Gracinha nem precisava Ir falar com a parteira Pois ela tinha já em si A certeza verdadeira Que dentro dela estava A menina sua herdeira
Quem sou eu nessa vida.
A velha Cunhã lhe olhou Com cara de vou morrer Maria das Graças decida logo O que tu vais fazer.
Tua mãe virou matinta Por que num tinha outro jeito Anda ai pelos mato Assombrando branco e preto Era ela que ia ficá no teu lugá
Maria das Graças respirou fundo Passou a mão na barriga Sentiu a filha de Raimundo Dentro do peito dela Uma coisa nova sentiu E por uma amor desmedido Essas palavras proferiu: Cunhã eu nunca bebi sangue Nem nunca feri ninguém A minha vida mesmo E nem sei direito de onde vem Mas eu vou lhe dizer Que a sorte a gente num escolhe Um dia vem o destino E a vida da gente engole Hoje eu fui engolida Por que cá não queria estar Mas minha alma está ferida Me diga Velha Cunha
A velha tomou em si Uma força de outro mundo E começou a contar pra Maria O seu destino no mundo
Tu nasceu de um preto guerreiro Que por aqui apareceu Era também do terreiro Onde foram te buscá Da família de Tiana A Mãe daquele lugá Faz tempo que por cá Nos temo a combinação De fazê acordo Entre a o Oca e o Barracão Nós lá também tem festa Pros nosso encantado dançá E os homem de lá aqui vem Pra menino fazê e menino levá