Prazeres Maltidos

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defendendo, e sim eliminando vampiros enquanto dormiam indefesos. Até onde eu sabia, este vampiro nunca machucara ninguém. Então, soltei uma risada. Era o pupilo de Nikolaos. Será que eu achava mesmo que nunca provara sangue humano? Não. Introduzi a agulha em seu pescoço e engoli em seco. Eu detestava agulhas. Nenhum motivo em especial. Apliquei a injeção e fechei os olhos, enquanto aliviava a pressão no embolo. Eu poderia ter-lhe martelado uma estaca no coração, porque introduzir-lhe uma agulha fazia arrepios gélidos descerem pela minha coluna. — Anita! — chamou Edward. Girei rapidamente para olhar para ele. Vi Aubrey sentado em seu caixão. Ele havia agarrado o pescoço de Edward e, lentamente, o erguia do chão. A espingarda tinha ficado ao lado do caixão de Valentine. Droga! Saquei a 9mm e disparei um tiro na testa de Aubrey. O tiro fez com que sua cabeça virasse para trás, mas ele apenas sorriu, e ergueu Edward com os braços esticados e as pernas ao ar. Corri para pegar a espingarda. Edward precisava usar as duas mãos para impedir que fosse asfixiado por seu próprio peso. Depois, esticou uma delas para baixo para tentar pegar a metralhadora. Aubrey agarrou-lhe o pulso. Consegui pegar a espingarda, dei dois passos na direção deles e atirei a uma distância menor que um metro. A cabeça de Aubrey explodiu. Sangue e fragmentos de cérebro espalharam-se pela parede. As mãos desceram Edward até o chão, mas não soltaram-no. Edward respirava com dificuldade. A mão direita apertou-lhe o pescoço, enterrando os dedos em sua traquéia. Tive que sair de trás de Edward para atirar no peito. A explosão acabou com o coração, e com quase todo o lado esquerdo do peito dele. O braço esquerdo ficou pendurado por fragmentos de tecidos e osso. O corpo caiu para trás, voltando para dentro do caixão. Edward caiu de joelhos, respirando com dificuldade e tossindo, engasgado. — Confirme com a cabeça se estiver respirando, Edward — pedi, embora, se Aubrey tivesse esmagado-lhe a traquéia, eu não saberia o que fazer. Talvez voltasse correndo para buscar Lillian, a rata médica. Edward confirmou, como eu havia pedido. Seu rosto estava mosqueado em um violetaavermelhado, mas ele estava respirando. Meus ouvidos apitavam devido ao barulho da espingarda no interior daquelas paredes de pedra. A surpresa acabara. O nitrato de prata não era lá tão bom assim. Recarreguei a espingarda e fui até o caixão de Valentine. Arrebentei-o ao meio. Agora sim, estava morto. Edward pôs-se de pé, cambaleante, e disse em um tom lúgubre. — Quantos anos tinha aquela coisa? — Mais de quinhentos — respondi. Ele engoliu saliva, e aquilo pareceu doer. —Merda. —Eu não tentaria introduzir agulhas em Nikolaos.


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