revista olhar marginal

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SE AS REVISTAS DE ARTE NÃO

OLHAM PARA NOSSA CRIAÇÃO, FAREMOS JUNTAS NOSSO PRÓPRIO MEIO DE CIRCULAÇÃO.

TO TENTANDO SOBREVIVER ATÉ A PROXIMA AURORA

PRA VER SE TE TROMBO NA HORA CERTA OU ERRADA

MAS NO ÚNICO TEMPO QUE A GENTE CONHECE. O NOSSO.

LUCAS SOUZA

PAG 8

MAROCAS PAG 11

KLEBER FERNANDO PAG 14

EDUARDA CARVALHO PAG 17

NEGUEBA MEDEIROS PAG 20 MADU BARBOSA PAG 23

GOIS PAG 26

SOUZA PAG 29 ANDREY HAAG PAG 32 MUN RÁ 013 PAG 35

O CORPO MARGINAL

NASCE DE UMA FONTE ESCASSA DE RECURSOS,

onde procuramos forças para poder seguir na jornada de quem veio antes da gente e poucos sabem como é difícil levantar um barraco no chão de mangue. Quando digo escassez de recursos, só falo daquilo que negaram pra nós, por que te sintorico,mesmoquenãoteconheça.

Todo favelado tem em si o saber de um ancestral, ande pelas ruas e descubra engenheiros, doutores, químicos e CEO’s, arrumamos nossa forma de sobrevivência a partir da nossa realidade, buscamos fora o que falta, a periferia é um país independente sem bandeira onde cada residente se reconhecemesmoforadoseuterritório, temos nossa língua, nossas roupas e nossa cultura, funk na palma da mão é ritual de consagração desse lado, levamos a sério nossa história mesmo que tentem apagar constantemente os nossospassos.

Não estamos nos livros didáticos, estamos na boca do povo, nas nossas memórias aqueles que se foram estão vivos e fazem do seu legado a nossainspiração.

ENTÃO LEVANTAMOS ALÉM DE PALAFITAS,

a nossa estima e moral a partir das nossas vivências dentro do nosso próprio mundo, buscamosreconhecimentosemblusasdejacarée em tênis superestimados, que significam que saímosumpoucodofundãoequevislumbramoso quetemforadaquebrada

A questão aqui é que acredito que o valor que damos há algumas coisas, não está sempre onde se tem retorno a nós, o que consumimos não olha pra cá com bom tom, eles não gostam de você vestindo grife, eles só fingem que aceitam, se pudessem não te venderiam, só que o dinheiro ainda vale o mesmo independe da mão que se encontra E não confunda quanto o dinheiro vale, com o seu verdadeiro valor, sei que na sua mão ele vale muito mais, sei que na sua mão mudaria tudo ao seu redor, sei que sua mãe moraria melhor e que seu pai poderia parar de trabalhar finalmente, sei que sua avó poderia sossegar por saber que você está bem e que nada nessa rua espreitaasuamaldade

ESPERO QUE ENQUANTO PASSE CADA FOLHA, VOCÊ SE VEJA NELAS TAMBÉM,

porqueissoésobrevocê,ésobreaformaquea gente precisa se ver, não posso mais te ver na parte criminal do jornal, hoje eu te coloco nessa revista da melhor forma possível maloqueiro, pra gente poder se reencontrar em toda esquina caso necessário, tua criatividade aqui é valorizada, quando falarem que você só faz arte, diga que é um artista, vá no seu tempo e não se desespere por que a gente tá aqui pra vir ao teu encontro e te mostrar o quanto tudo que é nosso é mais bonito.

COMO É BOM SER FAVELADO.

Lucas Souza, 21 anos, pessoa não-binárie e cria da Baixada Santista, litoral de São Paulo Ilustrador, ativista, anti capitalista, presente também na luta antimanicomial como pessoa neuro divergente, e presente no movimento LGBTQIA+, atuando prioritariamente com os direitos das pessoas trans e travestis e das questões de gênero como um todo. Cursa Serviço Social e tem proximidade na luta contra o racismo ambiental, que segrega a população litorânea nos morros através da especulação imobiliária e verticalizaçãoemnossaspraias.

Nascido e criado no Savoy 2, quebrada de Itanhaém, morou por um período em Praia Grande, tendo a Baixada Santista como casa apreciando todas as particularidades do território

Apesar das praias serem um atrativo na baixada santista, o artista acompanha a cena cultural da região como uma forma de buscar inspirações

EU GOSTO DA PRAIA MAS PRA MIM ELA É A COISA QUE MENOS RETRATA A BAIXADA, POR MAIS QUE ESTEJA ENVOLTA NA REGIÃO INTEIRA, ACHO QUE SÃO AS PARTES SUJAS DA BAIXADA QUE FAZEM A GENTE RESISTIR E SE SENTIR DESLOCADO QUE TORNAM ESSE LUGAR TÃO POTENTE, AS PESSOAS TÃO ÚNICAS, NÃO DE UMA MANEIRA ROMANTIZADA, MAS É QUE AS DORES VÃO LAPIDANDO NOSSOS CORPOS E ACENDENDO A GENTE

LUCASSOUZA

MAROCAS

Mariana Menezes, 22 anos, cria do bairro Quarentenário, área continental de São Vicente-SP O primeiro contato com a arte se deu nas pinturas e desenhos aos 16 anos, aos 17 conheceu o teatro através de uma amiga, onde atuou por 2 anos como atriz e fotógrafa no Coletivo Mosaico, de São Vicente Através do teatro mergulhou na fotografia, fazendo os primeiros registros conhecendo e acompanhando os eventos culturais de santos, cidade que até então desconhecia pelavivência.

É IMPORTANTE RESSALTAR QUE ALÉM DE SONHADORES, SOMOS SERES HUMANOS PASSANDO POR MUITOS ATRAVESSAMENTOS.

Aos 20, já com alguns anos de fotografia entrou para o Coletivo Olhar Marginal, onde já atua há 2 anos com a periferia. O olhar fotográfico nasceu a partir de um incômodo pessoal sobre a alienação e capitalização artística que muitos artistas sofrem, o qual é tomar caminhos que fogem da nossa essência e realidade A favela não possui voz, registros, ou até mesmo um olhar positivo sobre as belezas que existem nela e a artista traz estas questões através da fotografia. Através da fotografia registra as histórias que precisam ser contadas, e denuncia questões que são silenciadas. Marocas, além de artista, é mãe e luta para que além do seu meio artístico, seus direitos sejam respeitados como mulher, mãe jovem e principalmente o direito de ter um lar

TÔ AQUI PRA REGISTRAR ESSE COTIDIANO QUE “PEGA” A GENTE. AS DORES, AS ALEGRIAS, AS BELEZAS E AS MEMÓRIAS. AFOTOGRAFIAPRAMIMFAZ

PARTE DE UM DESABAFO, UMA CRIAÇÃO DE UMA MEMÓRIA QUE TALVEZ NÃO EXISTAMAISDEPOIS. A ARTE DE ALGUMA MANEIRA, PRA MIM, SEMPRE APONTA PRO CORAÇÃO DA GENTE.“

KLEBER FERNANDO

Kleber Fernando é um multiartista que atua essencialmente na cena da poesia falada, música e artes visuais. Fruto das comunidades indígenas de Peruíbe, o artista moraatualmentenaperiferiadePraiaGrande

Kleber também é pai, trabalhador braçal e estudante de artes e professor voluntário, promove intervenções artísticas pela cidade deixando nítidas em suas obras as vivências de um corpo marcado pela política de seu tempo.

Em 2021 iniciou uma circulação com a exposição Maria’s é José’s onde retrata com lápis de cor sobre Madeira MDF reciclada outros artistas independentes da região. O poeta lançou em 2019 um vídeo poema onde, através da história de seu pai, aborda de forma didática e sensível às questões raciais que marcam sua vida enquanto

pessoa em busca de sua própria identidade.

"O ARTISTA PERIFÉRICO, QUANDO NÃO É MARGINALIZADO, É FREQUENTEMENTE ROMANTIZADO. É PRECISO HUMANIZÁ-LO. SE A ARTE CAUSOU MUDANÇAS BOAS EM MIM, EU, SABENDO QUE NÃO SOU MELHOR DO QUE NINGUÉM, PRECISO ACREDITAR QUE ELA É CAPAZ DE CAUSAR MUDANÇAS NOS OUTROS TAMBÉM."

Eduarda Carvalho, mulher bissexual de São Vicente, aos 29 anos ainda tenta pertencer. Já residiu em vários bairros da cidade e do Brasil, do Catarina ao Fátima, do Bitaru à Belém, acompanhando familiares na tentativa que é a vida. Filha de mãe cantora e ausente há quinze anos, sua narrativa foi inversa da maioria: criada pelo pai, esse com sonhos infinitos que foram deixados de lado pela necessidade de sobreviver, e desde jovem agarrou o que podia. A primeira noção de pertencimento foi ao morar por mais de 12 anos na Cidade Náutica junto do pai.

EDUARDA CARVALHO

Ao longo da vida a possibilidade do fazer artístico sempre ia ficando de lado Na adolescência, junto da sensação de manusear alguns livros na escola, vieram os primeiros textos escritos, e por meio das palavras conseguia escapar e entender melhor a realidade Em 2016, aos 21, com muitas tentativas, ingressa em uma Universidade Pública, no curso de Letras, na cidade de Mariana, Minas Gerais Pro corre acontecer, vende pão e bolo por anos na cidade, cuida de pets, trampa como diarista, mascote de loja de internet, vendedora e cozinheira de lanchonete, além de programas sociais com bolsasdeassistênciadauniversidade

Durante a faculdade revive a paixão por desenhos, usando materiais de um centro de pesquisa que trabalha Começou a experimentar rabiscos que refletiam seus dias, se descobriu ali criativa. "Como assim,eusoucapazdisso?"

Nos desenhos digeria conversas que tinha com pessoas, vivências em terreiros de Umbanda, experiências em escolas rurais e no contato diário com as plantas que cultivava, levando adiante a "mania"daavódepegarmudaspelarua

Passou a experimentar tintas naturais que tentava produzir, usando terra, urucum, açafrão, casca de cebola, beterraba, carvão, café e etc., misturados comcolabranca

Nessa mistura entrou a colagem digital junto das ilustrações manuais e três sequências se fizeram: “elas na caminhada”, "oco de mim” e “aterrar” O primeiro retrata mulheres inspiradoras em seus lugares de força e afeto; o segundo, traduz do inconsciente as experiências relacionadas aos terreiros de Umbanda e o terceiro, experimenta ilustrações intuitivas/abstratas com as tintas naturais.

Hoje trabalha como professora em escola pública de ummunicípiodabaixadasantista.Nalutapelodireito das pessoas pobres, do campo e pela reforma agrária Acredita nas força das tantas linguagens existentes para comunicar tudo aquilo que não pode deixardeserdito

Tive e tenho que todo dia desaprender algo sobre mim pra reaprender que eu sou capaz de ter objetivos, de me enxergar boa no que faço. E como professora, como artista, como pessoa aprendiz, eu quero andar ao lado e não a frente de ninguém, reforçando a possibilidade de cada um se descobrir e aflorar as próprias ideias Tenho entendido muito sobre desaprender, desaprender violências que carregamos de outras pessoas pra poder ser a gente.

NEGUEBA MEDEIROS

João Vitor Fraga de Medeiros, mais conhecido em meio a arte como Negueba Medeiros, atualmente 18 anos, residente do bairro Vila Fátima/São Vicente O primeiro contato a arte foi aos 8 anos de idade, se apresentando em meio ao público com um teatro de capoeira em um instituto no bairro vizinho (PARQUE SÃO VICENTE) onde o amor por arte foi despertado e reconhecido. Negueba aprendeu a fotografia de forma autodidata e publicou sua primeira fotografia no ano de 2022, com ensaios feito com uma câmera digital (cybershot) com seu amigo de infância entre outras fotos com artistas da cidade de São Vicente, assim montando seu portfólio com o intuito de criar sua identidade visual. Seu olhar aponta para tudo que se passa no seu dia-a-dia, crianças nas vielas, retrato familiares, canal, manguezais e tendo como maior foco inspirar as próximas gerações, mostrando nas periferias que a câmera é algo alcançável das crianças e que é possível fazer arte dentro desse local e mostrar outro caminho, incentivando-os com a arte

“ EU SOU MUITO OBSERVADOR E POR MEIO DA FOTOGRAFIA CONSEGUIR REGISTRAR CADA MOMENTO, ONDE NEM SEMPRE A MENTE CONSEGUE ARMAZENAR TODAS AS VIVÊNCIAS , POR ISSO SIGO REGISTRANDO CADA SEGUNDO DESSE FILME, NO CASO, MINHA VIDA.”

A falta de atenção à periferia faz com que Negueba sinta cada vez mais sede e fome de buscar o que é seu, independentemente de não ter todos os recursos em mãos O que realmente importa, no fim das contas, é que “ENTRE VIELAS E BECOS, MORROSEPRAIA, EUEXISTO,RESISTOECONTINUOAQUI!”

Maria Eduarda Barbosa da Silva, conhecida como Madu, 24 anos, nasceu em São Vicente, no litoral de São Paulo, onde cresceu e vive até hoje.

Desde pequena sempre foi apaixonada pela arte mesmo ainda sem saber de fato a potência que isso poderia se tornar em sua vida. Filha de nordestinos e a mais nova de seis filhos, acredita que a família e o território têm grande influência sobre sua arte.

Com uma câmera analógica, seus pais faziam registros nos encontros de família, que rendem até hoje um acervo importante para a construção artística e visual de Madu, que acredita vir daí sua paixão e encanto pela fotografia, fazendo a mesma se aprofundar em sua formação em cinema e audiovisual.

“MINHA LENTE

MADU BARBOSA

APONTA PARA A RIQUEZA DAS HISTÓRIAS QUE A SOCIEDADE INSISTE EM APAGAR”

Hoje, Madu é graduanda em Pedagogia pela Universidade Católica de Santos e no corre segue como arte-educadora, comunicadora comunitária e fotógrafa de quebrada, onde tenta criar registros como forma de não esquecimento da vida cotidiana e cultura do seu território trazendo a memória e educação como norteadoras da sua arte QUANDO EU OLHO PARA AS MINHAS FOTOGRAFIAS , EU CONSIGO PENSAR O QUE JÁ EXISTIA ANTES DE MIM. PENSAR O QUE EU SOU E PROJETAR UM FUTURO, O QUE EU QUERO SER.”

Fernando Henrique de Gois, 32, nascido em São Vicente/SP, licenciado em Letras, é educador, dramaturgo, ator e artista visual, integrando os grupos de teatro “O Coletivo” (Santos) e “Casa3” (Guarujá), e o coletivo de artistas visuais “Olhar Marginal” (São Vicente) Atuando em diversos territórios da Baixada Santista, pesquisa diferentes linguagens das artes visuais. Desenho e poemas visuais ocupam territórios como o centro histórico de Santos e periferias de São Vicente, em trabalhos como as performances e instalações “Galeria Imaginária” e “Shock de Monstro” (2020), “Galeria Imaginária Encena” (2021), “3x4” (2022) e “Amostra Grátis” e “Corpo Mandala” (2023)..

F E R N A N D O G O I S

Nascido e residente em diversas periferias de São Vicente, a pesquisa estética revela outras nuances da arte marginal de quebrada, pois remete muito mais à vivência subjetiva de um morador do que uma ilustração de aspectos do cotidiano periférico. Autodidata, trabalha com materiais reciclados, de baixo custo e fácil acesso Começou a desenhar adulto, influenciado pelo trabalho que desenvolvia com alunos e a pesquisa sobre o potencial do arte educador que, apesar de toda a sobrecarga escolar, mantém os próprios processos artísticos

ANDRÉ SOUZA

André Souza, 28 anos, nasceu e viveu a maior parte de sua vida em um dos bairros costeiros da ilha de São Vicente, conhecido como Cidade Náutica Bairro margeado e interligado a outros territórios através dos rios que descem da serra do mar

Desde criança, sempre foi fascinado pelos mistérios do universo e pela existência humana, mas ao mesmo tempo, testemunhava a luta diária das pessoas ao seu redor, especialmente de seus pais, o que contradizia o brilho em seus olhos. Filho de uma empregada doméstica e de um pedreiro, ambos vindos do nordeste do país Compreendeu cedo a necessidade de lutar para conquistar um espaço digno, sendo na maioria das vezes o mínimo.

Durante sua jornada, desempenhou diferentes trabalhos, como ajudante de pedreiro, motoboy, menor aprendiz e instrutor de caiaque na praia. Também trabalhou com infraestrutura no maior Porto da América Latina, em Santos, o que o levou a reconhecer a importância de dar voz às pessoas que vêm de longe em busca do mínimo, assim como seus pais e si próprio

Ao longo dos anos, com muito esforço, conseguiu obter financiamento para cursar a faculdade de cinema e adquiriu sua primeira câmera. Esse foi um ponto de partida para transformar suas inquietações em luz e sombra, através de suas fotografias em preto e branco.

Desde então, se envolveu em movimentos e coletivos, como o Olhar Marginal, com o objetivo de ressaltar a importância da imagem na periferia

Também tem atrelado ao seus estudos, como busca do vínculo com o território em que viveu, a cidade náutica, a relação da periferia com o ecossistema manguezal, onde busca através de suas fotografias e documentários, formas e palavras para relacioná-los e unificá-los

Carrega consigo uma história de resiliência, em que a arte visual se torna sua voz poderosa, enaltecendo a periferia e provocando reflexões profundas sobre a interação entre seu território e a envolvente natureza

É PRECISO ESTAR A MARGEM DO MUNDO, PARA VÊ O UNIVERSO POR INTEIRO"

Andrey Haag, 31 anos, nasceu em Ribeirão Pires Aos 11 anos mudou-se com sua família para a periferia de Praia Grande, litoral de São Paulo. Sempre gostou muito de Arte, mas nunca foi incentivado à prática Sua mãe empregada doméstica sempre dizia que Arte era coisa de rico.

“O ATO DE SONHAR PARA O POBRE NÃO É DE GRAÇA. CUSTACARO,ASVEZESSUASANIDADEMENTAL”

Aos 23 anos Andrey conheceu e se apaixonou pela fotografia. Após ser mandado embora do seu último trabalho com registro na carteira, comprou uma câmera e um notebook e foi estudar por conta própria

A N D R E Y H A A G

Trabalhou por quatro anos em uma empresa de vídeo de casamento, mas no ano de 2019 após uma depressão profunda decidiu dedicar seu olhar e trabalho para o movimento urbano de quebrada. Fazendo colaborações com artistas e fazedores locais, criando imagens sobre a estética e a pulsação de vida e cultura do seu território

PENSAR A FOTOGRAFIA FEITA DENTRO DA QUEBRADA POR QUEM MORA ALI, É DIALOGAR SOBRE A CAPACIDADE DE SE CRIAR UM NOVO IMAGINÁRIO. ONDE TEMOSOCONTROLEDANOSSANARRATIVA”

MUN RÁ 013

Mun Rá 013 é o pseudônimo do artista Ryan Nascimento, 22 anos, nascido e criado no Jardim Quietude, zona de 3 de Praia Grande. Seu interesse pela arte surgiu desde muito novo, sendo o desenho a primeira expressão artística que exerceu

Em suas obras, tenta captar referências periféricas que fizeram parte de sua formação e que, por muito, foram marginalizadas. Entre suas inspirações, os traços de quadrinhos e grafite, junto à cultura hip-hop se fazem mais presentes em suas obras, sempre com cores vibrantes e anatomia estilizada

SEMPRE ODIEI O LUGAR EM QUE MORAVA. ERA UMA CASA COM APENASUMQUARTOEUMBANHEIROPARA4PESSOAS.SEMCAMA,EMUM LUGAR CHEIO DE MOFO E RATOS. MESMO ASSIM, A LEMBRANÇA MAIS ANTIGA QUE TENHO COM ARTE É RABISCANDO DESENHOS NAS PAREDES E NUNCAFUIREPREENDIDOPELOSMEUSPAISPORISSO.DEALGUMAFORMA, A ARTE ME AJUDOU A ENTENDER EM QUE CONTEXTO EU ESTAVA E QUE ATRAVÉS DOS MEUS DESENHOS EU PODERIA ME IMAGINAR E CHEGAR ONDE EUQUISESSE.

Hoje, além de ilustrador, Mun Rá também atua como Mc independente, trazendo em suas composições elementos de rap e funk, com críticas à exploração da periferia e autoestima do povo preto, pardo, indígena e periférico

FICHATÉCNICA

Produção

Coletivo Olhar Marginal

Andrey Haag, André Souza, Fernando Gois, Luiz Marq´s, Maria Eduarda Barbosa e Mariana Menezes

Produçãodelançamento

Nanne Bonny

Editor-chefe

Andrey Haag

Conselhoeditorial

Fernando Gois, Luiz Marq’s e Mariana Menezes

Redator

Estevão

Curadores

Coletivo Olhar Marginal

Andrey Haag, André Souza, Fernando Gois, Luiz Marq’s, Maria Eduarda Barbosa e Mariana Menezes

ProjetográficoeDesigner Andrey Haag

DesignerdaCapa Lusca

Fotodacapa Mun rá 013

Editorial Luiz Marq´s

Apoio Instituto Procomun

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