JUSTIFICATIVAS
APRESENTAÇÃO Meu nome André Felipe Cardoso, nasci e cresci em Minaçu no extremo norte do estado de Goiás em terras calungas, atualmente vivo e trabalho na Cidade de GoiásGO. Sou artista visual e contador e colecionador de paisagens orais. Em minha produção costumo caminhar entre as linhas da lembrança, do esquecimento e dos lugares ‘’invisíveis’’ onde habito e persisto para legitimar e dar razão às histórias das paisagens que conduzem minha existência. Como artista que habita lugares distantes dos grandes centros, entendo que a possibilidade de deslocamento para espaços fora da margem como um fator importante para circulação e legitimação da minha produção, e por isso gostaria de desenvolver parte do meu trabalho durante a residência artística na Casa Voa, tendo como foco essa possibilidade de ocupação e deslocamento, levando as minhas inquietações da margem para o centro.
Sou um artista do interior de Goiás, nasci em uma cidade pequena e atualmente moro em uma ainda menor. Diariamente enfrento diversos obstáculos nas demandas de continuar a produzir e subsistir para produzir, e isso de certa forma marca minha produção tanto nas narrativas que exploro quanto nas deficiências no processo de formação e circulação do meu trabalho. Partindo da vontade de poder ouvir e ser ouvido de maneira coletiva, podendo ocupar nesse período um território desconhecido, estando aberto aos atravessamentos que essa paisagem pode reverberar em mim e no meu fazer, estando em estado aberto para a presença da marca e abertura das marcações no processo de passar e estar, almejo participar da residência artística Instância Central na Casa Voa de Agosto a Outubro no segundo semestre de 2020. Vejo a oportunidade de estar em uma residência artística fora do território onde habito para além da possibilidade de residir e produzir. Entendo esse deslocamento da margem ao centro como uma linha de formação política, social e poética, podendo entrar em contato com espaços e processos que marquem meu percurso de criação e formação. Estando em situação de marginalização geográfica, acredito na necessidade urgente de ocupar e mostrar minha produção, de estar ainda mais em contato com o outro na tentativa de partilhar. Para mim estar presente na Casa Voa produzindo por três meses, vem a ser uma possibilidade de fomento para as lacunas existentes na minha formação e circulação, que ao mesmo tempo me traz a possibilidade de poder levar minha pesquisa para outro espaço e me relacionar com outros artistas, estar em estado de partilha no ateliê e seu entorno, permitindo que as diversidades desse lugar marquem meu processo e consequentemente os resultados desse durante esse período de estada.