera a criação de um negócio a melhor forma de “ter contrapartidas económicas de acordo com o êxito alcançado”. Acresce que 28% dos estudantes inquiridos deseja ser empreendedor simplesmente “para fazer o que mais gosta”. Também recente, o IE3 – Inquérito ao Espírito Empreendedor dos Estudantes (estudo de opinião envolvendo a comunidade estudantil da Universidade de Coimbra, do Instituto Politécnico de Coimbra e do Instituto Politécnico de Leiria) revelou que 47% dos inquiridos deseja vir a trabalhar por conta própria, sendo a sua principal motivação a “realização pessoal” (59%) e os seus maiores receios a “incerteza de rendimentos” (62%) e a atual “conjuntura económica” (61%). No mesmo inquérito foi ainda traçado, com base nas respostas de estudantes empresários ou de estudantes em processo de criação da sua empresa (3% das respostas), o Perfil de Estudante Empreendedor. Chegou-se, então, à conclusão de que os estudantes empreendedores são maioritariamente do sexo masculino, com uma rede social vasta que inclui amigos empresários

e/ou pais empresários. Refira-se ainda que os inquiridos com este perfil apresentam maior apetência para trabalhar nas férias de verão, para desenvolverem atividades culturais e/ou para integrarem órgãos de gestão associativos. Um outro exemplo da predisposição da comunidade académica para o empreendedorismo pode ser encontrado na Universidade do Porto, a instituição portuguesa do ensino superior melhor classificada nos rankings internacionais da especialidade. O UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto atingiu, em 2012, as 113 empresas residentes. No ano passado, acrescente-se, o número de contratados pelas empresas bem-sucedidas em processos de incubação no UPTEC ascendeu a 911, na sua esmagadora maioria capital humano qualificado. Estes números sobre o empreendedorismo assumem uma importância acrescida numa conjuntura de retração do mercado de emprego, como a atual. Isto porque o empreendedorismo é, em muitos casos, a alternativa mais expedita para encontrar emprego por jovens quadros especializados que a economia portuguesa já não consegue absorver totalmente. Acontece que, em Portugal, apenas 4% do emprego é criado por start-ups. Na Irlanda, o empreendedorismo gera 7% do emprego, nos Estados Unidos 8% e na Grécia 6%. Ou seja, no nosso país há ainda uma larga margem de crescimento da capacidade de criação de emprego por via do empreendedorismo. Fevereiro 2015 WE’BIZ 9


weFIND › OPORTUNIDADES

ERASMUS

para Jovens Empreendedores estimula a criação de negócios em 37 países A combinação do conhecimento de empresários experientes com o desejo de empreender dos jovens fazedores resulta numa relação duplamente vantajosa O Erasmus para Jovens Empreendedores foi criado pela União Europeia em 2009, integrando o Programa para a Competitividade e Inovação em 2012. Proporcionar uma oportunidade de aprendizagem “on the job” é o principal propósito desta iniciativa que permite aos novos empreendedores desenvolver competências de gestão úteis para os seus negócios, através da colaboração com empresários mais experientes. Com duração máxima de seis meses, o programa vigora atualmente em 37 países.

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Empreendedorismo, formação, experiência profissional, parcerias e networking são alguns dos elementos que compõem a proposta de valor deste programa disponível nos 28 países membros da União Europeia e em outras nove nações (Liechtenstein, Noruega, República da Macedónia, Islândia, Montenegro, Turquia, Albânia, Sérvia e Israel). Os empreendedores interessados em lançar o seu próprio negócio ou com empresa criada nos últimos três anos e os proprietários/ gestores de pequenas e médias empresas são os destinatários do programa.


OPORTUNIDADES ‹ weFIND Financiada pela Comissão Europeia, a iniciativa garante benefícios para os jovens empreendedores e para os empresários de acolhimento. Os primeiros têm oportunidade de frequentar uma formação em contexto profissional no estrangeiro, recolhendo contactos, informações e ferramentas relevantes para o arranque ou fortalecimento do seu projeto empresarial. O acesso a novos mercados, a cooperação internacional e o maior potencial de colaboração com parceiros de negócio no estrangeiro são outras vantagens associadas. Já os empreendedores de acolhimento, atuando como “coaches” ou mentores, beneficiam da criatividade e das ideias sugeridas pelos novos empreendedores para otimizar o seu negócio ou apostar em outros mercados. Este intercâmbio é também uma oportunidade para os empreendedores mais experientes acolherem aqueles que poderão ser no futuro (a médio ou longo prazo) os seus parceiros de negócio estrangeiros.

As estadias têm um período de duração que pode variar entre um e seis meses. O período de validade do programa pode ser repartido em intervalos de tempo (com duração mínima obrigatória de uma semana), desde que o cumprimento do período total previsto não exceda os 12 meses. Em matéria de apoios financeiros e logísticos, os participantes podem contar com uma rede composta por pontos de contacto locais distribuídos pelos 37 países participantes. Estes postos, devidamente selecionados pela Comissão Europeia, apresentam competências nas áreas de apoio ao negócio e ajudam os participantes durante o período de intercâmbio. O valor mensal pago aos novos empreendedores pode variar entre os 560 e os 1100 euros, de acordo com o custo de vida nos diferentes países de acolhimento. O processo de inscrição para novos empreendedores e empreendedores de acolhimento deve ser efetuado online, através do endereço http://www.erasmus-entrepreneurs.eu/.

VANTAGENS Jovens Empreendedores

Empresários experientes

› Desenvolvimento de competências técnicas e de gestão;

› Recolha de novas ideias e perspetivas para o negócio;

› Aumento do know-how específico sobre o setor de negócio envolvido;

› Acesso facilitado aos mercados externos;

› Acesso facilitado a mercados externos; › Reforço da rede de contactos e de potenciais parceiros; › Identificação de diferentes culturas e estruturas nas organizações;

› Desenvolvimento de potenciais parcerias; › Deteção de novas oportunidades de negócio. › Reforço das competências linguísticas.

› Desenvolvimento de competências linguísticas.

COMO PARTICIPAR

URAS CANDIDAT deve ser

de inscrição O processo rama. site do prog efetuado no unir re o rã ve os de Os candidat tos en m de docu um conjunto ação de ar cl de e, ta vi (curriculum gócio) plano de ne motivação e ções za ni ga or as e contactar íveis, para rias dispon intermediá ade do lid sponsabi assumir a re o. çã ri sc in processo de

POSTOS DE CONTACTO NACIONAIS

1. Associaçã o Spinpark – Centro de Incubação de Base Tecn ológica (Guimarães) 2. British Po rtuguese Ch amber of Commerce (L isboa) 3. INOVOBEJ A – Empresa Municipal de Desenvol vimento (Bej a) 4. Instituto Pe dro Nunes – Incubadora A ssociação pa ra o Desenvolvim ento de Ativid ades de Incubação de Ideias e Em presas (Coimbra)

OGRAMA ETAPAS DO PR

ação da 1ª - Após a aceit inscritos terão os , ra candidatu e se de dados onlin acesso a uma ba s, ta os op pr cinco para efetuar até ntrar um parceiro de forma a enco do a concretização adequado para io; intercâmb s envolvidas 2ª - As duas parte promisso com a om “C um assinam ve ser descrito de de Qualidade”, on s trabalho (tarefa todo o projeto de da parte, ca de s de ida bil e responsa ções ceiras e implica condições finan ; mbio) legais do intercâ edores jovens nd 3ª- Os empree tar rmente frequen devem posterio zadas ni ga or s iva at ações form contacto locais pelos pontos de competências er olv nv se para de onder aos sp re que permitam tadia. es a su da s fio desa

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weFIND › OPORTUNIDADES

Incubação virtual: quando a empresa se instala na cloud A solução low cost para negócios sem exigências infraestruturais adequa-se também às necessidades das empresas em expansão, que ambicionam adicionar novas marcas ao seu mapa de atuação. A tendência de cloudcomputing, com toda a deslocalização da informação que lhe está associada, coloca novamente no centro das atenções o conceito de incubação virtal, que apesar de não propriamente novo ganha agora um renovado sentido estratégico. Inicialmente vocacionados para os micronegócios que visam cumprir os requisitos formais de sede social, os escritórios virtuais são hoje utilizados por negócios em expansão, que a eles recorrem para multiplicar geografias e alargar o respetivo espectro de atuação. Mas, afinal, quais as vantagens que daqui se podem retirar? A ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários, entidade pioneira em matéria de empreendedorismo e incubação de empresas, afirma-se hoje como um dos principais players de incubação, gerindo uma rede de 12 centros de incubação espalhados pelo país, todos eles com serviços virtuais. Redução de custos é uma das motivações principais dos empreendedores que se rendem à incubação virtual da associação. É que a rede da ANJE “garante o acesso a uma estrutura montada por profissionais qualificados”, afirma Mário Vidal Genésio, membro do Conselho de Gestão da associação e responsável por esta área. Através da incubação virtual, a associação apoia empresas que, para além de envolverem poucos recursos humanos, desenvolvem atividades que não exigem, ou não justificam, investimento em infraestruturas. “Nestes casos, completa o mesmo responsável, os 12 centros empresariais da ANJE servem de base 12 WE’BIZ Fevereiro 2015

física de negócios, funcionam como sede social e também como ponto de encontro entre empresários, clientes e parceiros, através da utilização dos serviços de secretariado, bem como de espaços comuns, de que são exemplo as salas de reuniões”. Mas os serviços complementares podem ir ainda mais além. Dividindo a oferta em três níveis distintos, cujo mais básico abrange a utilização da morada dos centros empresariais para efeitos de Sede Social, a receção de correio e o atendimento telefónico, a ANJE apresenta agora um serviço mais completo de escritório virtual, que permite que as empresas disponham, durante 25 horas mensais, de um espaço físico e usufruam livremente de Internet wireless. Este pacote mais avançado de apoios junta as duas possibilidades referidas a vantagens como: utilização da morada, número de telefone e fax na documentação da empresa; receção de correio e aviso imediato de correio urgente e/ ou registado; atendimento telefónico e apoio administrativo; serviço de impressão e cópias de documentos; serviços de receção e envio de fax; e ainda utilização de sala de reuniões durante cinco horas mensais. Às startups lideradas por jovens empreendedores juntam-se, na crescente adesão aos serviços virtuais, as empresas de maior dimensão e em estádios mais avançados desenvolvimento, que pretendem comunicar a sua representação em outras regiões do país, criando filiais através das moradas dos centros de incubação. “Nestas situações em concreto, as infraestruturas de incubação são também importantes para que os empresários e respetivos colaboradores tenham, de facto, uma referência física para agendar reuniões com eventuais clientes, parceiros ou até colaboradores, que com eles trabalham à distância”, afirma Mário Vidal Genésio.

O QUE É? Também apelidada de incubação externa, a incubação virtual designa o suporte infraestrutural e de apoio ao desenvolvimento proporcionado à distância por uma incubadora de empresas, que embora existindo fisicamente não é a base física do negócio.

Serviços tangíveis complementam apoio virtual Utilização da morada para efeitos de sede social Utilização da morada, número de telefone e fax na documentação da empresa Receção de correio e aviso imediato de correio urgente e/ou registado Atendimento telefónico e apoio administrativo Serviço de impressão e cópias de documentos Serviços de receção e envio de fax Utilização de sala de reuniões e espaços comuns

Vantagens Economia de custos Fácil expansão geográfica do negócio Acesso pontual a espaços físicos, sem exigência de investimento em instalações próprias Novas oportunidades de networking e sinergias com outros negócios


OPORTUNIDADES ‹ weFIND

Shark Tank O fenómeno dos tubarões que investem em startups chegou a Portugal

Cinco histórias de sucesso facilitam financiamento e internacionalização Entre as oportunidades que 2015 traz para os empreendedores há uma que é incontornável: a versão portuguesa do Shark Tank, que chega ao grande ecrã através da SIC. João Rafael Koehler, Mário Ferreira, Miguel Ribeiro Ferreira, Susana Sequeira e Tim Vieira são os cinco empresários que vão investir nos projetos empresariais nacionais. A materialização de projetos empresariais com potencial, o registo de patentes com utilidade para o mercado e a facilitação do processo de internacionalização de empresas são três propósitos centrais da criação do Shark Tank português. Com estrutura e modelo de funcionamento semelhantes à versão internacional, o programa televisivo de empreendedorismo foca atenções na dinamização e revitalização do tecido empresarial. Para isso, conta com o know-how e a experiência profissional de cinco empresários de sucesso. O principal representante dos empreendedores no painel de investidores será João Rafael Koehler. O empresário acumula a

presidência da ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários e da direção do Portugal Fashion com o papel de administrador executivo na Colquímica, empresa líder no mercado ibérico na produção de colas hot melt e de base aquosa, que exporta 90% da produção para 45 países. João Rafael Koehler é ainda responsável por uma empresa de consultoria na área de projetos imobiliários em Portugal e está envolvido na implementação do projeto industrial Elastictk. Mário Ferreira é presidente da Douro Azul, empresa dedicada aos cruzeiros no rio Douro que lançou no mercado durante a década de 90. Com juventude e experiência profissional intimamente ligada ao setor do Turismo, o investidor espera faturar 36 milhões de euros no final do presente ano. Já Miguel Ribeiro Ferreira lançou um projeto empresarial de água engarrafada, para utilização profissional, quando tinha apenas 20 anos. Desde então, a organização expandiu e evoluiu para a empresa Bebágua, que posteriormente foi vendida à Watson Water. O ciclo de transformações terminou com a aquisição do projeto pela Nestlé. Atualmente, Miguel Ribeiro Ferreira é chairman do Fonte Viva, um dos maiores grupos empresariais em atividade na Península Ibérica. A única mulher presente no grupo de investidores é Susana Ferreira. Criativa de profissão, a empresária conta com passagens por reputadas agências de publicidade nacionais e internacionais, que acumula com três anos de experiência enquanto diretora criativa. Susana Ferreira integrou, posteriormente, a equipa

fundadora da MSTF Partners, agência que trabalha diretamente com os mercados angolano, brasileiro e chinês. A completar o painel de investidores está Tim Vieira, empresário sulafricano estabelecido em Angola que assume a presidência da Special Edition Holding. Responsável por um conjunto de negócios afetos a diferentes setores de atividade, o empresário está presente em Angola e Moçambique e concentra atividade na área dos media. Sobre o conjunto de empresários selecionados para a materialização do Shark Tank português, Paulo Sousa Marques, produtor executivo do programa, afirmou em comunicado que “são, sem dúvida alguma, ótimos empresários, capazes de investir e apoiar os empreendedores nacionais e tornar os seus negócios mais lucrativos e bem-sucedidos”. O produtor revelou ainda que os empresários referidos contam “com uma vasta experiência em diferentes setores de atividade, com muitos contactos, quer em Portugal, quer nos mercados internacionais, o que vai seguramente beneficiar os candidatos”. Para concorrer, os candidatos apresentam o seu projeto empresarial num vídeo de cinco minutos, de forma curta e objetiva. Segue-se um processo de seleção, sendo que apenas os melhores projetos são escolhidos para integrar a fase das gravações televisivas. No final, espera-se que os empresários participantes sejam capazes de aprender e beneficiar do capital, experiência e redes de contactos disponibilizados pelos cinco “tubarões”.

Fevereiro 2015 WE’BIZ 13


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O que muda nas empresas com o OE 2015 O Orçamento do Estado (OE) para 2015 introduz algumas medidas com impacto na atividade das empresas, designadamente em matéria fiscal. Para além da já prevista descida do IRC em dois pontos percentuais, o documento contempla ainda novas regras para as empresas e medidas de simplificação fiscal. Verifica-se, contudo, algum agravamento fiscal por via da chamada fiscalidade verde, que estabelece uma subida da taxa de carbono sobre os combustíveis e um aumento da contribuição de serviço rodoviário. Primeiro as boas notícias: a taxa de IRC desce de 23 para 21% no OE 2015. Não é propriamente uma novidade, uma vez que já estava previsto na Reforma do IRC, que entrou em vigor este ano. A medida representa um alívio da carga fiscal sobre as empresas, mas mantém-se a derrama estadual especial de 7% aplicada a sociedades com lucros superiores a 35 milhões de euros, bem como as restantes taxas de derrama: estadual, entre 3% e 5%, e municipal, 1,5%. A Reforma do IRC prevê ainda, até 2016, novos desagravamentos graduais da taxa, que se deverá fixar entre os 17 e os 19%. Quanto às derramas, só serão extintas em 2018. “Desta forma, o Governo concretiza o princípio da estabilidade e previsibilidade fiscal, que é um elemento fundamental para garantir a efetividade desta reforma na promoção e atração de investimento”, diz a proposta de OE. Importa sublinhar que, apesar deste desagravamento, o Governo prevê uma subida da receita de IRC. A descida do imposto será compensada com o reforço do combate à fraude e evasão fiscal, bem como com uma menor despesa 14 WE’BIZ Fevereiro 2015

fiscal com as empresas: 681,4 milhões de euros em 2015, contra 683,4 milhões em 2014. Isto significa, portanto, que as empresas vão usufruir de menos benefícios fiscais. Em relação aos empréstimos e outras operações de crédito, o OE estabelece um limite máximo de 3,5 milhões de euros em 2015, o que fica abaixo dos cinco milhões deste ano. Já o limite máximo para as garantias estatais é fixado em três milhões de euros, quando o teto de 2014 era de cinco milhões. No entanto, é aumentado de 10 milhões para 110 milhões o limite de garantias por outras pessoas coletivas de direito público. Ainda com o intuito de promover a competitividade do nosso sistema fiscal, o OE anuncia o alargamento da rede de convenções internacionais para evitar a dupla tributação. Estão, aliás, a decorrer negociações com cerca de 40 países, com enfoque, segundo o documento, nos “mercados prioritários para as empresas portuguesas, de forma a eliminar ou reduzir significativamente os obstáculos à sua internacionalização e promover o investimento estrangeiro em Portugal”.


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Medidas de simplificação fiscal

Mudanças também no IRS

Outra boa notícia é, sem dúvida, a proposta de reembolso de IVA no caso de créditos de cobrança duvidosa ou considerados incobráveis. Segundo o OE 2015, após o trânsito em julgado da declaração de insolvência das empresas em falta, é possível recuperar o IVA entregue ao Estado referente a faturas que não foram pagas. Trata-se de uma medida que introduz equidade e segurança nas relações comerciais, ao mesmo tempo que reduz os custos de contexto e proporciona um sistema mais simples de regularização do IVA.

Outra medida do OE relacionada com o funcionamento das empresas é a possibilidade que é dada aos trabalhadores do setor privado de decidirem se preferem receber, em 2015, metade do valor dos subsídios de férias e de Natal em duodécimos. A medida, que vigorou durante os anos de 2013 e 2014, é agora mantida pelo Governo neste orçamento.

O OE 2015 consagra ainda um conjunto de medidas de simplificação e justiça fiscal. Referimo-nos, por exemplo, às alterações ao Regime de Bens em Circulação, de acordo com o qual fica excluído da obrigatoriedade de comunicação o transporte de bens do ativo fixo tangível quando efetuado pelo remetente. Destaque também para o reembolso do IVA até 6% das vendas elegíveis para os agricultores, produtores agropecuários e silvícolas com rendimentos até 10 mil euros por ano e sem contabilidade organizada. Há também que salientar o reforço do combate à fraude e evasão fiscal consubstanciado no OE 2015 e que passa, por exemplo, pela obrigatoriedade da comunicação anual dos inventários para todos os sujeitos passivos com volume de negócios superior a 100 mil euros, através do sistema e-fatura. Empresas com uma faturação anual acima dos 100 mil euros, contabilidade organizada e que estejam obrigadas à elaboração de inventário têm, portanto, a obrigação de comunicar eletronicamente os seus stocks em janeiro. Ao nível da fiscalidade verde, interessa referir que a taxa de carbono, que em 2015 será de 5 euros por tonelada de CO2 (e vai aumentar progressivamente), terá um impacto para o consumidor de cerca de 1 cêntimo por litro de combustível, a que se soma o agravamento da contribuição de serviço rodoviário. O valor da contribuição de serviço rodoviário sobe de 67 euros por cada mil litros de gasolina para 87 euros e de 91 euros por cada mil litros de gasóleo para 111 euros, enquanto no GPL o aumento é dos 103 euros por cada mil quilogramas para 123 euros. Acresce que o OE 2015 mantém, para o próximo ano, a taxa adicional sobre o Imposto Único de Circulação (IUC) para os veículos ligeiros de passageiros a gasóleo, que varia entre os 1,39 euros e os 68,85 euros. Todos estes aumentos podem, pois, penalizar a tesouraria das empresas e, desta forma, prejudicar a sua competitividade. Ainda na fiscalidade verde, merecem referência os incentivos fiscais a comportamentos amigos do desenvolvimento sustentável, os quais podem gerar oportunidades de negócio. Referimo-nos às medidas de estímulo à reabilitação de edifícios, ao abate de veículos e à aquisição de bicicletas, carros elétricos, híbridos, a GPL e a GNV.

Também no âmbito da Reforma do IRS há medidas com impacto na atividade empresarial. Destacamos, a este nível, o fim da obrigatoriedade de permanência no regime simplificado por três anos para os contribuintes que exerçam uma atividade empresarial em nome individual ou prestem serviços neste regime. Esta medida irá ter efeitos positivos ao nível do empreendedorismo, uma vez que representa uma diminuição da burocracia e dos custos administrativos que lhe estão associados. O empreendedorismo será também estimulado com a proposta que prevê que todos os trabalhadores por conta de outrem que criem um negócio próprio possam beneficiar de uma redução de IRS de 50% no 1.º ano de atividade e de 25% no 2.º ano, sendo que esta medida também abrange os desempregados que iniciem uma atividade empresarial. Por fim, deve ser assinalada a intenção do Governo de, a partir de janeiro, atribuir subsídio de desemprego a empresários em nome individual, comerciantes e pequenos empresários (cerca de 250 mil). O candidato ao subsídio tem de ter cerca de dois anos de descontos para aceder à prestação social, que será correspondente a 65% da remuneração de referência. Trata-se de uma medida de justiça social, uma vez que garante alguma proteção a quem assume o risco de criar um negócio.

Subsídio de desemprego para empresários:

65%

da remuneração de referência

Neste OE, o Governo revela interesse pela mobilidade elétrica, retomando-se assim um desígnio estratégico que havia sido abandonado após a mudança governamental, em 2011. Ora, a mobilidade elétrica abre múltiplas de oportunidades de investimento no mercado dos carros elétricos, quer enquanto produtores, quer enquanto fornecedores de componentes e serviços associados.

Taxa de IRC desce

de 23 para 21%

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PORTUGAL

2020

TUDO SOBRE AS PRIMEIRAS OPORTUNIDADES DE FINANCIAMENTO PARA PME Qualificação e Internacionalização foram os primeiros âmbitos temáticos com apoios financeiros divulgados para o período entre os anos 2014 e 2020 O aumento da capacidade exportadora e o desenvolvimento dos processos de qualificação nas pequenas e médias empresas são os propósitos centrais dos incentivos disponibilizados, no âmbito do Portugal 2020 (programa de coordenação e distribuição de fundos europeus para o período 20142020). Abertos à participação de todas as PME, independentemente da natureza ou forma jurídica, os apoios comunitários referidos são exclusivamente dirigidos a projetos conjuntos, promovidos por entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos, de natureza associativa e com competências específicas dirigidas às entidades de pequena e média dimensão. Analisemos em detalhe os apoios envolvidos nesta primeira ronda de oportunidades do novo quadro comunitário (candidaturas decorreram de 30 de dezembro a 13 de fevereiro). No concurso referente à qualificação, são elegíveis todos os projetos que visem ações conjuntas de qualificação de PME direcionadas para o aumento da competitividade, flexibilidade e capacidade de resposta no mercado global. Neste lote incluem-se nove áreas de intervenção, a saber: inovação organizacional e gestão; economia digital e tecnologias de informação e comunicação; criação de marcas e design; desenvolvimento e engenharia de produtos, serviços e processos; proteção de invenções e criações; qualidade; distribuição

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e logística; transferência de conhecimento e eco inovação. O incentivo a conceder aos projetos aceites é calculado através da aplicação de uma taxa de 50% ao grupo de despesas elegíveis. No caso das entidades promotoras dos projetos conjuntos está prevista uma majoração e será aplicada uma taxa máxima de incentivo de 85% às despesas elegíveis. Os financiamentos concedidos terão natureza não reembolsável e podem chegar ao valor máximo de 3 milhões de euros por projeto conjunto e 50 mil euros por empresa participante no projeto conjunto. Para beneficiar do pagamento integral do incentivo, os projetos conjuntos deverão apresentar resultados positivos no indicador de “PME com atividades de inovação no total de PME do Inquérito Comunitário à Inovação”. Já o concurso para o acesso aos incentivos de internacionalização dirige-se a projetos que pretendam potenciar o aumento da capacidade exportadora e da visibilidade internacional das PME nacionais. Entre o núcleo de possibilidades elegíveis enquadram-se: ações de promoção e marketing internacional, iniciativas que explorem e facilitem o acesso a novos mercados e o aproveitamento de canais digitais (privilegiando targets ou segmentos prioritários). Os projetos validados poderão beneficiar de incentivos correspondentes a 50% do valor

total das despesas elegíveis. A majoração para as entidades promotoras dos projetos conjuntos também é aplicada e pode elevar a comparticipação das despesas elegíveis até 85%. No entanto, os valores do financiamento são maiores no concurso para os incentivos à internacionalização, estando os projetos conjuntos limitados ao apoio financeiro máximo de 7 milhões e 500 mil euros. As empresas participantes na candidatura conjunta poderão arrecadar, individualmente, um apoio financeiro até aos 100 mil euros. Para garantir o pagamento completo do incentivo, os projetos conjuntos de internacionalização deverão apresentar um incremento significativo no indicador respeitante ao “Aumento do valor das exportações no volume de negócios das PME”. Os incentivos à qualificação e à internacionalização têm aplicação limitada às regiões NUTS II (Norte, Centro e Alentejo), devendo as empresas e os projetos a concurso cumprir o conjunto de condições de elegibilidade definidas. Cada entidade poderá apenas integrar uma candidatura e os apoios são enquadráveis em todas as atividades económicas. As candidaturas dedicadas à produção de bens/serviços transacionáveis e internacionalizáveis, que contribuam para a cadeia de valor dos mesmos e não digam respeito a serviços de interesse económico geral serão avaliadas com especial incidência.


FINANCIAMENTO ‹ weNUMBERS INCENTIVOS À QUALIFICAÇÃO ÁREAS DE INTERVENÇÃO:

INCENTIVOS À INTERNACIONALIZAÇÃO

› Inovação organizacional e gestão;

ÁREAS DE INTERVENÇÃO:

› Economia digital e tecnologias de informação e comunicação;

› Ações de promoção e marketing internacional;

› Criação de marcas e design;

› Ações que visem o conhecimento e acesso a novos mercados (incluindo a utilização de canais digitais e privilegiando os mercados e segmentos prioritários).

› Desenvolvimento e engenharia de produtos, serviços e processos; › Proteção de invenções e criações; › Qualidade; › Distribuição e logística; › Transferência de conhecimento; › Eco inovação. INCENTIVOS NÃO REEMBOLSÁVEIS: ✓ 50% das despesas elegíveis; ✓ 85% das despesas elegíveis (para entidades promotoras dos projetos conjuntos). LIMITES › 3.000.000 euros por projeto conjunto › 50.000 euros por empresa participante RESULTADOS ESPERADOS: Melhoria do indicador “PME com atividades de inovação no total de PME do Inquérito Comunitário à Inovação”

INCENTIVOS NÃO REEMBOLSÁVEIS: ✓ 50% das despesas elegíveis; ✓ 85% das despesas elegíveis (para entidades promotoras dos projetos conjuntos). LIMITES › 7.500.000 euros por projeto conjunto › 100.000 euros por empresa participante RESULTADOS ESPERADOS: Melhoria do indicador “Valor das exportações no volume de negócios das PME”. Regiões NUTS II (Norte, Centro e Alentejo)

Incentivos válidos para as regiões NUTS II

COMISSÃO EUROPEIA DISPONIBILIZA GUIA DE ACESSO AOS FUNDOS EUROPEUS Instrumento informativo pretende facilitar a correspondência entre projetos e incentivos financeiros que potenciem o desenvolvimento europeu numa perspetiva inteligente, sustentável e inclusiva A Comissão Europeia acaba de disponibilizar um guia para orientar empresários, investigadores e organizações civis ou não governamentais no processo de candidatura aos fundos europeus incluídos na estratégia Europa 2020, programa de crescimento e emprego para a década lançado pela União Europeia. Com recurso ao documento, os candidatos poderão aproximar os respetivos projetos das exigências de acesso aos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento, coordenando ainda a utilização de outros instrumentos de políticas relevantes da União Europeia. Disponível no universo online,

o “Guia para Beneficiários dos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento” é um instrumento difusor de informação criado pela Comissão Europeia, que encaminha os candidatos para as melhores fontes de informação disponíveis no espaço digital, facilitando a identificação de opções de financiamento mais adequadas às necessidades e especificidades de cada projeto. Após a apresentação da base alargada de apoios disponível no espaço europeu, o documento concentra atenções nos Objetivos Temáticos (OT) definidos para a década e nas cinco áreas prioritárias definidas pela União Europeia (Emprego; Pesquisa

e desenvolvimento; Inclusão Social e Redução da Pobreza; Ambiente/ energia e Educação). A partir das metas estabelecidas e das áreas de atividade envolvidas em cada OT, o guia apresenta os programas de financiamento mais indicados para a obtenção de crédito. Os métodos de funcionamento de cada fundo específico, as dotações previstas e as potenciais sinergias a estabelecer nos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento são ainda outras matérias em análise em cada um dos 11 pontos. O guia está disponível, por agora, apenas em inglês, no site da Comissão Europeia (ec.europa.eu).

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weZOOM › TEMA DE FUNDO TENDÊNCIAS

A luta pelo “BEST PLACE TO WORK”

A MINHA EMPRESA TEM

MELHOR AMBIENTE DO QUE A TUA Em Silicon Valley, gigantes como Yahoo, Apple ou Facebook competem pelo lugar no pódio das melhores empresas para trabalhar. Do inovador escorrega da Google às salas de videojogos, a aposta na criação de um ambiente trabalho inovador e produtivo está a disseminar-se, inclusive, entre as startups. As inovadoras estratégias de gestão de pessoas estão a mudar o mundo dos negócios, saiba como e fique a par das tendências do momento.

Começou por ser um combate de gigantes, mas hoje é também uma luta travada pelas emergentes startups, independentemente do setor em que operam. Mais do que competir por produtos ou serviços, as empresas concorrem pela conquista de talento e pela construção de um ambiente produtivo, criativo e motivador, capaz de reter esse mesmo talento e transformá-lo em valor empresarial. Em suma, mais do que a liderança de mercado, os empresários ambicionam ser reconhecidos como o melhor local para trabalhar. Um reconhecimento focado em atuais e potenciais colaboradores, mas também nos clientes e na própria comunidade. É que, bem vistas as coisas, os resultados de uma gestão assente nas pessoas vão muito além da produtividade. Mas deixemos as vantagens e os investimentos para mais tarde e passemos às tendências. E a tendência que, desde logo, mais se evidencia é a de comunicar ao mundo quão interessante e vantajoso é trabalhar na sua empresa. “Os nossos benefícios são parte do que somos“ afirma a Google, numa secção do seu site, exclusivamente destinada a promover as vantagens de trabalhar na companhia norte-americana. Na página “life at Google” (www.google.pt/about/jobs/lifeatgoogle/), rapidamente imergimos num admirável mundo onde a tecnologia anda lado a lado com o bem-estar. E se aí escolhermos a opção 18 WE’BIZ Fevereiro 2015

benefícios mergulhamos ainda mais fundo num mar vantagens, com a empresa a propor “uma vida melhor e mais fácil” e a apresentar o que diz ser uma amostra do que tem para oferecer: cuidados de saúde, um seguro de viagens extensível a toda a família dos colaboradores, reembolsos nas despesas de formação, assessoria legal e ainda mais tempo e dinheiro para os novos papás. Para Sandrine Lage, fundadora da empresa Sperantia, que representa o Great Place to Work em Portugal, esta tendência para comunicar é também “sinónimo de que as pessoas valorizem mais os seus benefícios”. “Já tivemos casos de avaliações de empresas em setores específicos como o das farmacêuticas (no início da década de 2000) e o excesso de benefícios, ainda que comunicados, não era valorizado pelos seus colaboradores. Já outras empresas do setor industrial, com outras limitações como a gestão de turnos, contavam com equipas mais motivadas e que valorizavam mais os seus benefícios. Tudo depende do equilíbrio entre a gestão das expectativas da equipa ou dos colaboradores a nível individual e da empresa”, refere a representante do instituto que pesquisa as melhores empresas para trabalhar em cerca de 50 de países. “A comunicação é um ponto fundamental da gestão em ambientes Great Place to Work. Efetivamente, nestas organizações, os gestores falam de forma aberta e honesta sobre os assuntos relevantes, encorajando o feedback,


TEMA DE FUNDO ‹ weZOOM Sandrine Lage é fundadora da empresa Sperantia, que representa o Great Place to Work em Portugal.

CONCEITO GREAT PLACE TO WORK comentários e questões. Nas que não integram este grupo é comum, de facto, os colaboradores receberem o mínimo de informação sobre a empresa e as sugestões de melhoria não são partilhadas. A consequência é que o colaborador se desinteressa e adota, por vezes, uma postura de desconfiança”, acrescenta ainda Sandrine Lage.

O BEM-ESTAR NA ERA DOS SMARTPHONES A responsável do instituto Great Place to Work em Portugal considera que outra das grandes tendências atuais é a promoção da saúde e do bem-estar. Um tendência que, diz, “proporciona uma redução fantástica ao nível do absentismo por doença, tornando as pessoas mais dinâmicas (e produtivas) e mais satisfeitas (a prática de desporto, por exemplo, alivia os níveis de stress)”. Mas, para Sandrine Lage, “a grande aposta atual, sobretudo ao nível de manter os melhores profissionais motivados, é a criação de autonomia. Nem sempre é sinónimo de trabalhar menos, contudo permite uma maior flexibilidade”. Uma tendência fomentada pela emergência de novas tecnologias, cada vez mais móveis. A nova geração de computadores portáteis, telemóveis, smartphones, tablets e afins parece mesmo estar a operar uma verdadeira revolução de mentalidades e processos. Nas empresas que constituem a amostra Great Place to Work, Sandrine Lage diz ter constatado que estes novos gadgets alteraram “o processo de trabalho, no sentido em que se verifica hoje uma maior tendência para a adoção do teletrabalho ou para estar ‘disponível’ em qualquer lugar, mais horas por dia, ao serviço da empresa, sem estar fisicamente no local de trabalho”. >

A definição de bom local para trabalhar depende da perceção dos colaboradores. Nesse pressuposto, o instituto Great Place to Work defende que “um ótimo lugar para trabalhar é aquele em que se confia nas pessoas para as quais se trabalha, se tem orgulho no que se faz e se gosta das pessoas com que se trabalha”. “Já para ser considerado um Great Place to Work é fundamental posicionar-se como melhor, portanto além do bom”, defende Sandrine Lage, responsável pelo instituto em Portugal. Isto significa acrescentar valor ao que a lei prevê, promovendo o pioneirismo e a inovação.

TRABALHO “COOL” E COM INTERESSE Sob mote “Do Cool Things That Matter”, a Google assume que o que torna única a experiência de trabalho nesta empresa é aquilo que designa de “workplace culture”. Uma cultura que fomenta a inovação e um saudável desprezo pelo impossível. Como? Paredes coloridas, jogos e equipamentos para a prática desportiva são apenas a componente mais palpável de uma empresa que aposta nos cuidados de saúde, na formação e até na criação de condições favoráveis à vida social e familiar das suas equipas.

TOP TENDÊNCIAS

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Dar mais autonomia aos colaboradores Flexibilizar horários e processos de trabalho Conceber ambientes criativos Apostar na saúde e no bem-estar Comunicar benefícios com vista ao reconhecimento interno e externo Fevereiro 2015 WE’BIZ 19


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Qual o retorno dos bons locais para trabalhar?

Sete razões para investir Uma nova abordagem aos conceitos de trabalho, horários, processos, rotinas, escritórios e até de coordenação entre a esfera pessoal e a esfera profissional exige, de empresários e gestores, uma séria convicção das vantagens subjacentes ao investimento. Sandrine Lage, representante do instituto Great Place to Work em Portugal, faz-se valer do “maior estudo de ambientes de trabalho a nível mundial (presença do Great Place to Work em 50 países)” para enumerar sete benefícios empresariais concretos. Ora, ser uma empresa onde, reconhecidamente, é bom trabalhar proporciona:

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Mais inovação: A nível da elite europeia dos Great Place to Work, 95% das organizações deste grupo introduziram novos produtos no mercado nos últimos três anos (dados relativos ao estudo europeu de 2009) e apresentam consistentemente práticas pioneiras que vão além do que a legislação nacional ou europeia prevê.

Maior quantidade e melhor qualidade nas candidaturas rececionadas: Nos Great Place to Work portugueses, as candidaturas representam 11 vezes a força de trabalho da empresa, com base na média de taxa de satisfação top 24, estudo Great Place to Work Portugal 2012. Nos 100 Great Place to Work europeus, representa em média 9% (Top 100, estudo europeu 2012).

1

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2

7

Um aumento de produtividade: O conjunto português de 24 Great Places to Work registou em 2012 a criação de 110 novos postos de trabalho, enquanto o grupo europeu dos 100 Great Place to Work contabilizou a criação de 6032 postos de trabalho em 2012. Já com base nos dados de 2009, destaca-se um aumento de 11% ao nível das contratações, apesar do contexto de crise que já estava instalado, bem como um aumento de lucros de 23%, face ao ano anterior. Taxa de absentismo mais baixa: O top nacional de 2012 constituído por 24 Great Places to Work apresenta uma média de taxa de absentismo de 1,6%, enquanto o top 100 europeu regista em média 2,3%, o que se traduz numa significativa redução de custos ao nível do recrutamento, da integração e da formação dos colaboradores.

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Um crescimento mais rápido: Em média, o grupo de Great Place to Work Europeu, do qual Portugal faz parte, conta com um crescimento das receitas na ordem dos 23% (dados relativos ao estudo europeu de 2009).

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Melhor reputação: O estudo do Great Place to Work Institute, publicado na revista Fortune (EUA), está em primeiro lugar no ranking dos “media scorecards” descritos pelos CEO como os mais influentes no respetivo negócio. Adicionalmente, segundo o Trust Barometer, 2011, da Edelman, “as pessoas acreditam que um negócio que promova práticas com ética e transparência (65%) e que trate bem os seus colaboradores (63%) são os mais determinantes drivers para a sua reputação”. Melhor cooperação: A taxa de satisfação top 24, estudo Great Place to Work Portugal 2012, revela números muito elevados no que toca à cooperação entre colaboradores: “podemos contar com a colaboração de colegas” (86%); “preocupamo-nos uns com os outros” (83%).


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QUAL A IMPORTÂNCIA DOS RANKINGS E PRÉMIOS? Um estudo recente da Globescan revela que um dos pontos mais valorizados pelos consumidores na hora de tomar a decisão de compra é a forma como a empresa trata os colaboradores. Para Sandrine Lage, representante do Great Place to Work em Portugal, este ponto tem vindo a motivar o interesse crescente das empresas pela certificação de entidades com aquela que representa. Isto porque é, precisamente, através dessas certificações e da informação veiculada na sua sequência pelos media que os consumidores tomam conhecimento do tratamento dado pela empresa aos seus recursos humanos.

“Além de todas as vantagens que este reconhecimento traz às empresas, proporciona-lhes um reconhecimento externo e interno com bastante valor acrescentado, que vai além do reconhecimento do consumidor. No caso de se tratar de um investidor, este irá considerar a estabilidade e o equilíbrio da organização (taxa de absentismo, de rotatividade, etc.) e o facto da empresa ser reconhecida com o selo Great Place to Work pode, inclusive, traduzir o seu perfil”, defende Sandrine Lage. A representante do instituto pioneiro na realização de um estudo sobre As Melhores Empresas para Trabalhar em Portugal não nega que muitas empresas procuram este reconhecimento motivadas pelo “eco mediático”, mas reforça ser também verdade que “um número crescente revela uma preocupação genuína em fortalecer o negócio através de uma melhor gestão de pessoas”. >

Sandrine Lage destaca o valor acrescentado dos rankings.

FOTO: Sperantia, Fernando Piçarra

“TURNOVER” VOLUNTÁRIO DAS 100 MELHORES EMPRESAS PARA TRABALHAR

5.9%

Tecnologias de Informação

14.4% 6.2%

Transformação e Produção

10.5% 6.9%

Construção

17.0%

para trabalhar têm menos 50% de rotatividade voluntária dos colaboradores

7.1%

Saúde

9.4% 10.7% 11.3%

Comércio e Retalho

24.7% 5%

10%

15%

20%

25%

Média Setorial (%) Fevereiro 2015 WE’BIZ 21

Fonte: “100 Best” – Estudo Europeu (2012) Best Place to Work Institute, Inc

15.4%

Serviços Financeiros e Seguradoras

100 ambientes Great Place to Work (%)

Excelentes empresas


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AMBIENTE DE TRABALHO E CRIAÇÃO DE VALOR Fortune “100 Best” vs. Índices bolsistas (1997-2011) Índice

Resultado em 2011

US $100

Russel 3000

US $174

US $100

S&P 500

US $173

US $100

100 Melhores Empresas para trabalhar (Fortune)

US $295

Fonte: Russel Investement Group

Investimento em 1997

Excelentes ambientes de trabalho têm

3 X mais retorno

POR ONDE COMEÇAR? Partindo do cruzamento dos dados recolhidos nos 50 países em que analisa as melhores páticas empresariais, o instituto Great Place to Work aponta o caminho a seguir com três dicas essenciais, dirigidas aos empresários que decidem apostar na criação de bons locais para trabalhar:

1

2

3

BENEFÍCIOS ESPECIAIS

OPORTUNIDADE DE RECONHECIMENTO

CREDIBILIDADE NA ADMINISTRAÇÃO

Não é necessário fazer investimentos elevados, apenas apostar num conjunto de benefícios que faça com que o colaborador se sinta especial.

É uma via simples e eficaz para a motivação, recorrentemente esquecida e subestimada.

Uma gestão centrada em exemplos éticos, focada na comunicação com os colaboradores e cumpridora das suas promessas.

EXEMPLOS & CONTROVÉRSIAS

Teletrabalho: roteiro da Califórnia a Lisboa

Há estratégias que continuam a não ser consensuais, mesmo entre importantes referências do tecido empresarial mundial. É o caso do conceito de “home office”. Mais populares, fruto espaço mediático conquistado, ou mais reservados ao seu universo interno, são vários os casos de empresas nacionais e estrangeiras cujas estratégias estão centradas nas pessoas. Cruzando a realidade internacional com a que por cá se vive, propomos uma viagem de Califórnia a Lisboa, com escala em Londres. 22 WE’BIZ Fevereiro 2015

Um roteiro que inclui a polémica despoletada pela nova CEO da Yahoo! em matéria de teletrabalho, o testemunho pró flexibilização do fundador do grupo inglês Virgin e a antítese dos tradicionais conceitos de trabalho corporizada pela agência criativa portuguesa O Escritório. Estarão reunidos os argumentos para inspirar o mais reticente dos gestores?


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O não da Yahoo! e a liberdade de Richard Branson Em contraciclo com as tendências que advogam os benefícios do trabalho à distância, a nova CEO da Yahoo anunciou, no início de 2013, o fim do “home office” em todos os países onde a empresa atua. A decisão tornou-se polémica no contexto empresarial mundial, onde se instalou a discussão entre os prós e contras do trabalho fora do escritório. Entre os defensores da liberdade de escolha dos trabalhadores está Richard Branson, fundador do Virgin Group. Na verdade, a polémica decisão foi comunicada aos colaboradores através de uma nota assinada por Jackie Rese, responsável pela área de recursos humanos. O documento sustentava a abolição do “home office” com um conjunto de argumentos a favor de uma empresa fisicamente unida. As reuniões improvisadas a partir dos encontros inesperados, as decisões e ideias tomadas na sequência de discussões de corredor ou de cafetaria e até a maior velocidade e qualidade do trabalho feito nas instalações da empresa são alguns desses argumentos. “É desconcertante ver a CEO da Yahoo!, Marissa Mayer, dizer aos trabalhadores que trabalham à distância que têm de deslocalizar-se para as instalações da

empresa. Parece um passo atrás na era em que o trabalho remoto é mais fácil e mais efetivo que nunca.” Foi deste modo que Richard Branson reagiu à decisão da Yahoo!. Convicto da importância de “dar às pessoas a liberdade de trabalharem onde quiserem”, o CEO do Virgin Group aconselha os empresários a confiarem nas competências e na performance dos trabalhadores, estejam eles “na sua secretária ou na sua cozinha”. No tom irreverente que o caracteriza, o empresário acrescenta ainda que é necessário providenciar as tecnologias certas para que os colaboradores se mantenham sempre em contacto regular com a empresa. Assegurando, deste modo, o balanço entre o trabalho remoto e a atividade no escritório, Richard Branson considera que facilmente os gestores conseguirão conquistar a motivação dos seus recursos e obter deles responsabilidade, rapidez e qualidade. “A vida de trabalho já não é das 9 às 5. O mundo está conectado. As empresas que não interiorizarem isto estão a perder um trunfo”, acrescenta o empresário.

Em Portugal, dois jovens empresários interiorizaram muito bem estas ideias e dão provas de como uma startup pode diferenciarse por esta via. Falamos da agência de comunicação O Escritório, criada por Nuno Jerónimo e Tiago Canas Mendes. Os dois sócios afirmam-se como especialistas em comunicação e dizem-se inspirados pelo conceito de mobilidade. Por isso, O Escritório é tudo menos um espaço. Consoante o desafio que tenha em mãos, esta dupla empreendedora escolhe um local inspirador para trabalhar. Por exemplo, se o tema é futebol, a equipa instala-se num estádio.

Temos de dar às pessoas a liberdade de trabalharem onde quiserem. A vida de trabalho já não é das 9 às 5 Richard Branson, CEO do Virgin Group

BEST WORKPLACES PORTUGAL 2015 BEST WORKPLACES <100 COLABORADORES

BEST WORKPLACES 100 A 250 COLABORADORES

BEST WORKPLACES >250 COLABORADORES

1. Diageo Portugal 35 colaboradores www.diageo.com Sector: Manufacturing & Production | Food products propriedade: privada

1. Cisco Systems Portugal 165 colaboradores www.cisco.com Sector: Information Technology propriedade: privada

1. Microsoft Portugal 289 colaboradores www.microsoft.pt Sector: Information Technology | Software propriedade: privada

2. Gatewit 96 colaboradores www.gatewit.com Sector: Information Technology propriedade: privada 3. EMC Portugal 41 colaboradores www.portugal.emc.com Sector: Information Technology | Storage/Data Management propriedade: privada

2. Mars Portugal (Mars + Royal Canin) 125 colaboradores www.mars.pt Sector: Manufacturing & Production | Food products propriedade: privada 3. Maksen Consulting 210 colaboradores www.maksen.com Sector: Professional Services | Management Consulting propriedade: privada

2. ROFF 727 colaboradores www.roffconsulting.com Sector: Information Technology | IT Consulting propriedade: privada 3. Cofidis 401 colaboradores www.cofidis.pt Sector: Financial Services & Insurance | Banking/Credit Services propriedade: privada Fevereiro 2015 WE’BIZ 23


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Aqui vou ser

FELIZ! Blip: a startup que nasceu para ser um bom local de trabalho “O meu principal objetivo era criar um sítio onde eu gostasse de trabalhar, onde eu quisesse mesmo estar, um sítio onde me sentisse feliz”. É deste modo que José Fonseca recorda as motivações inerentes à fundação da Blip, em 2009. Um flashback que não exige grande esforço de memória, dada a jovem idade da empresa, mas que impressiona pela rápida evolução de um projeto que começou com duas pessoas e, atualmente, encontra-se em permanente recrutamento. Por agora, entre matraquilhos, sumos de laranja, uma boa dose de descontração e muita autonomia, são cerca de 240 as pessoas felizes por conta desta startup tecnológica. Recém-chegado de Londres, onde trabalhara ao serviço de um jornal financeiro digital e da Yahoo!, José Fonseca estava convicto de que era em Portugal que o filho que então esperava deveria nascer e que seria também no retângulo à beira mar plantado que o seu progenitor alcançaria a plena realização profissional. Engenheiro informático de formação, o empreendedor estava ainda certo de que a área de negócio era óbvia, restava a aposta diferenciadora. Foi aí que diz ter encontrar um espaço ainda por ocupar: o das “aplicações web de alta performance”, focadas na engenharia de sistemas web. O desenvolvimento de aplicações para telemóveis destacou-se entre os trabalhos iniciais e, no ano seguinte ao arranque do projeto, José Fonseca estava já em Londres, a fazer uso dos seus contactos para apresentar a Blip a uma empresa inglesa. De boa cliente a cliente exclusiva foi um pequeno passo. Consciente do risco que corria em centrar-se num único cliente, o empreendedor negociou a integração do seu negócio no gigante grupo inglês. Passou, então, a ser diretor de desenvolvimento de uma empresa que transitou de um pequeno escritório para um espaço de 1.500 metros quadrados e que, entretanto, ocupa já 2.400. 24 WE’BIZ Fevereiro 2015


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José Fonseca O fundador da Blip inspirou-se em conceitos internacionais de trabalho. “Fico bastante contente com o facto de termos conseguido este nível empresarial para o Porto. Aliás, acho que não existe nenhuma empresa em Portugal que trabalhe o mesmo nível de engenharia de aplicações web como nós trabalhamos aqui. Estou também bastante contente com o facto de esta oportunidade gerar imenso emprego”, afirma o engenheiro informático de 31 anos. “Por isso, do ponto de vista do empreendedorismo, acho que é mais isso que me deixa feliz do que propriamente ter um grande background financeiro. A nossa motivação sempre foi criar um sítio onde gostássemos de trabalhar. O dinheiro nunca foi objetivo no empreendedorismo”, complementa.

Sem horários nem listas de tarefas O que move, então, uma empresa que está no mercado, sem estar no mercado? “Nós não competimos por clientes. Fazemos projetos para o grupo, seja para EUA ou para a Austrália. Competimos por talento, por pessoas”, afirma José Fonseca. Por isso, quando a questão se centra nos fatores diferenciadores a resposta continua a estar nas pessoas: “tudo se resume ao facto de darmos autonomia e esperamos que elas definam o seu próprio caminho”. “As pessoas são responsáveis pela sua própria carreira. Aqui não existe o conceito de chefe. Claro que a autonomia não significa que não tenham que fazer projetos com datas para entregar. Depositamos imensa confiança nas pessoas. E temos imensas provas de como isso é fundamental”, sustenta o fundador da Blip. Por tudo isto, na Blip não há horários, nem é necessário impô-los. Graças à autonomia que lhes é dada, os

colaboradores negoceiam objetivos e trabalham para eles. Mas o gestor reconhece que nem toda agente tem perfil para trabalhar motivado deste modo. É por essa razão que a avaliação da personalidade é uma das componentes mais importantes no recrutamento desta empresa. “Aqui não fazemos testes, fazemos algumas perguntas que podem não ser assim tão comuns em entrevistas, mas que nos permitem perceber se as pessoas têm flexibilidade suficiente para se adaptar a este meio, se têm autonomia suficiente e se gostam de ter essa autonomia”, afirma Sofia Reis, casada com José Fonseca e companheira de gestão do projeto. “Isto realmente não é para todos. Eu às vezes digo isto nas entrevistas: se tu sentires que preferes ter uma lista com tudo o que tens de fazer, então este não é o sítio certo”, acrescenta. Por isso, a fórmula aplicada no momento da decisão de contratar é simples: 50% personalidade, 50% competências. “Consegue-se ensinar muita coisa a uma pessoa, se ela quiser aprender”, justifica Sofia Reis. “O nosso conceito de gestão de pessoas passa muito pelo sistema de coaching. Existe um ‘team leader’, que nós chamamos de ‘manager’, que é responsável por garantir que cada pessoa tem as oportunidades certas para crescer. É responsável por criar o ambiente onde aquelas pessoas possam trabalhar. Mas não é, propriamente, responsável por lhe dizer o que elas têm de fazer”, conta José Fonseca. O papel deste “orientador” ou “facilitador” passa ainda por acompanhar a evolução do colaborador, reunindo com ele mensalmente no sentido de analisar e, se necessário, redefinir, o respetivo plano de desenvolvimento pessoal, um conceito também implementado no seio da Blip.

Comunidades fazem a ponte com a comunidade Na Blip, a regra do bem-estar impera. O trabalho é distribuído por equipas e estas são organizadas no espaço por “ilhas” de secretárias. Não há paredes a separar hierarquias e todos respiram o mesmo ar. Acresce ainda que toda a área de trabalho foi desenhada “de modo a que as pessoas tenham de cruzar o escritório todo para conhecer toda agente, para falar, para ver o que os outros estão a fazer”, descreve o gestor de projetos, Diogo Velho.

No que ao ambiente de trabalho diz respeito, José Fonseca faz questão de sublinhar que se trata de uma “cultura muito própria da Blip”, que nada tem a ver com a tradicional casa mãe inglesa. “Temos uma série de benefícios que vão além do espectável, isto é, dos salários, dos prémios”, refere o gestor. “Há mais do que palavras aqui. Há emoção. Nós tentamos sempre criar uma conexão emocional entre as pessoas”, acrescenta a propósito Sofia Reis. Para além dos mimos disponíveis na cozinha, onde todos parecem agir como se estivessem em casa, diariamente, ao almoço, há uma sopa diferente, cujo custo é de apenas 50 cêntimos. Mais do que um benefício interno, esta graça disponibilizada aos colaboradores simboliza também a ponte feita com a comunidade. É que o valor da sopa cobre os custos e é ainda suficiente para contribuir para uma obra de caridade. De resto, na Blip o mobiliário e as obras de arte resultam desta troca de sinergias com o meio envolvente, que inclui também o apoio aos jovens criadores. O futuro, de acordo com José Fonseca, passará muito por aqui. “Vamos ligar-nos cada vez mais à comunidade local, com a criação de grupos. Temos interesse em expandir as nossas comunidades internas à comunidade lá fora. Eu diria que, cada vez mais, se vai ouvir falar da Blip pelas suas comunidades”, afirma. Em causa estão grupos de pessoas com interesses comuns, a maior parte deles completamente fora da atividade da Blip. “São tentativas de fomentar a troca de conhecimento entre as pessoas, não só técnicos, mas outros”, explica Diogo Velho. Controle de qualidade, fotografia, “gaming”, “green” e transmissão de conhecimento são os grupos mais ativos. O gestor de projetos, que assume responsabilidades nesta área, esclarece que também aqui a autonomia e espontaneidade são preponderantes: “como gestor das comunidades, quero que as equipas saibam quais os meios que têm, não quero que me venham pedir para criar a comunidade”, sustenta.

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weZOOM › TEMA DE FUNDO EQUIPAS: DOS SOMBREROS AO BUDGET PRÓPRIO Na Blip cada equipa tem, em média, seis pessoas, um nome, uma identidade própria e até uma decoração temática na respetiva “ilha”. Os “Desperados”, por exemplo, têm um cato gigante no centro da secretária, “sombreros” para todos elementos e até alguns anúncios que, sob o título “Se Busca”, prometem chorudas recompensas pela entrega de um “desperado” desaparecido. À semelhança de mini-empresas, cada equipa tem um orçamento mensal para gerir e aplicar em atividades de teambuilding. Os elementos beneficiam de total liberdade na escolha das atividades a desenvolver com o valor em causa: seja uma tarde de desportos radicais, um simples almoço convívio, uma viagem no Douro ou um novo divertimento para os momentos de pausa. A constituição inicial das equipas foi, de acordo com Sofia Reis, “muito orgânica, quase como as células que se dividem”. Mas o modo como as equipas se formam acabou por evoluir para um modelo próprio: “pomos uma pessoa nova numa equipa e ela fica a aprender o negócio, a perceber como funcionam as coisas. Quando temos necessidade de criar outra equipa, vamos tentar reorganizar-nos outra vez para ver quais as melhores ‘skills’ das equipas e conseguirmos uma nova equipa que funcione bem”, explica. Por isso, as identidades das equipas mantêmse, ainda que haja regularmente mudanças.

SCRUM Os processos de trabalho na Blip são orientados pelo modelo Scrum. Desenvolvida por Jeff Sutherland e Ken Schwaber no início dos anos 90, esta metodologia pretende introduzir agilidade e eficiência na gestão de projetos, principalmente no campo das tecnologias e do software. “É mesmo essencial para nós, no sentido de criar organização no trabalho”, afirma a propósito Sofia Reis. “Os boards que veem nas paredes organizam o trabalho em vários momentos. Aqui os ‘sprints’[conceito de janela temporal do modelo] têm duas semanas. Em duas semanas, uma equipa faz o compromisso de fazer aquela quantidade de trabalho. Basicamente, é pegar num grande bocado, parti-lo em bocadinhos e dizer “ok” vamos fazer este bocadinho agora, este bocadinho a seguir”, explica Sofia Reis. É também graças a este modelo que a autonomização dos colaboradores funciona. “A cada momento, as pessoas sabem o que estão a fazer e, por esse motivo, é que podem dizer: ainda me faltam três horas de trabalho, o dia tem mais quatro, por isso, vou ali jogar meia hora de matrecos e depois volto”, sustenta.

VISITA GUIADA A Blip ocupa um conjunto superior a 20 escritórios num edifício situado na Baixa do Porto, a poucos metros da Câmara Municipal. São 2.400 metros quadrados onde, em simultâneo, é possível respirar tecnologia, inspiração e criatividade. Aqui ficam algumas das áreas a destacar:

Espaço de lazer

Espaço para refeições e convívio

Matraquilhos, videojogos (incluindo consola equipada com instrumentos musicais) e até as clássicas máquinas de flippers compõem o espaço destinado à descontração e convívio entre todos os colaboradores. Pelos vários espaços é ainda possível encontrar vários jogos de tabuleiro, mas a rainha das distrações parece mesmo ser a mesa de matraquilhos.

Integrada na cozinha está uma vasta área com uma grande mesa comum e várias mesas mais reservadas, com as respetivas cadeiras. É também aqui que se vêm alguns dos sinais das comunidades temáticas internas: dos jogos de tabuleiro aos vasos do grupo ecológico.

Cozinha Devidamente apetrechada, onde os colaboradores podem confecionar as próprias refeições, comprar a sopa diária por apenas 50 cêntimos ou, simplesmente, usufruir de algumas das ofertas que por ali são disponibilizadas, como café, iogurtes ou sumo de laranja natural. 26 WE’BIZ Fevereiro 2015

Reunião no coche e nos puffs Na Blip a informalidade é extensível às visitas. Por isso, as duas salas de reuniões disponíveis surpreendem pela irreverência do formato: um coche instalado em plena área comum de trabalho e uma sala totalmente envidraçada, onde todos se instalam, confortavelmente, em puffs.


TEMA DE FUNDO ‹ weZOOM Sala de “treino” “Há sempre aqui muita formação espontânea, partilhamos muito uns com os outros”, afirma Diogo Velho a propósito do gabinete destinado à formação. Os conteúdos são os mais variados e vão das regulares aulas de inglês à tecnologia propriamente dita.

Área de Trabalho

“Fish tank”

As equipas estão divididas por ilhas num “open space” sem qualquer barreira física a separar hierarquias, onde todos respiram o mesmo ambiente de colaboração, totalmente desprovido de formalidades. Todo o espaço foi desenhado de modo a que as pessoas sejam forçadas a cruzar o escritório de ponta a ponta, conhecer toda agente e saber o que os outros estão a fazer.

Espaço onde se fazem as entrevistas de recrutamento. “É a única sala que entra no nosso espaço, mas não deixa os candidatos cá entrarem. Ou seja, no fundo o que é que acontece? Eles estão aqui sentados, veem as pessoas a andar de trotineta, veem as brincadeiras, olham para o nosso espaço de trabalho e pensam: aqui é um sítio divertido para se trabalhar. Até esta sala foi feita para ser um captador de recursos humanos, aliás como todo o escritório”, afirma Diogo Velho.

TROTINETAS E ARMAS “NERF”

Google, Facebooks, Skypes e Apples, para além de acreditarem que esta é a melhor maneira de se trabalhar, sabem que, se não trabalharem assim, vão ter muita dificuldade em encontrar os melhores recursos

Diogo Velho, project manager

Nos amplos espaços da Blip a circulação dos colaboradores é facilitada por trotinetas. Uma ideia de uma das equipas, que acabou por conquistar as restantes. O mesmo aconteceu com as armas “nerf”, cujo principal alvo são os mais distraídos.

NOVO PROJETO, MESMO CONCEITO José Fonseca, que fundou a Blip em 2009 com o intuito de criar uma empresa onde o próprio e os respetivos colaboradores fossem felizes, acabou por ver crescer uma startup dinâmica, produtiva e com um excelente potencial a nível global. A parceria com uma empresa de referência global, com sede em Inglaterra, acabaria por ditar a venda do negócio. José Fonseca manteve-se no papel de gestor da Blip e foi responsável pela sua expansão, por via de uma dinâmica de recrutamento invejável. Atingida sustentabilidade e um patamar de felicidade digno de nota num país como Portugal, José Fonseca deixou a sua veia empreendedora falar mais alto e, no período que medeia a realização desta entrevista e a sua publicação, fundou um novo projeto, em conjunto com Sofia Reis, mulher e sua companheira de gestão na Blip. A Mindera – Sofware Craft é o novo projeto de ambos, que se distingue igualmente pela aposta na captação e retenção de talento. Fevereiro 2015 WE’BIZ 27


weSTART › STARTUPS PERFIL

Negócio de laboratório

A Bn’ML – Behavioral & Molecular Lab está a revolucionar o processo de desenvolvimento de novos fármacos. Avaliar o potencial terapêutico de novos fármacos para o tratamento de doenças é o propósito da Bn’ML – Behavioral & Molecular Lab, start-up associada à Universidade do Minho, cujas soluções podem poupar milhões às farmacêuticas de todo o mundo. Liderada por cinco jovens cientistas, a empresa otimiza o processo de desenvolvimento de compostos terapêuticos, assegurando um teste prévio modelos animais de doença. Um exemplo de inovação tecnológica que vai de encontro a duas oportunidades concretas: por um lado, o número crescente de doenças prevalentes nas sociedades modernas, como depressão, cancro e doenças cardiovasculares; por outro, a necessidade do contínuo desenvolvimento de novos tratamentos mais eficazes e seguros para o tratamento destas doenças.

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De acordo com Patrícia Patrício, cofundadora do projeto, “estimase que apenas cerca de metade dos pacientes com depressão nos sete maiores mercados mundiais (EUA, Japão, França, Alemanha, Itália, Espanha e Reino Unido) sejam diagnosticados e que desses apenas uma pequena parte receba tratamento. Além disto, cerca de um terço dos pacientes medicados apresenta resistência ao tratamento, ou seja, ainda não possuímos tratamentos que sejam 100% eficazes na remissão desta doença”. “Isto revela-nos um cenário de premência no que respeita à necessidade de desenvolvimento de novos fármacos para o tratamento da depressão e implica que as farmacêuticas estejam dispostas a investir em larga escala neste problema de magnitude mundial”, acrescenta a empreendedora, dando conta do vasto mercado inerente a uma das várias doenças no âmbito das quais a Bn’ML está a desenvolver projetos. Composta por investigadores e médicos que desenvolvem trabalho científico há já vários anos em áreas que vão das neurociências ao cancro, a BN’ML nasce, precisamente, da perceção desta realidade. “A ideia deste projeto surgiu há cerca de quatro ou cinco anos, tendo-se tornado mais real aquando do contacto por empresas farmacêuticas em congressos de neurociências, no sentido de prestar este tipo de serviços. A partir daí foi uma questão de tempo até percebermos de que forma poderíamos utilizar o know-how e experiência adquiridas nesta área e aplicá-las ao processo de desenvolvimento de fármacos de uma forma útil e com potencial de negócio”, recorda Patrícia Patrício.

“Para contextualizar o projeto empresarial Bn’ML é importante começar por referir que o processo de desenvolvimento de um fármaco pressupõe tradicionalmente as seguintes fases: uma fase de investigação básica, na qual é desenvolvida uma ou várias moléculas com potencial terapêutico, uma fase pré-clínica, de testes de toxicidade e de determinação de dose, uma fase clínica, na qual se administra o fármaco em grupos de indivíduos selecionados, e, finalmente, se o fármaco se demonstrar seguro e eficaz, uma fase de aprovação e registo do mesmo. A Bn’ML integra a fase de testes pré-clínicos promovendo serviços de análise da eficácia dos potenciais compostos terapêuticos ao nível comportamental e molecular em modelos animais de doença”, esclarece a investigadora de 28 anos, que é ainda estudante de doutoramento em Neurociências. Os fatores diferenciais destes testes prendem-se com o “recurso a métodos de análise de ponta”, aliado ao “conhecimento científico gerado por equipas multidisciplinares com experiência internacionalmente reconhecida”, acrescenta. O resultado é “uma avaliação mais eficaz dos efeitos terapêuticos dos compostos, sustentando o investimento associado à transição para a fase de testes clínicos, que é tipicamente a fase mais dispendiosa de todo o processo”, sustenta ainda empreendedora. À CONQUISTA DAS FARMACÊUTICAS EUROPEIAS A Bn’ML ambiciona, pois, fomentar a investigação e desenvolvimento de fármacos com ação em doenças neuropsiquiátricas,


STARTUPS ‹ weSTART neurodegenerativas, cardiovasculares e metabólicas, infeciosas e do sistema imune, bem como oncológicas, encurtando o processo e tornando-o mais eficiente. No que à concorrência diz respeito, impõe-se referir que a maioria das soluções equivalentes está nos EUA e não está focada nas doenças que movem a Bn’ML. Além de apostarem numa solução pouco explorada no mercado europeu, os empreendedores garantem uma proposta de valor muito diferenciada da norte-americana. Os fatores competitivos apresentados sustentam-se numa economia de custos ímpar e também no contínuo desenvolvimento de novas soluções de análise. Movida por estes argumentos, a Bn’ML concentrou a sua atividade inicial no mercado europeu, mas entretanto já se abalançou em território norte-americano. Porém, a empreendedora natural de Braga faz questão de ressalvar

Luísa Pinto, António Pinheiro e Patrícia Patrício A equipa fundadora da startup defende que a produção científica nacional precisa de focar-se mais na criação de valor.

a atenção concedida ao mercado interno. “Portugal continua a ser uma importante plataforma de contactos e negócios, no qual nos queremos estabelecer como parceiros importantes da indústria e de grupos de investigação. Não descuramos, no entanto, outros mercados eventualmente menos óbvios, mas que com algum tempo teremos oportunidade de explorar”, afirma. Continuamente em investigação, a equipa da Bn’ML prevê em breve patentear novas soluções e reconhece que os projetos futuros passam necessariamente por aí. O objetivo passará sempre pela conquista de um posicionamento de “parceiro chave da indústria farmacêutica”. “A longo prazo, podemos ainda equacionar a possibilidade de nos tornarmos nós próprios intervenientes no processo de desenvolvimento de novas moléculas com ação terapêutica, nomeadamente para doenças do foro psiquiátrico e neurológico”, acrescenta Patrícia Patrício.

A Bn’ML integra a fase de testes pré-clínicos de novos fármacos, promovendo serviços de análise da eficácia dos potenciais compostos terapêuticos ao nível comportamental, celular e molecular em modelos animais de doença.

A ideia de negócio surgiu no âmbito dos trabalhos desenvolvidos, a partir de 2006, por uma equipa cinco investigadores do Instituto Investigação de Ciências da Vida e da Saúde da Universidade do Minho (ICVS). Além das atividades e responsabilidades que continuam a assumir neste centro de investigação, os elementos fundadores da Bn’ML distinguem-se por um dinâmico e especializado currículo académico e profissional. Nuno Sousa, 46 anos, natural do Porto, Professor catedrático na Escola de Ciências da Saúde (ECS) na Universidade do Minho (UM), Médico Neurorradiologista, doutorado em Neurociências pela Universidade do Porto, diretor do curso de medicina da ECS da UM, diretor do Centro Clínico Académico em Braga e coordenador do domínio de Neurociências do ICVS, da UM. Luísa Pinto, 33 anos, natural de Braga, Investigadora Auxiliar e Professora Convidada Equiparado a Professora Auxiliar na ECS, licenciada em Bioquímica pela Universidade de Coimbra, Doutorada em Neurociências pela Universidade Ludwig Maximilians, em Munique, Alemanha. Patrícia Patrício, 28 anos, natural de Braga, licenciada em Biologia Aplicada pela UM, Mestre em Genética Molecular e Biomedicina pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e estudante de doutoramento em Ciências da Saúde na ECS-UM. António Pinheiro, 26 anos, natural de Lisboa, licenciado em Biologia Aplicada pela UM, Mestre em Ciências da Saúde pela ECS-UM e estudante de doutoramento em Ciências da Saúde na ECS-UM. João Bessa, 37 anos, natural de Braga, licenciado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, médico especialista em Psiquiatria no Hospital de Braga, professor auxiliar na ECS-UM, doutorado em neurociências pela Universidade do Minho. Fevereiro 2015 WE’BIZ 29


weSTART › STARTUPS SUCESSO

CINCO STARTUPS QUE PROMETEM EM 2015 Uma tecnologia que converte gestos em ações de controlo, uma nova técnica de ensaios de tratamentos tumorais, um kit de diagnóstico precoce de cancro, um software para o planeamento 3D da cirurgia ortopédica e um sistema inteligente para monitorizar plantas são as mais recentes apostas do Prémio do Jovem Empreendedor da ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários. Falamos de cinco finalistas, de entre os quais saiu vitorioso o projeto Targetalent (em destaque no trabalho “WeFirst” desta revista – página 6), assim como o Peekmed, distinguido com uma menção honrosa. Aqui fica o essencial sobre os projetos que não devemos deixar de acompanhar ao longo deste novo ano de 2015. beneficiar desta tecnologia para, por exemplo, controlar os slides de uma apresentação. Uma outra inovadora possibilidade é o controlo do movimento de próteses, através da simples intenção do utilizador de efetuar esse movimento.

TARGETALENT: KIT DE DIAGNÓSTICO PRECOCE DE CANCRO ORAL A startup Targetalent foca-se no desenvolvimento de testes de diagnóstico, que utilizam as células como meio biológico, mais concretamente uma tecnologia diferenciada de interface bio-digital, que permite o diagnóstico rápido e em qualquer parte do mundo. A inovadora solução Blue Stain (com patente já registada) é um kit de diagnóstico precoce de cancro, que permite a colheita de células do corpo humano e a sua análise em apenas alguns minutos. Tudo isto através do referido interface digital, que apresenta o resultado durante o tempo da consulta. A solução direciona-se, sobretudo, para o diagnóstico do cancro oral.

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GESTO: LEITOR DE SINAIS MUSCULARES PERMITE CONTROLAR MOVIMENTOS DIGITALMENTE O projeto Gesto apresenta um kit “dot it yourself”, que permite a construção de um controlador por gestos. A inovação centra-se precisamente neste controlador, uma tecnologia baseada na leitura de sinais musculares, mais concretamente, nos sinais elétricos emitidos pelos grupos musculares. Ora, o sistema da Gesto capta esse sinal elétrico e atribui, a cada gesto, uma ação num dispositivo eletrónico de controlo. Ambicionando, numa fase inicial, focar-se no mercado B2B (com destaque para developers), a startup afirma que o dispositivo eletrónico pode ser, na verdade, aquilo que o utilizador desejar. Isto porque em causa está uma nova realidade de utilização de dispositivos eletrónicos, sem que seja necessário o toque. Na prática, o utilizador final poderá

EXPERTUS: ESTUDAR O CANCRO ATRAVÉS DO OVO A Expertus desenvolve e realiza ensaios para prever a resposta a tratamentos contra o cancro com base na utilização de ovos de galinha transplantados com amostras de tumores de doentes. Este método de ensaio inovador possibilita, a farmacêuticas e investigadores, não apenas acelerar processos como economizar dinheiro. Em comparação com os testes efetuados em ratos, este processo é três vezes mais rápido e 50% mais barato, além de ter como vantagem o facto de não ser limitado por regulamentos éticos.


STARTUPS ‹ weSTART material de osteossíntese (por exemplo, parafusos, placas de fixação e próteses completas). Tendo em consideração que o planeamento deste tipo de cirurgias é determinante para o sucesso das mesmas, a Peekmed destaca, entre as vantagens da solução, a redução, para metade, do tempo de planeamento cirúrgico e a consequente redução de riscos de infeções.

PEEKMED: PLANEAMENTO 3D DE CIRURGIAS ORTOPÉDICAS A Peekmed, por seu turno, é uma solução tecnológica para o planeamento e antevisão 3D da cirurgia ortopédica, através da qual o ortopedista faz uso de um modelo 3D gerado a partir da tomografia computorizada do paciente e de representações digitais 3D do

COOLFARM: QUANDO INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL CHEGA AO SETOR PRIMÁRIO O Coolfarm é um sistema inteligente para monitorizar plantas através do controlo das variáveis que têm impacto direto no seu crescimento, evitando problemas como pragas e outras doenças. A otimização dos parâmetros de crescimento das plantas está associada também à poupança de recursos, nomeadamente de água e energia. Com a inteligência artificial aplicada e o machine learning, o Coolfarm retém todos os dados das culturas na cloud, tornando-se uma solução flexível e acessível. Na verdade, o produto Coolfarm divide-se em duas componentes: a CoolFarm Box e a CoolFarm Cloud.

INOVAÇÃO

Na Finlândia o rosto é que paga

Uniqul apresenta novo modelo de pagamento para revolucionar o mercado Já imaginou a comodidade de chegar ao hipermercado com o carro cheio e só ter de olhar e fazer um clique para pagar? Esta será uma possibilidade real já em 2015, com o lançamento do novo modelo de pagamento da Uniqul. A startup finlandesa permite que os consumidores paguem produtos e serviços, utilizando o rosto e o indicador, num processo que demora apenas cinco segundos. A fase de testes do sistema está praticamente concluída e a tecnologia vai ser experimentada em breve nos cafés de Helsínquia.

Após a inscrição na plataforma, os consumidores só têm de se dirigir ao ponto de venda, estabelecer contacto visual com o ecrã digital e confirmar a intenção de compra com um simples clique. A tecnologia de reconhecimento facial da Uniqul efetua o carregamento dos dados pessoais e estabelece a correspondência entre o rosto do utilizador e os produtos adquiridos. O processo de compra fica, assim, resumido a cinco segundos, garantindo ainda um nível elevado de segurança em todas as transações.

As filas prolongadas para o ato de pagamento e a perda de cartões entre o conjunto de documentos guardados na carteira são realidades quase ultrapassadas. A Uniqul chega com o propósito de otimizar o processo de aquisição de bens e serviços nos pontos de venda físicos, a partir da utilização das novas tecnologias. Um tablet previamente programado, a submissão de dados bancários no sistema e o pagamento de uma subscrição mensal são os únicos requisitos para utilizar o inovador sistema de pagamento desenvolvido na Finlândia. A startup apresenta, assim, um sistema de pagamento suportado em três caraterísticas diferenciadoras: simplicidade, rapidez e segurança.

A Uniqul utiliza algoritmos de nível militar sendo que, após o olhar do utilizador, o sistema analisa a fotografia, processa os dados biométricos e só depois apresenta a conta do cliente incluída na base de dados. A noção de segurança surge ainda reforçada, já que a Uniqul permitirá dispensar a utilização de dinheiro vivo e prevenir eventuais assaltos. Para beneficiar dos serviços da startup finlandesa, os utilizadores devem pagar uma taxa de subscrição mensal variável, de acordo com a área geográfica abrangida. A cobertura mundial tem um custo mensal de 9 dólares para os utilizadores. No caso dos lojistas, a obtenção do sistema

deve ser requerida junto da empresa finlandesa. Em comparação com os sistemas tradicionais de pagamento, os empresários poderão poupar uma hora de trabalho a cada 150 clientes atendidos com o sistema da Uniqul. A fase de testes já está praticamente concluída e um conjunto de lojistas, com estabelecimentos sediados na capital finlandesa, vão proceder à experimentação do sistema já no início do próximo ano.

A invenção pertence à Uniqul e promete revolucionar a atividade comercial em todo o mundo. A startup finlandesa desenvolveu um inovador sistema de pagamento com reconhecimento facial, que deixa para trás as filas de espera, aumentando os níveis de segurança e a fiabilidade no ato da compra. Fevereiro 2015 WE’BIZ 31


weSTART › STARTUPS MODELOS

As virtudes da metodologia

“LEAN STARTUP”

Eric Ries propõe modelo que permite testar, com celeridade, o potencial de sucesso de uma ideia de negócio.

A criação de uma empresa é, inevitavelmente, um processo envolto numa névoa espessa de incertezas. Desde logo, porque se desconhece a reação do mercado ao produto ou serviço que se pretende comercializar. Por isso, é muitas vezes necessário corrigir a ideia de negócio de modo a ir ao encontro das necessidades do mercado, o que naturalmente faz protelar o sucesso da empresa e tem custos acrescidos. Tudo isto faz parte, aliás, dos riscos inerentes ao empreendedorismo. Para mitigar estes riscos, Eric Ries desenvolveu uma metodologia de gestão destinada a empresas em fases iniciais de desenvolvimento: a “Lean Startup”. O que este empreendedor de Silicon Valley propõe é, em resumo, uma forma de testar muito rapidamente o potencial de sucesso de uma ideia de negócio. Funciona, pois, como um acelerador de validação de ideias. Ou seja, durante o processo de criação da empresa, a metodologia “Lean Startup” obriga o empreendedor a focar-se no que é essencial: a resposta que o consumidor vai dar ao produto ou serviço que lhe é proposto. “Lean” significa, em inglês, magro. E, no fundo, o que se pretende com esta metodologia é eliminar as gorduras, os desperdícios, as redundâncias que uma ideia de negócio pode ter. 32 WE’BIZ Fevereiro 2015

Neste sentido, a metodologia “Lean” permite desenvolver coerentemente a ideia inicial, de forma a definir as características mínimas indispensáveis para que um produto ou serviço seja aceite pelo mercado. Procura-se assim evitar os desaires empresariais ou, pelo menos, que o insucesso não acarrete custos muito onerosos. Em concreto, pretende-se evitar os erros iniciais de gestão de tesouraria, os atrasos na implementação da ideia de negócio, as más avaliações do mercado, os desentendimentos entre sócios, entre outros problemas recorrentes nos processos de criação de empresas. Para tanto, a metodologia “Lean” promove a experimentação científica rápida, a aprendizagem validada e uma série de práticas contraintuitivas. Tudo isto de modo a reduzir os ciclos de desenvolvimento de produtos/ serviços, a medir o progresso real da ideia de negócio (sem recurso a métricas de validade) e a compreender o que os clientes realmente desejam. De resto, a interação com os clientes é um dos pilares da abordagem empresarial proposta por Eric Ries. O conceito “Lean Startup” pressupõe o contacto frequente com clientes reais, com o intuito de obter feedback sobre os produtos e serviços comercializados pela empresa. A

ideia é ir validando ou eliminando, o mais cedo possível, suposições incorretas sobre o mercado. Com este propósito, a metodologia “Lean” defende a criação de protótipos rápidos, desenvolvidos justamente para monitorizar as reações dos consumidores. Em suma, o conceito proposto por Eric Ries possibilita aos empreendedores testar as potencialidades do seu negócio e, se for caso disso, ajustá-lo rapidamente às reais necessidades do mercado. Numa altura em que as empresas precisam de inovar continuamente e de ter capacidade de reação às dinâmicas dos consumidores, a metodologia “Lean” afigura-se como uma ferramenta capaz de tornar as startups mais criativas nos seus produtos/serviços, mais científicas nos seus métodos, mais eficientes na sua gestão financeira, mais interativas com os seus clientes e mais expeditas no desenvolvimento das suas atividades. Tanto assim é que, hoje, o conceito “Lean Startup” é preconizado por empreendedores espalhados por todo o mundo (mais de 90 cidades de 17 países), que se encontram regularmente para analisar e debater esta nova metodologia de gestão empresarial. Em Portugal também têm tido lugar workshops versando esta temática.


STARTUPS ‹ weSTART

Durante o processo de criação da empresa, a metodologia “Lean Startup” obriga o empreendedor a focar-se no que é essencial: a resposta que o consumidor vai dar ao produto ou serviço que lhe é proposto.

O conceito proposto por Eric Ries possibilita aos empreendedores testar as potencialidades do seu negócio e, se for caso disso, ajustá-lo rapidamente às reais necessidades do mercado.

Os cinco princípios da metodologia “Lean Startup” 1. > Os empreendedores estão em todo o lado 2 > Empreendedorismo é gestão 3 > Aprendizagem Validada 4 > Inovação conta 5 > Construir > medir > aprender

THE LEAN STARTUP – Criado por Eric Ries

Aprender mais rápido

Ideias

Aprender

Construir

› Testes de comportamento

› Testes de unidade › Testes de usabilidade

› Entrevistas a clientes › “Customer Development” (alinhamento produto/ mercado) › Cinco porquês de análise à causa de origem › Conselho consultivo cliente

› Integração contínua › Desenvolvimento com base na incrementação

Data

Código

(Informação)

› Arquétipos personalizados › Equipas multidisciplinares (diferentes especialistas de diferentes funções) › “Smoke Tests“ (testes de fumo) do produto ou serviço

Medir mais rápido

› Componentes gratuito e open source › Cloud Computing › Cluster Immune System (sistema automatizado do cluster para o desenvolvimento de produtos)

› Hipóteses de provar a “falsidade” › Responsabilidade sobre o produto

Codificar mais rápido

› Escalabilidade “Just in Time”

Medir

› Testes de comportamento › Eliminar o conceito de “Product Owner” › Desenvolvimento contínuo › Teste de usabilidade › Monitorização em tempo real › “Custom Liaison” (resposta às necessidades do cliente)

› Testes de comportamento › Técnica de análise Cohort (divisão de comportamentos por grupos de análise)

› Code Refactoring (reestruturação do código de computador existente) › Desenvolvimento de testes de Sandbox

› “Net promotor score” (métrica para medir satisfação e lealdade dos clientes) › Search Engine Marketing › Alertas em tempo real › Monitorização preditiva Fevereiro 2015 WE’BIZ 33


weTALK › ENTREVISTA

Presidente da ANJE, João Rafael Koehler

OE 2015

poderia ter ido mais longe nos incentivos ao crescimento económico O Presidente da ANJE aplaude as medidas de simplificação, transparência e justiça fiscal que o Orçamento do Estado (OE) para 2015 contempla, mas considera que o documento “poderia ter ido mais longe nos incentivos ao crescimento económico”. Para João Rafael Koehler, o OE 2015 “peca, sobretudo, pela ausência de verdadeiros estímulos quer à capitalização das empresas, quer ao reforço da competitividade internacional”. Ainda assim, o mesmo responsável acredita que as exportações portuguesas vão prosseguir a sua rota de crescimento. Deixa, aliás, algumas dicas para desenvolver com sucesso processos de internacionalização.

weBiz Junho 20132015 34 WE’BIZ Fevereiro


ENTREVISTA ‹ weTALK Que competências considera que as empresas devem ter para desenvolverem processos de internacionalização bem‑sucedidos? Para operarem no mercado externo, as empresas devem possuir recursos organizacionais, humanos e financeiros adequados à estratégia de internacionalização que pretendem implementar. Depois, convém que as PME tenham capacidade inovadora e tecnológica. Importa ainda que disponham de know-how para avaliar os mercados, para criar parcerias no exterior e para obter financiamento. Fundamental é também que as empresas tenham quer capacidade de aquisição de matérias-primas, quer capacidade produtiva adequada às exigências dos mercados. Por fim, as empresas devem ser capazes de adaptar os seus canais de comunicação e venda aos clientes no exterior. E em que mercados externos devem as nossas empresas apostar? Apesar da instabilidade que persiste na Europa com efeitos sobre a procura, sou da opinião de que o mercado comunitário ainda é aquele que mais oportunidades oferece às empresas portuguesas, mercê da moeda única e da livre circulação de bens, serviços, pessoas e capitais. Importa, porém, não esquecer as potencialidades quer dos países emergentes, quer dos países lusófonos. Os primeiros pelos recursos financeiros de que dispõem, pelas necessidades de desenvolvimento que ainda revelam e pelo crescente poder de compra das suas populações. Os segundos não apenas pelo crescimento económico que têm registado mas, sobretudo, pelas ligações históricas, pela irmandade cultural e pela partilha da língua. Que passos devem ser dados pelas empresas nos seus processos de internacionalização? As empresas devem primeiro inteirar-se da situação económica e política do país de destino das exportações. Depois, importa saber se os bens ou serviços das empresas têm procura nos países para onde se deseja exportar e se são competitivos face à concorrência. Por outro lado, é indispensável conhecer as condições legais de acesso ao mercado pretendido: regime geral de

importação, regime de investimento estrangeiro e quadro fiscal do país. Convém ainda estudar as condições de distribuição dos bens ou de prestação dos serviços a exportar. Estas recomendações são válidas quer para seed capital e startups, quer para empresas com maior maturidade? No caso de projetos empresariais inovadores, ainda em fase inicial de desenvolvimento, a inserção em ecossistemas internacionais de tecnologia constitui um importante passo para a entrada no mercado global. Isto significa que, do ponto de vista da internacionalização, as startups tecnológicas têm muito a ganhar se passarem por processos de incubação e aceleração em centros empresariais internacionais, em particular nos EUA, onde podem adquirir conhecimento, testar produtos/serviços, redefinir estratégias, criar redes de contactos, estabelecer parcerias locais ou obter financiamento. Em qualquer caso, a criação de ligações às comunidades autóctones é fundamental para o sucesso da internacionalização. Por isso recomenda-se a abertura de filiais lideradas por gestores locais, com conhecimento do mercado e contactos estratégicos.

PROPOSTAS FISCAIS DA ANJE Acredita nas previsões do OE 2015 para as exportações, que apontam para um crescimento de 4,7%? O crescimento das exportações vai depender, em grande medida, do aumento do investimento privado, por um lado, e da nossa capacidade de conquistar quotas de mercado fora da UE, por outro. Com mais investimento, parece-me possível a consolidação da rota de crescimento das exportações, agora já não pela sobreutilização da capacidade instalada das empresas ou pelo esmagamento de preços e margens de lucro. De resto, a OCDE prevê até um crescimento das exportações portuguesas de 5,4%...

A propósito do OE 2015, que opinião tem do documento? Embora esteja consciente dos constrangimentos que a consolidação orçamental impõe, considero que o OE 2015 poderia ter ido mais longe nos incentivos ao crescimento económico, principalmente em sede fiscal. O documento peca, sobretudo, pela ausência de verdadeiros estímulos quer à capitalização das empresas, quer ao reforço da competitividade internacional das mesmas. Isto significa que o OE 2015 não proporciona um contexto mais favorável ao investimento empresarial e à criação de emprego, dois fatores de extrema importância para a consolidação da retoma económica. Mas as empresas não saem beneficiadas com este orçamento, designadamente em sede fiscal? É verdade que o OE 2015 introduz um conjunto de medidas de simplificação, transparência e justiça fiscal que considero muito positivas. Obviamente que também me congratulo com a descida do IRC de 23 para 21%, com o reembolso de IVA no caso de créditos de cobrança duvidosa ou considerados incobráveis ou com o reforço do combate à fraude e evasão fiscal. Ainda assim, os decisores políticos poderiam ter sido um pouco mais ousados… O que é que a ANJE defende em matéria fiscal? Por exemplo, o estímulo em sede de IRC deveria ser acompanhado pelo desagravamento, ainda que progressivo, da derrama estadual especial de 7% aplicada a empresas que lucram mais de 35 milhões de euros. Esta medida potenciaria, certamente, a capacidade de atração de investimento estrangeiro pela nossa economia. Também as restantes taxas de derrama deveriam sofrer um desagravamento gradual, antes de serem extintas em 2018, como está previsto. Também seria vantajoso para a atividade económica, em particular para a promoção do empreendedorismo, que fossem estabelecidas taxas de retenção na fonte reduzidas para o IRS de jovens empresários enquanto sócios, gerentes ou administradores de empresas. Mas não é só o nível de tributação que está em causa. O sistema fiscal deve ser bastante mais simples, Fevereiro 2015 WE’BIZ 35


weTALK › ENTREVISTA

Consideramos vantajoso para a atividade económica, em particular para a promoção do empreendedorismo, que fossem estabelecidas taxas de retenção na fonte reduzidas para o IRS de jovens empresários enquanto sócios, gerentes ou administradores de empresas

claro e previsível. Na verdade, ainda há muito a fazer para tornar as obrigações declarativas menos complexas e, sobretudo, para estabilizar o sistema, designadamente através de um consenso político que evite alterações na legislação fiscal todos os anos. Para além de medidas fiscais, que mais pode ser feito para promover o empreendedorismo em Portugal? Hoje, o principal obstáculo ao empreendedorismo é o financiamento, uma vez que o acesso ao crédito bancário continua bastante limitado e caro. Este cenário é agravado pela baixa capitalização e pelo excessivo endividamento das empresas portuguesas. Urge, pois, encontrar mecanismos para facilitar a reestruturação da dívida das empresas, sendo que o Programa Revitalizar tem revelado escassa eficácia e por isso deve ser revisto. Por outro lado, o novo quadro comunitário de apoio pode ajudar a uma mudança do paradigma de financiamento da economia, ao promover o acesso das empresas a instrumentos financeiros alternativos ao crédito bancário, como o capital de risco. Neste pressuposto, a ANJE espera que a Instituição Financeira de Desenvolvimento cumpra os seus objetivos e que, de facto, ajude a colmatar as insuficiências do mercado no financiamento das PME. 36 WE’BIZ Fevereiro 2015

APOSTA NO EMPREENDEDORISMO QUALIFICADO Apesar de tudo, o número de empresas criadas em Portugal tem vindo a crescer substancialmente… É verdade, e ainda bem! Em 2014 foram constituídas mais de 35 mil novas empresas em Portugal, o valor mais alto desde 2008. Houve, por isso, 2,5 nascimentos de empresas por cada encerramento. E o que é que explica este crescimento? Por um lado, há quem esteja a criar negócios por questões de sobrevivência, sobretudo para fugir ao desemprego; por outro, há uma nova geração de portugueses, mais qualificada e cosmopolita, que vê a atividade empresarial como uma opção de carreira e, consequentemente, aplica o conhecimento obtido no ensino superior em startups de base tecnológica. Esses negócios de sobrevivência geram valor para o país e têm condições para subsistir? Embora socialmente importante e muito louvável do ponto de vista pessoal, a criação de negócios por

razões de sobrevivência económicofinanceira não tem habitualmente um retorno significativo para o país. Às sociedades desenvolvidas interessa, sobretudo, um empreendedorismo por convicção e qualificado. Ou seja, um empreendedorismo que assenta, não tanto nos traços de personalidade do indivíduo ou nas suas necessidades mais prementes, mas sobretudo no seu conhecimento técnico-científico e na sua capacidade para aplicar esse conhecimento num negócio. O que fazer então para termos um empreendedorismo mais qualificado? É fundamental criar em Portugal um ecossistema que estimule o empreendedorismo inovador de base tecnológica, científica ou criativa, o que passa, desde logo, por uma maior cooperação entre empresas e universidades. O potencial científico e tecnológico de Portugal está ainda longe de ser devidamente maximizado pelo tecido empresarial. O impacto da inovação na economia portuguesa situa-se abaixo da média dos países do Sul da Europa e muito distante dos demais países europeus. Neste sentido, urge consolidar o funcionamento em rede de empresas, universidades, centros de investigação e associações empresariais, tendo em vista a partilha de conhecimento especializado e a cooperação em atividades de I&D+i.


FORMAÇÃO ‹ weLEARNING

Criatividade: os melhores cursos para estimular a inovação O pensamento criativo é a chave da inovação. Fique a par dos cursos, ferramentas e métodos utilizados para despertar as mentes de empresários e executivos.

Fevereiro 2015 WE’BIZ 37


weLEARNING › FORMAÇÃO A inovação e a criatividade são um trunfo competitivo incontornável num universo empresarial globalizado, onde se torna cada vez mais difícil surpreender o mercado com produtos, serviços ou outras propostas de valor disruptivas. Mas se é irrefutável que há um conjunto de pessoas que, por características inatas, têm maior propensão para gritar “eureka” com frequência é igualmente verdade que são também, cada vez mais, os profissionais motivados pelo desenvolvimento de competências e pelo domínio de técnicas potenciadoras do chamado “pensamento fora da caixa”. Katja Tschimmel, mestre em Criatividade Aplicada pela Universidade de Santiago de Compostela e fundadora da empresa NA´MENTE (consultoria e formação em pensamento criativo), define criatividade como “a capacidade de um sistema vivo gerar ideias novas e transformá-las em conhecimento, produtos ou serviços originais e mais adequados ao âmbito dos seus contextos”. E é precisamente neste sentido que a investigadora de origem alemã reforça a importância das formações em criatividade aplicadas ao contexto empresarial, destacando vantagens ao nível da organização interna, da evolução e da maior produtividade das empresas. Katja Tschimmel considera que estes cursos ajudam “a implementar atitudes que favorecem a criatividade e a inovação na empresa”, uma vez que permitem “experimentar as várias técnicas do pensamento criativo num processo coletivo”. No rol de benefícios para a atividade empresarial inserem-se ainda a “sensibilização para a necessidade de criar espaços próprios, dedicados à realização de trabalhos criativos” e o estímulo à criação de um “Grupo de Ideação” ou “Grupo de Agentes para a Inovação”, responsável por todos os processos de inovação dentro das organizações. Ao mesmo tempo, quadros de empresas, atuais e potenciais empresários procuram também, através destas ações formativas, uma fórmula diferenciadora que facilite o acesso ao financiamento e indique um caminho de sucesso, através do desenvolvimento de reflexões avançadas sobre novos objetos de investigação e áreas de negócio a explorar. Os cursos de criatividade alavancam, assim, a 38 WE’BIZ Fevereiro 2015

prática empreendedora e a criação de valor nos diferentes setores de negócio, aglomerando num espaço pedagógico o desenvolvimento de competências facilitadoras da construção de novas tendências.

O DESIGN APLICADO AO PENSAMENTO E quais são as tendências em matéria de cursos de criatividade? Katja Tschimmel enumera três: a crescente consciencialização do universo empresarial para a importância do Design Thinking; a Cross Industry Innovation; e a criatividade sustentável. Relativamente à primeira, a responsável da NA´MENTE defende que “o termo Design Thinking está a conquistar o mundo empresarial, transformando-se numa referência para a consciencialização de que muitos profissionais podem beneficiar com a forma criativa de pensar e trabalhar dos designers”. A investigadora e docente, que se apresenta também como “design thinker”, considera ainda que o aumento do número de cursos em criatividade e inovação marca o momento atual “pois há muitas lacunas nesta área e as empresas precisam deste conhecimento para acelerar e melhorar os seus processos de inovação”. “Outra tendência que posso identificar é a abordagem crossindustrial, a chamada Cross Industry Innovation”, prossegue Katja Tschimmel, clarificando desde logo o conceito: “é um novo método de inovação onde os vários setores industriais aprendem uns com os outros ao nível de produtos, serviços e processo de fabrico”. “A terceira tendência na área formativa da inovação tem a ver com a sustentabilidade, dos produtos, mas também dos serviços e processos”. O objetivo é desenvolver capacidade de pensar criativamente e ao mesmo tempo de forma sustentável porque “a inovação no futuro tem que ser sustentável”. Segundo, Katja Tschimmel “não há outra alternativa no desenvolvimento de novos produtos e na evolução material da nossa sociedade”.

OFERTA FORMATIVA EM PORTUGAL

Em Portugal, a “falta de especialistas na área, que poderiam compor o corpo docente de um curso exclusivamente dedicado à criatividade e inovação” dificulta a seleção dos cursos mais úteis ao universo empresarial, na opinião Katja Tschimmel. Ainda assim, a docente da ESAD identifica um conjunto de ofertas interessantes nesta área:

Pós-Graduações Empreendedorismo e Inovação INDEG-IUL Gestão da Criatividade e do Design nas Empresas - IADE – Creative University de Lisboa Design Thinking - ESAD Matosinhos

Mestrados Mestrado em Inovação e Empreendedorismo Tecnológico – FEUP Mestrado em Gestão de Indústrias Criativas - Universidade Católica

Formação para executivos Programas desenhados pela Porto Business School Workshops oferecidos pela APGEI (Associação Portuguesa de Gestão e Engenharia Industrial) Seminários da APGICO - Associação Portuguesa de Criatividade e Inovação


FORMAÇÃO ‹ weLEARNING

O TOP CINCO DA FORMAÇÃO MUNDIAL

Conceito de criatividade

Na escala internacional, Katja Tschimmel identifica aquelas que, na sua opinião, são as melhores opções no campo da criatividade:

1. Master Course do International Center for

Studies in Creativity da State University of New York em Buffalo - um dos cursos pioneiros da área e com background de mais de 50 anos de investigação da criatividade, nas áreas da educação, business e indústria.

2.

Masters in Innovation, Creativity and Leadership da City University London- curso com abordagem interdisciplinar orientada para a transformação de ideias em projetos inovadores.

3. Innovation Masters Series: Design Thinking and

the Art of Innovation da Stanford University – um dos cursos pioneiros na formação em Design Thinking.

4.

Master in Creativity & Innovation do Edward de Bono Institute da Universidade de Malta – curso criado por um dos grandes mestres da criatividade, Edward de Bono.

5.

Master in Design, Creativity and Technology do Eram Crossmedia College de Girona em colaboração com a Universidade de Northampton e a Universidade de Girona - curso com forte ligação a projetos empresariais, instituições e centros de investigação.

Criatividade é a capacidade de um sistema vivo gerar ideias novas e transformá-las em conhecimento, produtos ou serviços originais e mais adequados ao âmbito dos seus contextos materiais, sociais, institucionais, simbólicos, económicos, etc. É a capacidade do sistema de incentivar e contribuir para a emergência de novas realidades materiais e imateriais. Quando digo ‘sistema’, refiro-me a uma pessoa, um grupo de pessoas, uma empresa ou até uma cidade ou Katja Tschimmel, mestre em um país.” Criatividade Aplicada pela Universidade de Santiago de Compostela e fundadora da empresa NA´MENTE

FERRAMENTA DE AUTOAPRENDIZAGEM Katja Tschimmel lançou, em 2011, o manual “Processos Criativos – A emergência de ideias na perspetiva sistémica da criatividade”, uma ferramenta de autoaprendizagem, útil para os empresários interessados em conhecer e aplicar o pensamento criativo na sua atividade profissional. Após a introdução teórica ao fenómeno da criatividade, a autora parte para um conjunto de propostas de ação. Na inovadora abordagem ao fenómeno criativo, Katja Tschimmel estrutura um alargado leque de temáticas através do acrónimo M.O.T.I.V.A.C.A.O: Motivação intrínseca; Objetivos alcançáveis; Tolerância à ambiguidade, às contradições e ao erro; Inteligências implicadas; Vontade de resolver um problema; Atenção disponível para trabalhar num projeto; Conhecimento; Ativação da perceção com todos os sentidos; Operações e habilidades do processo cognitivo.

iativas

Tendências Cr

ing da 1. Design Think as e técnicas c i m â n i d s a s mpre Aplicar nas e e Design metodologia d on stry Innovati u d n I s s ro C . conhecimento 2 a z ru c e u q o ã ovaç Método de in entre setores s idade s sustentávei e õ ç a 3. Sustentabil p u c o re p tada por Inovação pau Fevereiro 2015 WE’BIZ 39


weLEARNING › FORMAÇÃO

Novo Plano de Formação Contínua ANJE

GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS PESSOAIS EM EVIDÊNCIA NO INÍCIO DE 2015 NOVO CALENDÁRIO INCLUI MAIS DE DEZ NOVIDADES ENTRE AS FORMAÇÕES PROMOVIDAS A ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários lançou um renovado conjunto de ofertas formativas para o primeiro quadrimestre de 2015, adequado às necessidades e exigências dos diferentes públicos empresariais. A área temática da Gestão de Pessoas e Competências Pessoais destaca-se no conjunto de ações promovido pela associação com vista à melhoria dos processos de comunicação, divulgação, internacionalização e gestão do tecido empresarial português. Mas feitas as contas são sete as áreas formativas envolvidas, cinco as regiões abrangidas e 10 as estreias absolutas no calendário FOCO – Formação e Competências ANJE. “Liderança Eficaz de Equipas”, “Como lançar novos produtos e serviços?”, “Google Adwords”, “Como elaborar um plano de negócios?”, “Fiscalidade na Empresa”, “Como elaborar um plano de Marketing de sucesso?” e “Gestão financeira para não financeiros” são alguns dos cursos agendados para os primeiros meses do ano. Entre os cinco núcleos regionais, a ANJE apresenta aos diferentes públicos empresariais uma oferta diversificada e multidisciplinar, sendo que a dezena de cursos inéditos é complementada por novas edições de iniciativas que são já um sucesso na agenda da associação, com várias edições cumpridas. 40 WE’BIZ Fevereiro 2015

Do “Business Model Canvas” ao “Marketing Low Cost” No Algarve, destaque para as estreias dos cursos sobre a “Gestão de Conflitos” e o “Método de Reforço Positivo - Comunicação com base em PNL e Inteligência Emocional”. No núcleo do Alentejo, a associação renova o leque de ofertas formativas com a aposta nas ofertas “Inglês Profissional Elementar” e “Marketing pessoal e empreendedorismo: trabalha o sucesso que há em ti”. Os modelos de negócio e as redes sociais são duas componentes com novidades na agenda formativa de Lisboa, através da introdução dos cursos de “Business Model Canvas” e “Google +”. Já o núcleo do Centro foca atenções nas vendas, apresentando três novidades dedicadas a este âmbito temático: “Apresentação de vendas eficazes”, “Vendas Sólidas” e “Negociação e Fecho de vendas”. No Norte, o centro de formação empresarial do Porto acolhe um conjunto de estreias que inclui os cursos de “Marketing Low Cost”, “Personal Brand”, “Media Training” e “Gestão Eficaz de Clientes”. A este plano de formação contínua, que envolve empresários, gestores, mas também reforço da qualificação de colaboradores das empresas, a ANJE junta um programa de formação avançada de dirigentes e altos quadros. O calendário de formação avançada possibilita à ANJE deter uma resposta formativa completa, perfeitamente adaptável às diversas necessidades das empresas. A ambição de integrar no seu plano formativo todos os públicos do contexto empresarial justifica uma oferta que culmina com o ensino pós-graduado, qualificação empresarial de nível superior, cuja frequência e aproveitamento possibilitam o reconhecimento do sistema europeu de créditos curriculares.


FORMAÇÃO ‹ weLEARNING

CAMPANHA: FORMANDOS DE 2014 TÊM 25% DE DESCONTO EM 2015 Os resultados da área FOCO em 2014 são agora traduzidos numa vantagem oferecida pela ANJE a todas as pessoas que participaram em ações de formação, no decorrer do ano 2014. Trata-se de um desconto de 25% num curso à escolha do Plano de Formação de 2015 (promoção extensível às pósgraduações, que exclui apenas o TIL – Treino Intensivo de Liderança e a Formação Avançada em Coaching).

Calendário Norte: › Como lançar novos produtos e serviços? Data: 23 de fevereiro a 2 de março › Gestão Financeira para gestores e “não financeiros” Data: 24 de fevereiro a 10 de março › Plano de Marketing - Novas tendências Data: 3 a 17 de março

Centro: › Excel para Financeiros Data: 23 de fevereiro a 24 fevereiro › Gestão Financeira para gestores e “não financeiros” Data: 3 a 5 de março › LinkedIn - 7 passos para ter sucesso Data: 4 de março

Alentejo: › Marketing pessoal e empreendedorismo: trabalha o sucesso que há em ti Data: 21 de fevereiro › CV criativo e original: surpreenda e seja surpreendido Data: 28 de fevereiro › Como elaborar um plano de negócios? Data: 3 de março

Algarve: › Coaching para empreendedores – Princípios para uma transformação positiva Data: 21 fevereiro de 15 › Liderança Eficaz de Equipas Data: 3 a 12 de março › ”Design Thinking - Business Creative Sessions” Data: 12 a 13 de março

Lisboa: › O Essencial das Redes Sociais para Empresas Data: 23 de fevereiro › Fiscalidade na empresa Data: 25 de fevereiro › Marca Pessoal Data: 3 a 10 de março

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weCREATE › ECONOMIA CRIATIVA

Casa do Conto

histórias de um negócio criativo Cada quarto da Casa do Conto Arts & Residence tem uma história para contar. Literalmente, tal como podemos constatar pelas inscrições presentes no teto da suite aqui retratada. Inserido na dinâmica das indústrias criativas que fervilha na baixa da invicta, este design hotel aposta na combinação entre a estadia na cidade do Porto (Rua da Boavista, na zona de Cedofeita) e a promoção das artes e dos criadores. Por isso, o espaço elegante e seletivo desta casa burguesa do século XIX funciona também como uma verdadeira janela para a oferta cultural da cidade. Trata-se, aliás, de um espaço privilegiado para acolher artistas que pretendem criar, expor ou refletir sobre a cidade que visitam. Daí as parcerias com criadores, grupos artísticos e instituições culturais da região, não só para receber os profissionais que a convite das mesmas passam pelo Porto, mas também para dinamizar uma programação regular de eventos. Da literatura à música, passando pela pintura, fotografia ou escultura, a Casa do Conto é multidisciplinar e multicultural. Para a revista “Wallpaper”, a Casa do Conto é uma das 20 razões para visitar Portugal. Talvez por isso, apenas 10% dos seus hóspedes sejam portugueses.

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TECNOLOGIA E INOVAÇÃO ‹ weTECH PROPRIEDADE INTELECTUAL

COMO PROTEGER A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA? Tecnologia e conhecimento caminham lado a lado e constituem eficazes instrumentos de promoção do desenvolvimento económico. Partindo do conceito de inovação e da importância das invenções, ousamos a descodificação das suas principais modalidades de proteção: marcas, patentes e modelos de utilidade ou desenhos industriais. A Propriedade Intelectual é uma área cada vez mais prioritária para as empresas. Em causa não estão apenas os direitos de autor, a proteção de obras literárias e artísticas, os direitos relativos a descobertas científicas e os direitos conexos que a lei atribui a quem exterioriza e torna públicas obras (de acordo com a própria definição da Sociedade Portuguesa de Autores). A Propriedade Intelectual também abarca os direitos de Propriedade Industrial, que incidem sobre marcas, patentes, desenhos ou modelos de utilidade. Por isso, numa altura em que o conhecimento, a criatividade e a capacidade de inovar abrem portas à internacionalização das empresas e fomentam a competitividade das mesmas, o tema que aqui abordamos merece cada vez mais a atenção dos empreendedores. Greenhalgh e Rogers, no livro “Innovation, Intellectual Property and Economic Growth” (Princeton, 2010), defendem que o sucesso de uma empresa é reflexo dos inputs gerados, ao nível da aquisição de conhecimentos, da qualificação e especialização dos seus recursos humanos, bem como do tipo de equipamento utilizado. Por outro lado, alertam ainda estes especialistas, os processos de inovação culminam com os outputs gerados no mercado, tendo em consideração a produtividade gerada e a diferenciação. Considerando como principais players as empresas, os empreendedores e as universidades, a inovação passa por vários estádios, que vão desde o desenvolvimento de novos produtos e serviços, à criação de novos modelos de negócios e processos. Inovar consiste em criar valor relevante para o mercado, descobrindo novas ideias, recorrendo à investigação e a um conjunto de informações e especificações técnicas, bem como ao desenvolvimento de protótipos e à consequente adaptação e melhoramento, para posterior comercialização e disseminação no mercado. Neste contexto, a incorporação tecnológica nos setores tradicionais e o desenvolvimento de novos produtos e serviços na área das tecnologias de informação e comunicação têm vindo a assumir um papel preponderante, introduzindo inovações responsáveis por uma parte substancial do crescimento e da produtividade dos países. Porém, a natureza destas novas soluções, muitas delas pouco tangíveis, acarreta também acrescidas preocupações ao nível da Propriedade Industrial.

Na verdade, a Propriedade Industrial surge como garante da lealdade num regime em que a concorrência é uma constante no mundo empresarial. Tratando-se de uma área de atuação livre, o recurso à mesma constitui a única forma de oposição a terceiros que abusivamente façam uso, por exemplo, de uma marca pertencente a outrem. E tanto assim é que entre nós o direito sobre uma marca tem uma natureza constitutiva, na medida em que a propriedade e exclusividade de uma marca dependem de registo, não sendo suficiente o simples uso da mesma no mercado. As marcas desempenham um papel fundamental em toda a atividade de um negócio, independente do seu enquadramento setorial. Mas quando nos centramos na inovação tecnológica a complexidade em matéria de proteção torna-se mais acentuada, embora as modalidades existentes se resumam a patentes e modelos de utilidade ou desenhos industriais. As patentes traduzem-se no direito que o seu titular tem de explorar exclusivamente o seu invento. Constituem uma nova solução para um problema técnico existente, envolvendo uma atividade inventiva e devendo ter uma aplicação industrial. Quaisquer invenções em todos os domínios da tecnologia - quer se trate de produtos ou processos ou ainda de processos novos de obtenção de produtos, substâncias ou composições já conhecidos - são suscetíveis de ser patenteadas. Os Modelos de Utilidade são outra via de proteção de uma invenção, mas com um processo administrativo mais simplificado e mais célere do que no caso das patentes. No entanto, nesta modalidade, excluem-se as invenções que incidam sobre matéria biológica, substâncias ou processos químicos ou farmacêuticos. Quando se desenvolve um design inovador para determinado produto e se pretende obter um exclusivo sobre o mesmo, o recurso ao desenho ou modelo é a opção adequada de proteção. De acordo com o INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial, através deles é possível proteger as características de um produto, como linhas, contornos, cores, forma, textura ou até materiais do próprio produto e da sua ornamentação.

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weTECH › TECNOLOGIA E INOVAÇÃO Custos de Manutenção

ENTIDADES DE REFERÊNCIA

Anuidades crescentes ao longo dos 20 anos de validade do direito. Os preços vão dos 50 euros, no 5º ano, aos cerca de 700 euros, no 20º.

Instituto Nacional da Propriedade Industrial http://www.inpi.pt

Custos de Proteção Internacional

WIPO - World Intellectual Property Organization www.wipo.int/classifications; Portal transatlântico sobre direitos de propriedade intelectual http://ec.europa.eu/enterprise/initiatives/ipr/index_ pt.htm Inspecção Geral das Actividades Culturais www.igac.pt/ SPA – Sociedade Portuguesa de Autores http://www.spautores.pt

CUSTOS Há dois tipos de custos a considerar: por um lado, as taxas oficiais e, por outro, os honorários dos especialistas em Propriedade Intelectual, como Agentes Oficiais da Propriedade Industrial. Aqui ficam os principais investimentos inerentes aos direitos de Propriedade Industrial com base na Tabela de Taxas INPI 2014/2015: Taxas Oficiais de Marcas Pedido com 1ª classe online – € 123,67 Por cada classe adicional online – € 31,35 Pedido com 1ª classe em Papel – € 247,34 Por cada classe adicional em papel- € 62,70 Taxas Oficiais de Patentes Pedido Provisório online: €10,45 Pedido Provisório em papel: €20,90 Pedido de Patente Nacional online: €104,50 Pedido de Patente Nacional em papel: €209,00 Honorários: de 1000 a 5000 euros (valor variável em função da complexidade do pedido) Taxas Oficiais de Modelo de Utilidade Pedido online - €104,50 Pedido em papel - €209,00 Taxas Oficiais de Desenho ou Modelo Pedido de desenho ou modelo nacional online Até 5 produtos: €104,50 Por produto adicional: €10,48 Pedido de desenho ou modelo nacional em papel: Até 5 produtos: €209,00 Por produto adicional: €20,90 Honorários: a partir de 400 euros 44 WE’BIZ Fevereiro 2015

Preços proporcionais ao número de países. No caso de uma proteção válida por 10 anos, por exemplo, podem atingir os 1000 euros, por ano, por país.

PROTEÇÃO DO INVESTIMENTO EM INOVAÇÃO A Propriedade Intelectual deve ser encarada com um instrumento de proteção do investimento em inovação. “O gozo de lucros, suficientes para compensar o investimento, tem maior probabilidade de não se verificar, se o produto não estiver protegido por um ou mais direitos de propriedade intelectual”, refere o Guia do Empresário sobre Propriedade Intelectual lançado pelo Centro Tecnológico do Calçado de Portugal. “Quanto mais ‘blindado’ estiver um produto, do ponto de vista dos direitos que o protegem, mais difícil será para os concorrentes captarem o valor por eles gerado para a empresa”, acrescenta a mesma publicação.


EMPREENDEDORISMO SOCIAL ‹ weSOCIAL

Despertar paixões e capacitar fazedores Carolina Almeida Cruz criou um negócio social depois de um período de imersão no Nepal e na India.

Os conceitos de “awakening”, consciencialização incitando à ação, e “empowerment”, capacitação social e económica do indivíduo, constituem os dois eixos de atuação do projeto de empreendedorismo social liderado por Carolina Almeida Cruz. A ideia surgiu depois de uma incursão e imersão em si mesma no Nepal e na Índia, onde Carolina trabalhou com comunidades marginalizadas pela sociedade e ganhou a alcunha de “sapana”, termo nepalês para designar sonho. E o sonho de origens longínquas deu nome e forma a uma empresa de vocação global, em que “o lucro se baseia nos resultados”, não os que ditam a sustentabilidade financeira, mas sim os que são registados por indivíduos, organizações, comunidades e sociedades. Ainda assim, a empreendedora social, que em 2012 encontrou na mãe, Mafalda Mendes de Almeida, e nos cofundadores do projeto, Miguel Jerónimo e Patrícia Assis, o suporte necessário para arrancar com o projeto, confessa que faz questão de assumir a SAPANA.org como uma empresa. “Gosto de nos chamar empresa de missão, ou pelo menos incorporar as melhores práticas empresariais na SAPANA.org”, afirma. A diferença, diz, é que esta empresa “nasce com missão e só depois com as práticas de

sustentabilidade e organizacionais”. Quanto à ação concreta da SAPANA. org no campo do empreendedorismo social, Carolina Almeida Cruz destaca o desenvolvimento e partilha de “metodologias e ferramentas que possibilitem aos participantes a maximização do seu capital social como base para um consequente crescimento e desenvolvimento sustentável em termos sociais e económicos”. “Por exemplo, na Índia a componente aproveitamento de recursos naturais e ambientalmente sustentáveis está fortemente presente como condição obrigatória para a melhoria geral da qualidade de vida das pessoas – tomando forma numa espécie de Eco-Hamlet (Hostel Ecológico e de Turismo de Missão). Este projeto pretende tornar-se um modelo de intervenção comunitária, onde a capacitação da comunidade permite à nossa equipa e à própria um desenvolvimento pessoal e de partilha de boas práticas entre o ocidente e o oriente. Por outro lado, no TLT – Talentos em Livre Trânsito Portugal, promovemos o crescimento e autoconhecimento individual das competências dos participantes como aposta numa procura de emprego mais vocacionada e eficaz e também como rampa de lançamento para a

Sapana.org é uma empresa focada em resultados sociais, mas com uma vocação global tão ou mais voraz do que a mais inovadora das startups tecnológicas.

criação de emprego e de iniciativas conjuntas”, complementa. Enquanto através de ações como o TLT a SAPANA.org vai somando conquistas no mercado nacional, projetos como o ECO-HAMLET, que está a dar os primeiros passos na Índia, dão provas do potencial global inerente à empresa de Carolina Almeida Cruz. “Uma vez que o projeto SAPANA. org encontra grande parte das suas raízes na realidade indiana, fazia todo o sentido começar a desenvolver a vertente internacional no país que originou o sonho. Assim sendo, o projeto ECO-HAMLET é a expressão da necessidade de agir junto de pessoas e comunidades extremamente carenciadas a nível de recursos físicos e de infraestruturas, ou seja, tal como o nome do projeto indica, pessoas que estão privadas do básico da dignidade humana”, conta a empreendedora. O modelo do ECO-HAMLET aposta nas soluções de baixo-custo e amigas do ambiente para “fomentar o empreendedorismo local de pequenos negócios essenciais ao desenvolvimento comunitário” e também à “sustentabilidade social e financeira das famílias e da comunidade”. Uma fórmula que Carolina Almeida Cruz confessa ver, facilmente, replicada em outras > Fevereiro 2015 WE’BIZ 45


weSOCIAL › EMPREENDEDORISMO SOCIAL realidades: “a grande vantagem com que contamos a nível de projetos e de metodologias é precisamente a facilidade de adaptação dos mesmos a diferentes públicos-alvo e respetivas necessidades, uma vez que a premissa de base é sempre a reestruturação e capacitação, avaliando o cerne da questão”. A missão de maximizar as capacidades dos seus públicos para que vivam com dignidade e atuem com paixão é já concretizada por uma equipa de pessoas que incorporam tal missão como se tivesse sido criada por elas. “E foi”, ressalva Carolina. Por outro lado, a tudo isto cumpre somar a dimensão que apelidam de “awakening”: os membros da SAPANA.org apostam na sensibilização, na consciencialização e na dinamização social, no sentido de despertar atenções para realidades sociais emergentes. Quanto ao futuro, Carolina Almeida Cruz começa por destacar que já está na 22ª edição do programa TLT – Talentos em Livre Trânsito, “que já chegou a vários pontos de Portugal desde Faro a Seia”. “Se tudo correr bem, irá chegar a muitos mais”, completa. A empresária deposita também confiança no “crescimento do Breaking Bars, um programa de reabilitação social dos reclusos, feito através de diversos workshops e temáticas, que irá ser alargado a diversos estabelecimentos prisionais no país”.

› Em 2009 trabalhou na OIT, no âmbito de tráfico humano da América Latina, no escritório em Lisboa.

A empreendedora dá ainda conta de que os projetos existentes estão a ser repensados e aprimorados. Mas Carolina Almeida Cruz termina esclarecendo que apesar de “aparentemente ter muitos projetos, o que realmente a SAPANA.org tem é duas metodologias principais, que se adaptam ao público-alvo em questão”.

› Em 2012 fundou a SAPANA.org, da qual é CEO e à qual se dedica a full-time.

Empresária desde os 13 “Aos 13 anos pedi ajuda à minha avó Mimi para abrir a minha primeira ‘empresa’, onde comecei a trabalhar e nunca mais parei” afirma Carolina Cruz assim que lhe pedimos um resumo do seu percurso. 46 WE’BIZ Fevereiro 2015

Da América Latina ao Tibete

› Em 2010 colaborou numa das organizações de maior referência na Índia, o AIILSG, e trabalhou no Nepal, com a casta Dhalit e diversas pessoas privadas de necessidades básicas. Esteve ainda no Tibete, onde fez uma jornada caminhante pelo Mount Kailash.

› Atualmente, faz ainda parte do HUB de Global Shapers de Lisboa, organização pertencente ao World Economic Forum e é uma Changemaker da organização mundial ASHOKA.

› No ano de 2014 foi a Liverpool ao World Merit Day e esteve ao lado de pessoas como Ken Robinson e Malala.

Harvard e Universidade das Nações Unidas À formação em Psicologia, efetuada em Portugal, Carolina Cruz soma os cursos de “Executive Education: Entrepreneurship, Change and Social Innovation” e de “Financials and Stewardship for Nonprofit Organizations”, efetuados em formato e-learning na Universidade das Nações Unidas (UNPeace) e em Harvard, respetivamente.

› Foi uma das 50 jovens, e única portuguesa, YOUNG Challenger na Conferência GSBS - Global Social Business Summit, organizada pelo fundação do prémio Nobel da Paz Muhammad Yunus, na Cidade do México; › Fundou duas empresas, ambas de caráter social e com a missão de proporcionar ao mundo empresarial e ao público as melhores práticas do terceiro sector; › Pretende tornar-se o seu maior mecenas , ou seja, pretende que a SAPANA.org seja uma organização sustentada pelo seu trabalho e dos seus sócios/parceiros, para além dos seus investidores e simpatizantes;

Viagens e meditação Faz meditação desde 14 anos e diz ter viajado “vezes suficientes para distinguir o turista de um viajante”.


ATUALIDADE ‹ weNOW

weNOW PME E STARTUPS RECLAMAM MUDANÇAS PARA 2015 Empresários reclamam menos burocracia e carga fiscal, defendendo mais incentivos para a criação de empresas e maior flexibilidade no regime de despedimento Com o arranque de um novo ano, os empresários não hesitam em delinear resoluções para os respetivos negócios. O jornal Expresso, a Caixa Geral de Depósitos e a Informa D&B foram perceber as necessidades dos agentes empresariais para 2015 e reuniram os testemunhos de 93 mil pequenas e médias empresas na sondagem “O que as empresas querem”. Os resultados apresentam linhas orientadoras em diferentes temáticas e demonstram a vontade dos empresários em reduzir o volume de impostos, aumentar os programas de incentivo, manter o nível dos preços, flexibilizar o despedimento e estabelecer um pacto de regime, que permita definir as políticas empresariais num prazo a 10 anos. O processo de gestão diária das organizações envolve a consideração de diferentes variáveis com influência direta nos resultados obtidos no mercado. Por isso, a sondagem “O que as empresas querem” abordou cinco temas: fiscalidade, política de preços e contratação, relação laboral, investimento/financiamento e cooperação e burocracia. Em matéria de impostos, 56% dos 93 mil empresários inquiridos defendem a necessidade de reduzir a carga fiscal, com alterações prioritárias no IVA (47%) e no IRC (41%). No entanto, as alterações recentes no regime de IRC não manifestaram influência relevante nos resultados das organizações, já que 46% do universo de participantes defende que as medidas “não ajudaram nada” e 32% refere que “ajudaram pouco” na performance dentro do mercado. No momento de selecionar deduções ou benefícios fiscais com impacto na atividade real, os agentes empresariais revelam preferência pelos

benefícios fiscais ao investimento (47%), à criação de postos de trabalho (29%) e à internacionalização (15%). As previsões de crescimento anunciadas pelo Banco de Portugal (aumento de 1,5% do nível de consumo privado em 2015) não convenceram os agentes empresariais e mais de metade dos inquiridos confirma a intenção de manter o nível de preços (65%). Na política de contratação, 39% das PME que se encontram a explorar novos mercados dá primazia ao recrutamento local e 16% recorre à deslocação temporária de mão-de-obra. Já em matéria de exportação, um grupo de agentes empresariais (36%) considera que o Estado “ajuda, mas não é decisivo” no processo de internacionalização de novas entidades, enquanto outro núcleo de empresários (27%) defende que o executivo “não apoia, nem facilita” a expansão de negócios. Na relação laboral, 43% dos empresários refere a necessidade de facilitar o processo de despedimento, enquanto 25% defende a adaptação de novos horários. A maior flexibilização de horários é ainda apontada por 50% dos inquiridos como a melhor solução para garantir o aumento de produtividade nas PME. Na relação investimento/ financiamento, a sondagem revela que a intenção de efetuar um investimento relevante nos próximos dois anos é extensível a 32% dos gestores, mas mais de metade dos inquiridos (54%) rejeitou esta possibilidade. Na origem desta recusa e da quebra do nível de investimento dos últimos anos estão, na opinião dos empresários, os elevados custos de financiamento (35%) e a ausência de capital para investir (21%). Questionados sobre as opções de financiamento à disposição das startups, os inquiridos identificaram a Banca (41%) e o Estado (36%) como as melhores soluções para viabilização de negócios. Acresce que 49% dos empresários classificam como “fundamental/ importante” o lançamento de novos incentivos à criação de empresas. Em matéria de burocracia e cooperação, 44% dos empresários responderam afirmativamente à questão “Os procedimentos legais,

estatutários e fiscais, bem como o tempo gasto, constituem um obstáculo relevante para a criação de empresas?”. Sobre a necessidade de estabelecer políticas empresariais duradouras, 70% dos 93 mil empresários pede a formulação de um pacto de regime para a estabilização das políticas empresariais a 10 anos. Sobre a sondagem A sondagem “O que as empresas querem” recolheu testemunhos de 93 mil empresas do setor privado e de diferentes setores de atividade (à exceção dos Seguros e da Banca). Entre o núcleo de empresas, 36 mil são PME e 57 mil foram criadas nos últimos três anos. O questionário era composto por questões fechadas.

“GENERATION AWAKE” QUER ALTERAR OS HÁBITOS DE CONSUMO NACIONAIS Reciclar, reutilizar e renovar são ações prioritárias da campanha europeia para o aproveitamento sustentável de recursos “Generation Awake” é o nome da campanha europeia que a Comissão está a levar a cabo no velho continente para reduzir os impactos ambientais e assegurar a utilização racional e eficiente dos recursos limitados. Com especial incidência no meio digital, a iniciativa entra agora na última fase em Portugal e, apesar dos resultados positivos obtidos em diferentes indicadores, pretende introduzir a Economia Circular para continuar a criar mais valor com menos recursos. Após três anos e seis meses de implementação no terreno, a “Generation Awake” colocou Portugal no bom caminho e os cidadãos nacionais já geram um menor volume de desperdício per capita do que a média europeia. A contrapor a evolução favorável destes números estão as percentagens de reciclagem e reutilização abaixo da média do continente europeu e a taxa de incineração demasiado elevada. De acordo com a Comissão Europeia, a solução é adiar o fim dos recursos até ao limite, recorrendo à reciclagem, reutilização, renovação, modificação e reparação dos recursos. Fevereiro 2015 WE’BIZ 47


weNOW › ATUALIDADE

48 WE’BIZ Fevereiro 2015

800

200%

600

150%

400

100%

50%

Atuais

A Contratar

Tx. Cresc. (%)

Comercial

67

Gestor Projeto

70

Técnico Helpdesk

0

38

200 168

No que concerne às atividades identificadas como mais relevantes pelas empresas, é de sublinhar, relativamente aos programadores, desenvolvimento de aplicações móveis (73,7%) e a integração de plataformas (71,1%). Já em matéria de competências técnicas dos programadores dá-se especial destaque para o sis¬tema operativo Android, a par do SQL, assinalados por 60,5% das empresas,

INFORMÁTICOS: ATUAIS/A CONTRATAR

Técnico HW/SW

das empresas que possuem programadores e 51% destacam estes recursos nas intenções de contratação

A segunda parte do estudo da ANETIE propõe sete cursos de reconversão, que têm por base os profissionais mais necessários na área das TIC. Para cada curso, é identificado o tipo de profissão de origem, fundamentado nas possibilidades efetivas de reconversão e nos dados estatísticos do desemprego. Os professores de diferentes níveis de ensino, os psicólogos e os engenheiros civis foram os destacados, tendo em conta estes dois critérios.

A taxa de crescimento de vagas para profissionais de TI será mais acentuada nas pequenas empresas

49

É a percentagem

Mais do que uma radiografia setorial, na ótica de necessidades de recursos humanos, o estudo da ANETIE disponibiliza planos de formação com vista à reconversão de desempregados licenciados e de outras áreas de formação de menor empregabilidade. Na verdade, o projeto divide-se em duas partes fundamentais, claramente identificadas e estruturadas: um levantamento das necessidades de mão-de-obra especializada e uma definição de um conjunto de ações de formação que possibilitem a referida reconversão de desempregados para as profissões identificadas como mais deficitárias nas empresas.

“Este estudo surge da consciência da ANETIE daquela que é a realidade do mercado laboral português, por um lado, e daquele que é o potencial de crescimento das TIC, por outro. Na verdade, estas duas faces da mesma moeda convergem num mesmo sentido: quanto ao primeiro, com a manutenção dos níveis de desemprego atuais, constatamos que há uma oferta crescente de recursos disponíveis, que urge

211

78%

SETE CURSOS COM VISTA AO MATCH ENTRE A OFERTA E A PROCURA

DA RECONVERSÃO DE DESEMPREGADOS À INJEÇÃO DE COMPETITIVIDADE

Consultor SI/TI

Cerca de 78% das 49 empresas de TI inquiridas possui programadores, sendo que 51% delas destacam estes recursos na hora de especificar quem pretendem contratar. Aos programadores seguemse, entre as profissões com maior procura, os consultores de SI/TI, igualmente destacados nos objetivos de contratação dos empregadores tecnológicos. A shortlist inclui ainda a função de técnico de hardware/ software, técnico de helpdesk, gestor de projeto e comercial. Estas seis profissões representam mais de 86% do número de profissionais informáticos a contratar.

Este estudo contou com a colaboração da Univer¬sidade Portucalense. Entre as 49 empresas tecnológicas que fizeram parte da amostra verificouse que a maioria tem sede no distrito do Porto, seguindo-se o distrito de Lisboa. Relativamente ao número de empregados, 69,4% das empresas têm, no máximo, 50 empregados e apenas 12,4% acima de 100.

226

As contratações na área de tecnologias de informação (TI) vão aumentar 30% nos próximos três anos, com uma média de 10% ao ano. A conclusão é do estudo “Necessidade Específicas de RH para o Setor TI – Reconversão de Desempregados”, levado a cabo pela ANETIE - Associação Nacional das Empresas das Tecnologias de Informação e Eletrónica. A análise às oportunidades, numa ótica de apoio ao emprego e à qualificação dos profissionais e das empresas, resultou na definição das seis profissões mais procuradas, com os programadores a liderarem as intenções de contratação e as pequenas empresas a assumirem um papel de destaque no recrutamento.

qualificar à medida das necessidades das empresas; já no que ao segundo diz respeito, verificamos que uma das restrições que se têm imposto ao crescimento do setor das TIC é a escassez persistente de profissionais com um perfil de competências correspondente ao dos postos de trabal¬ho disponíveis”, afirma Vítor Rodrigues, presidente da ANETIE.

754

Os programadores lideram a shortlist de profissionais com mais oportunidades

Programador

CONTRATAÇÕES DE TI VÃO AUMENTAR 10% AO ANO NOS PRÓXIMOS TRÊS ANOS

seguidos das linguagens Java, HTML/ CSS, Java script e .net. Os consultores de SI/TI são valorizados pela generalidade das suas atividades, visto que todas elas são muito assinaladas, embora se destaque, com 93,3%, a avaliação e recomendação de soluções tecnológicas. A competência técnica mais valorizada é CRM e a menos valorizada SCM.

0% por Profissão


ATUALIDADE ‹ weNOW

TURISMO VAI CRIAR 160 MIL OPORTUNIDADES DE EMPREGO EM SOLO PORTUGUÊS O Turismo na Europa está em crescendo e Portugal vai acompanhar a tendência. As previsões do Consórcio Maior Empregabilidade apontam para um crescimento de 20% no nível de emprego do setor turístico do velho continente, nos próximos 10 anos. Em solo nacional, a atividade turística vai criar 160 mil oportunidades de emprego e a Hays, consultora especialista em recrutamento, afirma que oito em cada dez empresas de Turismo e Lazer estarão a contratar já em 2015. O crescimento sustentado da oferta turística de Lisboa e Porto, comprovado pelas distinções

internacionais conquistadas no passado recente, já apresenta efeitos no mercado laboral do setor e chega a diferentes ramos profissionais. Marketing e Vendas são as áreas que apresentam maior carência de profissionais qualificados nas organizações de Turismo e Lazer, sendo que à necessidade acresce o desejo de contratar. De acordo com um estudo elaborado pela consultora Hays, cerca de 80% das empresas em atividade nos dois setores estão interessadas em contratar novos colaboradores já este ano. Nesta combinação de vontades, a falta de profissionais qualificados surge como a principal preocupação, uma vez que o número de estudantes e recém-licenciados com o perfil adequado não permite satisfazer a procura do mercado. A necessidade de contratar está patente na hotelaria, mas também em ginásios e centros de SPA. Nesse

Fonte: estudo da consultora Hays

O EMPREGO NO SETOR DO TURISMO EM PORTUGAL

+ 160 mil novas oportunidades de emprego | 80% empresas pretende contratar em 2015 54% destas oportunidades vão exigir qualificações médias e superiores

Berlim, Paris, Londres, Nova Iorque e Xangai acolhem roteiro internacional de moda portuguesa Entre janeiro e abril, nove criadores e duas marcas percorrem oito salões setoriais de referência global A ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários leva a cabo, entre os meses de janeiro e abril, um novo roteiro internacional dedicado ao empreendedorismo no setor da moda, ao abrigo do projeto Estratégia para o Mercado Global. Em quatro meses, uma campanha transcontinental de cariz comercial envolve nove criadores e duas marcas, levando as propostas de moda portuguesas a cinco cidades e oito salões setoriais. O pontapé de saída acaba de ser dado em Berlim, nos certames Seek e Show&Order e (19 a 21 de janeiro), sendo que o

encerramento do quadrimestre tem lugar a 15 de abril, no Alter Showroom, em Xangai. Pelo meio, este tour de force passa por Paris (três certames em dois períodos distintos), Londres e Nova Iorque. Luis Buchinho, Diogo Miranda, Katty Xiomara, Susana Bettencourt, Daniela Barros, Hugo Costa, Mafalda Fonseca, Carla Pontes, João Melo Costa e as marcas TM Collection e Klar são os protagonistas do périplo da ANJE. “Para a ANJE, o projeto Estratégia para o Mercado Global vem reforçar e complementar o esforço concertado do Portugal Fashion e da Plataforma Bloom, cuja influência na performance da fileira moda tem sido determinante. Através da ação articulada destes programas, a ANJE esforça-se por injetar novos talentos na moda portuguesa e promover a internacionalização dos designers nacionais, assegurando assim a dinamização do setor”, afirma o presidente da associação, João Rafael Koehler, enquadrando o roteiro nos propósitos da instituição que lidera.

pressuposto, a Hays receia que as instituições de ensino não estejam a formar profissionais suficientes para satisfazer as necessidades geradas pelo crescimento do setor. Ainda em matéria de formação, o estudo refere que 70% dos empregadores de Turismo e Lazer acreditam que as instituições de ensino portuguesas não preparam os profissionais para o mercado de trabalho. Para contrariar esta tendência, a consultora propõe o estabelecimento de sinergias entre os universos profissional e académico. Entre o conjunto de funções com maior procura nas empresas de Turismo e Lazer incluem-se: profissionais especializados em Marketing Digital, Revenue Management, Yield Management, Custom Relationship Management (CRM), ‘chefs’, ‘sommmeliers’ e empregados de receção ou quartos (com níveis de competência e formação elevados). A empregar os profissionais referidos estarão sobretudo hotéis de Lisboa e Porto, centros de SPA e ginásios. De acordo com o estudo, as entidades empregadoras serão, maioritariamente, de média ou grande dimensão e as empresas mais pequenas e familiares terão de encontrar soluções internas para responder às exigências dos consumidores.

Todo este esforço é, ainda de acordo com o mesmo responsável, “sustentado por um apoio e um acompanhamento profissional, no sentido de levar os designers a planear os seus projetos e marcas numa ótica de negócio”. “A moda é isso mesmo, um negócio, e as novas gerações têm de ser acompanhadas nessa perspetiva, por isso, pretendemos apoiá-los no desenvolvimento de planos de negócio, assim como na preparação e execução de estratégias internacionalização e comercialização. Ora, num mundo verdadeiramente globalizado, e perante o patamar de notoriedade e visibilidade que já alcançamos com o Portugal Fashion, só um calendário ambicioso e intercontinental como este que ousamos concretizar em 2015 poderá trazer resultados para a moda nacional”, complementa o presidente da ANJE.

Fevereiro 2015 WE’BIZ 49


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ANJE promove negócios de biotecnologia na China e no Japão Projeto apoia empresas na participação em três certames asiáticos de referência global A Biotecnologia será o tema em destaque no conjunto de três ações de internacionalização promovidas pela ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários no continente asiático, no âmbito do GET OUT - Projeto Conjunto de Internacionalização de PME, cofinanciado pelo QREN. Japão (24 e 25 de março e 13 a 15 de maio) e China (23 a 25 de abril) são os destinos das viagens de negócios que focam atenções na formulação de parcerias e na expansão de negócios, por intermédio da participação em feiras e congressos internacionais. Tóquio será o palco da primeira ação de internacionalização levada a cabo pela ANJE em terreno asiático. A associação promove a participação das empresas portuguesas na Bio Asia International, fórum internacional que reúne organizações europeias, asiáticas e norte americanas dos setores farmacêutico e biotecnológico. A iniciativa vai decorrer nos dias 24 e 25 de março, no hotel Grand Hyatt, localizado na capital japonesa. Na edição transata, o certame acolheu mais de 130 empresas e potenciou 800 reuniões entre empresários. A Biotech China, feira internacional dedicada à área da biotecnologia, a decorrer entre os dias 23 e 25 de abril, compõe a proposta de valor para a segunda viagem de negócios. Com periodicidade anual, o certame procura reunir empresários, investidores e distribuidores da indústria biotecnológica numa plataforma de negócios mundial. A encerrar o conjunto de ações de internacionalização promovidas pela ANJE está uma nova viagem ao Japão. O Tokyo International Exhibition Center recebe, entre os dias 13 e 15 de maio, a Biotech Japan, maior feira de exposição asiática dedicada ao setor da biotecnologia. A associação promove a participação das empresas portuguesas no certame para revelar oportunidades de expansão reais no continente asiático e identificar as novas tendências do mercado farmacêutico e biotecnológico. Para garantir a sua participação nestas ações de internacionalização, os jovens empresários apenas necessitam de preencher o formulário disponível no site www.anje.pt. 50 WE’BIZ Fevereiro 2015

Calendário de Internacionalização › Bio Asia International 24 - 25 de março - Tóquio - Hotel Grand Hyatt › Biotech China 23 e 25 de abril - Xangai - Shanghai World Expo Exhibition & Convention Center › Biotech Japan 13 - 15 de maio - Tóquio - Tokyo International Exhibition Center

Banco de Fomento disponibiliza 1,5 mil milhões de euros para as PME Entidade grossista prevê a viabilização das PME com investimentos baseados na rentabilidade e valor real dos projetos A Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD), vulgo Banco de Fomento, arrancou com o propósito de concentrar a parte reembolsável dos fundos estruturais e de investimento num montante total de 1,5 mil milhões de euros, a aproveitar pelos gestores empresariais. A produtividade e a rentabilidade dos projetos serão critérios de decisão para a atribuição de fundos durante o novo quadro comunitário, que prevê assim a concessão de financiamento de acordo com os resultados apresentados. A entrada no novo ano chegou com a ativação definitiva da Instituição Financeira de Desenvolvimento. A entidade entrou em funcionamento e selecionou os fundos reembolsáveis como uma área prioritária de

intervenção. De acordo com o ministro da Economia, António Pires de Lima, a “previsão é de que, através da IFD, venham a ser disponibilizados nos próximos anos 1.500 milhões de euros de fundos reembolsáveis”. O membro do executivo adiantou ainda que esta será uma lógica com aplicação válida durante todo o período do próximo ciclo de incentivos comunitários. O Banco de Fomento introduz, por isso, um novo paradigma na viabilização de projetos empresariais, que anteriormente chegavam ao mercado através de apoios a fundo perdido. Pires de Lima defende que a continuidade do regime de apoios não recuperáveis na gestão do Portugal 2020 serviria para “alimentar seguramente projetos que não teriam um incentivo de produtividade e rentabilidade que têm projetos apoiados em fundos reembolsáveis”. Os resultados são, por isso, o critério que vai orientar a concessão de financiamento durante o novo quadro comunitário. Presente no mercado enquanto uma entidade grossista, a IFD será ainda responsável por encaminhar fundos multilaterais para o crédito bancário. Neste âmbito, a instituição já formalizou e assinou um protocolo com a congénere alemã KFW, que permitirá instrumentalizar 800 milhões de euros para as pequenas e médias empresas, já nos primeiros meses do ano 2015. A esfera de atuação do Banco de Fomento contempla ainda a criação de instrumentos de capitalização a utilizar pelas PME, ação que se traduz na instrumentalização de obrigações convertíveis e preferenciais para facilitar o acesso às empresas. Segundo o ministro da Economia, a atuação da IFD nesta função será igualmente de “vocação grossista, participando conjuntamente na oferta destes instrumentos com entidades privadas de capital de risco”.

MODELO E CRITÉRIOS DE FINANCIAMENTO Antes: Financiamento a fundo perdido

Depois: Financiamento reembolsável

Requisitos: Cumprimento dos critérios de elegibilidade

Requisitos: Cumprimento dos critérios de elegibilidade

+

Apresentação de resultados (produtividade e rentabilidade)


OPINIÃO ‹ weTHINK

OPINIÃO Carlos Melo Brito

Pró-Reitor da Universidade do Porto para a Inovação e Empreendedorismo

U.PORTO: UMA UNIVERSIDADE EMPENHADA NA VALORIZAÇÃO DO CONHECIMENTO No atual contexto económico, a inovação é um fator crítico para a competitividade das empresas. Consciente desta realidade, a Universidade do Porto está fortemente empenhada em contribuir para a adequação do tecido produtivo português à economia do conhecimento. Para isso adota uma orientação estratégica no sentido de transferir conhecimento da universidade para o meio empresarial, quer sob a forma de projetos de empreendedorismo, quer sob a forma de serviços de I&D+i às empresas, quer ainda sob a forma de propriedade intelectual. Deste modo, a universidade cumpre um dos seus grandes desígnios: promover o desenvolvimento socioeconómico do país com base no conhecimento gerado no seu seio. Neste contexto, a Universidade do Porto gizou uma estratégia que abarca todas as etapas da valorização económica do conhecimento, desde a transferência de tecnologia à incubação de empresas, passando pela sensibilização para a inovação, pela formação em empreendedorismo, pelas atividades de I&D+i e pelo apoio no acesso a financiamento. Para tanto, a universidade criou estruturas específicas de apoio às empresas, abriu as portas dos seus centros de investigação a parceiros externos, estabeleceu acordos de cooperação na área da I&D+i e lançou projetos de promoção do empreendedorismo de base tecnológica. No que diz respeito às estruturas de apoio aos empreendedores, são de destacar a U.Porto Inovação, o UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto e o CEdUP – Clube de Empreendedorismo da Universidade do Porto, o mais antigo clube de base universitária existente no país a operar nesta área. A U.Porto Inovação é o gabinete de transferência de conhecimento que dá apoio técnico em processos de registo de patentes e respetiva comercialização, na criação de spin-offs, no acesso a financiamento e na interface com as empresas em geral através, designadamente, das conhecidas sessões A2B – Academia-to-Business. Refira-se a propósito que, até novembro de 2014, a Universidade do Porto tinha 154 patentes ativas e 26 tecnologias licenciadas (21 ativas), muito fruto do trabalho desenvolvido pela U.Porto Inovação ao longo dos seus 10 anos de existência. Estes resultados têm, aliás, sido objeto de reconhecimento público, como o conferido

pela Portugal Ventures ao atribuir-lhe o galardão de Ignition Partner em 2014. O UPTEC inclui um serviço de incubação de startups e de acolhimento de centros de inovação de grandes empresas, estando a sua atividade repartida por quatro polos: Polo Tecnológico, Polo de Biotecnologia, Polo do Mar e Polo das Indústrias Criativas. No final de 2014 o UPTEC acolhia 185 projetos empresariais, representando 1.500 postos de trabalho e um impacto no PIB nacional de cerca de 50 milhões de euros. Por tudo isto, o UPTEC conquistou o Prémio Europeu RegioStars 2013, na categoria “Crescimento Inteligente”, e foi escolhido para ser um dos protagonistas da campanha europeia de informação pública “União Europeia: Trabalhamos por Si” que se iniciou em 2014. A Universidade do Porto está, portanto, a criar condições para a emergência de uma nova geração de empreendedores altamente qualificados – isto é, de empreendedores que dispõem de conhecimento especializado e convertível em valor empresarial. Aliás, não faltam exemplos de docentes, investigadores, estudantes e alumni da universidade que têm demonstrado espírito empreendedor aventurando-se na criação de startups. Estes membros da nossa comunidade académica materializam, deste modo, o conhecimento técnico e científico adquirido na universidade. Por outro lado, a Universidade do Porto tem feito um esforço para aumentar a qualidade e abrangência da oferta de serviços ao tecido produtivo. Temos vindo a trabalhar com empresas no sentido de reforçar a sua competitividade, o que passa pela colaboração em investigação científica aplicada, em atividades de inovação e no desenvolvimento de produtos. Em suma, o sucesso da economia portuguesa dependerá da capacidade de diferenciação dos seus produtos e serviços o que, em larga medida, só será possível se assentar em processos de valorização do conhecimento, muito dele gerado no âmbito do sistema científico e tecnológico nacional. A Universidade do Porto, ciente das responsabilidades que lhe advêm da dimensão e qualidade do seu ensino e investigação, posiciona-se como um agente de mudança não apenas no seio daquele sistema mas genericamente no espaço económico, social e cultural de Portugal e da Europa. Fevereiro 2015 WE’BIZ 51


AGENDA DESTAQUE

weNEXT › AGENDA

Lisbon Summit:

o presente e futuro da economia nacional em discussão alargada Qual é a opção económica mais indicada para que Portugal entre num caminho de prosperidade sustentável já em 2030? Esta é a questão de partida para as reflexões e debates a realizar no Lisbon Summit, no próximo dia 24 de fevereiro. O certame organizado pelo The Economist (publicação internacional de negócios e economia) tem lugar no Hotel Miragem, em Cascais, e prevê as intervenções do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e do vice-primeiro-ministro, Paulo Portas. As linhas orientadoras da política portuguesa no presente e futuro são a temática central da iniciativa que proporciona uma plataforma de reflexão alargada, através da reunião de representantes institucionais com influência nos panoramas financeiro, educativo, académico e empresarial. Além do primeiro-ministro e do vice primeiro-ministro, o painel de atividades integra ainda nomes como Miguel Poiares Maduro, ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, Maria Luís Albuquerque, ministra de Estado e das Finanças, Michel Barnier, vice presidente da Comissão Europeia, Luís Mira Amaral, presidente do Banco BIC Portugal, e Miguel Frasquilho, CEO da AICEP. Ao longo das nove horas do Lisbon Summit, os participantes poderão assistir a debates, identificando algumas propostas de ação para diferentes âmbitos temáticos como as finanças, o investimento, a energia, a educação e os modelos de negócio futuros das pequenas e médias empresas. Após as intervenções de abertura e receção, Pedro Passos Coelho será o primeiro orador a intervir, com a apresentação da “Estratégia de Portugal para a década de 2030”. Em seguida, o tema em discussão é “Terá Portugal reformado as suas finanças?”. Maria Luís Albuquerque, ministra de Estado e das Finanças, Michel Barnier, vice presidente da Comissão Europeia, Tiago Guerreiro, partner da Caiado Guerreiro, e António Horta‐Osório, CEO do Lloyds Banking Group, são os protagonistas da conversa sobre o estado atual, as evoluções recentes e as previsões futuras para as finanças portuguesas. A antecipar o primeiro momento de networking do certame estará ainda a intervenção de Luís Mira Amaral, presidente do Banco BIC Portugal, sobre a “Economia Portuguesa na Era Pós-troika”. A questão “O que precisa Portugal de fazer para encorajar ao investimento a longo prazo?” e a relação “Educação vs Austeridade” encerram o leque de temas da manhã. Na 52 WE’BIZ Fevereiro 2015

primeira conversa Miguel Frasquilho, CEO da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, junta-se a Inaki Echave, managing diretor, private equity da Blackstone, e Christiane Thomas, country retail manager do IKEA em Portugal, para identificar as principais dificuldades na atração do investimento externo. Já no confronto “Educação vs Austeridade”, David Justino, presidente no The National Education Council, e José António Pereirinha, docente do Instituto Superior de Economia e Gestão - School of Economics and Management, vão debater a reação do sistema de ensino nacional às condicionantes políticas e económicas estabelecidas no passado recente. Jorge Moreira da Silva, Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, toma a palavra no painel após o período almoço, para apresentar um plano “Rumo à Estratégia Energética Sustentável”. Segue-se um período de discussão sobre “O Futuro do modelo de negócio das PME” com a participação de António Casanova, CEO da Unilever Jerónimo Martins, Rui Costa, CEO da Ubiwhere, Daniel Calleja Crespo, diretor da Direção-Geral de Empresas e Indústrias da Comissão Europeia, e José Epifânio da Franca, CEO da Portugal Ventures. O segundo espaço dedicado à expansão das redes de contactos introduz os últimos dois painéis de discussão, com Miguel Poiares Maduro, ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, e António Neto da Silva, antigo secretário de Estado do Comércio Externo, a procederem à análise do tema “Crise Política e Democracia em 2030”. A “Estratégia Milenar para 2030” será o último tema em foco no Lisbon Summit, contando com os contributos de João Barros, CEO da Veniam’Works, Carlos Silva, presidente e COO da Seedrs, e Rui Reis, diretor no 3B’s Research Group. O discurso de encerramento e o resumo das principais conclusões resultantes de cada painel vão ficar a cargo de Paulo Portas, vice primeiro-ministro do Governo português.

THE LISBON SUMMIT 2015 Cidade: Cascais (Hotel Cascais Miragem) Data: 24 de fevereiro Promotor: The Economist Preços: 1295 euros Inscrições: http://www.economistinsights.com/ Contacto: emeaevents@economist.com


AGENDA ‹ weNEXT

FEVEREIRO 2015 CONCURSO IDEIAS DE ORIGEM PORTUGUESA

Cidade: --Data: 18 de fevereiro (termina o prazo de inscrições) Promotor: Fundação Calouste Gulbenkian Preços: ---Inscrições: 2015.ideiasdeorigemportuguesa.org Contacto: geral@ideiasdeorigemportuguesa.org O concurso Ideias de Origem Portuguesa distingue projetos criados por portugueses na diáspora, que demonstram talento, expõem ideias e pretendem fazer mais e melhor. Ambiente e Sustentabilidade, Inclusão Social, Diálogo Cultural e Envelhecimento são as áreas temáticas abrangidas pela competição. Através do concurso, a Fundação Calouste Gulbenkian pretende estimular a ação de todos os que, apesar da distância, desejam participar na construção de Portugal, através de uma cidadania ativa, envolvente e participativa.

INEO START 2015

Cidade: Coimbra (Universidade de Coimbra e Instituto Pedro Nunes) Data: 18 de fevereiro a 20 de março Promotores: Universidade de Coimbra e Instituto Pedro Nunes Preços: ---Inscrições: start.ineo.pt Contacto: vci@ipn.pt O Ineo Start 2015 é um programa de aceleração de empresas, com duração de cinco semanas, que foi desenhado para desenvolver 12 ideias de negócio. A decorrer entre os dias 18 de fevereiro e 20 de março, o programa proporciona formação em diversas áreas (comunicação do negócio, prototipagem, marketing, entre outros) e permite aos promotores entrar em contacto com fornecedores e parceiros. Assim, os participantes terão oportunidade de testar os modelos de negócio nos mercados envolvidos.

CONCURSO PLAY YOUR IDEA 2015

Cidade: --Data: 18 de fevereiro (termina o prazo de inscrições) Promotor: PLAY – Incubadora Criativa e Tecnológica da Universidade Lusófona Preços: ---Inscrições: play.ulusofona.pt Contacto: play@ulusofona.pt

Distinguir projetos inovadores, competitivos, diferenciados e sustentáveis é o principal propósito do concurso Play Your Idea 2015. A competição organizada pela PLAY, incubadora criativa e tecnológica da Universidade Lusófona, foca atenções nas áreas de Indústrias Criativas e Tecnologia e pretende viabilizar ideias com potencial real de implementação e expansão no mercado. O vencedor da competição poderá arrecadar um prémio monetário de 1250 euros, assegurando ainda um ano de incubação gratuito na PLAY e a frequência de um MBA na Lusófona Information Systems School sem qualquer custo.

PROGRAMA AVANÇADO EM EMPREENDEDORISMO E GESTÃO DA INOVAÇÃO

Cidade: Lisboa (Travessa de Cima dos Quartéis) Data: 20 de fevereiro Promotor: Católica Lisbon Business & Economics Preços: 4950 euros Inscrições: www.clsbe.lisboa.ucp.pt Contacto: executivos@ucp.pt A Católica Lisbon Business & Economics prepara-se para lançar uma nova edição do Programa Avançado em Empreendedorismo e Gestão da Inovação (PAEGI). Com início agendado para o dia 20 de fevereiro, este programa formativo avançado pretende formar gestores empreendedores que atuem como agentes de mudança, com capacidade para acelerar a criação, a disseminação e a aplicação de ideias inovadoras. A estrutura do programa de conteúdos do PAEGI está dividida em sete temas principais, a saber: Gestão para empreendedores, Mudança tecnológica e inovação, Gestão da mudança e de equipas empreendedoras, Análise de mercado e marketing, Planos de Negócios, Instrumentos Financeiros e Internacionalização e gestão de parcerias.

THE LISBON SUMMIT 2015

Cidade: Cascais (Hotel Cascais Miragem) Data: 24 de fevereiro Promotor: The Economist Preços: 1295 euros Inscrições: http://www.economistinsights.com/ Contacto: emeaevents@economist.com O Lisbon Summit 2015 terá lugar no Hotel Cascais Miragem, no dia 24 de fevereiro. Discutir as linhas orientadoras da política portuguesa para a década de 2030 é o principal propósito do evento que vai reunir alguns dos representantes máximos das esferas política, económica e académica. Entre os nomes referenciados no painel de atividades da iniciativa estão Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro

do Governo de Portugal, Miguel Poiares Maduro, ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, Luís Mira Amaral, presidente do Banco BIC Portugal, e Miguel Frasquilho, CEO da AICEP.

LABORATÓRIO PARA O APOIO A NOVAS IDEIAS SOCIAIS – LAB. FOR. ÉVORA Cidade: Cascais (Hotel Cascais Miragem) Data: 24 de fevereiro Promotores: Fundação Eugénio de Almeida e IESSocial Business School Preços: 1 participante – 100 euros | 2 participantes – 150 euros Inscrições: www.investigar.uevora.pt Contacto: www.investigar.uevora.pt Desenvolver projetos empresariais com potencial para construir uma visão comum no território do concelho de Évora é o principal propósito do Laboratório para o Apoio a Novas Ideias Sociais – Lab. For. Évora. Promovida pela Fundação Eugénio de Almeida, a iniciativa está enquadrada no projeto “Plataforma para a Coesão e para a Inovação Social” e direciona atenções para a materialização de novos projetos de Empreendedorismo Social. As ideias serão avaliadas por um júri, sendo que as duas candidaturas com melhor avaliação serão apoiadas para chegarem ao mercado.

BTL – FEIRA INTERNACIONAL DE TURISMO

Cidade: Lisboa (Feira Internacional de Lisboa) Data: 25 de fevereiro a 1 de março Promotor: Fundação AIP Preços: Individual profissional – 10 euros / Individual público – 5 euros Inscrições: http://btl.fil.pt/ Contacto: btl@aip.pt A edição de 2015 da BTL- Feira Internacional do Turismo está subordinada ao tema “Turismo, a Indústria do sorriso” e vai decorrer, entre os dias 25 de fevereiro e 1 de março, em Lisboa. O certame avança para a 27ª edição com o propósito de sensibilizar os cidadãos portugueses para a importância da indústria turística na economia nacional. Durante o certame, os visitantes poderão reconhecer o impacto da atividade turística na criação de receita, mas também a sua contribuição efetiva para o aparecimento de novos postos de trabalho.

LABE AVEIRO REGION - ANGARIAÇÃO DE IDEIAS DE NEGÓCIO

Cidade: Aveiro Data: 25 de fevereiro (termina o prazo de inscrições) Fevereiro 2015 WE’BIZ 53


weNEXT › AGENDA Promotor: Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro Preços: ---Inscrições: www.ua.pt/uatec Contacto: uatec@ua.pt O Labe Aveiro Region pretende formar novos empreendedores, através do reforço de competências para a criação e lançamento de novos negócios. O programa está estruturado em cinco fases e a etapa para a angariação de ideias de negócio decorre até ao dia 25 de fevereiro. A competição está aberta a todas as equipas, entre três e cinco elementos, detentoras de uma ideia de negócio.

10 ª CALL FOR ENTREPRENEURSHIP – PORTUGAL VENTURES

Cidade: ---Data: 26 de fevereiro (termina o prazo de inscrições) Promotor: Portugal Ventures Preços: ---Inscrições: www.portugalventures.pt Contacto: contact@portugalventures.pt A Portugal Ventures já abriu o período para candidaturas à 10ª Call For Entrepreneurship, uma nova oportunidade de acesso ao investimento de capital de alto risco para os projetos inovadores de base científica e tecnológica nas fases seed e startup. Orientada para o fortalecimento do ecossistema empreendedor português, a Call For Entrepreneurship vai selecionar projetos para investimento nas áreas de Tecnologias de Informação, Comunicação, Eletrónica & WEB, Ciências da Vida, Turismo e Recursos Endógenos, Nanotecnologia e Materiais. O período de submissão de projetos vai decorrer até ao dia 26 de fevereiro.

CONCURSO DE APLICAÇÕES “eVIDA DEY CHALLENGE”

Cidade: ---Data: 27 de fevereiro (termina o prazo de inscrições) Promotores: Instituto Pedro Nunes e Vodafone Portugal Preços: ---Inscrições: tice.healthy.ipn.pt Contacto: tice.healthy@ipn.pt O concurso de aplicações “eVida Dev Challenge” pretende responder a necessidades reais previamente identificadas por instituições ligadas à Economia Social, através do desenvolvimento de aplicações mobile para as áreas de Saúde e Qualidade de Vida. A candidatura vencedora será premiada com cinco mil euros, estando ainda prevista a atribuição de 54 WE’BIZ Fevereiro 2015

prémios para o segundo (três mil euros) e o terceiro classificados (dois mil euros). Adicionalmente, a competição prevê ainda uma recompensa financeira para aplicação mais inovadora a concurso, no valor de cinco mil euros.

PRÉMIO REGIOSTARS 2015

Cidade: ---Data: 28 de fevereiro (termina o prazo de inscrições) Promotor: Comissão Europeia Preços: ---Inscrições: ec.europa.eu Contacto: REGIO-STARS@ec.europa.eu A Comissão Europeia já lançou a edição do Prémio Regiostars para o ano 2015. Identificar e divulgar práticas inovadoras, financiadas no âmbito da política de coesão europeia, é o principal propósito desta iniciativa, que encerra o período de candidaturas no próximo dia 28 de fevereiro. Os projetos a concurso deverão estar enquadrados no conjunto de temas definidos como prioritários para a nova edição. A saber: crescimento inteligente, crescimento sustentável, crescimento inclusivo e política de cidades.

HELLO TOMORROW CHALLENGE 2015

Cidade: ---Data: 28 de fevereiro (termina o prazo de inscrições) Promotor: Hello Tomorrow Preços: ---Inscrições: www.hello-tomorrow.org Contacto: contact@hello-tomorrow.org O Hello Tomorrow Challenge, competição para startups que combina ciência, empreendedorismo e tecnologia, recolhe candidaturas até ao próximo dia 28 de fevereiro. Energia e Ambiente, Alimentação e Agricultura, Saúde, Transportes e mobilidade, Materiais e manufaturas e Tecnologias de Informação são as seis áreas temáticas abrangidas na competição, que procura recolher projetos tecnológicos das mentes mais criativas, com o propósito de definir o dia de amanhã. Entre prémios monetários, vantagens estratégicas e competitivas, o Hello Tomorrow Challenge prevê a disponibilização de 300 mil euros para os projetos distinguidos.

MARÇO 2015 PROGRAMA DE EMPREENDEDORISMO TONY ELUMELU FOUNDATION

Cidade: ---Data: 1 de março (termina o prazo de inscrições) Promotor: Tony Elumelu Foundation Preços: ---Inscrições: www.tonyelumelufoundation.org Contacto: www.tonyelumelufoundation.org A Tony Elumelu Foundation encontra-se a promover um programa de apoio ao empreendedorismo para cidadãos africanos. Com a duração de um ano, a iniciativa pretende acolher empreendedores com projetos de impacto pan-africano e tem uma dotação avaliada em 100 milhões de dólares. A implementação do programa no terreno já tem previsões anunciadas, sendo que a Tony Elumelu Foundation espera lançar novas ideias de negócio capazes de gerar um milhão de novos empregos e 10 mil milhões de dólares em receitas.

MISSÃO EMPRESARIAL À NIGÉRIA

Cidade: Lagos (Nigéria) Data: 1 a 5 de março Promotores: Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, Associação Amizade e Negócios Nigéria Portugal e Confederação Internacional dos Empresários Portugueses Preços: 4750 euros Inscrições: www.ccip.pt/images/eventos/Missao_ Nigeria.pdf Contacto: www.ccip.pt/images/eventos/Missao_ Nigeria.pdf A Nigéria é o maior mercado do continente africano e o destino da Missão Empresarial promovida pela Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, a Associação Amizade e Negócios Nigéria Portugal e a CIEP, entre os dias 1 e 5 de março. A viagem de negócios à cidade de Lagos prevê a identificação de oportunidades de negócio em diferentes setores de atividade, entre os quais se incluem: construção, banca, energia, exploração de recursos naturais, telecomunicações, farmacêutica, hotelaria e a indústria agroalimentar.

GREEN BUSINESS WEEK – SEMANA NACIONAL PARA O CRESCIMENTO VERDE Cidade: Lisboa (CCL – Centro de Congressos de Lisboa) Data: 4 a 6 de março


AGENDA ‹ weNEXT Promotor: Fundação AIP Preços: Gratuito Inscrições: http://greenbusinessweek.fil.pt/ Contacto: http://greenbusinessweek.fil.pt/ A Green Business Week apresenta uma estrutura dividida em três grandes ofertas: SmartCitieslive (soluções para cidades inteligentes), AcqualiveeExpo (água, resíduos e ambiente) e a EnergyliveExpo (energia, eficiência energética, energias renováveis, alterações climáticas). Trata-se de um certame que foca atenções nas atividades da Economia Verde e oferece uma dinâmica integrada para todos os agentes interessados. Durante os três dias, os visitantes poderão assim frequentar a exposição de produtos e soluções, os fóruns de debate, a apresentação de projetos inovadores e os encontros técnicos, científicos e de negócios com convidados internacionais.

TERTÚLIA CRIATIVIDADE PARA O NEGÓCIO

Cidade: Braga (Livraria Almedina - Universidade do Minho | Campus de Gualtar) Data: 5 de março Promotor: LIFTOFF - Gabinete do Empreendedor da AAUM Preços: Gratuito Inscrições: liftoff.aaum.pt Contacto: liftoff@aaum.pt A criatividade e a inovação serão os conceitos em foco na Tertúlia Criatividade para o Negócio, a decorrer no dia 5 de março. A iniciativa organizada pelo LIFTOFF – Gabinete do Empreendedor da AAUM terá lugar no Campus de Gualtar, em Braga. Os modelos de negócios e processos de gestão inovadores que estão agora a ser introduzidos no mercado estarão em foco durante a tertúlia. Os participantes poderão, assim, reconhecer a importância dos processos criativos e das ferramentas inovadoras para a criação, o lançamento e a expansão de negócios, recorrendo à análise de dois projetos empresariais reais.

CONCURSO DE IDEIAS CRIATIVIDADE 2015

Cidade: ---Data: 6 de março (termina o prazo de inscrições) Promotor: Sines Tecnopolo Preços: ---Inscrições: www.criatividade.info Contacto: jmc@sinestecnopolo.org A Economia Verde é o tema em foco no Concurso de Ideias Criatividade 2015. Organizada pela Sines Tecnopolo, a competição pretende recolher projetos que se distingam pela promoção do desenvolvimento social

e económico numa perspetiva sustentável, recorrendo a soluções positivamente relacionadas com o ambiente e com a utilização ponderada e inteligente dos recursos naturais. Os candidatos premiados vão beneficiar de um conjunto de ferramentas orientadas para o apoio ao arranque, à divulgação e à promoção de negócios. Adicionalmente, a organização prevê o auxílio técnico na execução dos novos projetos.

AÇÃO DE INTERNACIONALIZAÇÃO EM SILICON VALLEY

Cidade: Silicon Valley, Califórnia (Estados Unidos da América) Data: 8 a 13 de março Promotor: ANJE Preços: Variável entre 750 euros + IVA e 1750 euros + IVA Inscrições: www.anje.pt Contacto: internacional@anje.pt A ANJE, no âmbito do GET OUT - Projeto Conjunto de Internacionalização de PME cofinanciado pelo QREN, está a organizar uma ação de internacionalização em Silicon Valley, entre os dias 8 e 13 de março. A viagem de negócios prevê a visita ao ecossistema empreendedor alojado na Califórnia. Em destaque na viagem de negócios estarão algumas oportunidades de interação com representantes dos meios empresarial e académico de Silicon Valley, nomeadamente: business angels, entidades de capital de risco, empresas tecnológicas (Google e Twitter), startups (AirBnB), universidades (Stanford e UC Berkeley) e incubadoras (RocketSpace, Silicon Valley Innovation Center, Swissnex, entre outras).

PRÉMIO NACIONAL INDÚSTRIAS CRIATIVAS

Cidade: ---Data: 15 de março (termina o prazo de inscrições) Promotores: Super Bock e Fundação de Serralves Preços: ---Inscrições: www.industriascriativas.com Contacto: info@industriascriativas.com A sétima edição do Prémio Nacional Indústrias Criativas já arrancou e recolhe candidaturas até ao próximo dia 15 de março. Criado com o propósito de lançar no mercado projetos empresariais que combinem potencial de evolução, talento, inovação e criatividade, o prémio recolhe novas ideias em quatro categorias distintas: “Arquitetura e Artes Visuais”, “Música e Artes do Espetáculo”, “Conteúdos e Novos Media” e “Turismo e Património”. O vencedor da competição será premiado com 25 mil euros e terá a oportunidade de representar Portugal na Creative Business Cup 2015.

TAP CREATIVE LAUNCH

Cidade: ---Data: 15 de março (termina o prazo de inscrições) Promotores: TAP e Startup Lisboa Preços: ---Inscrições: www.tap70.com/creativelaunch Contacto: www.tap70.com/creativelaunch O TAP Creative Launch é uma iniciativa organizada pela TAP e a Startup Lisboa com o propósito de apoiar novas ideias e projetos empresariais nos setores da aviação e dos transportes aéreos. Empreendedores, universitários e criativos são os principais destinatários da competição que pretende reforçar a competitividade do tecido económico português, com particular enfoque no setor aeronáutico. Através desta iniciativa, as entidades organizadoras esperam ainda melhorar a atividade da TAP Portugal. ”Gestão de Operações”, “Manutenção e Engenharia”, “Sustentabilidade”, “Fidelização e retenção de clientes”, “Experiência a bordo – serviços e operações”, “Experiência a bordo – entretenimento” e “Experiência em terra” são as seis categorias a concurso.

PRÉMIO PORTO JOVEM

Cidade: Porto Data: 27 de março (termina o prazo de inscrições) Promotores: Câmara Municipal do Porto e Águas do Porto, EM. Preços: ---Inscrições: premioportojovem.cm-porto.pt Contacto: juventude@cm-porto.pt Distinguir o papel da responsabilidade social, participação cívica e iniciativa empresarial no desenvolvimento e crescimento da cidade do Porto é o principal desígnio do prémio “Porto Jovem”. O concurso avança para a sua quarta edição e foca atenções em projetos empreendedores e inovadores, desenvolvidos por associações de jovens nos âmbitos de intervenção cultural, ambiental e social. Trata-se de uma competição especialmente direcionada para grupos informais de jovens, juventudes partidárias, federações de associações juvenis e associações de estudantes.

PRÉMIOS EUROPEUS DE PROMOÇÃO EMPRESARIAL

Cidade: ---Data: 30 de março (termina o prazo de inscrições) Promotor: Comissão Europeia Preços: ---Inscrições: www.premioseuropeus.iapmei.pt Contacto: premioseuropeus@iapmei.pt Distinguir as melhores práticas de empreendedorismo levadas a cabo no velho continente é o principal Fevereiro 2015 WE’BIZ 55


weNEXT › AGENDA desígnio dos Prémios Europeus de Promoção Empresarial. Organizada pela Comissão Europeia, em parceria com entidades nacionais de coordenação em cada estado-membro, a competição já abriu a fase de candidaturas para a etapa nacional. “Promoção do espírito de empreendedorismo”, “Investimento nas competências empreendedoras”, “Desenvolvimento do ambiente empresarial”, “Apoio à internacionalização das empresas”, “Apoio ao desenvolvimento de mercados ecológicos e à eficiência dos recursos” e “Empreendedorismo responsável e inclusivo” são as seis categorias a receber candidaturas.

PRÉMIO INOVAÇÃO NOS

Cidade: ---Data: 31 de março (termina o prazo de inscrições) Promotores: NOS e Global Notícias Preços: ---Inscrições: www.premioinovacaonos.pt Contacto: www.premioinovacaonos.pt O Prémio Inovação NOS vai premiar novas áreas de negócio e projetos de base inovadora desenvolvidos em empresas nacionais, que tenham contribuído ativamente para o crescimento da economia portuguesa. A competição de âmbito nacional tem três grupos de destinatários definidos, que representam as categorias estruturantes do concurso: “Grandes Empresas”, “PME” e “Startups”. As três empresas vencedoras (uma em cada categoria) serão premiadas com 70 mil euros em publicidade nos meios da Global Media Group.

PRÉMIOS EVERIS 2015

Cidade: ---Data: 31 de março (termina o prazo de inscrições) Promotores: Fundação everis Preços: ---Inscrições: www.premioseveris.es/ Contacto: fundacion.everis@everis.com A 14ª edição dos Prémios Everis já abriu candidaturas. A competição anual de empreendedorismo pretende identificar projetos inovadores e de valor acrescentado em três setores distintos, a saber: “Tecnologias de Informação e Economia Digital”; “Biotecnologia e Saúde” e “Tecnologias nas áreas da Indústria e da Energia”. Os seis finalistas do concurso garantem automaticamente serviços de assessoria no valor de 10 mil euros, enquanto o vencedor final assegura um apoio financeiro de 60 mil euros.

56 WE’BIZ Fevereiro 2015

PRÉMIO TÂMEGA E SOUSA EMPREENDEDOR - ONDE AS IDEIAS SE CONCRETIZAM

Cidade: Região do Tâmega e Sousa Data: 31 de março (termina o prazo de inscrições) Promotor: Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa Preços: ---Inscrições: www.cimtamegaesousa.pt Contacto: www.cimtamegaesousa.pt O prémio “Tâmega e Sousa Empreendedor – Onde as ideias se concretizam” visa distinguir os projetos inovadores de cariz empresarial (nos vários setores de atividade) que se desenvolvem no território da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa. Com especial ênfase nos projetos de desenvolvimento regional que valorizem o conhecimento local, os produtos e recursos endógenos, a competição abre candidaturas em três categorias distintas: “Ideias inovadoras e criativas”, “Novas empresas inovadoras” e “Empresas dinâmicas”. No final, serão premiados os três primeiros classificados de cada uma das três áreas a concurso.


LIVROS & SITES ‹ weSEARCH LIVRO EM DESTAQUE

O que distingue as empresas vencedoras?

Novo livro de Jim Collins e Morten Hansen ensina a conjugar incerteza, caos e sorte. imprevisíveis? Baseada em fórmulas e métodos simples, histórias fascinantes e análises rigorosas, a obra redigida por Jim Collins e Morten Hansen mostra diferentes práticas de gestão e administração, ensinando os empresários a conviver com o momento económico que vivemos. Disciplina, obstinação, intuição, criatividade, conhecimento empírico, planeamento e análise de mercado são referidos como fatores essenciais no aproveitamento das conjunturas económicas de “sorte”. Aproveitamento esse que acaba por ditar a distinção entre as empresas de sobrevivência e as entidades de sucesso.

“Vencedoras por Opção” parte de uma pesquisa de nove anos em indústrias de diferentes segmentos para refletir sobre uma questão cada vez mais pertinente no contexto atual: como obter o sucesso empresarial em circunstâncias

Os autores baseiam-se nos traços psicológicos dos líderes e empreendedores bem-sucedidos e, sustentados pela análise efetuada, valorizam a adaptação parcial das organizações às constantes mutações dos mercados. Ultrapassada esta componente mais expositiva, os empresários podem ainda encontrar neste livro a um conjunto de ferramentas simples e úteis na gestão das organizações. É o caso, por exemplo,

da fórmula SMC Rapide. O objetivo final é simples: tornar as empresas flexíveis, realçar os aspetos positivos e, simultaneamente, solucionar os seus problemas centrais.

TÍTULO “Vencedoras por Opção – Incerteza, caos e sorte / Saiba porque ainda há empresas que singram” AUTOR Jim Collins e Morten Hansen EDITORA Smartbook PUBLICAÇÃO junho 2013 PREÇO 17,01 euros

OUTRAS SUGESTÕES “Startiupi – Fazer Coisas” O empreendedorismo não escolhe idades e o livro “Startiupi - Fazer Coisas” é a prova de que, desde criança, é possível desenvolver as competências e caraterísticas necessárias para lançar um negócio particular. Em linguagem simples, e utilizando metáforas de estímulo ao raciocínio, a obra de Fernando Mendes é um programa de histórias, jogos e atividades lúdicas, que, através das personagens fictícias Queixinhas, Bueblabçá e Startiupi, apoia pais e professores na função de estimular a o espírito empreendedor nas crianças. Partindo do pressuposto de que a superação de desafios permite que as

crianças criem hábitos e aprendam brincando, este livro apresenta um conjunto de sugestões que permitem ensinar os mais pequenos a encarar as diferentes situações numa lógica de identificação de problemas, construção de soluções e concretização de ações. No final da leitura, e com a aplicação dos princípios do livro, mais do que crianças autoconfiantes e responsáveis, pretende-se formar pequenos fazedores.

“O Livro Vermelho das Mulheres Empreendedoras”

Vericat para redigir um verdadeiro guia de dicas dirigidas às mulheres interessadas em criar um negócio próprio. Através de uma visão ampla das realidades que condicionam e favorecem a criação de projetos empresariais por parte do sexo feminino, a obra propõe às leitoras o reconhecimento de motivações pessoais e a análise cuidada do ambiente envolvente no momento de empreender, sem esquecer as diferenças de acesso ao financiamento e investimento entre homens e mulheres. “O Livro Vermelho das Mulheres Empreendedoras” funciona, assim, como um instrumento útil à definição do perfil empreendedor, à cimentação de novas ideias e empresas e à gestão de negócios vencedores..

As caraterísticas ideais do empreendedor atual são o ponto de partida de Guernica Fevereiro 2015 WE’BIZ 57


weSEARCH › LIVROS & SITES SITE EM DESTAQUE

VentureBuff: interação e colaboração para gerar negócios de valor acrescentado Partilhar, questionar, conhecer, descobrir e avaliar são cinco verbos com ligação próxima às funcionalidades e ao conceito da VentureBuff. A plataforma online criada por Paul Ferreira foca atenções na iniciativa empresarial e na partilha de conhecimento para a criação e desenvolvimento de negócios. Investidores, empreendedores e especialistas integram a comunidade internacional e partem do efeito de rede para gerar valor acrescentado nos diferentes setores de mercado. O modelo pouco convencional da VentureBuff mistura as funções de um site informativo com as potencialidades das redes sociais. Na verdade, esta plataforma combina as vantagens dos dois universos e cresce com o efeito da contribuição dos utilizadores. Disponível para profissionais individuais ou projetos empresariais, a VentureBuff criou um espaço de partilha e reforço de competências para os cibernautas interessados na prática empreendedora. Gestores, investidores, empreendedores e quadros empresariais encontramse neste espaço para acrescentar valor aos respetivos negócios e apoiar empresários no processo

de desenvolvimento, garantindo recompensas pela postura interventiva na plataforma. Nos perfis normais, responder a dúvidas partilhadas na rede e arrecadar votos positivos dos restantes membros pode significar conquista de pontos e credibilidade online. Os contribuidores mais reputados são distinguidos no “Community Buffboard”. Nos casos em que ao perfil individual acresce a intenção de registar e divulgar o respetivo negócio, os participantes poderão explorar o VentureBuff Lab. Esta funcionalidade apresenta três oportunidades para as PME e startups melhorarem a proposta de valor. A saber: “Open Entrepreneurship”(partilha de desenvolvimentos sobre o negócio e interação com a comunidade); “Certification Program” (garantir a certificação da plataforma e aumentar a credibilidade através de sugestões da rede); e “Benchmarking” (seguir outros negócios e comparar o processo de evolução). No âmbito corporativo, os empreendedores poderão ainda descrever o negócio de acordo com 11 parâmetros previamente estabelecidos pela plataforma. Com possibilidade de atualização “on time” e definição de

restrições de acesso, os promotores de cada negócio poderão ver a sua ideia avaliada e melhorada pelos contributos dos membros da comunidade. A otimização de ideias empresariais na VentureBuff é viabilizada pela partilha de questões e pela resposta dos membros da comunidade às necessidades divulgadas pelo utilizador. As “ventures” são igualmente hierarquizadas num ranking, sendo que as empresas com melhor rating constam no “Lab Buffboard”. A opção pela partilha e intervenção confere vantagens nos dois cenários, já que a participação ativa no site, por intermédio de respostas ou disponibilização de informação, confere pontos e outras vantagens para os utilizadores. Os profissionais individuais podem demonstrar o seu conhecimento em áreas específicas e conquistar melhores oportunidades profissionais. Os promotores de negócios podem recolher inputs relevantes para o modelo de negócio, encontrar profissionais qualificados e tornar a sua proposta de valor mais atrativa e visível para possíveis investidores. O acesso à plataforma é gratuito e re quer apenas o preenchimento de um formulário no endereço www. venturebuff.com.

O QUE POSSO FAZER NA VENTUREBUFF? Empreendedores › Criar e editar o perfil sobre um negócio; › Partilhar informação sobre o negócio e recolher o feedback dos membros da comunidade; › Restringir o acesso a conteúdo sensível; › Efetuar pedidos (recrutamento ou financiamento) para desenvolver o negócio; › Partilhar marcos importantes para o negócio para captar investidores; › Benchmarking ou observação de empresas do mesmo setor de atividade;

OBJETIVOS DA VENTUREBUFF

› Certificar o negócio através da subida ou manutenção do rating na plataforma.

› Partilhar necessidades, mas também conhecimento especializado em diferentes áreas para a criação de empresas;

Membros da comunidade › Gostar de um projeto e segui-lo; › Atribuir um ranking aos projetos em diferentes parâmetros de avaliação; › Comentar o progresso do negócio;

› Acolher e apoiar negócios em diferentes fases de desenvolvimento; › Incentivar os empreendedores a apostar na cocriação, avaliação, certificação e no benchmarking;

› Responder a anúncios ou questões de negócios;

› Facilitar o acesso a agentes e entidades que potenciem o desenvolvimento sustentado de negócios;

› Comunicar diretamente com administradores de negócios.

› Dar credibilidade e reputação aos projetos associados.

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WEB & APPS ‹ weSHARE

Vasco Marques CEO e fundador da Web2Business defende que o vídeo como principal ferramenta para contar histórias online.

“STORYTELLING”: A CHAVE PARA O SUCESSO NA ERA DAS REDES SOCIAIS

“Era uma vez” no Facebook, no Youtube, no Twitter… Nos blogues da especialidade, nos muitos workshops com os quais vamos contactando (nem que seja por via das respetivas promoções) e até nas gordas de jornais, nos comentários dos marketeers, na mais comum conversa entre as novas gerações saídas das universidades. Todos os empresários, gestores e empreendedores, de um modo geral, já terão “ouvido por aí” que a chave para o sucesso na comunicação atual está na técnica de “storytelling”. A WE’BIZ resolveu traduzir este chavão do social media marketing, com o apoio de Vasco Marques, CEO e fundador da Web2Business e autor do livro “Marketing Digital 360”. O especialista em redes sociais define “storytelling” como “a arte de contar histórias, seja em que meio for”. “É a melhor forma de associar conhecimento com emoção, sendo mais facilmente

arquivados pelo cérebro momentos intensos e emocionais. Consegue lembrar-se facilmente de momentos da sua vida, onde não estavam associados momentos emocionais fortes?”, complementa Vasco Marques. Empresário, autor, formador e docente universitário, o nosso entrevistado é, também ele, um contador de histórias. Por isso, rapidamente coloca a questão em termos práticos, recorrendo ao imaginário de todos nós: “desde pequenos que adoramos ouvir histórias. Conseguimos conquistar a atenção da uma criança, quando temos um conto. Mas o encanto continua, mesmo depois de adultos. Se um orador, na sua apresentação, não contar uma história, o conhecimento será menos retido e o evento fica mais pobre”. O “storytelling” está, então, intrinsecamente ligado a uma outra

tendência atual em matéria de comunicação: o chamado “content marketing” ou marketing de conteúdos. Em causa está a comunicação com os consumidores numa lógica de oferta de valor. Falamos numa lógica de partilha de informação relevante, que demonstra know-how setorial e especialização, por parte das empresas e organizações, em vez de revelar uma intenção comercial. Ou seja, ainda que a tentação (ou necessidade) de tentar vender seja grande, as histórias contadas e os conteúdos disponibilizados devem, tanto quanto possível, ser usados como estratégia para captar a atenção dos consumidores e estimular a ligação destes às marcas. Segundo Vasco Marques, o vídeo é rei em matéria de “storytelling”, visto ser “o meio que atualmente permite comunicar para massas, chegando a Fevereiro 2015 WE’BIZ 59


weSHARE › WEB & APPS mais sentidos”. O especialista lamenta, a propósito, que a maior parte das empresas não tenha ainda despertado para a importância, versatilidade e até acessibilidade do vídeo, nos dias de hoje. Ainda assim, é perentório ao afirmar que, quer estejamos a recorrer a fotografias, vídeos, textos ou aplicações, “o mais importante é mesmo a ideia”. Até porque há ferramentas básicas, disponíveis em qualquer computador ou telemóvel, que possibilitam contar histórias de um modo atrativo. “Depois, basta adaptar aos meios e utilizar as ferramentas certas”, acrescenta o autor do livro “Marketing Digital 360”. “Passar uma mensagem na TV é diferente de transpor para o Youtube, Instagram ou Vine”, sustenta. Mas já que o vídeo é preponderante, e porque quando nele pensamos a associação mais direta será o Youtube, o especialista em redes sociais faz questão de fazer uma ressalva, em jeito de conselho para os empresários: “o vídeo no Facebook tem conquistado um protagonismo gigante, por isso, deve carregar diretamente os vídeos também nesta rede, e na página adicionar um call-to-action, no fim do vídeo, para que o utilizador seja remetido para a landing page que desejar”. Ao que parece, uma vez mais, entramos num universo em que o acessível está fora do conhecimento generalizado: “esta possibilidade grátis de poder ter um link num vídeo é ainda desconhecida por muitos”, afirma Vasco Marques. Mas desengane-se quem começa a pensar na simplicidade do processo de contar histórias. Há uma variante mais complexa deste conceito que Vasco Marques associa a empresas com estratégias concertadas de marketing (e orçamentos vocacionados consideráveis), mas que não poderia aqui ser negligenciada. Falamos de “transmedia storytelling”. Ou seja, o recurso a múltiplas plataformas de média para contar as tais histórias. A ideia base é tirar proveito das especificidades e forças de cada plataforma para contar uma parte da história.

FERRAMENTAS Vasco Marques salienta a importância do vídeo para contar histórias e faz questão de exemplificar que é possível fazê-lo partindo de ferramentas acessíveis a todas as empresas: “No limite, é perfeitamente possível, até com o MS Power Point, construir a sua história e exportar para vídeo diretamente (sim, é possível criar vídeo com esta ferramenta!). Sendo criativo, com o Vine pode criar Stop Motion de seis segundos e contar a história. Portanto, pode ir de aplicações mobile, disponíveis no smartphone, software de edição de vídeo, até soluções de vídeo profissionais”.

No caso português, Vasco Marques sublinha a fórmula de sucesso que resulta da colaboração entre Rui Unas e a Ford, na promoção do Ford Focus (https://www.youtube. com/user/FordPortugalOficial). Curiosamente, este é um exemplo completo: Rui Unas protagoniza os vídeos, contando histórias invariavelmente ligadas ao carro da Ford, mantendo-se fiel ao seu registo humorístico. No final do vídeo, os espectadores podem clicar num link efetuado no próprio vídeo (possibilidade que o especialista em redes sociais diz ser de desconhecimento generalizado) e participar num passatempo que estimula todos à partilha de mais histórias.

EXEMPLOS Pedimos a Vasco Marques uma seleção de bons exemplos de “storytelling”. O resultado é uma história diversificada, que vai das bolachas aos carros, passando por vídeos radicais e por um apelo à autoestima feminina. Oreo No Twitter da marca (@Oreo) é possível encontrar tentadores exemplos de histórias criadas a partir de bolachas, e não só. GoPro “A GoPro partilha no seu Instagram (http://instagram.com/ gopro) vídeos de 15 segundos verdadeiramente fantásticos”, descreve Vasco Marques. Dove “O meu exemplo preferido é o vídeo Dove Real Beauty Sketches (https://www.youtube.com/user/ doveunitedstates), que é o vídeo comercial mais visto de sempre e conta a história de mulheres que desvalorizam a sua beleza, sendo impossível alguém ver este vídeo sem ficar profundamente emocionado”, destaca o fundadora da Web2Business.

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Ford

TRÊS DICAS Vasco Marques sintetiza, em três conselhos, o essencial do “storytelling” para empresas:

1. Defina a história e experiência a proporcionar à sua audiência 2. Escolha as plataformas 3. Execute rapidamente o seu plano, de acordo com o seu modelo de negócio


WEB & APPS ‹ weSHARE TRELLO

A APP que organiza tudo A produtividade é uma das categorias mais concorridas do universo das aplicações mobile. Aqui fica uma boa sugestão, capaz de implementar novos métodos de trabalho e colaboração nas empresas. Quadros temáticos, desdobrados em listas, que por sua vez se materializam em cartões descritivos. Esta é a lógica de funcionamento do Trello, uma solução de produtividade cuja proposta de valor é incalculável nos dias de hoje: organizar, seja o que for. Disponível em versão web, a partir de qualquer browser, este software conta também com versões mobile que facilitam o acompanhamento de todos os assuntos e tarefas.

Cada painel pode estar acessível para um conjunto específico de membros e é essa acessibilidade que abre as portas do Trello a muitas pequenas e médias empresas, dispostas a introduzir inovadores métodos de organização de trabalho. Na verdade, facilmente um gestor de projeto pode aqui obter a chamada “big picture”, através da qual tem a perceção do que está a ser feito e por quem, assim como de tudo o que ainda falta fazer. Os membros do Trello podem estar associados em quadros temáticos e em organizações com identidades próprias. Em ambos os casos, é possível ter acesso à atividade de cada pessoa. Às funcionalidades de partilha, essenciais na versão mobile, juntam-se as de impressão e exportação, especialmente úteis aquando do acesso através de um computador. Mas as vantagens inerentes à utilização do Trello vão mais além e passam, sobretudo, pelo ambiente interativo e

colaborativo. Os membros podem definir notificações, calendarizar ações e até votar nos cartões, no sentido de apurar os mais populares entre a comunidade. Tudo isto através de diferentes níveis de permissão, que permitem controlar com quem a informação é partilhada. Anexar documentos de texto, fotografias e vídeos é também uma das possibilidades do Trello. A associação desses ficheiros aos correspondentes cartões temáticos facilita a organização da informação e a futura pesquisa da mesma, evitando as demoradas e por vezes até ineficazes, pesquisas nas caixas de correio. A pesquisa é, de resto, outro dos trunfos desta aplicação: através da personalização cromática dos cartões e dos filtros por palavra ou membro. Associando a tudo isto as “check lists” de afazeres, o Trello diminui as probabilidades de esquecimento e multiplica as possibilidades em matéria de gestão de tarefas e projetos. E, porque é possível separar as águas, os gestores mais atarefados podem ainda criar painéis mais pessoais, incluindo de tarefas domésticas.

CATEGORIA Produtividade VERSÕES DISPONÍVEIS Android, iPhone, iPad, Windows 8 Tablet e Web Browser (https://trello. com) PREÇO Gratuito, com possibilidades de upgrade. “Business Class” é o nome dado ao serviço de funcionalidades extra, onde se incluem benefícios empresariais como a integração com Google Apps ou funcionalidades administrativas adicionais.

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weTHINK › OPINIÃO

OPINIÃO Francisco Fonseca

CEO da AnubisNetworks

Quatro dicas para um ambiente de trabalho das empresas da economia 3.0 Nunca a pressão sobre as empresas foi maior nem a competição por talento tão grande. Na economia de conhecimento, o principal ativo são as pessoas, a sua capacidade de inovação, de disrupção, de criação de fatores diferenciadores que permitam criar vetores de crescimentos exponenciais, não a uma escala nacional, mas sim global. Muitos fatores são importantes para o sucesso, mas definitivamente poucos serão mais críticos como uma cultura assente na transparência, colaboração, abertura e partilha. É neste contexto que o ambiente de trabalho pode ser decisivo. Seguidamente apresentarei quatro dicas, para tornar a sua empresa um local especial:

1. ZONAS DE PARTILHA As melhores ideias surgem quando são partilhadas. A existência de zonas informais onde os colaboradores poderão discutir e procurar soluções para os desafios com os quais têm de lidar é muito importante.

2. AMBIENTE DE TRABALHO ABERTO O conceito dos cubículos tão famoso nas tiras do Dilbert é contrário a um ambiente que se quer inclusivo e de colaboração. Espaços abertos onde todos, desde o CEO até aos estagiários, trabalham cria um ambiente que estimula a criatividade e o trabalho em equipa.

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3. ZONAS DE LAZER Nas organizações em que se tentam encontrar soluções para problemas complexos, com alguma frequência se chega a “becos sem saída”. Ter a possibilidade de se relaxar por alguns momentos, de uma forma divertida, pode permitir que, no regresso ao desafio, se equacionem novas perspetivas, e quem sabe, se encontrem soluções para o mesmo.

4. EXISTÊNCIAS DE BALNEÁRIOS Cada vez mais, as pessoas praticam desporto. Terem a possibilidade de ir para o trabalho de bicicleta ou correndo, será certamente muito apreciado por alguns dos seus colaboradores. Além de ser um forte antídoto para evitar que a concorrência consiga convencer os seus colaboradores a deixar a empresa, reduz o absentismo ao incentivar um estilo de vida mais saudável. Os benefícios para as empresas que arriscam e criam espaços de trabalho menos convencionais são muitos. Desde logo a motivação dos colaboradores que seguramente preferem passar grande parte do dia num espaço inspirador. A nova geração de profissionais que agora chega ao mercado de trabalho, desde sempre viveu num mundo digital e valoriza empresas que tenham uma atitude diferente. Um espaço de trabalho pode ser um chamariz para estes profissionais. As primeiras impressões são cruciais tanto para clientes como para colaboradores, as instalações da sua empresa são igualmente o cartão-de-visita da sua organização. Perguntese, qual a imagem que quer projetar?



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