A verdade do amor e o amor à verdade

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AGRADECIMENTO Ao Conselho da Christ The King United Presbyterian Church pelas oportunidades de servir ao Senhor a mim ofertadas; À irmã Gabriela Santana pelas artes de divulgação do Seminário Temático.

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ÍNDICE INTRODUÇÃO ....................................................................... 04 PARTE I A Verdade do Amor........................................ 08 1. O amor deve ser exercido pela liderança...... 09 2. O amor deve ser exercido pelos cristãos....... 11 3. O amor é possível por causa da verdade...... 12 4. O amor redunda em mais bênçãos.............. 13 5. O amor é um mandamento.......................... 15 PARTE II O Amor à Verdade..........................................19 1. Não conrrompe a doutrina da encarnação de Cristo..................................................... 20 2. Não ultrapassa a doutrina de Cristo............ 26 3. Não é cúmplice das obras contra Cristo....... 30 4. Não destrói o resultado da comunhão com Cristo.......................................................... 35 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 41 4


INTRODUÇÃO Uma das mensagens proféticas de Jesus no tocante ao princípio das dores, aos sinais escatológicos dos últimos dias, é: “e, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” (Mt 24.12-13; Lc 2.23; Jo 13.37; Mc 14.29). Ao que parece, “Jesus estava descrevendo um colpaso na vida do corpo... [E nesse caso,] a perseverança é um indicador da fé verdadeira” (Robert Charles Sproul). Apesar deste e muitos outros textos bíblicos que confrontam nossas mazelas, é provável que muitas ovelhas declarassem seu perfeito amor agora, como se fossem completamente fiéis e incampazes de esfriarem o amor, mesmo que passageiramente... Algo assim pode ser visto na eufórica resposta de Pedro diante dos sofrimentos do Pastor em Jerusalém (Mt 26.33; Lc 22.33; Jo 13.37; Mc 14.29): Mt 26.33 – “Disse-lhe Pedro: Ainda que venhas a ser um tropeço para todos, nunca o serás para mim”. Mc 14.29 – “Disse-lhe Pedro: Ainda que todos se escandalizem, eu, jamais!”. Lc 22.33 – “Ele, porém, respondeu: Senhor, estou pronto a ir contigo, tanto para a prisão como para a morte”. Jo 13.37 – “Replicou Pedro: Senhor, por que não posso seguir-te agora? Por ti darei a própria vida”.

Os pontos de vista dos evangelhos referentes a este momento são pedagógicos. É um erro pensar que somos melhores do que realmente somos. O exercício da nossa fé é deficitário e pecamos constantemente, ao exemplo do próprio Pedro, agora, não 5


tão eufórico assim (Mt 16.22-23; Mc 8.32-33; Mt 26.34, 75; Mc 14.30, 72; Lc 22.34, 61-62): Mt 16.22-23 – “E Pedro, chamando-o à parte, começou a reprová-lo, dizendo: Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá. Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro: Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens” Mt 26.34, 75 – “Replicou-lhe Jesus: Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, tu me negarás três vezes. Então, Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes. E, saindo dali, chorou amargamente”.

Assim como Simão Pedro, somos pecadores em processo de santificação. É nesse sentido que a reflexão do evangelista americano Dwight Lyman Moody (1837-1899) é oportuna: “o amor divorciado do dever toma-se desenfreado, e o dever divorciado do amor acaba morrendo de inanição". Reflita, portanto. Tanto os textos bíblicos acima como a reflexão de Moody se encaixam perfeitamente em uma declaração do próprio Jesus (Jo 14.15), que sintetiza esse ponto: Jo 14.15 – “Se me amais, guardareis os meus mandamentos”.

Em outras palavras, “se vocês me amarem com conhecimento e intenção, então aceitarão, obedecerão e guardarão as normas que eu instituí para regular tanto suas atitudes interiores quanto a conduta exterior” (William Hendriksen). Desse modo, estudar e aplicar a segunda carta de João é uma maneira de vivenciar o maior dos 6


mandamentos e a obediência cativos à Cristo. É o que se propõe com “a verdade do amor e o amor à verdade”, tema da série de estudos por ocasião do 1º Seminário Temático da Escola Bíblica Dominical de nossa igreja, a Christ The King United Presbyterian Church. Antes de iniciarmos a explicação do texto bíblico em foco é essencial que lembremos ser o apóstolo João o autor de um evangelho, três cartas1 pastorais e o último livro da Bíblia, o Apocalipse.2 Apresento abaixo uma breve relação desses escritos em termos de data e local: ESCRITO

DATA

LOCAL

Evangelho de João

80-90 d.C.

Éfeso

1ª de João

90-95 d.C.

Éfeso

2ª de João

90-95 d.C.

Éfeso

3ª de João

90-95 d.C.

Éfeso

Apocalipse

96-100 d.C.

Patmus

Provavelmente, das três epístolas, a segunda, de caráter pessoal, é a menos estudada. Apesar de ser uma das menores epístolas do Novo Testamento (ao lado de 3ª João), com trezentas palavras gregas As expressões “carta” e “epístola” são tratadas como sinônimas, geralmente. Entre os exegetas, desde Adolf Derissmann, se faz uma diferenciação entre os conceitos: “carta” seria de estilo literário pessoal, dirigida a uma pessoa ou referente a um problema específico; “epístola” seria um dispositivo literário com audiência maior de leitores em mente. A verdade, porém, é que muitos escritos neo-testamentários, tratados como cartas em suas origens, com o tempo e o difundir-se do cristianismo, tornaram-se epístolas, pois são destinadas a toda cristandade. 1

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Além das semelhanças de conteúdo e escrita, o testemunho histórico aponta para a autoria joanina. Dentre outros, Papias de Hierápolis (70-130 d.C.), Eusébio de Cesaréia, Irineu de Lyon (130-200 d.C.), o Cânon de Muratori (170-215 d.C.), Clemente de Alexandria (150-215 d.C) e Orígenes de Alexandria (184-253 d.C.) declararam João como o autor de tais escritos.

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que caberiam em um único papiro, 2ª João proporcionará aos cristãos a compreensão que a verdade deve sempre reger o exercício do amor. Como o tema sugere, creio que a carta é dividida em dois blocos principais: (1) um de caráter mais prático (2 Jo 1-6 e 13, “a verdade do amor”, no qual a Igreja é incentivada a praticar o amor por causa da verdade); e (2) uma de caráter apologético (2 Jo 7-12, “o amor à verdade”, no qual os cristãos são exortados à permanecer na Palavra frente aos desafios do seu tempo, que é o verdadeiro amor). Iniciemos, desse modo, certos de que Deus nos abencoará. As referências bíblicas utilizadas são da versão Revista e Atualizada, sendo os negritos, sublinhados e uso de colchetes de cunho pessoal.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A Bíblia Sagrada. ALLEN, Clifton J. Comentário Bíblico Broadman, volume 12. Rio de Janeiro: JUERP, 1987; BARCLAY, William. Comentário do NT. São Paulo: Vida, 1996; BOOR, Werner. Comentário Esperança: Cartas de João. Curitiba: Esperança, 2008; BORN, A. Van Den. Dicionário Enciclopédico da Bíblia. Rio de Janeiro: Vozes, 1977; BROWN, Raymond E. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo. São Paulo: Paulus, 2011; BRUCE, F. F.. Comentário Bíblico NVI. São Paulo: Vida, 2009; CARSON, D. A.. Comentário Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2009; CHAMPLIN, Russel N.. Novo Dicionário Bíblico. São Paulo: Hagnos, 2018; _____________. O NT interpretado. Rio de Janeiro: Candeia, 1998; CLARKE, Adam. Clarke’s Commentary the NT: volume 8. Albany: The Ages Digital Library, 1997; COENEN, Lothar. Dicionário Internacional de Teologia do NT. São Paulo: Vida Nova, 2000; DAVIDSON, F.. O novo comentário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1997; DAVIS, John. Dicionário da Bíblia. Rio de Janeiro: JUERP, 1989; DOUGLAS, J. D.. O Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 2006; 9


ELWELL, Walter A. Dicionário Bíblico Tyndale. Santo André: Geográfica, 2015; GINGRICH, F. Wilbur. Léxico do NT. São Paulo: Vida Nova, 1993; HARRISON, Everett F.. Comentário Bíblico Moody. São Paulo: Batista Regular, 2019; HENDRIKSEN, William. João: Comentário do NT. São Paulo: Cultura Cristã, 2004; HENRY, Matthew. Comentário Bíblico do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2010; JAMIESON, Robert. Comentário Exegético do AT e NT. Texas: Batista, 1989; KEENER, Craig S.. Comentário Bíblico do NT. Belo Horizonte: Atos, 2004; LOPES, Hernandes D.. 1, 2 e 3 João: como ter garantia de salvação. São Paulo: Hagnos, 2011; MACARTHUR, John. The New Testament Commentaries Series. Chicago: Moody Publishers, 2007; MACDONALD, William. Comentário Bíblico Popular do NT. São Paulo: Mundo Cristão, 2011; MEYER, F. B.. Comentário Bíblico do AT e NT. Belo Horizonte: Betânia, 2002; MOUNCE, William D. Léxico Analítico do NT Grego. São Paulo: Vida Nova, 2013; OLIVETTI, Odair. NT Interlinear Analítico. São Paulo: Cultura Cristã, 2008; PEARLMAN, Myer. Através da Bíblia, Livro por Livro. São Paulo: Vida, 2006; RICHARDS, Lawrence. Comentário Histórico-cultural do NT. Rio de Janeiro: CPAD, 2008; 10


RIENECKER, Fritz; ROGERS, Cleon. Chave Lingúistica do NT. São Paulo: Vida Nova, 1995; ROBERTSON, A. T.. Comentário do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2011; SPROUL, R.C.. Estudos Bíblicos Expositivos em Mateus. São Paulo: Cultura Cristã, 2017; STERN, David H. Comentário Judaico do NT. Belo Horizonte: Atos, 2007; STOTT, John R. W.. 1, 2 e 3 João: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1982; VINE, W. F. Dicionário VINE. Rio de Janeiro: CPAD, 2002; WIERSBE, Warren W.. Comentário do Novo Testamento. Santo André: Geográfica, 2007.

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