ANDRÉ FELIPE CARDOSO

Minhas produções recentes orbitam ao redor de reflexões sobre os materiais como dispositivos que ligam os símbolos das memórias afetivas nos campos coletivo e individual tendo a paisagem, sua contemplação e construção como objeto poético e processual privilegiado. Minha investigação concentra se em torno das relações de vínculo centre matéria e lugar, cujos processos são governados pela pratica da apropriação de objetos e matérias coletados por ocasião de deslocamentos territoriais. Interessam me os signos cotidianos, assim como as relações com eles se criam, as relações de afeto que estabeleço com os lugares e a carga afetiva e simbólica com que invisto a materialidade com que deparado nesses deslocamentos. Tencionam se assim trânsito, passagem, vínculo e pertencimento.
Repertoriam se assim histórias ouvidas, guardas, herdadas e criadas. Viabilizadas pelo deslocamento atalaiado do meu corpo norte goiano aquilombado que se abre para os alagamentos de terras e paisagens estrangeiras. Concebo essa produção como um exercício de autópsias poéticas no sentido de que reviro a memória, dessecando a com vistas a recompor uma paisagística que emerge da (re) fabulação do vivido na pele e na carne da matéria com que trabalho.
PONTO DE PARTIDA
CAMINHO DE TRABALHO
Como projeto de pesquisa dentro do programa de residência do espaço FONTE almejo desdobrar a série de trabalhos ‘’Encontros e Ajuntamentos’’ iniciada dentro do programa de residência artística Estância Central (Casa Voa, Rio de Janeiro RJ) em 2020. Essa série de trabalhos marca a expansão da minha produção no campo das apropriações, e atualmente venho pensando nos inundamentos possíveis dessas produções tridimensionais que vislumbro desabar em encontros com o espaço, promovendo o apartamento entre o trabalho e a parede, encontrando o espaço como local de diálogo e ocupação.
Tendo em vista as possibilidades de encontro com outras narrativas e materiais que podem cruzar o meu caminho durante esse momento de estada em uma terra estrangeira aos meus pés, me oferto em estado de corpo aberto para essa vivência para o deslocamento e encontro durante período de residência.
Durante o meu encontro e passagem por esse espaço de produção gostaria de desenvolver trabalhos que partam desse encontro com o lugar e com os objetos e matérias que posso encontrar em espaços da cidade como feiras e sebos, ateliês de outres artistas e o próprio espaço urbano da cidade.
Trabalhos da série Encontros e Ajuntamentos 2020 2021






PROPOSIÇÃO 1 Módulos feitos com capas de slides empilhadas, cola, linho e recortes de livros. Essa proposição conversa com os campos bidimensional e tridimensional existentes na minha produção. Partindo de uma ação repetitiva de empilhamento do mesmo material/objeto para a construção de um volume de natureza escultórica, sendo este capaz de dialogar com o espaço de forma direta.

PROPOSIÇÃO 2 Módulos feitos com capas de slides empilhadas, cola, linho e recortes de livros. Disposição/montagem em mobiliários.



PROPOSIÇÃO
7
Escolher uma frase/palavra que define essa relação de encontro e degustação de um espaço novo.
2 Ao achar um jardim ou praça, tentar uma aproximação amigável com o espaço e acalantar o território com pés estrangeiros entendendo a superfície da terra alheia.
8
5
6 Voltar para o ateliê com o fragmento do lugar.
1 Sair do ateliê e andar pelas ruas, com os olhos bem abertos para sentir os lugares e caçar jardins e praças.
10 Repetir a ação quantas vezes for necessário. Com// esse exercício de coleta através dos deslocamentos pelos entornos do ateliê pretendo explorar as possibilidades da apropriação e ressignificação dos objetos a partir do encontro, entendendo esse encontro como método de comunicação com o espaço e os processos geradores de paisagem, deslocando fragmentos de espaços estrangeiros e aproximando os das minhas zonas de afetividade.
3
3 Andar, andar, andar. Degustar com os pés, descobrir com todos os sentidos da pele.
Escolher uma imagem de um livro/revista qualquer que simbolize essa relação de encontro.
Recortar a imagem, embrulhar as pedras.
9 Amarrar com fios de algodão e pendurar na parede em pregos de preferência enferrujados.
4 Durante a andança procurar por pedras de formação geológica.

