Seminário

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Licenciatura em Ciências da Comunicação Unidade Curricular de Seminário Ano Letivo de 2017/2018

Representação dos conflitos na Venezuela na imprensa portuguesa: estudo caso do Correio da Manhã e Diário de Notícias

Orientanda: Andreia Catarina Gonçalves Marques das Neves| N.º 217864| andreia.catarina.neves@gmail.com Orientador: Professor Auxiliar Paulo Jorge dos Santos Martins Lisboa – junho de 2018


Imagem de capa retirada do website da Reuters, obtida no dia 04 de novembro de 2017, disponĂ­vel em, https://s4.reutersmedia.net/resources/r/?m=02&d=20170506&t=2&i=1183507781&r=LYN XMPED450FV&w=940 PĂĄgina 2


Resumo Atualmente, a Venezuela encontra-se a atravessar uma crise humanitária marcada pela escassez de alimentos, medicamentos e produtos básicos aos quais a população não tem acesso devido ao aumento dos preços face ao colapso do bolívar. O cenário aqui descrito é resultado de décadas de instabilidade económica, política e social. As crescentes manifestações e a permanência de uma comunidade portuguesa emigrante no país têm sido alvo de grande atenção mediática por parte dos meios de comunicação. Neste contexto, o presente trabalho debruça-se no estudo da representação mediática dos conflitos na Venezuela, identificados a partir da análise aos websites de dois meios informativos portugueses, concretamente os jornais Correio da Manhã e Diário de Notícias, durante o mês de abril e julho de 2017, período de maior instabilidade na Venezuela. Para o desenvolvimento desta investigação, utilizou-se um método misto baseado na análise de conteúdo e na concretização de entrevistas a jornalistas. Foi possível concluir que o interesse destes periódicos em cobrir os acontecimentos na Venezuela advém do fator notícia e dos imigrantes no país. Aliado a estes fatores, concluiu-se também que os jornalistas utilizam uma diversidade de fontes de informação para noticiar os acontecimentos, aos quais na sua generalidade é dado um enfoque negativo. Palavras-chave: Conflitos, Jornalismo, Representação Mediática, Paralelismo Político, Venezuela

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Abstract Venezuela is currently facing a humanitarian crisis as a result of decades of political, economic and social instability marked by shortage of food, medicines and basic goods, to which people don’t have access due to rising in prices led by unprecedented depreciation of bolivar currency. The increasing protests and the portuguese immigrant community in the country have been the object of great attention among mass media. In this context, the present paper aims to study the media representation of conflicts in Venezuela, identified through an analysis conducted to the websites of two portuguese newspapers Correio da Manhã and Diário de Notícias, during April and July 2017, period of great instability in Venezuela. On this investigation it was used a mixed method, based on content analysis and interviews with journalists. It was possible to conclude that these newspapers are interested in covering the events in Venezuela, due to newsmaking factors and the immigrants living in the country. In addition to these factors, it was also concluded that journalists use a variety of sources of information to report the events, which are usually portrayed with a negative emphasis. Key-Words: Political Parallelism; Media Representation; Journalism; Conflicts; Venezuela

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Índice Introdução ..................................................................................................................... 7 1.

Revisão da literatura .............................................................................................. 8

1.1.

Situação económica, política e social na Venezuela ........................................... 9

1.2.

Jornalismo e representações mediáticas ...........................................................12

1.3.

Paralelismo político............................................................................................14

1.4.

A relação dos media na Venezuela com o Estado .............................................16

2. 2.1.

Opções metodológicas ..........................................................................................17 Cronograma.......................................................................................................20

Tabela 1: Cronograma das etapas do projeto de investigação. ....................................20 3. Representação dos conflitos na Venezuela: Apresentação de Resultados...............21 3.1. Entrevistas semiestruturadas a jornalistas.............................................................21 3.2. Uso de fontes de informação pelo Correio da Manhã e Diário de Notícias ............23 3.3. Imagem transmitida pelo Correio da Manhã e Diário de Notícias ..........................25 4. Discussão de Resultados .........................................................................................28 5. Conclusão ................................................................................................................32 Referências Bibliográficas: ...........................................................................................34 Apêndices ....................................................................................................................37 Apêndice 1: Tabela 2: Síntese das técnicas utilizadas e os seus objetivos: .................37 Apêndice 2: Tabela 3: Jornalistas e respetivos contactos:............................................37 Apêndice 3: Tabela 4: Manual de Codificação..............................................................38 Apêndice 4: Estabelecimento de contactos para colaboração no projeto: ....................39 Apêndice 5: Guião de entrevista com Patrícia Viegas: .................................................41 Apêndice 6: Guião de entrevista com Ricardo Ramos: .................................................41 Apêndice 7: Entrevista com Patrícia Viegas: ................................................................41 Apêndice 8: Entrevista com Ricardo Ramos:................................................................43 Página 5


Anexos .........................................................................................................................45 Tabela 1: Nascidos em Portugal residentes na Venezuela, 2000-2015 ........................45 Gráfico 1: Nascidos em Portugal residentes na Venezuela, 2001 e 2011.....................46 Gráfico 2: Casas em situação de pobreza na Venezuela em 2016...............................46 Gráfico 3: Evolução da pobreza na Venezuela 1997-2016 ...........................................47 Gráfico 4: Queda do valor do Bolívar: taxa de câmbio USD/VEF .................................47 Gráfico 5: Indústria petrolífera: produção e exportação de petróleo .............................48 Gráfico 6: Projeção da inflação venezuelana................................................................48 Imagem 1: Estimativa de mortes violentas na Venezuela no ano de 2016 ...................49

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Introdução A presente investigação pretende estudar a representação mediática dos conflitos na Venezuela nos websites de dois meios informativos portugueses. Para tal, foram selecionados os jornais Correio da Manhã e Diário de Notícias. Para a concretização do trabalho, a autora irá apoiar-se em técnicas de recolha de dados assentes num método misto, mais concretamente na análise de conteúdo aos websites dos Órgãos de Comunicação Social aqui enunciados e entrevistas semiestruturadas

a

jornalistas,

responsáveis

editoriais,

enviados

especiais,

correspondentes na Venezuela, bem como especialistas. De acordo com dados recolhidos pelo Observatório da Emigração (2016), em 2011 o número de portugueses emigrados na Venezuela totalizava 37.326. Entre os anos de 2001 e 2011, este número diminuiu de 53 mil para 37 mil. Apesar da diminuição, o número de portugueses a residir na Venezuela continua a situar-se acima dos 35 mil, sendo a Venezuela o décimo país do mundo onde residem mais portugueses emigrados, devido ao grande volume de emigração durante as décadas de 1940 a 1970. Este decréscimo expressa a instabilidade política, económica e social vivida no país. De acordo com Sullivan (2016), “a deterioração das condições económicas, as elevadas taxas de criminalidade e os crescentes protestos na rua que iam ao encontro da violência, representaram enormes desafios para o governo de Maduro” (p. 9). Deste modo, o país tem-se visto envolvido numa situação caracterizada pela “repressão da oposição política, numa economia em recessão e com uma crescente crise humanitária” (Sullivan, 2016, p. 17). O ano de 2016, particularmente conflituoso na Venezuela, traduz a expansão da violência como um indicador claro do processo social e político no país. Segundo dados do Observatório Venezuelano da Violência (2016), estima-se uma taxa de 91,8 mortes violentas por cada cem mil habitantes, num total de 28.479 mortes por todo o território. Estes dados posicionam a Venezuela entre os primeiros lugares dos países com maior violência no mundo. A escolha desta temática prende-se por isso à relevância que o país sul-americano apresenta no contexto mundial, já que o “desenvolvimento político e económico da Venezuela tem estado intimamente ligado ao desenvolvimento global” (Salojärvi, 2016, p. Página 7


14). De destacar ainda o foco dado no espaço mediático português devido à comunidade portuguesa residente na Venezuela, bem como às “preocupações por mais de uma década de deterioração das instituições democráticas e ameaças à liberdade de expressão e de imprensa na Venezuela” (Sullivan, 2016, p. 36). Neste sentido, cabe aos media a função de servir o interesse do público, a partir de um “conjunto de atividades e tarefas destinadas a satisfazer necessidades da população” (Sousa, 2016, p. 9). As motivações pessoais da autora, cujos pais foram emigrantes no país, também constituíram um critério na seleção deste tema. Para a sustentação deste trabalho, a autora serviu-se da teoria da comunicação Newsmaking que diz respeito ao processo de produção de notícias. O modelo proposto por Galtung e Ruge (1965) baseia-se em vários critérios que levam à seleção das notícias e que “introduzem alguma racionalidade no processo de newsmaking” (Sebastião, 2016, p. 314). De acordo com Traquina (2002), “os critérios de noticiabilidade são o conjunto de valores notícia que determinam se um acontecimento, ou um assunto, são suscetíveis de se tornar notícia” (p. 173). Relativamente à estrutura do trabalho, à presente introdução segue-se o enquadramento teórico, no qual se apresentam os principais conceitos para o desenvolvimento deste trabalho, que serão operacionalizados. De seguida serão apresentadas as opções metodológicas para a realização da investigação, que incluem a pergunta de partida, os respetivos objetivos e as técnicas de recolha de informação a utilizar. Será ainda feita a apresentação de resultados retirados da análise de conteúdo realizada aos jornais Correio da Manhã e Diário de Notícias, bem como das entrevistas feitas a jornalistas. Por fim, evidencia-se a discussão de resultados e as conclusões. 1. Revisão da literatura Apesar de existirem vários estudos realizados nesta linha de investigação, devem ser destacados para o presente trabalho, devido à sua relevância, artigos que dizem respeito ao contexto económico, social e político da Venezuela; relativos aos conceitos de jornalismo e representação mediática e estudos alusivos à aproximação dos sistemas mediáticos com o poder político. Nomeadamente, o relatório de Sullivan (2016), que se divide em três partes e examina a situação política e económica na Venezuela, bem como as suas relações com Página 8


o exterior. Na primeira parte, é analisada a transformação política do país sob o governo do Presidente Hugo Chávez e os primeiros anos de presidência de Nicolás Maduro. A segunda parte diz respeito ao cenário económico e político nos anos de 2015 e 2016, assim como às condições sociais do país. Por sua vez, a terceira secção do relatório investiga as relações entre a Venezuela e os Estados Unidos da América, tendo em conta matérias que incluem democracia, direitos, energia e preocupações terroristas. Para definir o conceito de jornalismo e melhor explicar o processo de Newsmaking, com base na identificação de alguns valores-notícia enunciados em 1965 por Galtung e Ruge que suportam a presente investigação, a autora socorreu-se a dois livros de Nelson Traquina. No que concerne ao conceito de representação, recorreu-se ao autor Stuart Hall, de modo a explicar a representação na sua génese, para depois apresentar a função dos media na sociedade e tratar das representações mediáticas. Por sua vez, Daniel C. Hallin e Paolo Mancini (2004), realizaram uma pesquisa empírica e comparativa, com base em 18 países da América do Norte e Europa Ocidental, dotados de padrões socioeconómicos relativamente próximos, bem como alguns traços semelhantes a nível da cultura e instituições políticas. Com base nesta metodologia, os autores elaboram um esquema baseado nos modelos liberal, corporativista democrático e pluralista polarizado e sustentam a sua atividade comparativa no desenvolvimento dos mercados mediáticos, no paralelismo político, no desenvolvimento do profissionalismo político e no grau e natureza da intervenção do Estado no sistema mediático. Afonso de Albuquerque (2012), contribui para a temática ao analisar a noção de paralelismo político num dos seus artigos, de modo a entender os contributos e os limites do paralelismo político nos estudos comparativos em comunicação política. Segundo o autor, este fenómeno encontra-se associado a uma região geográfica, pelo que não pode ser aplicado numa categoria universal de comparação. 1.1.

Situação económica, política e social na Venezuela

Imersa numa profunda crise económica que tem deixado a população com sérias dificuldades de acesso a bens essenciais, a Venezuela atravessa atualmente um dos momentos políticos mais violentos na história da nação. “A situação política venezuelana mudou completamente no que diz respeito à situação interna, bem como às relações geopolíticas nos anos após a morte do presidente Página 9


Hugo Chávez e a eleição de Nicolás Maduro” (Anselmi, 2017, p. 417). Deste modo, embora muitos acreditem que a administração desta nação ainda consista no seu modelo fundador, as condições materiais, o equilíbrio de poder e os cenários, alteraram-se por completo nos últimos anos. De acordo com o Relatório de Criminalidade e Segurança (2017) “a Venezuela continua a ser um dos países mais fatais do mundo, com o aumento da violência e a criminalidade a atingirem níveis inéditos”. Por sua vez, segundo dados não oficiais divulgados pelo Observatório Venezuelano da Violência (2016), “a maior ameaça em Caracas são os crimes violentos que afetam pessoas locais e estrangeiros”, posicionando a Venezuela como a segunda nação com maior ocorrência de crimes fatais. Segundo o mesmo relatório, após os homicídios, os crimes que mais preocupam o país são raptos e roubos que muitas vezes resultam em morte. Por sua vez, Ellis (2017) afirma que as “políticas governamentais destrutivas, incluindo expropriações, controlos de preço e moeda, combinadas com a corrupção desenfreada e má gestão das empresas governamentais, eliminaram progressivamente a capacidade da economia venezuelana produzir os bens mais básicos” (p. 23). Assiste-se assim ao colmatar de uma crise humanitária desencadeada pelo colapso da moeda corrente (bolívar) face ao dólar, que levou ao aumento dos preços dos produtos, aos quais a população não tem acesso. O autor acrescenta ainda que “o regime de Maduro iniciou um processo de renovação dos partidos políticos da nação, provavelmente projetado para desqualificar partidos e líderes hostis ao regime” (Ellis, 2017, p. 24). Estas tensões políticas vividas desde que Nicolás Maduro chegou ao poder em 2013, combinadas com crise económica, levaram a que “quase imediatamente após a morte de Chávez, os índices de pobreza aumentassem e duplicassem num ano” (Anselmi, 2017, p. 418). A esta situação acresce a “rápida queda do preço do petróleo que representa 96% das exportações da Venezuela, com a economia a contrair, a inflação a crescer, o declínio de reservas internacionais e o aumento da pobreza” (Sullivan, 2016, pp. 23 e 24). Este cenário é explicado por vários especialistas devido à má gestão económica do governo de Maduro, que juntamente com a nacionalização das indústrias-chave do país, levaram a

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uma crescente escassez de alimentos nos supermercados e medicamentos nos hospitais e farmácias, bem como a elevadas taxas de criminalidade. Segundo os cálculos do Fundo Monetário Internacional, prevê-se que a economia venezuelana termine o ano de 2017 com uma inflação acumulada de mais de 2.000%1, pelo que o país continuará imerso numa grave crise económica, humanitária e política, sem solução em vista, pois “o bolívar tornou-se virtualmente inútil e com o seu colapso, a Venezuela passa a testemunhar umas das maiores inflações mundiais” (Hanke & Bushnell, 2017, p. 2). Relativamente à situação política vivida na Venezuela, Anselmi (2017) refere que a “extrema polarização política contribui para a eliminação de todo o tipo de dialética democrática entre a oposição e o governo” (p. 424). Isto levou a que um partido não visse o outro como seu oponente com um papel no sistema democrático, mas como um inimigo a ser eliminado. Acrescem os conflitos que dominam as ruas do país também eles indicativos de uma situação social cada vez mais decadente. “Na Venezuela, os protestos que têm ocorrido nos últimos anos estão estreitamente ligados a partidos da oposição e personalidades, bem como a grupos cívicos bem estabelecidos” (Carothers & Youngs, 2017, p. 14). Segundo o Country Risk Report da Venezuela (2017), os protestos manifestam-se sob a forma de “atos de vandalismo e ataques criminosos contra edifícios governamentais que incluem bancos, assim como veículos pertencentes ao estado como os transportes públicos”. Sullivan (2016), aponta no seu relatório que vários estudiosos referem que a recuperação do país poderá demorar anos independentemente de quem esteja no poder e chega a afirmar que “alguns analistas acreditam que o risco de uma explosão social está a aumentar devido à escassez de comida, que tem levado a vários conflitos e protestos, bem como a uma crescente crise humanitária.” (p. 48).

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https://www.dn.pt/lusa/interior/venezuela-termina-o-ano-com-inflacao-acumulada-de-mais-de2000---parlamento-9002495.html Página 11


Tendo em conta a comunidade portuguesa emigrante na Venezuela, é também relevante referir que a maior preocupação “diz respeito a questões de segurança, de comércio e de processos ao nível da segurança social” (Gomes, 2009, p. 88). De acordo com Gomes (2009), “é preocupante a onda de sequestros e violência que têm vindo a flagelar nos últimos anos praticamente todo o território e todas as classes sociais” (p. 88), bem como as “crescentes dificuldades na aquisição de produtos alimentares” (p. 88) que se prendem com o setor do comércio e que atingem a população do país. Desta forma, enquanto a instabilidade política permanece, a população continua a enfrentar uma crise humanitária na Venezuela sem solução em vista. 1.2.

Jornalismo e representações mediáticas

De acordo com Traquina (2002), “o jornalismo são estórias, estórias da vida, estórias das estrelas, estórias de triunfo e de tragédia” (p. 10). Por sua vez, a construção destas estórias implica um processo de seleção de acontecimentos em detrimento de outros por parte do jornalista, tendo em conta uma variedade de critérios. Neste sentido, é relevante referir o newsmaking, que diz respeito ao processo de produção de notícias, no qual se procura “um produto final que se traduza em acontecimentos significativos e interessantes” (Sousa, 2016, p. 17) e onde as fontes de informação assumem um papel fundamental. Segundo Wolf (2009), a rede de fontes de informação estabelecidas pelos órgãos de comunicação como “instrumento essencial para o seu funcionamento, reflete, por um lado, a estrutura social e de poder existente e, por outro, organiza-se a partir das exigências dos procedimentos produtivos” (p. 98). Cruz (2014), entende que “esses critérios acabam por definir, de forma mais ou menos explícita, a orientação editorial das redações, nas suas diversas expressões: ideológico-política, económico e/ou sociocultural” (p. 92). Assim, os critérios de noticiabilidade que são interiorizados pelos jornalistas vão permitir que façam um trabalho de inclusão de informação, exclusão de informação e de hierarquização da informação, conforme a importância dos factos. Deste modo, os valores-notícia pelos quais o jornalista se rege assumem um papel preponderante, na medida em que são, de acordo com Golding e Elliot (1974) um “importante elemento de interação jornalística e constituem referências claras e disponíveis a conhecimentos práticos sobre a natureza e os objetos das notícias” (citado em Traquina, Página 12


2002, p. 172), sendo que essas referências podem ser utilizadas para facilitar a complexa e rápida elaboração das notícias, auxiliando a reconhecer aquilo que é importante e de interesse para o público. Segundo Bianco (2004), “a produção da notícia pelas empresas jornalísticas ocorre de forma rotineira e estandardizada dentro um ciclo produtivo constituído para facilitar o processo e tornar viável o trabalho quotidiano” (p.158). Assim, é possível entender que os jornalistas empregam uma série de critérios de forma a tornar um determinado acontecimento noticiável. De acordo com a teoria desenvolvida pelos autores Galtung e Ruge (1965), Traquina enumera 12 valores-notícia no seu livro: “1) a frequência, ou seja, a duração do acontecimento: 2) a amplitude do evento; 3) a clareza ou falta de ambiguidade; 4) a significância; 5) a consonância, isto é, a facilidade de inserir o «novo» numa «velha» ideia correspondente ao que se espera que aconteça; 6) o inesperado; 7) a continuidade, isto é, a continuação como notícia do que já ganhou noticiabilidade; 8) a composição, isto é, a necessidade de manter equilíbrio nas notícias pela diversidade de assuntos abordados; 9) a referência a nações de elite; 10) a referência a pessoas de elite, isto é, o valor notícia da proeminência do agente do acontecimento; 11) a personalização, isto é, a referência às pessoas envolvidas; 12) a negatividade, ou seja, o valor que se rege segundo a máxima bad news is good news”. (Traquina, 2002, p. 179). Isto significa que um acontecimento é tanto ou mais noticiável quanto maior for o número de valores que possuir. Tendo em conta a relevância dos acontecimentos na Venezuela devido à situação económica, política e social já destacadas no presente trabalho, é possível afirmar que é do interesse público que os conflitos sejam noticiados, principalmente devido à comunidade portuguesa que permanece no país. Com isto, entende-se que “as notícias são o produto final de um processo complexo que se inicia numa escolha e seleção sistemática de acontecimentos e tópicos de acordo com um conjunto de categorias socialmente construídas” (Traquina,1999, p. 224) e que auxiliam os jornalistas a dar sentido aos factos. No que diz respeito ao conceito de representação, Hall (1997) compreende que esta liga o significado e a língua com a cultura, sendo vista como o “elo de ligação entre Página 13


conceitos e linguagem que nos permite referir ao mundo real dos objetos, pessoas ou acontecimentos” (p. 17). A representação é vista por isso como o processo que ajuda o ser humano a entender o mundo. Por sua vez, a prática da representação cabe aos media que “alertam outras entidades para que estas tomem conhecimento de uma determinada situação problemática e posteriormente atuem no sentido de a resolver e evitem a ocorrência de situações semelhantes” (Davian, 2017, p. 118). Neste sentido, os media têm todos os meios necessários para detetar as violações dos direitos humanos, cabendo-lhes um papel de denunciar às sociedades modernas estes acontecimentos. “Umas das preocupações essenciais dos media, nos dias que correm, tem a ver com a produção e distribuição do conhecimento, no sentido mais lato, sobre o mundo” (Cruz, 2014, p. 37). Desta forma, são os media que disponibilizam à população parte da informação, imagens e ideias, sendo a principal fonte de aquisição de consciência. Poyares (1974) acredita que os media se assumem como “instrumentos básicos para o controlo político da opinião pública, influindo na interpretação humana, ou seja, no que as pessoas pensam, sentem e comportam umas com as outras” (citado em Sousa, 2016, p. 1) Isto significa que os meios de comunicação forçam certos assuntos e, por conseguinte, para McCombs e Shaw (1972) estes “estão constantemente a apresentar objetos que sugerem aquilo que os indivíduos devem pensar, conhecer e sentir” (p. 177). Segundo Cunha (2008), “os media, mais do que simples expositores de representações sociais, são também agentes dinâmicos na construção de significados e de interpretações que fornecem aos indivíduos guias na sua vivência do mundo” (p. 171). Em resultado, os meios de comunicação de massa intervêm através de processos de influência social. Com isto, é possível perceber o poder que os meios de comunicação detêm, já que “constituem um fator importante na compreensão de um qualquer facto social nas sociedades de consumo contemporâneas, precisamente pela forma como representam e podem moldar os valores culturais numa dada sociedade” (Cunha, 2008, p. 172). 1.3.

Paralelismo político

Existem vários fatores que condicionam a atividade do jornalista para além dos critérios aqui enunciados e que influenciam o newsmaking. De acordo com Sebastião Página 14


(2016), “existem limitações que se sobrepõem aos critérios valor/notícia e que são impostas por pressões comerciais, políticas e do público”. (p. 315). Neste contexto, surge o conceito de paralelismo político que numa perspetiva mais geral “está relacionado com a aproximação de um órgão de comunicação social a um partido ou a uma ideologia (Silva, 2013, p. 12). Isto significa que existe uma convergência entre os meios de comunicação e os partidos políticos, como Albuquerque (2012) enfatiza no seu estudo ao afirmar que “o conceito de paralelismo político se refere à perceção de uma convergência de objetivos, meios, enfoques e públicos entre determinados jornais e determinados partidos políticos” (p. 8). O conceito de paralelismo político refere-se, portanto ao grau de politização dos meios de comunicação, o que significa que muito jornais, rádios e televisões privados podem transparecer as suas afiliações políticas e favorecer o governo ou um partido em específico. Por conseguinte, o sistema mediático não pode ser caracterizado como homogéneo, mas sim como uma coexistência complexa que é operada de acordo com diferentes princípios. Para Hallin e Mancini (2004), “uma das diferenças mais óbvias nos sistemas mediáticos relaciona-se com o facto de que os media em alguns países têm orientações políticas distintas, enquanto que os media noutros países não têm” (p. 27). Conde (2012) reforça esta teoria ao referir que os media constituem “simultaneamente uma ameaça para o sistema político, mas também o principal palco para a sua exposição e visibilidades públicas, existindo uma clara tensão entre a lógica dos media e a lógica da política” (p. 12). Assim, na mesma medida em que os media podem denunciar o sistema político, podem também constituir um alicerce às ideologias políticas com que se relacionam. O paralelismo político tem várias componentes, havendo vários indicadores que podem ser usados de forma a perceber a sua presença nos meios de comunicação. Segundo Hallin e Mancini (2004), uma das dimensões refere-se ao conteúdo mediático, “extensão pelos quais diferentes meios de comunicação refletem orientações políticas nas suas notícias e assuntos do quotidiano” (p. 28). Os autores referem anda uma outra componente que diz respeito às “ligações organizacionais entre os meios de comunicação e partidos políticos” (Hallin e Mancini, Página 15


2004, p. 28), que na sua forma mais forte designa os meios de comunicação diretamente alinhados com um partido em particular. De acordo com Rizzotto (2010), o paralelismo político “possibilita que cada veículo assuma uma clara identificação ideológica” (p. 113), resultando da combinação das características do sistema mediático e do sistema político. Em suma, “o paralelismo político designa, assim, uma relação na qual o sistema mediático reproduz, numa relação de homologia, as características do sistema político” (Albuquerque, 2012, p. 21), manifestadas através de meios de comunicação que poderão assumir posições políticas particulares. 1.4.

A relação dos media na Venezuela com o Estado

A propósito do paralelismo político e tendo em conta a proposta de Hallin e Mancini relativamente ao papel do Estado no sistema mediático, é possível constatar a presença de posições políticas assumidas nos meios de comunicação na Venezuela. Segundo Hallin e Papathanassopoulos, (2002), “há uma tendência comum aos sete países (América Latina) de serem controlados pelos interesses privados com alianças políticas que procuram utilizar as propriedades dos media para fins políticos” (p. 178). A Venezuela não é exceção neste cenário, onde os meios de comunicação demonstram as suas afiliações políticas particulares. Neste sentido, ao longo dos anos, “os meios de comunicação tornaram-se um ator poderoso na Venezuela, assim como noutros países da América Latina, já que os media funcionam como uma parte essencial do resto da economia e da cultura” (Salojärvi, 2016, p. 43). Por conseguinte, na Venezuela “todas as concessões de emissoras de rádio e de televisão funcionam por concessão do governo federal, mediante contrato com prazos fixados para a comercialização de determinado veículo” (Rizzotto, 2010, p. 299). De acordo com Salojärvi (2016), “a televisão é possivelmente um dos meios mais influenciadores na América Latina e na Venezuela, com um vasto impacto económico e político” (p. 46). Assim, esta possibilita a formação e molda a população de acordo com os próprios interesses, já que é considerado o principal meio para a receção de informação. “Durante o mandato do Presidente Chávez, o governo venezuelano ampliou os meios de comunicação subjugados pelo estado, incluindo rádio, televisão, jornais e Página 16


websites, de forma a controlar aquilo que é visto no ambiente mediático” (Sullivan, 2016, p. 38). Isto resultou num ataque aos meios de comunicação privados e ao estabelecimento da disseminação de propaganda política nos canais do estado, bem como campanhas contra as críticas da oposição. Desta forma, é possível afirmar que o governo leva a cabo um controlo hegemónico direto e indireto relativamente aos órgãos de comunicação venezuelanos. “Controlo direto, pois, o governo venezuelano é proprietário e responsável pelos meios públicos” (Maldonado & Quintera, 2017, p. 49) e por outro lado, “a hegemonia governamental no controlo da informação também é indireta, uma vez que o governo, através de seus órgãos, regula o fluxo de informações comunicadas pelos media privados” (Maldonado & Quintera, 2017, p. 49). Este cenário leva a que “a instrumentalização dos meios de comunicação por oligarcas, indústrias, partidos ou estado, obviamente implique que a autonomia jornalística esteja limitada” (Hallin & Mancini, 2004, p. 181) e ponha em causa a autonomia da atividade do jornalista. Na Venezuela construiu-se um sistema que monopoliza os meios de comunicação, cuja comunicação é reduzida a propaganda com o objetivo de configurar a comunicação pública. Rincón (2010), considera as relações entre os media e o Estado na América Latina, complexas, ambíguas e contraditórias, pois são quase sempre caracterizadas por uma relação entre os meios de comunicação com os governos. Deste modo, o autor refere que o “estado mediático e a mediática do poder são possíveis, pois os meios de comunicação incidem nos modos da política, do governo e da democracia” (p. 5). Neste seguimento, “a comunicação com a sua grande capacidade de sedução pública e pelo eu valor estratégico que tem na economia, tecnologia e política, desperta paixões excessivas e quase perversas por parte do poder” (Rincón, 2010, p. 6). Assim, os meios de comunicação na América Latina expressam cenários de conflito e tensão que afetam a qualidade da democracia e que são usados a favor de interesses políticos particulares com o objetivo de controlar a opinião pública. 2. Opções metodológicas O presente relatório de investigação pretende estudar a representação mediática dos conflitos na Venezuela nos principais meios informativos portugueses, tendo como Página 17


pergunta de partida: Qual a representação mediática dos conflitos na Venezuela nos websites dos principais meios informativos portugueses? No sentido de dar resposta à pergunta de partida, foram definidos os seguintes objetivos de pesquisa: 1. Analisar o interesse da imprensa escrita portuguesa na temática; 2. Perceber a que fontes recorrem os jornais Correio da Manhã e Diário de Notícias para abordar os conflitos na Venezuela, tendo em conta o cumprimento do papel do jornalista na diversificação das fontes de informação; 3. Compreender a imagem que a imprensa escrita portuguesa transmite dos conflitos na Venezuela. Para atingir os objetivos fixados, optou-se por analisar as edições online dos dois jornais generalistas detentores de maior tiragem e circulação em Portugal, de acordo com a Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação – APCT. Deste modo, foram selecionados os periódicos Correio da Manhã (CM), devido à sua especificidade como jornal de cunho popular e o Diário de Notícias (DN), como jornal de referência informativa. Escolheu-se o período de análise de dois meses, mais especificamente abril e julho, por ser o período de tempo em que decorreram os momentos políticos mais instáveis na Venezuela, que resultaram numa maior cobertura noticiosa dos acontecimentos, em Portugal. Para a concretização dos objetivos aqui definidos, a autora irá focar-se na análise de conteúdo e entrevistas como técnicas de investigação, considerando-se assim uma metodologia mista com vista a uma abordagem quantitativa e qualitativa. A preferência pela metodologia mista deveu-se a facto de que “nos estudos, esta permite o uso de dados quantitativos e qualitativos pelos investigadores, de modo a providenciar um melhor entendimento do problema de pesquisa” (Creswell, 2009, p. 12). Desta forma, “um desenho de método misto ajuda a capturar o melhor das abordagens quantitativa e qualitativa” (Creswell, 2009, p. 22). De acordo com Neundorf (2002), “a análise de conteúdo é definida como a análise sistemática, objetiva e quantitativa das características das mensagens” (p. 1). É de realçar que esta técnica de recolha de dados é considerada “uma proposta ao nível da análise de Página 18


documentos e textos (que podem ser impressos ou visuais) que procura quantificar o conteúdo em termos de categorias predeterminadas e de forma sistemática e replicável.” (Bryman, 2015, p. 289). Segundo Bryman (2009), “é um método bastante flexível que pode ser aplicado a uma variedade de diferentes media” (p. 289). A autora pretende por isso aplicar a técnica de análise de conteúdo de forma a dar resposta aos objetivos dois e três enunciados neste relatório, para perceber a que fontes recorrem os diários Correio da Manhã e Diário de Notícias, bem como para compreender a imagem que estes dois jornais veiculam dos acontecimentos na Venezuela. Numa primeira fase vai ser realizado um clipping com vista a recolher todo o conteúdo noticioso relativo aos conflitos na Venezuela que decorreram durante o mês de abril e julho de 2017 nas edições online dos dois Órgãos de Comunicação selecionados. Posteriormente, os dados recolhidos vão ser analisados no programa de estatística IBM SPSS Statistics 25, tendo em conta um manual de codificação no qual constam vários parâmetros a ser estudados pela autora e com vista a responder aos objetivos acima referenciados. Por sua vez, pretende-se dar resposta ao primeiro objetivo a partir da aplicação de entrevistas semiestruturadas a jornalistas ou responsáveis editoriais do Correio da Manhã e do Diário de Notícias. A partir desta técnica, a autora pretende analisar o interesse dos Órgãos de Comunicação Social nacionais na presente temática e na importância de relatar os acontecimentos da Venezuela em Portugal. De acordo com Creswell (2009), as entrevistas semiestruturadas “são usadas de forma a que os participantes possam expressar as suas visões dos factos” (p. 9). Para Bryman (2015) esta técnica caracteriza-se como um processo flexível, no qual “o enfase deve ser colocado no modo como o entrevistado enquadra e entende os problemas e eventos isto é, aquilo que o entrevistado vê como mais importante na explicação e na compreensão de acontecimentos, padrões e formas de comportamento” (p. 471). De modo a desenvolver a revisão da literatura, foi feita uma pesquisa de livros, estudos, artigos científicos, teses, relatórios e dissertações a nível nacional e internacional com relevância para a sustentação científica do tema. A pesquisa destes documentos foi realizada através das bibliotecas online b-on e JSTOR, bem como no RCAAP - Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal e no motor de busca Google Académico. Página 19


O presente trabalho será redigido e segue as diretrizes da 6.ª edição das normas APA – Associação Americana de Psicologia. 2.1.

Cronograma

Para a melhor compreensão e perceção das etapas, técnicas de recolha de informação, fontes e objetivos, formulou-se seguinte cronograma: Tabela 1: Cronograma das etapas do projeto de investigação. Técnica de Recolha

Pesquisa e Revisão da literatura

Escolha e recolha de contactos para as entrevistas

Clipping

Contacto com os responsáveis editoriais e jornalistas para o agendamento de entrevistas Análise de Conteúdo

Entrevistas semiestruturadas

Fontes Livros, teses, estudos, artigos científicos, dissertações, relatórios e dados estatísticos Responsáveis editoriais e jornalistas Websites dos meios informativos escolhidos durante o mês de abril de 2017 Responsáveis editoriais e jornalistas

Websites dos meios informativos escolhidos durante o mês de abril de 2017 Responsáveis editoriais e jornalistas

Concretização

Data

Elaboração do enquadramento teórico

outubro de 2017 a dezembro de 2017

Planeamento de entrevistas

maio de 2018

Recolha de dados

maio de 2018 a junho de 2018

Planeamento de entrevistas

maio de 2018 a junho de 2018

Dar resposta aos objetivos dois e três enunciados

junho de 2018

Dar resposta ao primeiro objetivo enunciado

junho de 2018

Fonte: Elaboração Própria

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3. Representação dos conflitos na Venezuela: Apresentação de Resultados Neste ponto da investigação, a autora irá analisar os vários elementos que permitiram compreender a representação mediática dos conflitos na Venezuela. Deste modo, será feita a apresentação dos resultados obtidos através da análise de conteúdo aos websites dos periódicos Correio da Manhã e Diário de Notícias, bem como das entrevistas realizadas à responsável editorial da secção de Internacional do jornal Diário de Notícias e responsável editorial da secção de Mundo no jornal Correio da Manhã. A ordem da informação que se segue será apresentada tendo em conta os objetivos fixados nas opções metodológicas acima referidas. 3.1. Entrevistas semiestruturadas a jornalistas Para uma melhor compreensão do primeiro objetivo fixado neste trabalho e de modo a ter um conhecimento mais aprofundado em relação ao interesse da imprensa portuguesa nos conflitos da Venezuela, a autora optou por entrevistar dois profissionais da área do jornalismo, nomeadamente a responsável editorial pela secção de Internacional no Diário de Notícias, Patrícia Viegas, bem como o responsável editorial pela secção de Mundo no Correio da Manhã, Ricardo Ramos. Numa primeira abordagem, a autora procedeu ao envio de um e-mail mail com o pedido de entrevista a jornalistas ou responsáveis editoriais que exercem funções nas editorias de mundo ou internacional. A ausência de resposta resultou em novas tentativas de contacto via telefónica e na deslocação da autora até à sede dos diários. Finalmente, conseguiram-se os contributos dos jornalistas acima mencionados. Quando questionada em relação ao interesse do Diário de Notícias em cobrir os acontecimentos na Venezuela, Patrícia Viegas afirmou que o fator notícia é o motivo principal que leva o jornal a relatar os conflitos não só na Venezuela, mas também em tantos outros países. Assim, com as recentes problemáticas a nível político e social, é importante que o Órgão de Comunicação Social comunique aos cidadãos o que se passa no país, pois a verdade é que há sempre vários acontecimentos a ocorrer na Venezuela que têm de ser noticiados. Por sua vez, Ricardo Ramos, responsável editorial da secção de Mundo no Correio da Manhã, afirma que o interesse do jornal em relatar os acontecimentos na Venezuela advém da crise no país ter uma dimensão e impacto noticioso global. Para além desta Página 21


razão, o jornalista também destacou a grande comunidade portuguesa e lusodescendente que existe na Venezuela, o que resulta num interesse acrescido do Correio da Manhã em acompanhar a situação para melhor informar os seus leitores. Em relação ao interesse do público português nos conflitos na Venezuela, Patrícia Viegas destacou a comunidade portuguesa no país, sobretudo de pessoas oriundas da Madeira, bem como todos os lusodescendentes a viver na Venezuela com família em Portugal. Em função dos aspetos aqui mencionados, os jornais ganham cada vez mais preocupação com as questões de segurança e instabilidade política devido à possibilidade de regresso súbitos dos imigrantes e lusodescendentes. Isto significa que em Portugal há vários interessados em saber sobre os mais recentes acontecimentos na Venezuela. Ainda no que diz respeito ao interesse do público português na temática dos conflitos na Venezuela, Ricardo Ramos afirma que há muitas pessoas em Portugal que querem saber como estão os imigrantes na Venezuela, quais as dificuldades que enfrentam, o que o Governo está a fazer para ajudar, etc. De acordo com o jornalista, numa situação como esta é sempre valorizado o critério de proximidade com os leitores, o que leva a que os conflitos na Venezuela ocupem um lugar importante na agenda do jornal. Deste modo, o jornalista do Correio da Manhã acrescenta que o jornal procura acompanhar de perto a atualidade noticiosa da Venezuela sempre que se justifica, como foi o caso durante o período que antecedeu as eleições para a Assembleia Constituinte, no ano passado, que foi marcado por violentos protestos. Assim, o periódico procura muitas vezes dar prioridade a essas notícias devido ao critério de proximidade. No entanto, Patrícia Viegas afirma ainda que o trabalho do jornalista em relatar os acontecimentos no país torna-se um pouco dificultado devido às fontes de informação que muitas vezes tentam enviesar as versões dos factos. Isto acontece principalmente em países como a Venezuela ou Espanha que foi o exemplo dado pela jornalista, em que os órgãos de comunicação se associam a determinados partidos, o que resulta em diferentes versões dos factos. De modo a poder transmitir a versão mais imparcial dos acontecimentos em Portugal, a jornalista esclareceu que é necessário cruzar várias fontes até chegar à verdade. Ao longo da conversa com os entrevistados foi possível entender que na base do interesse dos Órgãos de Comunicação Social em relatar e cobrir os factos da Venezuela, Página 22


está o processo de newsmaking no qual são tidos em conta vários critérios de seleção, tais como o de proximidade, que foi o valor mais destacado pelo jornalista Ricardo Ramos. Por sua vez, a comunidade portuguesa na Venezuela é relevante para o interesse do público português na temática. 3.2. Uso de fontes de informação pelo Correio da Manhã e Diário de Notícias De forma a perceber a que fontes de informação recorrem os periódicos, foram consultadas 228 peças noticiosas, 143 que dizem respeito ao Correio da Manhã e 85 ao Diário de Notícias. O clipping é correspondente ao mês de abril e julho de 2017, período de maior instabilidade política na Venezuela.

Gráfico 1: Meio

Base: 228 notícias

Em relação às fontes de informação, é possível aferir que 17,54% dizem respeito ao Governo Local, 15,79% ao Governo Internacional, 14,91% à Oposição Política e 14,47% ao protagonista da peça noticiosa que na sua maioria corresponde ao Presidente Venezuelano Nicolás Maduro. Por sua vez, os Líderes de Opinião são uma minoria com 0,44%, seguidos de tribunais com 0,88% e a Agência Lusa com 1,32%. É importante referir que na sua generalidade, as peças noticiosas nas quais não são encontradas fontes de informação, correspondem a artigos de opinião da autoria do jornalista. A partir do gráfico que se segue, verifica-se que é utilizado um leque diversificado de fontes de informação, embora algumas sejam mais expressivas e desse modo, tenham um maior destaque na análise de conteúdo.

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Gráfico 2: Fontes de Informação

Base: 228 notícias

Embora a Agência Lusa não se destaque como fonte de informação tanto no Correio da Manhã como no Diário de Notícias, após analisar a assinatura das peças noticiosas, foi possível conferir que 56,14% das peças que são colocadas nos websites dos jornais aqui referidos, são provenientes da Agência Lusa e por sua vez, assinadas pela agência. Com uma expressão de 20,61%, é de notar que grande parte das peças noticiosas não têm assinatura, o que significa que o leitor acaba por não chegar a saber quem escreveu a notícia. Também foi possível aferir que o próprio Órgão de Comunicação Social assina a peça em conjunto com a Agência Lusa numa percentagem de 5,26%, pegando em alguns elementos da agência para complementar a informação.

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Gráfico 3: Assinatura

Base: 228 notícias

3.3. Imagem transmitida pelo Correio da Manhã e Diário de Notícias Relativamente à imagem que os periódicos transmitem, a autora decidiu analisar o enfoque dado às peças noticiosas. Neste sentido e com base nas 228 notícias examinadas, foi possível perceber que predomina o enfoque negativo em 50% das peças. Para segundo plano, deixa-se o enfoque neutro com 35,53% e por último o enfoque positivo que tem uma representatividade de apenas 14,47%, o que aponta para uma percentagem baixa de peças positivas que dizem respeito à Venezuela. Estes dados aqui apresentados indicam que a cobertura dos acontecimentos na Venezuela feita pelos dois jornais em causa é pautada por um enfoque negativo, já que este parâmetro assume uma expressão considerável na análise realizada.

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Gráfico 4: Enfoque

Base: 228 notícias

De forma a aferir qual o enfoque dado às peças noticiosas de acordo com cada meio analisado, a autora procedeu à realização de um cruzamento entre o enfoque e os dois periódicos em causa. Foi possível averiguar que o enfoque negativo continua a ocupar um espaço prioritário no modo como os mais recentes acontecimentos na Venezuela são noticiados, concretamente a ocupar uma percentagem de 32,02% no Correio da Manhã e 17,98% no Diário de Notícias, respetivamente. As notícias com uma abordagem positiva permanecem numa posição menos relevante nos dois diários, no entanto as notícias de enfoque neutro ocupam um espaço maior no Diário de Notícias, com uma percentagem de 14,91%. O mesmo não acontece com o jornal Correio da Manhã, no qual se verifica uma grande disparidade entre os três enfoques das peças.

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Gráfico 5: Enfoque em cada periódico

Base: 228 notícias

Para o desenvolvimento do presente trabalho é importante referir a utilização de imagem pelos Órgãos de Comunicação Social e nesse sentido foi possível aferir que 67,98% das peças noticiosas são acompanhadas de fotografia, em oposição aos 32,02% que são relativos a notícias sem fotografias. Com esta análise pode constatar-se que o espaço online por não ter os limites impostos em papel, acaba por privilegiar a divulgação e distribuição de foto galerias e até mesmo de vídeo.

Gráfico 6: Fotografia

Base: 228 notícias

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Por sua vez, foi realizado um cruzamento entre a variável fotografia e meio, a partir do qual foi possível averiguar que tanto o jornal Diário de Notícias, bem como o periódico Correio da Manhã optam por utilizar fotografia na maioria das suas peças noticiosas. Neste sentido, o Diário de Notícias faz acompanhar as suas publicações de fotografia em 26, 32% dos casos, enquanto o Correio da Manhã, opta por usar imagem em 41, 67% das suas publicações, numa percentagem bastante mais expressiva.

Gráfico 7: Fotografia em cada periódico

Base: 228 notícias

4. Discussão de Resultados É neste ponto que são discutidos os resultados alcançados ao longo da investigação. Com a realização do presente trabalho foi possível corroborar as hipóteses defendidas pelos autores citados para a base deste estudo. Um dos objetivos fixados nesta investigação pretendia analisar o interesse da imprensa escrita portuguesa na temática dos conflitos na Venezuela, para o qual foi imprescindível a realização de entrevistas a jornalistas. Após a conversa com Patrícia Viegas, foi possível aferir que o interesse do Diário de Notícias em relatar os mais recentes acontecimentos na Venezuela parte do fator notícia, que a jornalista considerou uma das motivações mais fortes em dar a notícia ao público. Deste modo, na Venezuela reina um clima de instabilidade devido à situação económica, política e social, cujas manifestações resultam em violência e morte “contribuindo com um clima geral onde é escassa a confiança nas instituições do Estado e reina o desespero perante o futuro” (Gomes, 2017, p.39). Este cenário aqui descrito leva a Página 28


que haja um interesse crescente por parte dos órgãos de comunicação social em relatar os acontecimentos. Por sua vez, o jornalista Ricardo Ramos acrescenta ainda que é do interesse público que os conflitos na Venezuela sejam noticiados devido à comunidade portuguesa que permanece no país e que levam a que haja um interesse acrescido nos jornais em acompanhar a situação para melhor informar os seus leitores. Esta premissa é corroborada pela jornalista Patrícia Viegas que afirma que há muitos imigrantes portugueses na Venezuela, sobretudo oriundos da Madeira, assim como muitos lusodescendentes a viver no país. Isto traduz-se numa maior preocupação por parte dos media, nomeadamente em relação às questões de segurança e instabilidade política porque há sempre receio de que possa haver um regresso súbito dos imigrantes ou dos lusodescendentes. Gomes (2017), afirma que “o presente da República Bolivariana da Venezuela sem Chávez está cheio de incógnitas e o futuro é incerto” (p.39), no entanto, cabe aos órgãos de comunicação social relatar os factos que ocorrem no país devido às motivações aqui apresentadas. Como já explorado no presente trabalho, “nem todos os acontecimentos são suscetíveis de serem transformados em notícia, mas apenas aqueles que respondem a uma série de critérios” (Dias, 2005, p.11). Isto significa que os acontecimentos são transformados em notícia em função do fator notícia, ou seja, da capacidade que tem de chamar o público. De acordo com o responsável editorial da secção de Mundo do Correio da Manhã, é sempre tido em conta o critério de proximidade geográfica, ancestral ou sentimental entre a notícia e o leitor. Deste modo, tendo em conta a comunidade portuguesa na Venezuela, bem como todos os familiares que vivem em Portugal, existe um grande interesse em perceber qual o estado dos imigrantes na Venezuela, as dificuldades por que passam, bem como aquilo que o Governo português está disposto a fazer por estes. De acordo com Correia (2011), “o acontecimento terá mais impacto quanto maior for a proximidade cultural com a audiência” (p.150). Neste sentido, Ramos aponta para uma proximidade sentimental entre a audiência portuguesa com os conflitos que ocorrem na Venezuela devido à comunidade portuguesa que ainda reside num país que passa atualmente por uma grave crise social e política. Com isto, é possível aferir que há um Página 29


grande interesse em acompanhar de perto a atualidade noticiosa da Venezuela sempre que se justifica. Através da realização da análise de conteúdo, a autora conseguiu dar resposta ao segundo objetivo enunciado no presente trabalho que consistia em perceber a que fontes recorrem os jornais Correio da Manhã e Diário de Notícias para abordar os conflitos na Venezuela, tendo em conta o cumprimento do papel do jornalista na diversificação das fontes de informação; Embora seja dado um grande destaque ao Governo Local, Governo Internacional e Oposição Política enquanto fontes de informação, verificou-se que os dois periódicos em questão utilizam um leque diversificado de fontes de informação nas peças noticiosas. Como foi possível aferir anteriormente, de acordo com Gans citado por Marinho (2000), as fontes de informação podem definir-se como “atores que as jornalistas observam e entrevistam, no sentido do fornecimento de informação e sugestão noticiosa, enquanto membros e representantes de grupos de interesses organizados” (p.353). Isto significa que sem fontes de informação não existe jornalismo e que os jornais aqui referidos cumprem o dever de diversificação de fontes, tendo em conta a variação de fontes de informação que utilizam nas diferentes peças noticiosas. Das fontes encontradas a partir da análise de conteúdo, o jornalista Ricardo Ramos acrescentou que são ainda usadas agências e sites internacionais (Reuters, El Mundo, El País, BBC), bem como jornais venezuelanos. No Correio da Manhã, os jornalistas procuram igualmente falar com portugueses residentes no país para melhor relatar a sua perspetiva sobre os acontecimentos e o impacto que a situação político-económica do país tem sobre a comunidade lusa. Por sua vez, a jornalista Patrícia Viegas afirmou que para além de agências noticiosas, bem como correspondentes na Venezuela, são verificadas as redes sociais tais como o Twitter, Instagram e Facebook pois a informação hoje em dia é cada vez mais direta, o que se traduz numa desintermediação do papel do assessor que se torna cada vez mais desnecessário. De acordo com Canavilhas (2010), “enquanto fontes, os blogues e as redes sociais suscitam cada vez mais atenção dos jornalistas nas suas rotinas diárias de pesquisa” (p.3), o que significa que o uso generalizado das redes sociais é inegável e a informação surge cada vez mais por meios não tradicionais. Página 30


O autor acrescenta que as redes sociais “, alteraram profundamente as rotinas de produção noticiosa, estando hoje perfeitamente integradas na atividade profissional jornalística” (Canavilhas, 2010, p.3) principalmente nas fases de recolha de informação e distribuição de notícias. Isto é corroborado por Patrícia Viegas que afirma que são verificadas as redes sociais de toda a gente, desde o Presidente Maduro até à mulher do líder da oposição que está preso, Lilian Tintori. Assim, entre as potencialidades oferecidas pela Internet é possível comprovar a possibilidade de diversificação de fontes de informação. A partir da análise de conteúdo realizada aos periódicos já referidos, foram encontradas diferentes fontes de informação o que leva a entender que os jornalistas utilizam um vasto leque de pessoas, documentos e redes sociais de modo a corroborar as informações e melhor relatar os factos na Venezuela perante o público português. De forma a aferir a imagem transmitida pelos órgãos de comunicação social nesta temática, a análise de conteúdo ajudou a perceber que a imprensa escrita portuguesa transmite uma imagem essencialmente negativa dos conflitos na Venezuela. Por sua vez, também foi possível comprovar que grande parte das peças noticiosas, tanto respeitantes ao Diário de Notícias bem como ao Correio da Manhã, fazem-se acompanhar de multimédia, nomeadamente fotografias ou foto galerias. De acordo com Buitoni (2007), “qualidades como objetividade, transparência, verdade, foram sendo assumidas pelo discurso jornalístico, que adotou a fotografia como reprodução confiável do real” (p.108). Isto significa que cada vez mais a imagem acompanha as notícias. Grande parte das notícias analisadas são relacionadas com morte, violência e escassez de alimentos e medicamentos, o que leva a imprensa portuguesa a transmitir estes acontecimentos com uma componente negativa. O aumento da criminalidade e da violência na Venezuela possibilitou que imagens de violência ganhassem cada vez mais espaço nos meios de comunicação, principalmente nos websites dos jornais. De um modo geral é possível dizer que o aumento dos conflitos na Venezuela foi acompanhado não só de uma maior cobertura mediática pela imprensa escrita portuguesa, mas também de imagens e fotografias de enfoque negativo, como foi possível aferir a partir da análise de conteúdo realizada.

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5. Conclusão Ao longo do presente trabalho, a autora procurou dar resposta aos objetivos aqui enunciados a partir da aplicação das técnicas de investigação propostas inicialmente. Deste modo, foi possível analisar o interesse da imprensa escrita portuguesa na presente temática, perceber a que fontes recorrem os periódicos Correio da Manhã e Diário de Notícias, bem como compreender a imagem que a imprensa escrita portuguesa transmite dos conflitos na Venezuela. A partir das entrevistas foi possível compreender que a comunidade portuguesa a residir na Venezuela, bem como as famílias dos lusodescendentes e a pertinência da temática no contexto internacional, leva a que haja um grande interesse por parte dos Órgãos de Comunicação Social em cobrir e relatar os acontecimentos no país, de acordo com vários valores-notícia aqui apontados. Através da análise de conteúdo apurou-se que são usadas diferentes fontes de informação de modo a noticiar os acontecimentos na Venezuela, podendo afirmar-se que os jornalistas destes periódicos cumprem o seu dever de diversificação de fontes. No entanto, embora os jornalistas entrevistados pela autora tenham referido a utilização de diferentes agências noticiosas, bem como residentes na Venezuela como fontes de informação, constatou-se que os meios de comunicação portugueses não enviam jornalistas para o país, nem mantém qualquer tipo de relação a nível de conteúdo com a imprensa Venezuelana. Com a expansão da Internet o acesso a fontes de informação também se tornou menos tradicional, sendo possível aceder mais facilmente às fontes de informação, principalmente através das redes sociais, tais como o Facebook, Twitter e Instagram. Os resultados da análise de conteúdo revelaram ainda que os órgãos de comunicação em estudo apresentam um enfoque maioritariamente negativo dos acontecimentos na Venezuela, pois a maior parte das notícias analisadas são relativas a morte, violência e escassez de alimentos e medicamentes motivadas pela crise social, política e económica que tem atingindo o governo do Presidente Nicolás Maduro. As peças noticiosas analisadas são acompanhadas na maior parte dos casos por imagens que complementam as notícias.

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Considera-se por isso que os objetivos delineados inicialmente foram alcançados, permitindo um conhecimento mais aprofundado da representação mediática dos conflitos na Venezuela na imprensa escrita portuguesa. Neste sentido, a realização de análise de conteúdo e a concretização de entrevistas a jornalistas foram fundamentais para compreender melhor esta temática. A investigação levada a cabo revelou ser pertinente para dar uma maior perceção da situação económica, política e social que envolve a Venezuela, bem como a forma como os acontecimentos são noticiados em Portugal devido à comunidade portuguesa que permanece no país. Porém, é possível destacar as principais dificuldades na presente investigação que surgiram com o difícil contacto com os jornalistas e responsáveis editoriais que só chegaram a responder após várias tentativas de contacto. Por fim, no que diz respeito a futuras investigações parece ser interessante interrogar as origens destas problemáticas sociais e porque é que perduram até aos dias de hoje, ou por exemplo aprofundar a questão do paralelismo político na Venezuela, devido aos meios de comunicação sociais neste país sofrerem uma carência ao nível da imparcialidade jornalística, já que se dividirem em diferentes ideologias, ligadas a diferentes partidos políticos. Outras investigações poderiam centra-se no estudo da imagem, nomeadamente na difusão de imagens relacionadas com violência que são transmitidas a partir dos Órgãos de Comunicação Social.

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Rincón, O. & Rincón, A. (2010). Por qué nos odian tanto?: (estado y medios de comunicación en América Latina) (No. 32: 316.774). Centro de Competencia en Comunicaciáon para América Latina. Rizzotto, C. (2010). Concentração de meios e políticas de comunicação na Venezuela. Estudos em Jornalismo e Media, 7(2), 297-310. Salojärvi, V. (2016). The media in the core of political conflict: Venezuela during the last years of Hugo Chávez's presidency. Publications of the Faculty of Social Sciences. Sebastião, S. (Ed.). (2016). Comunidade dos Países de Língua Portuguesa: a afirmação global das culturas de expressão portuguesa. Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa. Silva, R. (2013). Comunicação política no facebook: um estudo exploratório de sete políticos portugueses (Dissertação de Doutoramento), Escola Superior de Comunicação Social). Sousa, L. (2016). Os media - Proposta de um modelo de tipologia noticiosa sobre a atividade policial (tese de mestrado). Sullivan, M. (2016). Venezuela: Background and US Relations. Congressional Research Service Washington United States. Traquina, N. (1999). Jornalismo: questões, teorias e “estórias”. Lisboa: Vega, 2. Traquina, N. (2002). Jornalismo. Lisboa. Quimera. Venezuela Country Risk Report. (2017). (4), 3-41. Obtido de: http://www.b-on.pt/ Wolf, M. (2009). Teorias da comunicação. Editora Presença.

Página 36


Apêndices Apêndice 1: Tabela 2: Síntese das técnicas utilizadas e os seus objetivos:

Técnica

Objetivo Perceber a que fontes recorrem os Órgãos de Comunicação Social nacionais para abordar os conflitos na Venezuela, tendo em conta o cumprimento do papel

Análise de Conteúdo

do jornalista na diversificação das fontes de informação; Compreender a imagem que os meios de comunicação em Portugal transmitem dos conflitos na Venezuela.

Entrevistas

Analisar o interesse dos Órgãos de

semiestruturadas

Comunicação Social portugueses na temática. Fonte: Elaboração Própria

Apêndice 2: Tabela 3: Jornalistas e respetivos contactos: Nome

Notas

Entidade

Contacto

Jornalista e Patrícia Viegas

responsável editorial

Diário de Notícias

patricia.viegas@dn.pt

Correio da Manhã

ricardoramos@cmjornal.pt

da secção de Mundo Jornalista e Ricardo Ramos

responsável editorial da secção de Internacional

Fonte: Elaboração Própria

Página 37


Apêndice 3: Tabela 4: Manual de Codificação Categoria 1. Número da notícia 2. Data Dia Mês 3. Meio 4. Género Jornalístico

5. Assinatura

6. Foto/Ilustração 7. Enfoque

8. Fonte de Informação

9. Atores

Valores contínua 1 a 31 1. abril 2. julho 1. Diário de Notícias 2. Correio da Manhã 1. Notícia 2. Reportagem 3. Opinião 4. Coluna/Breve 5. Entrevista 1. Agência Lusa 2. Agência internacional 3. Órgão de comunicação social 4. Jornalista 5. Sem assinatura 6. OCS/Agência Lusa 7. Outro 1. Sim 2. Não 1. Positivo 2. Negativo 3. Neutro 1. Protagonista 2. Grupo/Associação/ Organização 3. Governo local 4. Governo internacional 5. Oposição Política 6. Tribunais 7. Autoridades 8. Líder de opinião (perito, educador) 9. Família/ Amigos/ Vizinhos 10. Celebridade 11. Agência Lusa 12. Agência Internacional 13. Imprensa Venezuelana 14. Sem fonte 15. Outro 1. Presidente da Venezuela 2. Governo Local 3. Governo Internacional 4. Grupos 5. Oposição 6. Família 7. Outros

10. Link 11. Discurso

Fonte: Elaboração Próprio Página 38


Apêndice 4: Estabelecimento de contactos para colaboração no projeto: •

E-mail enviado para o Diário de Notícias:

Boa noite, O meu nome é Andreia Neves e frequento o curso de Ciências da Comunicação no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. No âmbito de uma unidade curricular estou a desenvolver um trabalho sobre a representação mediática dos conflitos na Venezuela na imprensa portuguesa e neste sentido, gostaria de saber se podia contar com a participação de um jornalista ou responsável editorial do Diário de Notícias para responder a algumas questões intrínsecas ao desenvolvimento do meu trabalho. Na eventualidade do Diário de Notícias colaborar com a minha investigação, desde já questiono se existe algum inconveniente na entrevista ser por escrito. Desde já agradeço a disponibilidade, Com os melhores cumprimentos, Andreia Neves •

E-mail enviado para o Correio da Manhã:

Boa noite, O meu nome é Andreia Neves e frequento o curso de Ciências da Comunicação no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. No âmbito de uma unidade curricular estou a desenvolver um trabalho sobre a representação mediática dos conflitos na Venezuela na imprensa portuguesa e neste sentido, gostaria de saber se podia contar com a participação de um jornalista ou responsável editorial do Correio da Manhã para responder a algumas questões intrínsecas ao desenvolvimento do meu trabalho. Na eventualidade do Correio da Manhã colaborar com a minha investigação, desde já questiono se existe algum inconveniente na entrevista ser por escrito. Desde já agradeço a disponibilidade, Com os melhores cumprimentos, Andreia Neves Página 39


E-mail enviado ao Jornalista Ricardo Ramos em nova tentativa de contacto:

Boa noite, O meu nome é Andreia Neves e frequento o curso de Ciências da Comunicação no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. No âmbito de uma unidade curricular estou a desenvolver um trabalho sobre a representação mediática dos conflitos na Venezuela na imprensa portuguesa e neste sentido, gostaria de saber se podia contar com a participação da Ricardo para responder a algumas questões intrínsecas ao desenvolvimento do meu trabalho. Desde já agradeço a disponibilidade, Com os melhores cumprimentos, Andreia Neves •

E-mail enviado ao Jornalista Ricardo Ramos em nova tentativa de contacto:

Boa tarde, O meu nome é Andreia Neves, frequento o curso de Ciências da Comunicação no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa e no âmbito de uma unidade curricular, estou a desenvolver um trabalho sobre a representação mediática dos conflitos na Venezuela na imprensa portuguesa. Após a nossa conversa ao telefone, seguem algumas questões intrínsecas ao desenvolvimento do meu trabalho e às quais esperava que o Ricardo pudesse responder: 1.

O que é que motiva o Correio da Manhã a relatar os acontecimentos na Venezuela?

2.

Na sua opinião, qual o interesse do público português nesta temática?

3. Quais as principais fontes de informação a que o Correio da Manhã recorre para noticiar os conflitos na Venezuela? 4.

Existe algum tipo de relação entre a imprensa portuguesa e venezuelana? Se sim,

como se estabelece? 5.

Qual o impacto dos conflitos na Venezuela na agenda do jornal?

Desde já agradeço a disponibilidade, Página 40


cumprimentos, Andreia Neves Apêndice 5: Guião de entrevista com Patrícia Viegas: 1.

O que é que motiva o Diário de Notícias a cobrir os acontecimentos na Venezuela?

2.

Na sua opinião, qual o interesse do público português nesta temática?

3.

Quais as principais fontes a que o Diário de Notícias recorre para noticiar os conflitos

na Venezuela? 4.

Existem relações entre a imprensa portuguesa e venezuelana? Se sim, como se

estabelecem? São próximas? 5.

Qual o impacto dos conflitos na Venezuela na agenda do jornal?

6.

De que forma é que a produção informativa da Venezuela pode afetar as notícias em

Portugal? Apêndice 6: Guião de entrevista com Ricardo Ramos: 1.

O que é que motiva o Correio da Manhã a relatar os acontecimentos na Venezuela?

2.

Na sua opinião, qual o interesse do público português nesta temática?

3. Quais as principais fontes de informação a que o Correio da Manhã recorre para noticiar os conflitos na Venezuela? 4.

Existe algum tipo de relação entre a imprensa portuguesa e venezuelana? Se sim,

como se estabelece? 5.

Qual o impacto dos conflitos na Venezuela na agenda do jornal?

Apêndice 7: Entrevista com Patrícia Viegas: Andreia Neves (AN): O que é que motiva o Diário de Notícias a cobrir os acontecimentos na Venezuela? Patrícia Viegas (PV): No fundo o que também motiva a cobrir nos outros países todos, o fator notícia. Realmente há muitas notícias sempre a acontecer na Venezuela a nível político e social e quando há uma notícia, esse é um motivo pelo qual se vai dar a notícia.

Página 41


Não é acordar hoje e pensar que se vai escrever sobre a Venezuela, a verdade é que estão sempre a acontecer muitas coisas que têm de ser noticiadas. AN: Na sua opinião, qual o interesse do público português nesta temática? PV: Porque há muitos emigrantes portugueses na Venezuela, sobretudo oriundos da Madeira e assim como muitos lusodescendentes a viver na Venezuela e por isso há sempre uma preocupação, nomeadamente em relação às questões de segurança e instabilidade política porque há sempre aquele receio de que possa haver um regresso súbito dos emigrantes ou dos lusodescendentes, mas que até agora não tem acontecido pois são pessoas que já estão estabelecidas há muitos anos e que já estão tão habituadas há instabilidade que já faz parte do seu dia a dia. AN: Quais as principais fontes a que o Diário de Notícias recorre para noticiar os conflitos na Venezuela? PV: Temos agências noticiosas, neste momento a Reuters e a Lusa que tem lá um correspondente permanente em Caracas. Temos ainda pessoas que vivem lá e com as quais contactamos por telefone e também jornais, televisões e rádios da Venezuela que vemos e ouvimos através da Internet ou das Redes Sociais. Verificamos ainda os Twitts de toda a gente, desde o Presidente Maduro até à mulher do líder da oposição que está preso, Lilian Tintori. Hoje em dia a informação está muito direta, ou seja, as pessoas comunicam muito diretamente através do Facebook, do Instagram, do Twitter e que vem diretamente para qualquer pessoa, incluindo os jornalistas. Há por isso uma desintermediação em que o papel do assessor se torna cada vez mais desnecessário, pois a informação é direta. AN: Existem relações entre a imprensa portuguesa e venezuelana? Se sim, como se estabelecem? São próximas? PV: A nível de parcerias não, mas neste momento vamos ter parcerias com países lusófonos como Brasil, Angola, Macau e com todos aqueles que fazem parte da CPLP. A Venezuela não se justifica porque para já, é outra língua. Portanto, a nível de partilha de conteúdos, apenas com os países de língua portuguesa. AN: Qual o impacto dos conflitos na Venezuela na agenda do jornal?

Página 42


PV: Cada vez que o Presidente Maduro decide falar para um lado e a oposição decide fazer parlamentos paralelos, normalmente claro que falando no papel, vai ter de ser dado mais espaço. Se uma coisa poderia ser de uma página, no entanto, se houver uma manifestação como já houve, com violência e mortes, vai ter de aumentar para duas ou quatro páginas. Por sua vez, a nível do online é um pouco indiferente porque é aquele espaço em que cabe tudo. A questão do papel é sempre um bom treino para selecionar aquilo que é essencial, enquanto no online como se sabe que se pode pôr tudo, às vezes ate pode pôr-se demais. Isto significa que o impacto é não tanto na agenda, mas sim no desenho do jornal e no espaço atribuído. AN: De que forma é que a produção informativa da Venezuela pode afetar as notícias em Portugal? PV: Em Portugal não temos esse problema, mas há países como em Espanha em que para saber o que se passa no país, é necessário ler pelo menos cinco jornais diferentes. O El País versão do PSOE (Partido Socialista Obrero Español), El Mundo que é uma versão mais centrista e crítica, por sua vez a ABC, que tem uma versão monárquica e o El Español que se liga mais para a extrema direita e por fim, o El Publico que é uma versão quase comunista. Em Portugal não se tem esse problema porque os jornalistas são muito treinados para tentar ver sempre os vários lados de uma questão e ter sempre uma visão algo imparcial. Então o que se faz com todos os países é ler cinco ou vinte jornais, ou ver trinta televisões até conseguir chegar a alguma conclusão pois há sempre alguém que está a mentir, assim como alguém que diz o contrário do outro e alguém que está sempre a inflacionar as coisas e o nosso papel é sempre cruzar até chegar à verdade. Às vezes estre trabalho é muito difícil porque o jornalista sabe que o que não falta aí são pessoas a tentar enviesar as versões e tentar enganar os jornalistas, agora o nosso papel é chegar à verdade seja de que maneira seja, para que depois de possa transmitir às pessoas. Apêndice 8: Entrevista com Ricardo Ramos: AN: O que é que motiva o Correio da Manhã a relatar os acontecimentos na Venezuela? RR: Primeiro, porque a crise na Venezuela tem dimensão e impacto noticioso global. Segundo, devido à grande comunidade portuguesa e lusodescendente que existe na

Página 43


Venezuela, há um interesse acrescido do CM em acompanhar a situação para melhor informar os seus leitores. AN: Na sua opinião, qual o interesse do público português nesta temática? RR: No CM temos sempre em conta o critério de proximidade (geográfica, ancestral, sentimental) entre a notícia e os nossos leitores. Há muitas pessoas em Portugal que querem saber como estão os nossos imigrantes na Venezuela, quais as dificuldades que enfrentam, o que o nosso Governo está a fazer para ajudar, etc. Numa situação como esta é sempre valorizado o critério de proximidade com os nossos leitores. AN: Quais as principais fontes de informação a que o Correio da Manhã recorre para noticiar os conflitos na Venezuela? RR: Agências e sites internacionais (Reuters, El Mundo, El País, BBC), bem como jornais venezuelanos. Procuramos igualmente falar com portugueses residentes no país para melhor relatar a sua perspetiva sobre os acontecimentos e o impacto que a situação político-económica do país tem sobre a comunidade lusa. AN: Existe algum tipo de relação entre a imprensa portuguesa e venezuelana? Se sim, como se estabelece? RR: Não é habitual falarmos com jornalistas venezuelanos, o que não quer dizer que não o faremos se acharmos necessário para enriquecer o nosso trabalho e melhorar a qualidade da informação prestada aos nossos leitores. Mas a maior parte dos contactos são feitos diretamente com membros da comunidade portuguesa e lusodescendente. AN: Qual o impacto dos conflitos na Venezuela na agenda do jornal? RR: Procuramos acompanhar de perto a atualidade noticiosa da Venezuela sempre que se justifica, como foi o caso durante o período que antecedeu as eleições para a Assembleia Constituinte, no ano passado, que foi marcado por violentos protestos. Apesar de não termos muito espaço na secção Mundo, procuramos muitas vezes dar prioridade a essas notícias devido ao critério de proximidade.

Página 44


Anexos Tabela 1: Nascidos em Portugal residentes na Venezuela, 2000-2015

Fonte: Nascidos em Portugal residentes na Venezuela, 2000-2015, disponível na página 246 do relatório

estatístico

de

2016

do

Observatório

de

Emigração,

retirado

de:

http://observatorioemigracao.pt/np4/file/5751/OEm_EmigracaoPortuguesa_RelatorioEstatis.pdf

Página 45


Gráfico 1: Nascidos em Portugal residentes na Venezuela, 2001 e 2011

Fonte: Nascidos em Portugal residentes na Venezuela, 2001 e 2011, disponível na página 247 do relatório

estatístico

de

2016

do

Observatório

de

Emigração,

retirado

de:

http://observatorioemigracao.pt/np4/file/5751/OEm_EmigracaoPortuguesa_RelatorioEstatis.pdf

Gráfico 2: Casas em situação de pobreza na Venezuela em 2016

Fonte: ENCOVI: Encuesta sobre Condiciones de Vida Venezuela 2016, disponível na página 3 da Pesquisa

das

Condições

de

Vida

na

Venezuela,

retirado

de:

http://www.fundacionbengoa.org/noticias/2017/encovi-2016.asp Página 46


Gráfico 3: Evolução da pobreza na Venezuela 1997-2016

Fonte: ENCOVI: Encuesta sobre Condiciones de Vida Venezuela 2016, disponível na página 4 da Pesquisa

das

Condições

de

Vida

na

Venezuela,

retirado

de:

http://www.fundacionbengoa.org/noticias/2017/encovi-2016.asp

Gráfico 4: Queda do valor do Bolívar: taxa de câmbio USD/VEF

Fonte: Queda do valor do Bolívar: taxa de câmbio USD/VEF, disponível na página 2 do artigo de Hanke & Bushnell (2017), retirado de: On Measuring Hyperinflation. World Economics. Página 47


Gráfico 5: Indústria petrolífera: produção e exportação de petróleo

Fonte: Indústria petrolífera: Produção e exportação de petróleo, disponível na página 9 do relatório Country Risk Report 2017, retirado de: https://www.bmiresearch.com/

Gráfico 6: Projeção da inflação venezuelana

Fonte: Projeção da inflação venezuelana, disponível no website Bloomberg, retirado de: https://www.bloomberg.com/news/articles/2017-10-10/imf-sees-venezuelan-inflation-rate-risingbeyond-2-300-in-2018 Página 48


Imagem 1: Estimativa de mortes violentas na Venezuela no ano de 2016

Fonte: Estimativa de mortes violentas na Venezuela no ano de 2016, disponível em Observatório Venezuelano de Violência, retirado de: https://observatoriodeviolencia.org.ve/

Página 49


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