Relatório Belém Sonora

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_______________________________________________________________ Relatório de Pesquisa do projeto Belém Sonora André Macleuri (André Pereira Souza de Sousa) 2ª edição revista. Braga, Portugal, dezembro de 2020. 1ª edição Belém, Brasil. 24 de agosto de 2018. Projeto Gráfico: André Macleuri Foto da capa: Walter Gomes Júnior

O projeto Belém Sonora foi realizado através do Prêmio de Pesquisa e Experimentação artística 2018, do programa SEIVA de incentivo à arte e a cultura do Governo do Estado do Pará através da Fundação Cultural do Pará.

Mais do projeto encontra-se em: www.andremacleuri.blogspot.com _______________________________________________________________


Sumário APRESENTAÇÃO .............................................................................................. 6 1.

Sons naturais .............................................................................................. 3 1.1

Periquitos .............................................................................................. 3

........................................................................................................................ 6 1.2 Garças ...................................................................................................... 6 2.

Sons de origem humana ............................................................................. 8 2.1 Ver-o-Peso................................................................................................ 8 ...................................................................................................................... 12 2.2 Sinos de Igrejas ...................................................................................... 12 2.2.1 Catedral de Belém (Igreja da Sé) ..................................................... 13 .................................................................................................................. 13 .................................................................................................................. 14 2.2.2 Nossa Senhora de Sant’Ana ............................................................ 15 .................................................................................................................. 18 2.2.3 Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos .............................. 18 .................................................................................................................. 18 .................................................................................................................. 19 2.2.4 Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré ............................ 20 2.2.5 Sinos inaudíveis e invisíveis ............................................................. 29 2.3 Sirene do Comércio ................................................................................ 31

FICHA TÉCNICA .............................................................................................. 34 AGRADECIMENTOS ....................................................................................... 35 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................................... 36 ENDEREÇOS ELETRÔNICOS CONSULTADOS ............................................ 36


APRESENTAÇÃO Este relatório é parte de um projeto cujo objetivo é investigar e registrar sons que se tornaram “marcos sonoros” no cotidiano da cidade de Belém do Pará, norte do Brasil, ao longo de décadas ou séculos de existência. O trabalho foi realizado entre os meses de junho e agosto de 2018 e teve como resultado três produtos: um vídeo documentário de aproximadamente 17 minutos, 15 fichas sonoras com seus respectivos áudios e 5 composições sonoras. O vídeo é um resumo do projeto em formato audiovisual. As fichas sonoras são registros textuais que abordam, de modo resumido, desde os aspectos técnicos da captura do áudio aos contextos históricos e sociológicos relacionados a cada som que as acompanham. As composições sonoras fazem parte de um processo de criação e experimentação artístico-sonora realizadas com os sons coletados. As fichas e as composições possuem seus cadernos específicos, portanto, mais detalhes sobre a concepção e criação das composições sonoras, consultar o caderno “composições sonoras”, e para as fichas, consultar o caderno “fichas sonoras”. O presente relatório traz informações mais detalhadas de cada um dos sons apresentados no vídeo e nas fichas sonoras, além de relatar o percurso da pesquisa. Pensei em apresentar os sons na ordem cronológica da pesquisa, mas percebi que os tipos de som se misturavam, assim, preferi organizá-los por dois tipos de som: sons da natureza e sons humanos. Dos primeiros temos as vozes dos periquitos e das garças. Do segundo, alguns sons do complexo do Ver-o-Peso, o ruído sagrado dos sinos de igrejas e a sirene do comércio. Em todos os sinos pesquisados não conseguimos dados referentes à dimensão, peso e tipo de material dos mesmos.


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1. Sons naturais É importante notarmos a forte presença da natureza num centro urbano desordenado como Belém. Dos sons da natureza, vozes de aves podem ser ouvidas no decorrer do dia em qualquer ponto da cidade. O canto forte e marcante do Bem-te-vi (pitangus sulphuratus) é um dos mais presentes. Mas no projeto registramos as “sinfonias” realizadas por dois tipos de aves que marcam forte presença em algumas Praças da cidade.

1.1 Periquitos

Brotogeris versicolorus. Praça do Operário. Foto: André Macleuri

A população dos periquitos-de-asa-branca da cidade tem maior concentração na Praça Santuário do Centro Arquitetônico de Nazaré - CAN (no bairro de Nazaré) e nas Praças do Operário e da Leitura, no bairro de São Braz. Existe uma notícia publicada na internet de que os periquitos migraram do CAN para a Praça do Operário: “O tradicional espetáculo da revoada de periquitos sobre a Praça Santuário, no bairro de Nazaré, em Belém, parece ter mudado de endereço... O som que vinha das árvores centenárias pode agora ser ouvido de outros pontos da capital. Um deles é a Praça do Operário, em São Braz” (g1.globo.com. 21/10/2014).

Não há provas científicas para se afirmar a veracidade deste fato ou o porquê disso haver ocorrido, caso seja verdade. Mas é percebido que as grandes samaúmas da Praça do CAN tem sido menos frequentadas pela


4 população dessas aves há alguns anos. O polêmico conflito dos Periquitos com o ser humano na Praça Santuário desperta a hipótese de eles haverem se afastado do ambiente por ameaça: “A queima de fogos que há 150 anos encerra o Círio de Nazaré, maior manifestação católica do Pará, será banida pela primeira vez, no último domingo deste mês (26). O motivo é a mortalidade de periquitos que nesta época do ano invadem Belém em busca de alimento. A decisão é do IBAMA que desde 2010 busca uma saída para evitar que o tradicional show pirotécnico de 12 minutos, realizado na Praça Santuário, provoque ferimentos, desorientação e morte as aves do gênero Brotogeris..” (blogfolha.uol, 2014)

Em

observação,

ao

menos

no

período

dessa

pesquisa,

especificamente nos meses de julho e agosto, notamos a presença dos periquitos na Praça do CAN novamente. Bem como percebemos que eles não permanecem por muito tempo, e parecem visitar a Praça especificamente para fazer uma refeição, pois consomem as flores e brotos de Ceiba pentandra (samaúma ou mafumeira) (COSTA, 2006. p. 12) que esta época do ano está em abundante produção.

Gravação dos periquitos na Samaúma em frente ao edifício Rainha Ester. Detalhe: flores de Ceiba pentandra no chão. Foto: André Macleuri, 30/07/2018.

É possível que o aparecimento dessas aves na Praça do CAN seja tão antigo quanto à existência das árvores. E “acredita-se que as samaúmas da Praça Santuário já existiam em 1873 com o mesmo tamanho de hoje, pois aparecem numa litogravura assinada por Carlos Wigandt, naquele ano”. (Portal ORM 2005. Apud COSTA, 2006, p.19).


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Vista da Praça Santuário. Uma das samaúmas está à esquerda. Foto: André Macleuri, 16/08/2018.

Os registros dos periquitos na Praça do Operário se deram em 19 de julho, e na Praça Santuário nos dias 22 e 30 de julho. Ambos pelo período da manhã. Mas no mesmo dia 30 de julho, retornamos ao CAN às 18h para um registro de áudio dos sinos da Basílica, onde os periquitos também se fizeram presentes, e incorporados à paisagem, exerceram, junto aos sinos, o papel de protagonistas na paisagem sonora.

Frame de vídeo por André Macleuri. Detalhe: bando de periquitos sobrevoando no canto superior direito.


6 É lamentável não ter sido possível de se conseguir a tempo de encerrar esse projeto, registros dos periquitos na Praça da Leitura pelo período de final de tarde, por volta das 17h, quando sua cantoria chega a se sobrepor ao som do tráfego, que naquele perímetro é intenso.

Samaúma da Praça da Leitura. Foto: André Macleuri, 19/07/2018.

1.2 Garças

Foto: André Macleuri, 06/08/2018.


7 Além de ser abraçada pela Baía do Guajará e pelo Rio Guamá, Belém é uma cidade cortada por canais, ambiente muito frequentado por outra espécie de ave, a garça-branca-grande (Ardea alba). As garças se reúnem pelos canais em busca de alimentação, pois se alimentam de insetos, larvas, répteis, anfíbios e pequenos peixes que vivem nesse ambiente; além de restos de carne jogados pelo ser humano. O Bater de asas e os sons vocais emitidos por essas aves, é um sinal sonoro que faz parte do cotidiano do povo que mora e que trabalha às margens desses canais.

Praça Batista Campos. Foto: André Macleuri

Mas na Praça Batista Campos é onde podemos encontrá-las em grande quantidade e ouvi-las emitirem seus mais variados sons. A praça possui árvores ideais para pernoitarem e construírem seus ninhos, além de córregos com água e alimentos para elas. Foram dois dias de gravação de áudio das garças na Praça Batista Campos, um, em 16 de junho, e outro, em 22 de julho. Para acompanhar a ficha sonora foi selecionada uma das sessões realizadas no segundo dia. Em todas o decibelímetro marcou a média de 50dB. Assim como o problema atrás mencionado entre seres humanos e periquitos que habitavam a samaúma da Praça do Centro Arquitetônico de Nazaré, na Praça Batista Campos também existe incomodo do ser humano


8 com relação às garças. Vendedores ambulantes, donos de estabelecimentos no entorno da praça e transeuntes reclamam especificamente da sujeira produzida pelas aves e afirmam que, a limpeza realizada pela prefeitura uma vez por semana não dá conta de manter o ambiente limpo (orm.com.br). Assim como os sons dos periquitos nas Praças do CAN e do Operário, todo alvorecer e entardecer na Praça Batista Campos é marcado pelos sons produzidos pelas garças, e do mesmo modo, a sua aparição na Praça é, provavelmente, tão antiga quando as árvores de sua preferência e os córregos que lhes fornecem abrigo e alimento.

2. Sons de origem humana 2.1 Ver-o-Peso O Complexo do Ver-o-Peso agrega em um mesmo lugar, docas, feiras e mercados. Onde se vende uma enorme diversidade de produtos que vai de animais vivos a plantas e mudas de árvores. Passando por sessões de artesanato, bijuterias, roupas, ervas medicinais e os mais variados tipos de alimentos. Da mesma maneira, sua paisagem sonora é prolixa e complexa: o som fundamental depende da localização de cada indivíduo neste ambiente. Por isso, foram escolhidos alguns pontos onde se podem ouvir determinados sons com alguma clareza e possuem características peculiares. Sons que, além de serem sinais sonoros do cotidiano, conseguem se destacar em meio à paisagem sonora do ambiente. Na sessão de vendas de Castanhas-do-Pará, por exemplo, é comum se ouvir o som das facas rompendo as cascas das castanhas. O descascador repousa a castanha sobre um pedaço de pau e, após uma média de doze golpes sobre a casca com a lâmina da faca, esta é rompida totalmente com um último movimento feito com a ponta da faca que é enfiada na fissura formada pelos golpes anteriores, e por fim, a casca é removida e separada da castanha manualmente.


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Foto: André Macleuri.

Na feira de alimentação, existe uma secção com vários quiosques que vendem unicamente açaí e peixe frito. O som característico dos caroços de açaí sendo atirados na máquina e depois triturados repercute por toda esta secção.

Foto: André Macleuri

O açaí é o alimento mais peculiar do povo paraense. Antigamente, para se extrair o seu vinho, seus caroços eram amassados com as mãos, mas desde a invenção das máquinas elétricas de bater açaí e da expansão do fornecimento de energia elétrica, essa maneira de se extrair o vinho do açaí foi praticamente extinta. E o som da máquina pode ser destacado como uma marca sonora principalmente para a população ribeirinha que faz do açaí a sua


10 principal fonte de alimentação; mas também dos moradores de bairros de periferia de Belém, onde pode se encontrar até duas a três vendas de açaí por quarteirão. A pressão sonora varia de equipamento para equipamento, mas geralmente seu ruído é bem discreto e se mistura aos demais sons da produção do vinho, como o da água sendo despejada em bacias e baldes, além das vozes das pessoas no ambiente. O som mais notório e com timbre mais peculiar na paisagem sonora do ambiente é o dos grãos quando entram na máquina e começam a ser triturados e quando saem da máquina, arremessados a um recipiente, geralmente baldes de plástico.

Mercado de ferro (mercado de peixe). Foto: Walter G. Junior, 23/06/2018.

Outros locais que fazem parte do complexo do Ver-o-Peso, são os dois prédios históricos onde funcionam dois mercados. Diferente da paisagem sonora em feira aberta, o ambiente sonoro interno dos mercados de carne e de peixe possui bastante reverberação e seus próprios sinais sonoros, quase isolados do ambiente externo, onde podemos ouvir constantemente amolar de facas, máquinas de moer carne e as vozes dos vendedores e clientes. Atrás do complexo, na orla, temos os sons vindos da Baía do Guajará. Aproximando-se dos portos, os sons predominantes são os dos motores e das buzinas das embarcações. Nos dois pequenos portos de transporte de passageiros são utilizados barcos e lanchas que transportam uma média de cem passageiros.


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Porto na Praça do Pescador. Frame de vídeo feito por André Macleuri, 06/08/2018.

Quando o horário de partida das embarcações se aproxima, comumente ouvimos alguém gritar, para alertar passageiros e anunciar o horário de partida, produzindo uma sonoridade que faz parte da cultura local, que vivencia fortemente esse método de informar alguma coisa ou de oferecer um produto. Isso é comprovado em nossa composição sonora “No grito”, onde, de maneira ocasional, foram registrados, no mesmo lugar, em apenas duas semanas, doze vendedores de rua; oito deles utilizam a própria voz para anunciar seu produto. Nos portos de transporte de cargas, o som predominante é o dos motores dos pequenos barcos, conhecidos como “pô-pô-pô”, uma onomatopeia para o som do barco, usada frequentemente pela população local.

Foto: Walter Gomes Junior, 23/06/2018.


12 Da orla do Ver-o-Peso frequentemente se vê aviões em rota de aterrisagem para o Aeroporto Internacional sobrevoando a Baía do Guajará, mas dificilmente se consegue ouvir seu som; é provável que possa ser ouvido em horários de pouco movimento do complexo, como durante a madrugada.

Walter e André. À direita, barracas de verduras e os fundos do Solar da Beira. À esquerda, a venda de animais vivos; outro local de registros no VOP. Foto: Fábio Hassegawa, 23/06/2018.

2.2 Sinos de Igrejas Conduzidos outrora além-mar pelos europeus, esses objetos, símbolos da cristandade, chegaram a Belém. Até hoje seus sons seculares podem ser ouvidos diariamente e com horários pontuais, pois, a maioria adquiriu uma característica europeia iniciada no século XIV: a união dos sinos com o relógio, invenção técnica de grande significação para a civilização daquele continente (SCHAFER, 1997 p. 88). Os sinos são sinais sonoros dos mais antigos e mais frequentes no cotidiano da cidade de Belém do Pará. Neste projeto registramos e pesquisamos os sinos de quatro igrejas.


13 2.2.1 Catedral de Belém (Igreja da Sé)

Foto: Fábio Hassegawa

Dentre os sinos que tocam com maior frequência, estão os sinos da Catedral Metropolitana de Belém (1617). A catedral possui sete sinos: quatro na torre esquerda e três na torre direita (não há sino ao lado norte da torre direita). Dos sinos da torre esquerda, o mais antigo tem fundição em Lisboa, datada de 1729. Já os da torre direita, são todos de fabricação brasileira com fundição em 2008. O sino Mor da Catedral, afinado em Mi, é o único batido por um martelo. Ele toca de 15 em 15 minutos marcando as horas. Nos primeiros 15 minutos, uma batida, em meia hora, duas batidas, em 45 minutos três batidas, e nas horas inteiras, a quantidade de batidas referente à hora atual.

Sino Mor da Catedral, Joze Domingues da Costa, Lisboa, 1783. Situado ao lado poente da torre esquerda. Foto: André Macleuri


14 Somente às 6 da manhã, ao meio dia e às 18h é que todos os sinos balançam. O som do balançar é bem mais forte do que o som emitido pelas batidas do martelo, pois o som é emitido pelos próprios badalos em contato com os sinos. Como pode ser conferido na ficha sonora, a pressão sonora medida na distância em que mostra a primeira foto, chegou a 83dB. Na torre, não houve como medir a intensidade com precisão, mesmo quando se estava um único sino a badalar, pois o decibelímetro utilizado mede até 120dB, e a pressão sonora ultrapassava esse valor. De vez em quando algum sino deixa de balançar por algum problema técnico no sistema. Geralmente cabos de aço se rompem ou correntes saem do lugar, mais raramente algum componente eletrônico do motor danifica. Na ocasião do nosso terceiro registro desses sinos, no dia 06 de agosto, três deles não estavam funcionando, o sino norte e o sino sul da torre esquerda, e o sino leste da torre direita. No dia 07 de agosto pudemos acompanhar a manutenção realizada nesses sinos. Abaixo temos um registro de imagem da manutenção no sistema do sino poente da torre direita, afinado em sol#3.

Teste no sistema eletromecânico de um dos sinos. Foto: Frame de vídeo feito por André Macleuri


15 2.2.2 Nossa Senhora de Sant’Ana

Foto: Walter Gomes Jr.

No dia 26 de julho comemora-se o dia de Nossa Senhora de Sant’Ana e de São Joaquim. Neste dia é realizada uma festividade na igreja de Nossa Senhora de Sant’Ana da Campina (1727), situada no centro comercial de Belém. Essa é uma das poucas vezes ao ano em que o seu principal sino é tocado. O sino, afinado em Fá3, é badalado através de cordas por dois sineiros na saída e na chegada da procissão à Igreja. Na torre existem outros três sinos menores que não são utilizados.

Sino principal da Igreja de Sant'Ana. Foto: Walter Gomes Junior.


16 Na história cronológica da igreja, disponível em mural na sua entrada, há referência à construção da torre dos sinos: “1840: Acrescentam-se as torres sineiras...”. E há referência a um sino: “1847: Sino Aragão foi trazido de Lisboa pelo Vigário José Francisco de Pinho. O Aragão é o secular e tradicional sino da matriz de sant’Ana. Recebeu esse nome por ocasião da sua sagração, há mais de dois séculos.” Para completar as informações referentes ao sino, um dado histórico interessante: “Outrora, além de sua finalidade litúrgica, o Aragão era também uma espécie de relógio da Campina – badalava às 9 horas da noite em sinal de silêncio e recolher”. Além dessas informações, temos aquelas gravadas no próprio sino: “MANDADO VIR NO ANNO DE 1827 SENDO VIGÁRIO O PADRE FRANCISCO DE PINHO DE CASTILLO”. Essas palavras, gravadas em alto-relevo, circundam a borda da campana por mais de 180 graus.

Outra gravação, em texto menor e envolvido por elipse, diz:

ANICETO E ANTONIO DOMINGUES DA COSTA O FIZERAO EM LISBOA NO

ANNO DE 1827

Parece que os dados do mural da Igreja se referem ao mesmo sino, apesar de no próprio sino não haver menção ao nome “Aragão”. E, se o que está gravado no sino for referente à sua chegada em Belém do Pará, o ano é 1827 e não 1847 como afirma o texto do mural.


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Foto: André Macleuri

No evento em questão o sino é tocado duas vezes, uma na saída e outra no retorno da procissão. A primeira vez durou cerca de 10min, a segunda, aproximadamente 7min. Foram feitos três registros em áudio, dois na saída e um no retorno. O primeiro registro foi feito da torre, a mais ou menos dois metros do sino. O segundo, da rua, próximo ao portão da igreja, com o gravador direcionado para a torre sineira. O terceiro, feito ao retorno da procissão, da escadaria que dá acesso á torre, a uns dois lances abaixo.

Escadaria da torre sineira de Sant'Ana. Estou apontando para o lugar onde foi gravado o sino. Foto: Walter Junior, 26/07/2018.


18 Na paisagem sonora produzida neste evento também podemos ouvir em destaque, junto ao sino, o carro de som (utilizado para amplificar a voz de uma pessoa que anima e orienta os romeiros) e os fogos de artifício. Como de costume, na torre sineira, a seta do decibelímetro, que vai até 120dB, encosta no limite direito, nos mostrando que está acima de 120dB. Já defronte a Igreja, na Praça Maranhão, a média foi de 56dB.

Dois sineiros badalam o sino. Frame de vídeo feito por Walter Jr.

2.2.3 Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos

Foto: Walter Junior

A dois quarteirões dali está a Paróquia de Nossa Senhora do Rosário (1725). Seu pequeno sino (que está entre as notas Fá#3 e Sol3) pode ser ouvido pela comunidade precedendo as missas das 18h dos sábados, e das


19 8h30min dos domingos. Porém a igreja possui outros oito sinos, um na mesma torre do sino que costuma ser badalado, e outros seis sinos na torre direita, alguns desses mais robustos e com qualidade sonora mais interessante que o titular, como o sino ao lado poente da torre direita, em Míb3. O oitavo sino se encontra solto, repousado sobre uma “batente” da torre direita.

Sino ao lado poente da torre direita. Foto: André Macleuri

Conforme Dona Anita, que nos recebeu na Paróquia, há uns vinte anos costumavam-se badalar todos esses sinos da torre direita, mas era preciso subir até a torre. Atualmente não tocam porque não há corda até embaixo, para facilitar o badalar. Nesta torre encontramos alguns sinos diferentes dos das demais igrejas, em relação ao seu conteúdo gravado em alto relevo.

Sinos com escrita em alemão e em latim. O da direita traz uma imagem da balança da justiça e outra referente ao episódio bíblico da cabeça de João Batista. Fotos: A. Macleuri e Walter Junior.


20 2.2.4 Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré

Foto: Fábio Hassegawa

São quatro assuntos a serem tratados sobre os sinos da Basílica neste projeto: a sua organização nas torres, o significado dos seus toques, a comparação entre a gravação feita recentemente com outra realizada em julho de 2007 e a relação melódica existente com os sinos da torre de Westminster. O som dos seus sinos é um sinal sonoro dos mais importantes, pois, além de ter sua função litúrgica e de anunciar o tempo, as maiorias dos seus toques são feitos através de melodias. Assim, houve gravações do dia 16 de junho ao dia 30 de julho, em sua maioria às 6h e ás 18h, afinal, eu havia planejado fazer uma composição com os toques dos sinos, e precisava de seu registro de áudio o melhor possível. Já havia analisado tudo o que fosse possível sobre o seus toques, mas só fui ter acesso às torres sineiras da Basílica no último dia 16 de agosto, com o projeto já em fase final. Não fosse isso, ficaria sem desvendar um mistério de grande interesse: o de como a escala de Ré Maior é distribuída no carrilhão da torre ao lado esquerdo.


21 Na Basílica de Nazaré O carrilhão da torre esquerda possui oito sinos que formam uma escala de Ré Maior, e são assim distribuídos na torre:

Os sinos Mi, Fá# e Sol ficam posicionados acima dos demais, o sino em Mi, um pouco mais abaixo dos dois. A foto abaixo foi tirada da torre do lado oposto, na direção sul>norte, portanto, o sino que está em primeiro plano é o sino em sol, e em segundo plano, o sino em fá#:

Foto: André Macleuri


22 Além do carrilhão com os oito sinos na torre esquerda, a torre direita é ocupada por um único e grande sino, o sino chamado pela comunidade da igreja de São José, pois cada sino da Basílica possui a imagem de um santo gravado em si.

Sino São José. Foto: Frame de vídeo registrado por André Macleuri

O sino São José é afinado em Ré2, funcionando como o som fundamental, o regente do carrilhão que habita a torre oposta. Ele é o responsável pelos toques indicadores de horas inteiras. Já os oito sinos da torre esquerda, tocam dois tipos de melodias. De 15 em 15 minutos os sinos tocam, com algumas diferenças, a melodia dos sinos da torre de Westminster: a torre do relógio de Londres conhecido por Big Ben. Na verdade, Big Ben é o nome do grande sino da torre de Londres, o sino que emite os badalos indicadores das horas inteiras. Na Basílica, o Big Ben é o São José. Às 6h, ao meio dia e às 18h, os sinos fazem seu concerto completo. Tocando, além da réplica da melodia da torre de Westminster, a melodia da canção “Vos Sois o Lírio Mimoso”, do poeta Euclides Farias (*São Luís1843 +Belém1911), considerada como o hino de Nossa Senhora de Nazaré. Às 12h e ás 18h, ao final de todos os demais toques, todos os sinos do carrilhão são balançados e o som é emitido pelos seus próprios badalos, produzindo um som bem mais forte do que quando tocados pelos martelos.


23 Como também possuo uma gravação dos sinos da basílica registrada em julho de 2007, procurei compará-la com a atual e notei significativas diferenças. Mas inicialmente é necessário que se faça uma análise comparativa da melodia dos chimes da torre Elizabeth Tower (atual nome da torre do Big Ben) com a melodia-réplica do carrilhão da Basílica. Para tanto, pesquisei na internet o som dos carrilhões do Big Ben em registros de boa qualidade e informações consistentes em sites. Minhas referências foram o conteúdo do link www.bigben.freeservers.com/chimes.html e o vídeo intitulado “The Chimes of Big Ben” no site Youtube.com. Ambos acessados em 30 de julho de 2018. Embora no primeiro endereço virtual eu tenha encontrado a partitura da melodia escrita tal como confirmei no áudio do vídeo, fiz minha própria transcrição para poder colocar o que eu desejava. A melodia tocada para horas inteiras na torre do Big Ben é a seguinte:

Transpondo a melodia para a tonalidade em que o carrilhão da Basílica a toca (Sol Maior), teríamos uma réplica melódica fiel a original, transposta:

No entanto, assim soa, atualmente, os carrilhões da Basílica:

E assim soava há onze anos (baseado no registro realizado em 2007):

Nota-se que na melodia original (da torre de Westminster) nenhum compasso se repete de forma idêntica. As melodias do primeiro e terceiro compassos formam um par, e a melodia do segundo e quarto compassos, formam outro par; são pares semelhantes, mas não idênticos como os das versões da Basílica. Chamamos a esses pares de motivos melódicos. Existem


24 os motivos melódicos antecedentes e os consequentes. Como o próprio nome sugere, os antecedentes principiam, e os consequentes, resolvem. Neste caso os motivos antecedentes são os dos compassos 1 e 3, e os consequentes, dos compassos 3 e 4. Analisemos, primeiramente, com a gravação dos sinos da Basílica do ano de 2007.

Notamos que os motivos consequentes são idênticos no segundo e quarto compassos. Quanto aos motivos antecedentes, o primeiro compasso (si, sol, lá, ré) é a melodia do terceiro compasso de Westminster. E a do terceiro compasso (si, lá, sol, ré), não existe na original. Pelo menos não na indicação de horas inteiras, pois, na verdade, é uma melodia tocada no primeiro e terceiro quartos de hora do relógio da torre de Westminster.

Re-transcrição do conteúdo encontrado em http://www.bigben.freeservers.com/chimes.html

Já na gravação de 2018 da Basílica, percebemos duas diferenças: que os motivos são idênticos e estão invertidos, ou seja, o consequente vem sempre antes do antecedente. Neste caso harmonizei a melodia para percebermos melhor a inversão dos motivos melódicos:


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Como não é conveniente se fazer uma leitura musical da direita para a esquerda, chamei de motivo antecedente o que deveria ser, na verdade, o motivo consequente e vice-versa. Porém a própria notação harmônica revela, rapidamente, a inversão dos motivos, pois a melodia é iniciada e resolvida no acorde de dominante. De certo modo, essa análise é apenas uma especulação. Não podemos afirmar que a melodia que ecoa da torre de Westminster também nunca sofreu alteração. Uma vez investigada a melodia tocada com maior frequência pelos sinos da Basílica, podemos fazer a relação entre os registros realizados em anos diferentes. Para tanto, procurarei ser breve, amostrando as duas partituras por inteiras com seus dados de interesse para nós, e comentando as diferenças entre a mais antiga e a atual. O “concerto” programado para os sinos tocarem nos três diferentes horários do dia inclui, sequencialmente: um toque-chamada do Big Ben da Basílica (o Sino São José); a melodia-réplica da torre de Westminster; os toques indicadores de hora dados pelo São José e a melodia da canção “Vos Sois o Lírio Mimoso”, excetuando-se os balanços finais das 12h e 18h. Segue, abaixo, as partituras das duas versões, respectivamente, 2007 e 2018. Observemos que, no registro de julho de 2007, o primeiro toque, dado pelo Big Ben da Basílica, não está incluído.


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27


28 Há dois detalhes que valem para ambas as versões: por questão de extensão, nos compassos 28 e 29 na versão 2007, e 29 e 30 na versão 2018, a nota Mi é tocada uma oitava abaixo. E por questão de tonalidade, no compasso 31, para a versão 2007, e 32 para a versão 2018, é tocada a nota sol, enquanto a nota original da melodia da canção é Sol#, terça maior da harmonia. As características que diferenciam as duas versões, são: ASPECTOS TEMPORAIS: A primeira diferença a se notar é no andamento que, na primeira versão, está consideravelmente mais acelerado, Vos Sois o Lírio Mimoso está na média de 180bpm, enquanto que na última versão, 114bpm e, mesmo com a melodia de Vos Sois o Lírio Mimoso se repetindo duas vezes, no total da versão de 2007, tem 42 segundos a menos em relação ao toque de 2018. Mas, consideremos que o tempo do primeiro badalo até a melodia de Westminster não está incluso, porém, podemos deduzir o tempo de duração do primeiro badalo do Big Ben da Basílica dessa época da seguinte forma: O intervalo de tempo entre a melodia dos chimes da Elizabeth Tower e os toques indicadores de hora é de 26 segundos na versão de 2018 e de 20 segundos na versão de 2007, portanto, com 6 segundos de diferença. E entre o primeiro toque e a melodia da Elizabeth Tower na versão 2018 o intervalo é de 34 segundos. Com esses dados, aplicando uma regra de três simples, obtemos a equação: x/34=20/26 > 20.34=x.26 > x=680/26 = 26,15. Assim podemos concluir que o tempo entre o toque-chamada ao primeiro toque da melodia da Elizabeth Tower, era de 26 segundos em 2007, uma diferença de 8 segundos a menos em relação ao atual. Assim, somando esses 26 segundos aos 2’18” já existentes, temos um tempo total de 2’44”. Ou seja, mesmo com a repetição de Vos Sois o Lírio Mimoso, a versão de 2007 é mais curta devido ao seu andamento acelerado. ASPECTOS MELÓDICOS: A nota sol é repetida duas vezes nos compassos 36 e 37; de acordo com a melodia original, no compasso 37 deveria ser a nota mi. Existem mais duas sincopas de semínima pontuada e colcheia, além de a do compasso 39 também presente na versão 2018; uma está no compasso 19 e outra no compasso 51. A melodia completa se repete duas vezes. Essas diferenças comprovam que o sistema sofreu alterações em uma das manutenções ou revisões ocorridas durante esses onze anos.


29 2.2.5 Sinos inaudíveis e invisíveis Além dos outros sete sinos da Igreja do Rosário, e dos dois outros da igreja de Sant’Ana que não se fazem ouvir; outras igrejas, como a de Nossa Senhora da Trindade (1814), possuem sinos calados. Conforme informação de uma pessoa que trabalha na Trindade, os sinos precisam de manutenção para que voltem a funcionar. Neste caso foi mais adequado instalar equipamento com alto falantes e sons de sinos gravados em vez de consertá-los.

Campanário da Igreja de Santíssima Trindade, inativo. Foto: Walter Junior

Na igreja de Nossa Senhora das Mercês também se pode avistar um sino em sua torre esquerda. Porém, não ativo. Segundo alguns comerciantes antigos da Praça das Mercês, até a década de 1990 existia um sino que tocava diariamente na torre direita, mas o mesmo foi roubado, e desde então nunca mais se ouviu sino por ali. Na entrada da igreja há uma placa que traz citação de Júlio Verne sobre os seus campanários:

Placa na Igreja das Mercês. Foto: André Macleuri, 26/07/2018.


30 Na igreja de Santo Alexandre também se avista um sino em sua torre esquerda. Mas não conseguimos descobrir se e/ou quando é tocado.

Foto: André Macleuri, 06-08-2018.

Além das torres das igrejas, em nossas pesquisas descobrimos um sino quase escondido no topo do prédio do Solar da Beira. Dando um zoom nas imagens que fizemos, percebemos que ele tem um martelo. Teria este sino sido usado algum dia? Qual teria sido a sua função?

Foto: Walter Gomes Junior, 23/06/2018.


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2.3 Sirene do Comércio As sirenes e os sinos de igrejas pertencem à mesma classe de som: são sinais comunitários. Como tais, precisam ser suficientemente fortes para destacar-se claramente do ruído ambiental da comunidade. Mas a diferença entre esses sons é a de que, enquanto o sino da igreja encanta a comunidade com seu canto protetor, a sirene fala em desarmonia. (SCHAFER, 1997. p.252)

Sem dúvida, nenhum outro som foi tão marcante na cidade de Belém no século XX e início do século XXI que o desta sirene. Algumas pessoas nunca souberam de onde o som dela vinha, mas era impossível ser indiferente a ela. Seu som ecoava pelos ares de todo o centro comercial de Belém duas vezes ao dia. Porém, sua importância histórica é tão relevante quanto sua intensidade sonora. Esta sirene foi ouvida na cidade por quase noventa anos, foi conhecida como “A sirene da Folha do Norte” e posteriormente, como “A sirene do O Liberal”, ou simplesmente “A sirene do comércio”. Além de tocar diariamente às 12h e ás 18h, ela também era acionada todos os anos no dia da Procissão do Círio de Nazaré: na década de 1920, anunciou os primeiros hidroaviões a pousarem na cidade. Ela ficava instalada na torre do alto do prédio, para o lado da Avenida Castilhos França. O prédio, arquitetado por Francisco Bolonha, tem construção datada de 1895, nele funcionou o jornal Folha do Norte de 1896 a 1973 e, a partir de então, passou a ser do jornal O Liberal. Há poucos anos o jornal passou a ter sede em outro endereço, o prédio foi desativado, e a sirene também. Portanto, trata-se de um marco sonoro extinto. Vista do prédio pela Av. Castilhos França. Foto: André Macleuri.


32 A sirene é de uma

marca

fabricada

no

italiana, ano

de

1924. Possui um corpo central

que

guarda

a

bobina, com um peso estimado em 50 kg e três grandes cornetas curvas (com cerca de 20 kg cada) aparafusadas no corpo em sentido horário de modo a ficarem em espiral. A campana de cada corneta mede 1,26cm de diâmetro e seu corpo 82 cm de comprimento.

Foto da sirene em catálogo do fabricante. Cortesia Fachini GearsS.p.A.


33

Patente com data de jun1924. Cortesia Fachini GearsS.p.A.

O prédio onde funcionava a sirene é tombado como Patrimônio Histórico da cidade. A sirene, funcionando ou não, também deveria ser patrimônio histórico e cultural desta cidade, dada sua relevância na história da mesma; por quase 90 anos produzindo um som que marcou a vida de gerações. Este exemplar emitia a nota Sí4 (aproximadamente 493 Hz) e durava o tempo aproximado de um minuto e vinte e um segundos, conforme análise feita sobre gravação realizada por nós em 2007. Seu último registro data de 2011.


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FICHA TÉCNICA Para a captura de todos os áudios foi utilizado um gravador Tascam DR-40. Para a captura de imagens, uma câmera Nikon D3100 e outra Canon T5i. Além dos aparelhos telefônicos Celulares Moto G3 e Samsung Galaxi S7. Para medir a pressão sonora do ambiente foi utilizado um decibelímetro analógico, a configuração do decibelímetro variou de acordo com o ambiente e a fonte sonora desejada à captura.

Decibelímetro. Instrumento usado para medição de pressão sonora. Detalhe da foto: Medida da gravação das garças, na Praça Batista Campos, 16/06/2018.

As especificações técnicas do tipo de configuração dos equipamentos, distância da fonte sonora, localização e clima estão em cada ficha sonora.

O PESSOAL que trabalhou no projeto foi: Fábio Hassegawa: câmera Walter Gomes Junior: câmera Gilberto Mendonça: câmera Ana Luiza Aragão: assistente de produção Pesquisa, captura de áudio, câmera, edição de áudio e vídeo, coordenação e Produção geral: André Pereira (André Macleuri).


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AGRADECIMENTOS Igreja de Santana: Irmã Marisô Maycon

Igreja do Rosário: Dona Anita Reginaldo

Sé: Paulo José Melo Roberto Vanilson Waldecir

Hotel Ver-o-Peso Fachini Gears S. p.A.: Massimo Rey (General Manager)


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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ARRAES, Jonas Monteiro. Paisagem sonora de Belém do Pará: aspectos e registros dos sons urbanos no século XX até os dias de hoje. Campbellsville University. Recife, 2005. COSTA, Paulo Cesar Rodrigues. Comportamento alimentar e dinâmica populacional do periquito-de-asa-branca brotogeris versicolurus versicolurus (AVES-PSITTACIDAE) na cidade de Belém, Pará. CCB UFPA, 2006. SCHAFER, Murray. A afinação do mundo. UNESP. São Paulo, 2001.

ENDEREÇOS ELETRÔNICOS CONSULTADOS www.ormnews.com.br/noticia/polemica-veterinario-nao-confirma-a-migracaode-periquitos (acesso em 24/08/2018) https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2014/10/09/lobby-dos-periquitos-derrubatradicao-de-evento-catolico-no-para/ (acesso em 24/08/2018) https://g1.globo.com/pa/para/noticia/2014/10periquitos-da-praca-santuariomigram-para-outros-pontos-de-belem.html (acesso em 24/08/2018) www.orm.com.br/noticias/regiaometropolitana/MTUwOTc=/Garças-demarcamo-territorio-na-praça-Batista-Campos (acesso em 24/06/2018) https://googleweblight.com/i?u=https://biblioteca.ibge.gov.br/bibliotecacatalogo?id%3D426181%26view%3Ddetalhes&hl=en-BR&grqid=cnjouBY6 (acesso em 24/06/2018) https://fauufpa.org/2016/07/11/o-curro-velhofoi-considerado-bairro-de-belem/ (acesso em 19/07/2018) https://arquidiocesedebelem.com.br (acesso em 24/08/2018) http://basilicadenazare.com.br/site/index.php/2018/06/15/sinos-da-basilicasantuario-completam-88-anos/ (acesso em 24/08/2018) https://m.youtube.com/whatch?v=47hmjyqd7rk (acesso em 29/08/2018)



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Belém Sonora foi um projeto realizado entre junho e agosto de 2018 com o objetivo de pesquisar e investigar marcos sonoros da cidade de Belém do Pará, no norte do Brasil, e resultou na elaboração de um minidocumentário, um álbum sonoro com cinco composições e outro álbum com a amostra de quinze sons capturados. O presente livreto apresenta os pormenores desta pesquisa.


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