Areeiro - revista n.º 17 - Julho de 2018

Areeiro Revista de informação local

Saúde

Cuidados ao sol

Finanças e Fiscalidade

II Série - n.º 17 julho`18 - trimestral - Diretor: Pedro Oliveira Marques

Sinaltax informa

Encosta das Olaias

Uma urbanização no contexto da pós-modernidade lisboeta

FICHA TÉÉECNICA

Areeiro Ano IV / N.º 17 / II série / julho’18 Proprietário: José Pedro de Oliveira Marques Editor e publicidade: Caudal de Letras, Lda. Rua Gonçalves Crespo, 47 - piso 2 1150-184 Lisboa Tel.: 21 757 37 51 (geral) E-mail: freguesias@sapo.pt NIF: 513482156 Diretor: Pedro Oliveira Marques Conceção gráfica, paginação e impressão: Espiralabstrata, Unip., Lda. Rua da Estação de Mafra, 28 2640-747 S. Miguel de Alcainça Tel.: 21 986 24 38 / 96 715 70 11 espiralabstrata@gmail.com Distribuição gratuita Depósito Legal: 372458/14 Tiragem: 10.000 exemplares Periodicidade trimestral

Estatuto Editorial

Areeiro – revista de informação local define-se como um espaço informativo de atividades desenvolvidas na freguesia do Areeiro, em Lisboa, tanto pela Junta de Freguesia como por outras entidades públicas e privadas.

As realidades e particularidades da freguesia são aspetos objetivos a que daremos a desejável atenção em cada número, sem qualquer discriminação ou privilégio em função de orientações económicas, políticas ou religiosas.

As opiniões publicadas, desde que assinadas, são da primeira responsabilidade dos seus autores, estando apenas os editoriais vinculados aos pontos de vista subscritos pela sua direção editorial.

Qualquer participação externa em termos de informação, promoção e divulgação de atividades ou espetáculos, ou artigos de opinião, excluindo as situações de direito de resposta ou outras consagradas na Lei da Imprensa em vigor, dependem do acolhimento do conselho de redação, de acordo com os limites delineados neste perfil editorial.

editorial

Dinamismo e cultura no Areeiro por Pedro Oliveira Marques Há cerca de quatro anos, ainda nos primórdios da nova Reforma Administrativa da cidade, escrevíamos no editorial desta publicação que ”nos novos contornos da cidade, a freguesia do Areeiro é uma enorme mancha urbana, com mais de 20 mil moradores e onde a procura de um futuro mais risonho vai ganhando terreno à inércia e à decadência que marcaram um tempo não muito longínquo.”

Independente do balanço ou juízo de valor que cada um fará, o certo é que a freguesia está diferente, não apenas pelas obras realizadas em diversas zonas que lhes transformaram as feições, como pelos novos desafios com que se vê confrontada, resultantes de fenómenos cujo epicentro se localiza nas zonas históricas e se vão espraiando para outras periféricas, como é o caso do alojamento local.

Esta é a dinâmica de uma cidade que deixou de ser amorfa e passou a ter uma dinâmica que incomoda, já que foi conquistada por uma turba que sufoca, necessária e bem-vinda para o equilíbrio das finanças públicas, mas de cujo resultado final se dúvida que traga um futuro mais risonho. Seguiremos com atenção não só este como outros assuntos relacionados com habitação, com a reposição dos lugares de estacionamento automóvel, com os atos de vandalismo, temas sempre bem acompanhados pelos Vizinhos do Areeiro, um movimento de causas locais e cidadania ativa, bem vivo e atuante nas redes sociais e nas reuniões e locais próprios de discussão.

Pela nossa parte e em cada edição, continuaremos a abordar assuntos mais voltados para a história e cultura, não descurando, ou mesmo alargando, o seu âmbito editorial a outros de interesse geral, como sucede neste número com uma rubrica dedicada às finanças e à fiscalidade.

Em tempo de férias, uma palavra de agradecimento aos leitores que nos seguem e também aos nossos colaboradores e anunciantes que nos dão o seu apoio e o privilégio de continuar a fazer a revista Areeiro desta forma isenta e colaborante.

Boas férias. Voltaremos no outono!

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revista de informação local Areeiro 03

acontece no

Areeiro ´ Noticias

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Areeiro revista de informação local

Associativismo regional na Alameda

IV Encontro das Casas Regionais e Coletividades do Concelho de Lisboa Esta edição foi mais um testemunho ímpar da importância que o movimento associativo popular desempenha na defesa, conservação e divulgação da cultura de um país cada vez mais deserto, mais envelhecido e carente de quem olhe para os usos e costumes de cada região como uma riqueza que urge preservar e legar aos vindouros.

Organizado pela Associação das Coletividades do Concelho de Lisboa, Associação das Casas Regionais, Federação das Coletividades do Distrito de Lisboa e os apoios da Câmara Municipal de Lisboa, Juntas de Freguesia do Areeiro, Penha de França e Arroios, no encontro participaram cerca de duas dezenas de casas regionais e algumas coletividades, que fizeram a divulgação, promoção e venda dos seus produtos artesanais. O desporto e a demonstração e divulgação dos jogos tradicionais também não foram esquecidos, mas o ponto alto do evento foi, como não podia deixar de ser, as atuações musicais que se sucederam durante os dias de festa, sempre com fartos aplausos.

O primeiro dia, de noite cálida, foi dedicada às concertinas, o sábado à música tradicional portuguesa nas suas diversas vertentes e também ao fado, tendo as atividades de domingo começado com uma caminhada de cariz histórico e cultural, prosseguindo pela tarde com mais atuações de grupos de ranchos, danças e cantares.

O encontro terminou tal como começou, ao som de um acordeão, desta vez de uma forma superlativa, já que nas mãos de Tino Costa o instrumento ganha uma virtuosidade diferente, há muito reconhecida um pouco por todo o mundo.

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revista de informação local Areeiro 05

XII edição das “Noites de Luar” Em tempo de aniversário a noite brilhou ainda mais

A Fonte Monumental da Alameda serviu de cenário a mais uma edição das “Noites de Luar”, um evento já tradicional na freguesia, resultante de uma parceria entre a Junta de Freguesia do Areeiro e a TUIST – Tuna Universitária do Instituto Superior Técnico, que este ano comemora 25 anos de existência.

Realizado de novo como evento autónomo e não incluído no Encontro das Coletividades e Casas Regionais do Concelho de Lisboa, como aconteceu no ano transato, a noite de 25 de maio foi recheada de muita música, boa disposição e diversão, em muito devido à “boa onda” dos elementos que compunham as tunas de diversos estabelecimentos de ensino superior convidadas.

Atuaram, para além da tuna anfitriã, a Tuna Médica de Lisboa, a Tuna Económicas, a Estudantina Universitária de Lisboa e também a irmã TFIST – Tuna Feminina do Instituto Superior Técnico.

A temperatura não estava muito agradável, por isso a assistência não atingiu os números de outras edições. Mespub

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mo assim, não foram muitos os lugares que ficaram vagos na plateia montada para o efeito ou nas escadas laterais, sendo a ocupação do extenso relvado uma opção para muitos dos que acompanharam, cantando ou dançando, algumas das composições mais conhecidas, nomeadamente fados ou marchas populares.

Foi uma noite repleta de música, animação e muita, muita luz.

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Noticias ´ Arraial dos Santos Populares

Alameda D. Afonso Henriques acolheu mais uma vez esta festa da freguesia

O evento teve lugar no passado dia 22 de junho e tem raízes fundadas desde o tempo em que Fernando Braamcamp era presidente da Junta de Freguesia do Alto do Pina, que foi extinta com a nova Reforma Administrativa, tal como a de São João de Deus, cujo território conjunto constitui agora a freguesia do Areeiro.

Bem cedo se formou a fila para fazer o levantamento gratuito das bifanas e das sardinhas acamadas em fatia de pão, que serviram para aconchegar o estômago e acompanhar as atuações musicais que se foram sucedendo, iniciadas, como é hábito, pela TUIST – Tuna Universitária do Instituto Superior Técnico.

Depois de um intervalo chegou a muito aplaudida Marcha Popular do Alto do Pina, classificada em 4.º lugar no Concurso das Marchas de Lisboa, um desempenho brilhante após ter estado em risco a sua participação por força do novo regulamento, que se fez acompanhar dos altopininhas, um grupo de marchantes infantis “que irão assegurar a continuação do sucesso da marcha principal”, segundo as palavras dos seus responsáveis.

A noite, de amena temperatura, acabou da melhor forma, com um concerto alegre e popular a cargo do conjunto Diapasão, que a enorme plateia muito apreciou.

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Dia Mundial da Criança

Comemorado no Areeiro, no Jardim de Encantar Os Direitos das Crianças exigem cada vez mais uma especial atenção por parte da sociedade, devendo ser encarada como uma luta que leve ao seu contínuo e progressivo melhoramento, já que é reconhecido que vivemos atualmente numa sociedade desigual e desequilibrada, onde são evidentes, a nível mundial, elementos perturbadores de pobreza, trabalho infantil, difícil acesso aos serviços de saúde, abandono escolar, entre outros.

Embora no nosso país as políticas governamentais tenham, de alguma forma, contribuído positivamente para a minimização desses problemas, o Dia Mundial

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destaque

da Criança, que se comemora em todo o mundo a 1 de junho, deve ser considerado como mais uma ocasião e oportunidade para refletir sobre o futuro e defender, mais do que nunca, os Direitos da Criança. É com esse objetivo que a Junta de Freguesia do Areeiro comemora todos os anos o Dia da Criança, tendo sido este ano englobado na festa infantil Jardim de Encantar do Areeiro que decorre no primeiro sábado de cada um dos meses entre junho e setembro, no Jardim Fernando Pessa.

Este evento está recheado de atividades lúdicas e educativas, estando os locais onde as mesmas se desenrolam devidamente assinalados. As brincadeiras mais procuradas são os insufláveis, não sendo todavia

despiciente a atenção que merecem todas as restantes atividades, como as peças de teatro e de fantoches, os apontamentos de malabares, artes circenses e magia, os contadores de histórias, os jogos tradicionais, as pinturas faciais, a modelagem de balões e os workshops de plasticina, sempre diferentes em cada edição.

Nesta festa nada foi deixado ao acaso, não sendo por isso de espantar um espaço pensado para acolher as famílias, com equipamentos de apoio, como tendas e pufes, que permitem descansar e assistir a algumas das atividades que se vão desenrolando.

E quando entrar no jardim e vir uma longa fila já sabe: é ali que estão as pipocas e o algodão doce.

Cada edição é mais divertida que a anterior. revista de informação local Areeiro 11

viver no

Areeiro

Toponií´mia Rua Barão de Sabrosa:

a antiga Azinhaga do Alto do Pina por Manuel Paquete (artigo escrito seguindo regras anteriores ao novo Acordo Ortografififáfiico)

A antiga Azinhaga do Alto do Pina deu lugar, pela deliberação camarária de 25 de Novembro de 1892 e edital do dia 30 seguinte, à Rua Barão de Sabrosa, em homenagem ao militar e político, cuja biografia sintetizamos aqui. A artéria, então repartida pelas freguesias de São João e Alto do Pina, tem hoje nova divisão administrativa, após a reforma de 2013: freguesias de Penha de França e Areeiro (n.ºs 206 a 346B e n.ºs 213 a 317C).

O longo arruamento entre a Rua Morais Soares e a Rua Abade Faria cobriu sucessivamente a antiga ruralidade demarcada por quintas. A sua história cruza-se com as diversas conjunturas políticas e modos de urbanizar e usar a cidade, aqui socialmente configurada por trabalhadores de ofícios e operários, empregados de comércio e ser12

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viços. Os antigos pátios ou vilas operárias, construídas atrás de prédios (Vila Musgueira, n.º 65; Vila Alegre, n.º 101 A e a Vila Marques, n.º 110-112), documentam a presença duma população mais humilde.

Em inícios do século XX, o tecido social local, deveras dinâmico e em fase de crescimento demográfico, espelhava-se na actividade associativa. Data de 1911 a criação do Grémio do Alto do Pina, por cisão do vizinho Clube Musical União: o depois denominado Ginásio do Alto Pina (1945), sedeado no n.º 95 da Rua Barão de Sabrosa, desde 1912, no lugar em que existiu uma carvoaria. O clube desportivo (sucedendo-se no tempo o atletismo, ciclismo, ténis de mesa, ginástica ou o futebol feminino) manteve também uma importante activida-

´ de sócio-cultural, com uma projecção citadina, ao se associar desde a segunda edição do popular concurso das Marchas Populares à organização da respectiva marcha. Nessa qualidade os marchantes do Alto do Pina conquistaram o primeiro lugar nos anos de 2011, 2012 e 2015(1). O clube, como tantas outras associações da cidade, acabou por viver dias difíceis. Além das duas colectividades mencionadas, o arruamento acolheu também o Ases do Alto do Pina (no n.º 5) e o Núcleo de Atletismo do Alto do Pina (n.º 76).

O populoso Alto do Pina teve o seu cinema de bairro. Aberto em 1929, no n.º 23, o Max Cine, em memória do popular actor humorista francês Max Linder, tinha capacidade para 700 lugares, com plateia, balcão e camarotes-balcão. Encerrou em 1968 e reconverteu-se na igreja e Centro Paroquial de São João Evangelista.

A Rua Barão de Sabrosa acolheu (1)

também algumas instituições assistencialistas. Foi o caso do antigo Asilo Sidónio Pais, construído em 1921, hoje Casa dos Plátanos e que funciona como creche social (n.ºs 269-271). A construção, de linhas eclécticas, obedece aos requisitos de funcionamento e segurança, extensíveis à luminosidade, arejamento e espaço exterior requeridas por este tipo de instituição.

Acolhe crianças vítimas de negligência grave e é gerida pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

As linhas neo-góticas da igreja dos Santos Apóstolos (desenhada por Raul Tojal em 1939 e construída em 1940), chama a atenção pela singularidade da fachada. Está associada à Fundação “A Caridade”, e ao orfanato feminino aberto em 1928, com capacidade para 35 internas, e do preventório São José, por iniciativa do militar benemérito Raul Alves Fernandes (1888-1961). É hoje o Colégio O Pelicano (n.º 215).

Rodrigo Pinto Pizarro Pimentel de Almeida Carvalhais (1788-1841).

Bacharel em Matemática e militar.

Em 1821-22 colaborou na revolta militar do Maranhão. Como ajudante de Saldanha foi portador do ultimatum a D. Isabel Maria para o juramento da Carta Constitucional em 1826.

Em 1835 D. Maria II concedeu-lhe o baronato. Foi o 1.º e único Barão da Ribeira de Sabrosa.

Foi eleito deputado por Vila Real em 1837. Em 1839 foi eleito Presidente do Conselho de Ministros, do último governo Setembrista, de 18 de Abril até 26 de Novembro, acumulando com as pastas da Guerra, dos Negócios Estrangeiros e da Marinha.

Em 1838 e 1840 foi eleito senador do Reino.

“À conversa com Pedro Jesus, ex-Presidente do Ginásio do Alto do Pina”, atuaLis, n.º 22, Junho 2016, pp.

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viver no

Areeiro

Memoó´ria A Urbanização da Encosta das Olaias

no contexto da “pós-modernidade” lisboeta por Manuel Paquete (artigo escrito seguindo regras anteriores ao novo Acordo Ortografififáfiico)

Com o crescente abandono habitacional do centro histórico lisboeta, sobretudo da Baixa, em consequência da acentuada terciarização, nas décadas de 1970-80, os espaços periféricos, ou suburbanos, de Lisboa foram palco de experiências díspares da expansão urbana e imobiliária. Nas dinâmicas de crescimento urbano desses anos, cobrindo terrenos expectantes ou ocupados por bairros de barracas, salientaram-se algumas soluções aspirantes a uma renovação da imagem da cidade, indo para além duma simples cosmética.

Nessa fase, a urbanização de Telheiras, por exemplo, foi uma luz efémera nos melhores desígnios para o urbanismo e arquitectura de Lisboa. Entretanto, o “pós-modernismo” serviu a uma imaginada animação e (re)criação do novo perfil urbano, numa época em que a imagem, em boa parte construída mediaticamente, imperava nos projectos mais ambiciosos.

Este paradigma ficou exemplarmente documentado pelo trabalho do arquitecto Tomás Taveira, que havia defendido no seu livro, Discurso da Cidade, de 1972, os princípios básicos duma cidade esboçada através da comunicação e das imagens, ideias sublinhadas uma década depois numa entrevista concedida ao jornal Expresso (“O movimento pós-modernista já começou”, 1 de Maio de 1982, pp.

22-23R) em que, defendendo o “classicismo eclético” e o “free style”, alude a “um estilo onde o ornamento e o antropomorfismo, a cor e o simbolismo” se associavam “para ultrapassarem a arquitectura moderna.”

Este enunciado ficou sobejamente documentado no trabalho do arquitecto, acompanhado sempre de forte polémica pela disparidade formal dos seus edifícios face à 14

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arquitectura existente. Contam-se entre esses trabalhos as Torres das Amoreiras (1985) e a sede do então Banco Nacional Ultramarino, na Av. 5 de Outubro, obra que recebeu a Menção Honrosa do Prémio Valmor de 1994. Entretanto, o neologismo “taveirada” serviria para classificar acintosamente as várias obras, surgidas um pouco por toda a parte, inspiradas nas propostas estéticas do arquitecto.

Tomás Taveira foi também o criador da zona residencial da Encosta das Olaias, projecto que mereceu a atribuição do Prémio Valmor e o Prémio Municipal de Arquitectura de 1982. O projecto, anterior aos dois atrás citados, e que mais correspondem ao rótulo arquitectónico com que o arquitecto marcaria a paisagem urbana da Lisboa dos anos 80, prefigura já alguns elementos do seu percurso posterior.

Este bairro foi construído em adjacência ao antigo tecido urbano do Alto do Pina, mas sem uma evidente articulação urbana com essa zona: um factor enunciando pela própria configuração do terreno, favorecendo essa distinção. Por outro lado, o facto de se tratar duma zona potencialmente valorizada, na confluência da cidade já urbanizada, também pesou na escolha do local.

O bairro da encosta das Olaias, iniciado em 1972, por iniciativa do promotor Fernando Martins, consistiu num complexo edificado em bandas tipificadas funcionalmente variando entre os 6 pisos e os 12 pisos. Consistiu em prédios de habitação, escritórios, um centro comercial (10.500 m2), hotel com 300 quartos e um complexo desportivo e de saúde (Clube das Olaias, com 3 courts de ténis de piso rápido, 4 de terra batida, piscina descoberta, piscina coberta, pavilhão polivalente, sauna, squash e massagens).

A construção foi demorada, pelo que o projecto sofreu vá-

Av. Eng. Arantes e Oliveira

Entrada do Centro Comercial das Olaias: formalismo exemplar da pós-modernidade de Tomás Taveira.

rias alterações, o que acabou por se reflectir na diversidade formal e estética. Um elemento característico da obra do arquitecto, o uso e o tratamento da cor, merece aqui alguma atenção: desde logo na distinção do designado edifício Arco Iris, deste empreendimento, lembrando o futuro uso de graffitis como recurso decorativo dos imóveis. Por sua vez, o conjunto de edifícios de habitação na Av. Engenheiro Arantes e Oliveira e Rua Aquiles Machado, evidenciam o intento espectacular associado ao formulário cromático. Vale a pena transcrever os atributos com que o júri justificou a atribuição dos prémios Valmor e Municipal de Arquitectura ao empreendimento: “o jogo volumétrico de reentrâncias e saliências, o desenho e articulação das formas dos elementos de construção, as cores, a distribuição desse conjunto de artifícios nos diferentes níveis e extensão do bloco, a relação coerente dessas formas e cores com a função desempenhada, permitem ainda apesar da prolixidade de composição, decifrar os elementos primários como embasamento, corpo e coroamento, onde nenhuma superfície revista de informação local Areeiro 15

Memoória ´

Estação de Metro das Olaias

foi esquecida e todo o pormenor foi desenhado”.

A valorização desta urbanização, que em meados da década de 1990, ainda não se encontrava concluída, veio a beneficiar com a abertura do Viaduto sobre o Vale de Chelas, naquela década, e com a não menos importante localização da Estação de Metro das Olaias, pertencente à Linha Vermelha segundo a dotação de acessibilidade associada à Expo 98. Esta estação do metropolitano lisboeta, uma estrutura de betão armado, com estruturas metálicas e revestimento cerâmico, inaugurada em 19 de Maio de 1998, foi igualmente projectada (em 1996) pelo arquitecto Tomás Taveira, com a colaboração dos arquitectos Alfredo Cunha, Eliseu Almeida e Fernanda Couceiro. A concepção dos mosaicos cerâmicos, interiores e exteriores, coube ao arquitecto Ricardo Texeira. O projecto contou também com a participação dos artistas plásticos Pedro Cabrita Reis, Graça Pereira Coutinho, Rui Sanchez, Pedro Calapez e António Palolo, este no tratamento do viaduto sobre o vale pub

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Edifício Arco-Iris. “Imagem de marca” da Urbanização da Encosta das Olaias.

de Chelas, com painéis azulejares executados na Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego.

Mais uma vez impera aqui o uso da cor, no limiar da exuberância estridente, numa monumentalidade formal efusiva, patente na gare. Para esta estação, na qual se apostou uma forte estrutura comercial, incompleta na prática, e publicitária, projectou-se um parque de estacionamento para 500 carros.

Hoje, a designada encosta das Olaias situa-se num contexto urbanístico e social algo bipolar: uma realidade sublinhada desde a década de 1980 em que mundos diferentes existem lado a lado. É o caso do bairro Portugal Novo, marcado pela fragilidade social e a degradação física. Uma realidade que não é exclusiva do Areeiro e que a incúria ou incapacidade dos sucessivos executivos camarários perpetua, no que às suas competências respeita.

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revista de informação local Areeiro 17

saúu´de no

Areeiro

Cuidados ao sol A exposição solar tem muitos benefícios, nomeadamente a produção de vitamina D,fundamental para a fixação do cálcio nos ossos, produção de hormonas responsáveis pela sensação de bem-estar, assim como regulação do ritmo circadiano.

No entanto, uma exposição excessiva e descuidada conduz ao envelhecimento precoce da pele e culmina em lesões pré-cancerosas e neoplásicas, assim como danos a nível do globo ocular.

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Principais grupos de risco à exposição solar: • Crianças: a pele, apesar de ter o mesmo número de camadas cutâneas que o adulto, é mais fina, com células mais espaçadas, o que origina uma barreira cutânea menos eficaz. As substâncias são absorvidas mais rapidamente, em camadas mais profundas e a síntese de melanina é insuficiente, o que conduz a maior sensibilidade à radiação Ultravioleta (UV); • Diabéticos, casos de dermatite atópica ou psoríase: a pele é muito seca e mais suscetível a queimaduras solares; • Portadores de Imunodeficiência (ex. Lúpus); • Pessoas com problemas de pele específicos (ex. Albinismo, Vitiligo); • Pós tratamentos dermatológicos (ex. Peeling); • Utilizadores de medicação fotossensibilizante (ex. Antibióticos, Retinóides).

Como funcionam os Protetores Solares?

Os protetores solares são produtos cosméticos compostos por filtros que protegem a pele dos efeitos nocivos da radiação solar (UVA- associada ao envelhecimento cutâneo precoce e UVB - associada à queimadura solar).

Os filtros físicos ou minerais, não são absorvidos pela pele, refletem e dispersam a radiação incidente, formam uma película à superfície da pele, são inertes e indicados em crianças até aos 2 anos de idade, grávidas e peles sensíveis.

Os filtros químicos, penetram na pele, absorvem a radiação e dissipam a respetiva energia sob a forma de calor.

Os protetores solares são classificados de acordo com o seu SPF “Sun Protection Factor”, ou seja, o nível de proteção anti-UVB e de acordo com o seu PPD “Persistent Pigment Darkening”, o nível de proteção anti-UVA, que segundo as recomendações europeias deverá ser pelo menos 1/3 do SPF.

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Recomendações gerais: • Deve-se evitar a exposição solar entre as 11:00 e as 16:00; • Usar sempre chapéu, de preferência com abas para proteger as orelhas, óculos de sol com filtro UV, e no caso das crianças, T-shirt sempre que possível; • Aplicar protetor solar 30 minutos antes da exposição solar e renovar a aplicação a cada 2 horas, ou após contacto com água ou transpiração; • Beber muita água; • Fazer suplementação alimentar em vitaminas e antioxidantes, 15 dias antes da exposição solar para aumentar a tolerância ao sol e favorecer um bronzeado homogéneo e duradouro; • Após exposição solar hidratar a pele.

A exposição solar é fundamental, mas a proteção é essencial!

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ffiinancças e ffiiscalidade no ´

Areeiro

Antes de mais é com uma enorme satisfação que a SINALTAX inaugura nesta publicação a rubrica FINANÇAS e FISCALIDADE no AREEIRO. Procuraremos informar os nossos leitores sobre temas da atualidade relacionados com matérias dos Impostos, da Gestão e das Finanças, aplicados à esfera pessoal e das empresas.

Carlos Mesquita Pereira Gerente Consultor Financeiro Contabilista Certificado

Membro da Ordem dos Contabilistas Certificados Licenciado em Auditoria Licenciado em Gestão Pós-graduado em Fiscalidade

EM DESTAQUE

IFRRU2020 | BENEFÍCIOS FISCAIS | PATRIMÓNIO

Encontram-se abertas as candidaturas ao programa IFRRU2020 que se destina apoiar investimentos de reabilitação urbana a nível nacional. Este programa promove a dinamização e a revitalização do património urbano, através de dois instrumentos financeiros: 1) concessão de empréstimos com condições financeiras especiais; 2) concessão de garantias associadas aos empréstimos.

Podem candidatar-se a este apoio qualquer entidade, singular, coletiva, pública ou privada, desde que tenha poderes para realizar o projeto.

São elegíveis as intervenções que visem a reabilitação integral de edifícios com idade igual ou superior a trinta anos, a reabilitação de espaços e unidades industriais abandonadas, e a intervenção em edifícios de habitação social que sejam alvo de reabilitação integral, quando localizadas em área de reabilitação urbana (ARU) e integradas no plano de ação de regeneração urbana (PARU).

As candidaturas a este apoio formalizam-se em três etapas: 1) pedido de parecer à Câmara Municipal quanto à localização do imóvel; 2) pedido de certificado energético antes da intervenção junto da ADENE (Agência para a Energia); 3) pedido de financiamento junto das instituições de crédito aderentes.

ATUALIDADE

IRS | ESTUDANTES DESLOCADOS | RECIBOS DE RENDA

No passado mês de maio foi publicado em Diário da República o novo modelo de recibo de renda eletrónico que deve ser emitido pelos proprietários que tenham celebrado contratos de arrendamento com estudantes deslocados da sua residência permanente. O novo recibo deve ser emitido para todas as rendas desde 01/01/2018, uma vez que é de aplicação retroativa, conforme artigo 4.º da portaria nº 156/2018, de 29/05/2018.

Esta alteração ao Código do IRS decorre do Orçamento de Estado 2018 que passou a permitir às famílias deduzirem as despesas com arrendamento dos membros do agregado familiar que tenham idade até vinte e cinco anos e se encontrem a frequentar estabelecimento de ensino localizado a mais de 50 Km de distância da sua residência permanente. Esta dedução à coleta do IRS têm o limite de 300 euros anuais.

SINALTAX Av. João XXI, 3 R/C Esquerdo 1000-297 Lisboa Tel.: 210534581 E-mail: geral@sinaltax.pt www.sinaltax.pt

CURIOSIDADES

EBF | FROTAS DE VELOCÍPEDES | MAJORAÇÃO DE GASTOS

Sabia que as despesas com aquisição e manutenção de frotas de velocípedes são consideradas um gasto fiscal majorado em 20% quando incorridas em benefício do quadro de pessoal do sujeito passivo? Este benefício integrou o pacote da fiscalidade verde aprovado em dezembro de 2014. revista de informação local Areeiro 19

comer no

Areeiro

Restaurante Marisqueira Roma Comer com qualidade em zona nobre da cidade

Quem sobe a avenida de Roma pelo lado direito, um pouco antes da estação ferroviária de Roma-Areeiro, encontra nos dias de temperaturas pouco agradáveis com que este verão nos tem brindado uma esplanada fechada, de aspeto não muito diferente de outros estabelecimentos de restauração, que esconde um local de comida honesta, bem confecionada, numa lista onde se misturam a gastronomia tradicional portuguesa com os mariscos.

Retirada a lona de proteção com largas superfícies transparentes o espaço ganha outra dimensão estética, embora se fique sujeito aos inconvenientes que advêm do intenso tráfego automóvel da avenida.

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Quem opte pelo espaço interior não pode deixar de passar por um aquário de água borbulhante, com alguns belos exemplares de crustáceos marinhos.

Como se disse, a comida é boa e a oferta consistente, razão, porventura, da sua longevidade, com um atendimento sólido e que gosta de garantir que tudo corre bem.

Talvez por isso, quem procura comida criativa de autor este não seja o local mais indicado, como também não o é para os seguidores da nova tendência de comer folha de alface ao almoço.

A sala de entrada, embora não muito grande, é simples e agradável, com um elemento decorativo numa das paredes de inegável

efeito estético, balcão ao fundo e televisão sempre ligada, embora não de forma incomodativa. Existe outra sala para grupos.

O espaço entre mesas talvez seja um pouco escasso, o que pode deixar perceber algumas conversas vizinhas, situação não muito agradável pois a Marisqueira Roma é frequentado por um vasto e heterogéneo leque de pessoas, muitas delas responsáveis de empresas e empresários acompanhados por clientes que talvez gostassem um pouco mais de privacidade.

Todavia, estes inconvenientes são colmatados pela qualidade da comida e a forma como todos são recebidos.

perfiffiil Foi uma das mais prestigiadas marisqueiras da zona, mas que teve de se ir adaptando aos ventos que os tempos iam soprando, sem com isso ter perdido o carisma ou a qualidade, estando hoje mais vocacionado para a gastronomia tradicional portuguesa e aos grelhados com peixe de frescura irrepreensível.

O marisco faz parte da sua história e do seu cardápio nos mais diferentes pratos confecionados da forma rigorosa e sempre com o respeito pela matéria-prima de qualidade.

A esplanada confere à Marisqueira uma enorme versatilidade, sendo local de eleição para no tempo quente se beberem umas imperiais ou comer uns caracóis.

Garrafeira excelente, bar completo, atendimento atencioso e sabedor. Tem wi-fi.

Sugestões: Entradas: Amêijoas à Bulhão Pato e à Espanhola, gambas à Guilho, fricassé de cogumelos, chouriço assado.

Mariscos: Sapateira nacional, gambas cozidas, camarão de Espinho, camarão tigre, lagosta e lavagante nacional, canilha, caril de gambas, arroz de marisco, taglietelle de camarão, caril de lagosta à indiana, açorda, paelha e cataplana de marisco, espetada de gambas, moqueca de camarão.

Peixes: Pregado na brasa, robalo, dourada escalada, salmão grelhado, lulas frescas grelhadas, salmonetes, garoupa cozida ou grelhada, massada de peixe à Roma, polvo à lagareiro, cataplana de peixe à algarvia, bacalhau à lagareiro.

Carnes: Tornedó à casa, pica-pau do lombo, mimo de porco na pedra, bife à casa ou à portuguesa, naco na pedra, cataplana de porco com gambas, bitoque da vazia ou do lombo com ovo.

Outras informações:

Horário de funcionamento:

Todos os dias, das 12h00 às 24h00 Sala para fumadores: não Aceita cartões: sim Grupos: sim

Preço médio por refeição: 20/25 euros Aconselhável marcação prévia

Contactos: Av.ª de Roma, 30-B - 1000-280 Lisboa Tel.: 218 075 149 www.marisqueiraroma.com/pt www.facebook.com/Marisqueira-Roma

revista de informação local Areeiro 21

publireportagem

Tapetes Arraiolos Trevo

Uma Marca de Excelência

No interior da loja, somos levados para o mundo da magia visual dos tapetes de Arraiolos. A magia que preencheu a história secular desta arte decorativa, contada pelo trabalho paciente de sucessivas gerações. Aqui, na Casa Trevo, alguns dos capítulos dessa história começaram em 1967, numa empresa familiar, hoje dirigida por D. Sílvia Sousa Pinto (SSP) e seu marido. Os programas televisivos de France de Vasconcelos foram o mote inspirativo. Seguiram-se a aprendizagem e a experiência duma vida dedicada aos tapetes de Arraiolos.

Uma vida de muito trabalho, pelas exigências da arte e de um mercado que acabou por sofrer a concorrência chinesa, entre outras adversidades. Até o 11 de setembro refreou as encomendas dos clientes americanos, dado o decréscimo das viagens. Contudo, sempre existiu uma clientela fiel e nota-se agora alguma melhoria.

A empresa, por sua vez, está preparada para a execução dos desenhos clássicos, cobrindo as diversas fases históricas destes tapetes, desde o século XVI até hoje, como a criação ou a aceitação de novos desenhos e cores ao gos22

Areeiro revista de informação local

to dos clientes. O mais importante é a técnica do bordado.

O Palácio Porto Covo, em Lisboa, cujos tapetes estão documentados num livro sobre essa casa, ou o Salão Nobre da Assembleia da República e alguns ministérios são alguns dos locais públicos em que existem peças da empresa Trevo. São inúmeros os clientes privados, mas o direito à privacidade obriga à não revelação de nomes.

A empresa também faz trabalhos de restauro de tapetes.

O custo deste trabalho, bem moroso e paciente, se levado à letra seria altíssimo, diz-nos SSP. Os tapetes acabam por vendidos a um preço realmente baixo, comparativamente aos produtos industriais sem a mesma qualidade, que passa também pela escolha da lã (pura), das tintas e das telas de longa duração. Cada tapete de Arraiolos é único e uma verdadeira obra de arte!

Tapetes Arraiolos Trevo, Lda. Av.ª Óscar Monteiro Torres, 33-A - 1000 – 215 Lisboa Tel. 21 797 84 15 e 21 797 44 04 E-mail: mail@arraiolostrevo.com - www.tapetesarraiolostrevo.com