Novos jornalistas do Brasil: casos de processos emergentes do jornalismo na internet

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Já pensam a pauta como multimídia e fazem títulos mais ‘sexy’, que atraem mais cliques.” Dávila indica que os jornalistas jovens tendem a pensar a notícia na forma online, usando recursos como galeria de foto, liveblogging e outros. (ZUIN, 2011. Online)60

Na Folha, o processo de convergência foi especialmente pouco cuidadoso em sua implatanção. A jornalista Lígia Braslauskas, editora da redação da Folha Online em 2009, contou na época que havia concorrência entre “a redação de papel” e a internet, inclusive por furos 61. Jornalistas não compartilhavam informações, segundo ela. Como o conteúdo da Folha impressa é pago, via assinatura do portal UOL, e a redação online pode usar apenas 30% desse conteúdo feito pela redação-papel. O resto vem de agências e dos 40 jornalistas que ficam na Barão de Limeira, num andar que ficava até 2010 separado da outra redação. Braslauskas contou que o começo das reportagens em vídeo no online foi bastante amador: a câmera ficava apoiada em cadeiras e o teleprompter era um jornalista segurando um monitor no alto, para outro ler, enquanto o primeiro apertava a barra de rolagem. Não houve, no início, nenhum tipo de formação para os jornalistas “integrados”. No Estadão, o jornalista Marco Chiaretti contou o que mobilizou o início do processo de integração, em 2007, quando assumiu o comando do Estadão online: Quando eu cheguei, a equipe que trabalhava na área era muito boa. O portal era super bem feito, mas tudo ali era publicado um hora depois do UOL e da Folha Online. Qual foi, então, o diferencial importante? O G1. A Globo havia tentado duas ou três vezes colocar no ar portais de conteúdo online, mas essas foram tentativas frustradas. Quando o G1 deu certo, os outros sites informativos tiveram que se preocupar. A Globo colocou sua máquina produtiva e econômica a serviço da atividade jornalística, sem perder a qualidade da informação. É um jornalismo de bom nível, rápido e com imagens. Quando o Álvaro Pereira Júnior, responsável pela criação do portal - um sujeito brilhante que também foi um dos primeiros a pensar o jornalismo como produto - consegue criar o G1, ele coloca um fator nesse mercado que não existia. Até ali, os sites do Estadão e da Folha, por exemplo, eram o lado digital do jornal de papel. O leitor do impresso era o mesmo da web. Portanto, não havia grandes preocupações, eles sabiam que os leitores continuariam lá. Até então, era uma coisa experimental. Mas o G1 é reconhecido, e pode roubar leitores da web dos grandes jornais, e em última instância pode roubar até 60

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Em cobertura realizada pela revista online da Faculdade Cásper Líbero. Disponível em http://www.facasper.com.br/noticias/index.php/terceiro-dia-de-social-media-week,n=4289.html Em entrevista ao www.jornalismodigital.org Disponível em http://www.jornalismodigital.org/2009/06/jornalismona-internet-curso-da-revista-cult/

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