livro final com capitulos na impar

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Família Fonseca

Memórias de

Dona Alaide



Índice Prefácio ................................................................................................................... 5

Capítulo 1 – Uma Breve Biografia da Dona Alaide.......................................... 7

Capítulo 2 – Mensagens dos Filhos, Noras e Genros ..................................... 9

Capítulo 3 – Mensagens dos Netos e Bisnetos .............................................. 23

Capítulo 4 – Dona Alaide em Imagens ........................................................... 47

Capítulo 5 – Uma Homenagem ao Seu Sinval .............................................. 53



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Prefácio Este livro é uma homenagem a nossa querida Dona Alaide, por ocasião do seu aniversário de 102 anos. Uma grata recordação dos momentos felizes, conquistas e também das lutas, que são parte da vida. 102 anos. É muita vida! E muito bem vivida... Nesses 102 anos a Dona Alaide presenciou uma guerra, viu o descobrimento da penicilina, a conquista do espaço, o surgimento do computador, do telefone celular e da internet. Viu Atlético e Cruzeiro, times de coração do seu esposo, filhos e netos, serem campeões e serem também rebaixados. Viu ainda essa triste doença chamada Covid desafiar toda a humanidade. Vivenciou alegrias e tristezas, conquistas e perdas, e nunca esmoreceu… nem mesmo quando seu grande amor Sinval se foi. Continua com a força de viver, nos ensinando a enfrentar tudo com valentia e otimismo. As doces recordações dos filhos, noras, genros, netos e bisnetos, traduzidas em mensagens para a Dona Alaide, agora estampam as páginas deste maravilhoso livro. Uma singela homenagem em vida à Dona Alaide, escrita por todos que tiveram (e ainda têm) o privilégio de conviver com ela e desfrutar da sua simplicidade, valentia, tolerância, e tantos outros valores formam esta verdadeira mãe, sogra, avó e bisavó. Frederico de Almeida Fonseca



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Capítulo 1:

Uma Breve Biografia da Dona Alaide Por Ivo Andrez Horta Fonseca

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aria Alaide Nunes Horta nasceu no Serro em 04 de agosto de 1919, primeira filha de Levindo da Silveira Horta e Doralice Nunes Moura Horta. As outras irmãs foram: Dasdores, Lourdinha, Iaiá e

o único irmão José, que só viemos a conhecer depois de adultos. O Serro é uma pequena cidade histórica mineira localizada no vale do Jequitinhonha, distante 325 km de Belo Horizonte. Naquela época, deveria ter aproximadamente uns 8 mil habitantes. Conhecida pelo seu rico patrimônio histórico-cultural e pela fabricação do famoso “queijo do Serro”, uma das variedades mais conhecidas do queijo mineiro. Minha mãe permaneceu na região por quase 50 anos, morando ora na cidade, ora nas fazendas. Fez o curso primário no Grupo Escolar João Pinheiro e depois, em Barbacena, o curso de nível médio (Magistério), formando-se para atuar na educação infantil. Praticamente não exerceu a profissão, pois atuou por pouco tempo como professora substituta em um grupo escolar local. Em 1942, aos 23 anos, casou-se com Sinval Fonseca, filho de Gabriel Fonseca e Julita Vieira Fonseca. Logo em seguida, mudou-se para a Fazenda do Rosado onde morou por mais de 15 anos. Na fazenda, passou a dedicar-se às atividades domésticas, utilizando parte do seu tempo fazendo, com o auxílio de diversas colaboradoras, biscoitos, bolos e doces variados (de leite, goiaba, figo, marmelo, laranja, banana, etc.), além de preparar diversos tipos de carnes (secas e na lata de gordura) para o consumo diário. Naquela época não havia luz elétrica, ape-


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8 nas lamparinas e lampiões.

Tem quatro filhos: José Ivan, Ivo Andrez, Alaide Maria e Regina Maria. Duas noras, Maria Inês e Angela e dois genros: Marcio Roberto (Buda) e Norberto. São nove netos: Cláudio, Flávia, Frederico, Leonardo, Patricia, Renata, Leandro, Alessandra e Mateus. Doze bisnetos: Victor e Aline, Guilherme e Matheus, Julia, Elisa e Gabriela, Maria Eduarda e Maria Luiza, Bruno Andrez e João Lucas e Bernardo. Com a venda da Fazenda do Rosado mudou-se para a Fazenda do Nonô de Duzita, localizada em Santo Antônio do Rio do Peixe, hoje município de Alvorada de Minas. Ali permaneceu por mais uns 6 ou mais anos pois, pela proximidade, os dois filhos iniciaram os estudos no grupo escolar local. Em 1956, mudou-se novamente para o Serro, visando a, sobretudo, acompanhar os estudos dos filhos. Quando estes terminaram o curso médio em Diamantina e vieram para Belo Horizonte, em busca de emprego e para dar continuidade aos estudos, logo em seguida também se transferiram para BH, em 1964. Aqui, morou inicialmente no Barroca e depois foi para o Bairro Prado. Alguns anos depois, mudou-se definitivamente, para o bairro Grajaú, onde reside até hoje, na Rua Xavier de Gouveia.


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Capítulo 2

Mensagens dos Filhos, Noras e Genros

1. A Vida nas Fazendas José Ivan Horta Fonseca

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ona Alaide casou-se e no mesmo dia foi para a Fazenda do Rosado com o Sinval, onde houve uma grande festa e ali ficaram morando. A sede da fazenda era como quase todas da época: um casarão

com muitos quartos, varandão, na frente os currais e coberturas para o gado. Não havia luz elétrica nem água encanada; luz só de lamparina à querosene e água, só da bica, que desembocava em um grande tanque, onde era possível aos filhos tomarem banho frio. Ao lado do tanque havia também um grande forno de barro onde minha mãe fazia semanalmente deliciosas quitandas. Geralmente às sextas-feiras ela dava banho nos filhos e depois tirava bichos de pé e também carrapatos ou piolhos, se houvesse. No quintal, em meio a diversas árvores frutíferas, havia um pé de marmelo onde o pai pegava umas varas para dar uma “corrigenda” nos filhos, o que minha mãe não gostava. O único passeio que tínhamos era visitar o tio Nenrod numa fazenda próxima, onde íamos todos a cavalo. Quando a Fazenda do Rosado foi vendida, mudamos para a fazendo do


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Nonô de Duzita, muito parecida com a anterior, acrescentando muito poucas modernidades. Me lembro que tínhamos além das lamparinas um lampião da marca Aladim, cuja chama queimava constantemente o invólucro que a protegia. Fora isto também passamos a ter um rádio Phillips grande que funcionava com uma bateria enorme da marca Eveready, com uma antena de cerca de 20 metros esticada no quintal. Todo dia a família escutava na Rádio Nacional, única que pegava na região, duas novelas diárias, O Santo e Jeronimo e o Herói do Sertão, com seu companheiro Moleque Saci. Nesta casa o quintal era muito melhor, o que proporcionava a minha mãe fazer mais doces do que antes, inclusive fazia goiabadas deliciosas que eram acondicionadas em caixas de madeira para serem consumidas o ano todo. Praticamente toda a alimentação provinha das plantações das fazendas e meu pai eventualmente ia ao Serro, onde comprava macarrão, sal, querosene e alguma coisa a mais. Nas fazendas sempre se dormia muito cedo, no máximo as 19 horas, mas em compensação todos levantavam lá pelas 4 da manhã, quando começavam os afazeres diários. Para estudar, íamos a cavalo até o grupo escolar em Santo Antonio do Rio do Peixe, e minha mãe sempre ficava muito preocupada e não sossegava enquanto a gente não voltava. Depois que deixaram a fazenda foram morar no Serro em uma casa alugada (do Miaca). Em seguida meu pai comprou uma casa muito boa em frente aos Correios. Minha mãe gostava de ficar na janela vendo o movimento da rua, que não era muito. Os filhos eram seu maior orgulho, e ela forçava meu pai a se mudar para


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ficar perto deles. No Serro, já tínhamos a nossa primeira irmã Lalaide, que nasceu 10 anos depois do segundo filho, o Andrez, e em seguida veio a Regina. Lembro que minha mãe sempre se esmerava ao vestir as filhas, os vestidos eram sempre muito bem passados, meias nos pés, sapatinhos limpinhos. Em todos estes anos sempre foi muito religiosa e nunca deixou de rezar o terço todas as manhãs, sempre junto com nosso pai enquanto ele estava vivo. Hoje, seu maior prazer é a presença dos filhos.

2. Mandona, Exigente e com uma Saúde de Ferro Ivo Andrez Horta Fonseca

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esde que me conheço como gente sempre observei que lá em casa quem man dava em tudo ou quase tudo era a minha mãe. Administrava e controlava tudo e todos. Mandava até no meu pai. Ai dele se

não obedecesse! Até hoje, o Zé Ivan tem que ir tomar café com ela todos os dias, pela manhã e à tarde. Se não for, ela cobra. A Lalaide, que administra a casa, os remédios e as cuidadoras, também tem que ir todos os dias, senão vem a cobrança. Se atrasar, sempre liga e pergunta por que ainda não chegou: - “ Você não vem? Está demorando hoje”! Nos nossos estudos sempre nos orientava e também cobrava, e cobrava muito. Tinha sempre que ver o boletim todos os meses. Se fôssemos mal em alguma matéria tínhamos que estudar em dobro ou procurar um professor auxiliar. Quando fomos estudar no Serro, primeiramente ficamos morando em um


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hotel (Hotel do Alcindo) e eles permaneceram na fazenda. Íamos todos os dias às aulas, no Colégio Edmundo Lins, mas estudar que era bom, nada. Todas as tardes, ao invés de estudar, íamos jogar futebol ou sinuca, no bar em frente ao hotel. Resultado: bomba em quase todas as matérias e a primeira surra dos dois, dada pelo Seu Sinval e exigida por ela. Daí para frente, aprendemos que se não estudássemos o couro comia. Nunca mais tomamos bomba, pois ela continuava sempre exigindo ver o nosso boletim mensalmente. Inclusive quando estudamos no Colégio Diamantinense, todos os meses iam nos visitar para saber do nosso procedimento e ver como andavam os nossos estudos. Outra característica que sempre me chamou à atenção é a sua organização e a limpeza da casa. Tudo deve estar sempre no devido lugar. Quando terminava cada atividade o fogão e as panelas já estavam brilhando e tudo já devidamente guardado nos armários. Coitada das colaboradoras domésticas; exigia horário para tudo, roupa bem lavada e passada, casa super bem arrumada. O fogão sempre brilhando e a casa super limpa. Não podia ter nada fora do lugar. Por estes motivos, sempre teve dificuldade em arranjar alguém para ajudá-la nos serviços domésticos. Só a Maria da Graças que conseguiu ficar muito tempo com ela, lá no Serro e algumas vezes a ajudou em BH. Ainda hoje continua do mesmo jeito. Super exigente e mandona. As duas cuidadoras têm que obedecê-la em tudo, senão não serve para ficar com ela. Os horários têm que ser observados, até para dormir. Controla tudo: a abertura das janelas, das cortinas, as luzes e até a TV. É impressionante! Sua saúde é de dar inveja a qualquer pessoa. Ao longo dos anos sofreu apenas uma pequena cirurgia. Além da boa genética, sempre teve uma alimentação saudável, rica em proteínas (muita carne, leite, queijo, ovos, etc.) e, sobretudo,


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de produtos locais, naturais e orgânicos. Depois do casamento, com a ida para a fazenda, tinha tudo disponível em hortas muito fartas e tudo produzido no local, diretamente da roça, nada de agrotóxico e de produto industrializado. Além disso, sempre notei que ela cozinhava muito bem. Fazia diversos pratos, todos saudáveis, mais o que mais destacava era o frango ao molho pardo, que era uma delícia e também uma carne com quiabo e angu muito gostosa; boa demais. Também, sempre foi muito comedida na alimentação, nunca teve vícios, nunca fumou, embora meu pai tenha fumado por um bom período. Também nunca bebeu; só água e suco. Apesar de ter mudado um pouco em BH, tomando refrigerantes e comendo outras guloseimas industrializadas, nunca foi de abusar. Nunca vi minha mãe doente; raramente vai ao médico. Hoje só toma os remédios recomendados especificamente para sua idade e muito bem controlados pela Lalaide. Outro aspecto importante a destacar é a sua religiosidade: católica fervorosa, reza o terço duas vezes ao dia. Visitou a catedral na cidade de Aparecida/SP por duas vezes, e ficou admirada com a sua beleza. Sempre comenta esta visita quando está assistindo à missa toda manhã pela TV Aparecida. É por isso que chegou aos 102 com muita saúde, graças a Deus.


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14 3. Amor, cuidado e oração Alaide Maria Horta de Oliveira Fonseca

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oder compartilhar a vida com você é uma benção! Deus abençoe infinitamente a sua vida! 102 anos de AMOR! Amor é ação! É casa arrumada, é almoço gostoso, é biscoito, broinha...

Amor é preocupar primeiro com o outro: com o Sinval, com os filhos, netos

e bisnetos. Amor incondicional! Amor pelos meus filhos, que alegria saber o quanto minha mãe é importante na vida deles. Amor é oração. Meu Deus, como uma pessoa de 102 anos pode saber de cor o Credo, a Salve Rainha e outras orações que eu nem conheço? Mistérios da mente... Oração, Missa do Padre Marcelo, Missa de Aparecida, Missa do Pai Eterno, Terço de Aparecida. O dia passa rápido, tudo tem sua ordem e rotina. Atenta a tudo! Meu Deus, com 102 anos, se eu vou embora da casa dela sozinha, liga para mim para saber se cheguei bem em casa, e calcula o tempo do trajeto certinho. AMOR... CUIDADO... ORAÇÃO... e de sobra teimosia. Esta é a minha MÃE. Orgulhosa de ser sua filha!


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4. O que dizer da Dona Alaide? Regina Maria Fonseca de Morais Silva

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ó hoje vejo como ela não pensava nela, só em mim e na Lalaide (porque Dedê e Vevê já estavam casados). Era costureira todo mês para fazer roupa para mim e para a Lalaide, mas nada para ela.

Estávamos sempre em primeiro lugar! Quando papai se foi, achei que em menos de um ano ela estaria com ele. E

nisso já se vão 17 anos. Virou uma pessoa sofrida, de luto pelo Seu Sinval. Não queria mais sair de casa, só em momentos especiais, e continua assim até hoje. Hoje em dia, perto dos seus 102 anos, continua por aqui, firme e forte! A memória, que era tão boa, a fortaleza na casa e na cozinha, foram embora. No momento virou uma criança, geniosa de vez em quando, mas na maioria das vezes parece uma criança, dependente para tudo. Continua beijando o pingente e a foto do Seu Sinval todos os dias. E vai entender, viver 102 anos! Só vamos entender o porquê disso depois que estivermos no outro plano, junto com o Seu Sinval. E o que dizer do Seu Sinval? Um homem de 88 anos com aparência de 78. Acho que pensávamos que papai era imortal. Nunca pensamos que ele partiria antes da mamãe. Mas como a vida às vezes prega peças, essa foi uma delas. Digo por mim e pelos meus irmãos, acho que nunca tivemos uma perda tão sofrida, tão dolorida. Mas como tudo na vida passa, essa dor se vai e fica a saudade eterna, o amor


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sem limites e uma vontade enorme de rever e abraçar Seu Sinval. Uma vontade de dizer 1000 vezes EU TE AMO, de dizer VC SERÁ SEMPRE NOSSA MELHOR LEMBRANÇA. Seu Sinval e Dona Alaide, dois Serranos de sorte, que construíram uma linda família que está aqui hoje para homenageá-los. Se não disse a ele 1000 vezes que o amava, digo agora a meus irmãos, minha mãe e a quem agora está lendo esse livro: AMO VCS DEMAIS!

5. Laços de Família Maria Inês Silveira Fonseca

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inha sogra, matriarca da família Horta Fonseca, mulher de fibra, de dons e talentos para o bem de sua família. Para mim, ela se dedicou como esposa e mãe! Apaixonada por todos eles, desen-

volveu seus talentos na cozinha, nos cuidados com a casa, nos limites total da limpeza, e enquanto os 4 filhos estiveram sob os seus cuidados, cumpriu muito bem o que Deus espera de uma mulher que se dedicou integralmente ao seu lar. E há 51 anos passei a fazer parte da sua família. Lalaide adolescente, Regina uma criança e o Andrez já namorando a Angela. E admirava sua capacidade na costura dos vestidos que fazia para as filhas, cada um mais bonito do que o outro! Tive o privilégio de ter tido os seus dois primeiros netos, que ela curtia e achava os mais lindos do mundo. Quando mudamos para o Rio de Janeiro, ela e seu Sinval mudaram aqui para a minha casa e, de 15 em 15 dias, vínhamos para Belo Horizonte e ficávamos hospedados com ela. A casa toda florida, a sala de jantar era como um jar-


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dim, onde as samambaias enfeitavam o ambiente. Eu ficava feliz com a energia linda que a casa emanava. Quando retornamos do Rio, eles voltaram para o apartamento deles e, com os outros netos nascendo, ela recebia toda a família nos lanches das sextas-feiras, para deliciarmos com os seus saborosos pães de queijo, bolos e um cafezinho para lá de especial. Tive também a alegria de ter o Cláudio e a Márcia dando a ela, seus primeiros bisnetos, Victor e Aline. E como o Victor nasceu à véspera do Natal, eu comecei a fazer da minha casa, todos os anos, a Casa do Papai Noel, e até hoje ela fica deslumbrada com a decoração que eu faço. E nos almoços fazemos a celebração do nascimento do Menino Jesus e ela se diverte conosco na brincadeira do inimigo oculto! É muito bom relembrar! Me motiva a querer fazer todos os anos a decoração, cada vez mais bonita! Hoje, já com seus 102 anos, fico muito feliz de ser sua nora e ficará para sempre na minha memória os sorrisos que recebo quando ela me vê, na soleira da porta do seu quarto. E esse carinho e afeto é o que me importa, por tê-la como minha sogra! Com toda certeza, Dona Alaide estará guardada, para sempre, no meu coração!


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18 6. Simplesmente Maria Alaide Angela de Almeida Fonseca

“Não sei”... se a vida é curta ou longa demais para nós. Mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas”. Cora Coralina

À

Dona Alaide, que já viveu tanto e que tantas histórias nos tem contado, tanta experiência de vida tem compartilhado, deixo aqui a minha homenagem.

Conheci Dona Alaide em 1970, quando comecei a namorar o Andrez e, des-

de o primeiro dia, pude testemunhar sua simplicidade. Ela me recebeu para o lanche da tarde na cozinha de lenço na cabeça e nos serviu cachorro quente. Sempre amável e muito sorridente. Desde então notei que o maior prazer dela é a família. Servir é o seu lema. Com a mesa sempre farta, até hoje não saio de sua casa sem pelo menos uns três cafezinhos que ela faz questão de me oferecer várias vezes. Quer vê-la de sorriso largo é chegar à sua casa na hora do lanche. Ali ela se senta e começa a beliscar todas aquelas guloseimas e a contar casos, ora amenidades, ora casos do passado nas fazendas ou no Serro. Seu Sinval é sempre o personagem principal de seus casos. Ô paixão danada! Nunca vi um amor igual. Sempre comenta sobre aquele rapaz alto, bonito que ela via da janela, passar no mesmo horário com seu caminhão de queijo para vender aqui em Belo Horizonte. Seu amor por ele crescia a cada dia! Seus olhos até brilham quando fala dele.


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Falar de Dona Alaide sem mencionar sua organização, limpeza e cuidado com a casa é impossível. Até hoje, nada fora do lugar. Fogão antigo, mas impecável de tão limpo. Antigamente, chegar à sua casa de sapato de salto alto era motivo de reclamação: sem cerimônia nos pedia para tirá-los para não marcar o assoalho. Ainda hoje chegar com os bisnetos ela fica incomodada e de olho nas coisas fora do lugar. Migalhas de bolo ou pão que caem são empurradas com a bengala, já que não consegue se abaixar mais. Enfim, é uma honra poder conviver tantos anos com uma pessoa como dona Alaide. Quantas histórias guardadas! Quanta experiência de vida! Agradeço por todos os momentos vividos com ela e por fazer parte de sua história. Como comecei com Cora Coralina, gostaria de terminar também com ela:

“Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores”. Cora Coralina

7. Gratidão, gratidão e gratidão Norberto José de Oliveira

G

ratidão, gratidão e gratidão! São as palavras que eu tenho no meu coração para agradecer

a tanto que ela, juntamente com o Seu Sinval, fez por mim e pela

minha família. Ela é mãe, avó, amiga, humana, religiosa, mulher de muita fé, que até hoje, depois que Deus levou o nosso querido Sr. Sinval, não ficou um


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dia sem falar o nome dele. Que mulher maravilhosa! Durante alguns anos, não mediu esforços para nos ajudar a cuidar dos nossos filhos, que são o nosso bem mais precioso. Sempre alegre, com um sorriso, aguardava ou ia, junto com o Seu Sinval, buscá-los na escola, enquanto estávamos no trabalho. Hoje tenho um netinho, que ainda não está na escolinha e vejo o tamanho da responsabilidade de ser avô. Não posso deixar de pensar o quanto tenho que ser grato a Dona Alaide e ao Seu. Sinval. Se passaram muitos anos, em setembro deste ano completamos 40 anos de casados. No mesmo dia em que eles se casaram e quando completavam 40 anos de casados. Que alegria poder participar e conviver com pessoas tão maravilhosas, cuja raiz foram Seu Sinval e Dona Alaide. Peço a Deus que, ao completar seus 102 anos, ela seja muito feliz, com saúde e, que continue pedindo a Deus em oração por todos nós. Neste momento ficamos felizes em vê-la falar as mesmas coisas e perguntar as mesmas coisas várias vezes, mas com o mesmo carinho de sempre. Que Deus abençoe muito a Dona Alaide, somos eternamente gratos.


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8. Yes nós temos Banana! Márcio Roberto de Morais Silva

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ste fato aconteceu em um momento muito difícil para Dona Alaide, que foi durante o período de hospitalização do Seu Sinval. Foram dias de muita tristeza e incertezas, mesmo assim Dona Alaide

com sua simplicidade e autenticidade, ainda conseguia viver momentos engraçados. Após um dia de muita agitação e tensão, com idas e vindas do hospital, chegamos no apartamento de Dona Alaide, Regina e eu. Lanchamos, conversamos, algumas lágrimas rolaram e fomos dormir porque sabíamos que no dia seguinte seria também muito difícil. Devido ao cansaço, logo pegamos no sono. De repente um grito de dor vindo lá do quarto da Dona Alaide. Acordamos assustados, sem saber o que estava acontecendo, mas como também estávamos preocupados com ela, em um segundo já estávamos ao lado dela, e constatamos que ela estava com cãibras nas duas pernas. Depois de algum tempo de muito susto, de massagem e até ida ao hospital, a dor cedeu. Dias depois sentamos com Dona Alaide para falar sobre o que fazer para reduzir as cãibras. Toda a conversa girou em torno da necessidade de incluir banana na alimentação. Aí Dona Alaide interrompeu a conversa, e com toda “pompa” disse, se gabando, que “comia duas bananas todo santo dia”. Foi quando perguntei se ela gostava de banana. E ela respondeu: - “ Detesto”! Rimos muito disso e gosto muito de lembrar da risada da Dona Alaide, mesmo com a falta que Seu Sinval faz para ela.


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Capítulo 3 :

Mensagens dos Netos e Bisnetos 1. Morando com os Avós Cláudio Márcio Silveira Fonseca

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uando eu tinha 16 anos, meu pai foi promovido no Banco Nacional e foi transferido para o Rio de Janeiro. A família deveria ir junto, mas eu pedi para ficar em BH, pois tinha muitos amigos e meus bichos, e

não queria mudar para lá. Como o Vô Sinval e a Vó Laide iam morar na nossa casa durante esse período, acabamos combinando que eu iria morar com eles por um tempo. Esse tempo foi de um ano e meio. Foi um tempo muito bacana, pois como sabemos os avós “estragam” os netos, fazendo as vontades e tentam agradar de todo jeito. Eu aproveitei bem isso. A Vó Laide fazia de tudo para me deixar feliz. O vô Sinval ficava bravo, reclamando que ela era minha “puxa saco”. Ela fazia todos os tipos de pratos que eu agradava. Inclusive costumava fazer pele de frango frita para eu comer no café da manhã! O vô comia junto achando a melhor coisa do mundo e dizendo que lá no Serro ela fazia também. Ela também sempre fazia para nós um mingau de fubá delicioso, às vezes salgado, às vezes doce. Picava queijo em cubinhos no prato e colocava o mingau por cima para derretê-lo. Era bom demais. Seu Sinval aproveitava, comia com vontade! Tudo que ela fazia era a “coisa mais gostosa do mundo”, segundo ele. O Vô Sinval era muito engraçado com aquele jeitão de fazendeiro simples,


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mas na verdade ele era mais esperto que um gato. Eu me divertia com as pérolas que ele soltava e a maneira com que falava as coisas. A vó Laide também achava a maior graça e daí a zoeira rolava solta. Ele ficava bravo porque a gente ficava gozando a cara dele. Quando ameaçava chover e as roupas secavam no varal do quintal, ele gritava “Ô ALAIDE, CORRE QUE “INVÊM” CHUVA GRANDE!!!” Eu ficava rindo muito e a vó brincava com ele pelo jeito que ele falava. A família era a paixão da vida dele, principalmente a vó. Só falava bem dela e das coisas que ela fazia. Ninguém fazia nada melhor que ela. Os filhos eram os mais inteligentes, mais bem-sucedidos e mais ricos do mundo para ele. Eu gostava quando ele contava sobre os vasos que a vó cultivava. Ele falava “Os vasos da Alaide são uma beleza!!!” O que mais me fazia rir era quando eu perguntava para ele quantos vasos ela tinha. Ele respondia com aquele jeitão da roça “Ah, ela tem uns seis ou sete ou oito ou nove ou dez”. Quando havia algum encontro da família na casa dele, eu fazia essa história dos vasos virar motivo de risadas e brincadeiras. Eu imitava o jeito dele falando dos vasos. Ele ficava bravo comigo, mas no fundo achava era graça. Vivia tentando virar a zoeira para meu lado. Logo vinha com uma história que ele inventou para dar o troco. Dizia que eu tinha vergonha de beijar as meninas na rua e que um dia elas juntaram e me amarraram num poste para me beijar. Daí ele morria de rir e ainda aumentava a gozação, dizendo que eu entrava em desespero pelos beijos e gritava ”PAPAI CASOU COM MAMÃE E VOCÊS QUEREM QUE EU CASE COM GENTE DE FORA”? Isso para ele era motivo de gargalhadas. Depois me contava que essa história era verdade e que aconteceu com um tal de Joaquim Grande, lá no Serro. A criação de canários era seu passa tempo, seu hobby e também um importante complemento da sua renda. Ele enchia o peito para dizer que comprou


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seu Ford “FEISTA” zero km com dinheiro da venda de canários. Era desconfiado e não dava mole para ninguém na hora de vender os canários. Só aceitava pagamento à vista e em dinheiro. Se a pessoa pedisse um prazo para pagar ele respondia que ia guardar o canário até o dia que a pessoa tivesse dinheiro e que poderia vir buscar a vista nessa data. Não perdoava nem os amigos. Nos campeonatos, quando algum canário dele perdia para os meus, ele falava para todo mundo que eu era amigo dos Juízes e com isso eles me favoreciam. Não existia isso, mas ele inventava essa história para justificar a classificação dos seus canários abaixo dos meus. Todos os criadores achavam a maior graça, pois sabiam que isso não acontecia de verdade. Eu também morria de rir disso. Foi um tempo muito bom da vida o qual não esquecerei jamais. O vô foi para mim um grande amigo e companheiro. São boas lembranças que infelizmente foram interrompidas com sua partida. Graças a Deus a vó ainda está entre nós, com seus 102 anos. É um privilégio para poucos.

2. Honra à vida da Vovó Laide Flávia Fonseca Dolabela Chagas

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mpossível pensar na Vovó Laide sem pensar no Vovô Sinval. Raramente em minhas lembranças consigo pensar nela sem a presença dele, porque mesmo depois da sua partida ele ainda permanece vivo em nossas lem-

branças e nos nossos corações. No dela então, de lá ele nunca saiu. E não poderia ser diferente, como esquecer o carinho e cuidado mútuos, as mãos sempre dadas, depois de tantos anos...coisa rara de se ver!


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Vovó também sempre recebeu muito amor por parte de seus filhos, que sempre estiveram presentes em sua vida. O respeito e carinho com que cuidam dela demonstram um sentimento de gratidão que faz gosto de ver! E esses sentimentos foram passados para os netos e bisnetos, que hoje tem o privilégio de ter uma bisavó centenária! Os momentos em que a família se reúne em torno dela são sempre repletos de alegria, e nossa maior satisfação é sentir o orgulho e sensação de missão cumprida em seu semblante, sem que ela precise dizer ao menos uma palavra. Basta olhar para ela para saber que são momentos assim que fazem com que a possibilidade de sua partida nem passe pela sua cabeça. Pensar na Vovó Laide é lembrar do seu amor por plantinhas, no cuidado com sua casa, no terço rezado diariamente às 18 horas, em pele de frango frito e arroz temperado com caldo Knorr, no seu tom de voz sempre baixinho, na sua rotina diária tão disciplinada, em sua autonomia para realizar suas tarefas. Mas para mim, a lembrança mais marcante que acredito que vou levar por toda a minha vida é a dedicação de meu pai a ela. Todos os dias pontualmente às 7 horas da manhã ele chega em sua casa para tomarem o café da manhã juntos, e também é prioridade o lanche da tarde! Sim, ela é uma prioridade na rotina dele, nunca como obrigação, mas com um cuidado que nunca o vi ter por outra pessoa. Através dela pude conhecer um lado amoroso que dificilmente ele consegue demonstrar, e por isso sou grata a Deus por ter concedido uma vida tão longa a ela. Obrigada Vó, por ser um exemplo para todos nós, pela mulher forte e independente que sempre foi, a verdadeira matriarca dos Fonsequinhas! Espero como mulher poder honrá-la por tudo o que fez por nossa família! Um beijo cheio de amor!


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3. Dona Alaide e o “seu” Sinval Frederico de Almeida Fonseca

E

o “seu” do título tem o sentido literal de posse, de propriedade mesmo. Porque a Dona Alaide era assim: o vovô era seu e ninguém tasca, ela

viu primeiro.

Até que um dia Deus levou o vovô. E a dona Alaide, tão devota, pela primei-

ra vez questionou a Deus! - “Como assim Você levou o meu Sinval”? Os anos se passaram, e a vovó continua aqui conosco, 102 anos, lembrando o vovô Sinval todo dia, desejando um dia reencontrá-lo. E há quem diga que ela adora viver, e que esse papo de ir encontrar o vovô Sinval é da boca para fora... Mas o amor da vovó pelo seu Sinval não é exclusivo. Ela ama igualmente os filhos; a ponto de fazer uma promessa “eterna” para um dos seus filhos curar a visão. E o “seu” Ivo, “meu” pai, curou a visão. Mas a vovó deixou de comer manteiga desde então. Trocou a manteiga pelo queijo - que convenhamos - é melhor que pão. Queijo do serro, em troca de manteiga, é igual trocar carne pelo bacalhau da Páscoa. Vovó Laide, tenho aprendido que os vínculos que criamos neste mundo são espirituais, não físicos. Porque mesmo distante fisicamente da senhora, me sinto perto, acolhido. E levarei a senhora comigo no pensamento e no sentimento para onde quer que eu for. E quem sabe um dia todos nós nos encontraremos num outro plano com o “seu” Sinval; quem sabe ainda comeremos um “pão com manteiga” juntos... Mas o queijo do Serro não poderá faltar!


MEMÓRIAS DE DONA ALAIDE

28 4. A Guerreira Vovó Laide Patrícia de Almeida Fonseca Guerra

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987. Não tenho como não lembrar com detalhes deste momento, mas vagamente me lembro que meus pais ficaram um mês viajando, e eu fiquei na casa dos meus avós, separada dos meus irmãos.

Não me lembro bem, mas sei que fiquei todos os dias ligando para meus

irmãos para estarmos juntos, para não ficar sozinha lá. A casa da vovó Laide não tinha primos da minha idade, e eu queria meus irmãos por perto. Ligava toda hora para eles, até que eles tiveram que ir para lá. Outra coisa que gostava muito e me faz lembrar muito a vovó, é a época de Natal. Todo dia 24 à noite, antes da ceia, contávamos as luzinhas de Natal das casas dentro do carro no caminho entre nossa casa e a casa dela. Todas essas lembranças antigas me remetem a ela. No seu quarto de TV, vimos pela primeira vez o vídeo Thriller, famoso videoclipe do Michael Jackson. Tudo isso era muito bom e reforçava os laços de família. Toda sexta-feira, o lanche na casa da vovó era farto e todos assentavam ao redor da mesa para conversar e comer. Ela adorava lamber os dedos, mas logo saía da mesa e ia para seu quarto rezar. Na partida do meu avô Sinval, nunca vi tanto amor e saudade juntos. Até hoje com seus 102 anos, ela carrega na correntinha sua foto e no dedo a aliança do meu avô. Fortaleza, sua maior virtude. Tantas coisas aconteceram em 102 anos... Guerra mundial, Covid...ainda bem que hoje sua memória só permite pensar em coisas boas e viver... até quando...sempre nos nossos corações!


Mensagens dos Netos e Bisnetos

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5. Lembranças da Vovó Laide Leonardo de Almeida Fonseca

A

lembrança mais marcante que tenho da vovó é, sem dúvida, os lanches às sextas-feiras à tarde. Da escada do prédio já sentia o cheirinho do café. Ela ou o vovô Sinval vinham abrir a porta. Sempre com aquele sorriso no

rosto mostrando a felicidade de ver a família toda reunida. Na mesa, aquela fartura de comida, com destaques para os biscoitos de polvilho, salgadinhos, refrigerantes e claro, os queijos do serro que nunca podiam faltar. Nas conversas, o assunto sempre era Atlético e Cruzeiro. Eu e Cláudio contra Norberto e Vovô Sinval. E o que mais chamava atenção era o conhecimento que vovó tinha sobre o tema. Sabia detalhes dos times e os nomes dos jogadores. Dava notícia de tudo. Me orgulhava de até pouco tempo atrás comentar com meus amigos: “Tenho uma avó de quase 100 anos que sabe escalar o time do Cruzeiro, do goleiro ao ponta esquerda”. Outro fato marcante, era o Fiat 147 bege do vovô. Subir aquela ladeira da garagem, que parecia uma parede de 90 graus, era uma aventura. Morria de medo. O carro à álcool, pipocando e o vovô acelerando desde lá de baixo, na maior tranquilidade. Sempre dava certo, mas eu morria de medo de não conseguir chegar até a rua. Mas, o maior legado que a vovó vai nos deixar são seus valores que alimentam a nossa família: seu amor incondicional ao vovô, aos filhos, netos e bisnetos. Exemplo que todos nós seguimos e queremos que sejam seguidos pelos nossos filhos.


MEMÓRIAS DE DONA ALAIDE

30 6. Para sempre na Memória Renata Fonseca de Oliveira Hardtke

P

ara mim, é impossível falar da Vovó Laide sem acrescentar o Vovô Sinval na história. Quebrei a cabeça pensando em uma história específica, mas só consigo pensar em toda a minha infância e adolescência, como

uma única e grande história. A casa de Vovó Laide e do Vovô Sinval sempre foi um cantinho de amor, colo e carinho, de longas tardes deitada na cama, no meio dos dois ou com a cabeça apoiada na perna de um deles, assistindo televisão e durante muitos anos, teve cheiro de biscoito de polvilho, de pizza enrolada, do melhor feijão que eu já comi na vida e, literalmente, doeu quando vovó parou de cozinhar! Não esqueço das sextas-feiras. Eu chegava na casa deles, direto da escola, mas “não tinha almoço, só as sobras da semana, porque não dava tempo, era dia de fazer biscoito, broa, rosca e pizza enrolada. Sexta, era dia de reunir a família para o lanche. Lembro de a vovó fazer a massa e o vovô, com um saquinho, moldar os biscoitos no tabuleiro, do cheiro no ar e do biscoito quente saindo do forno. Mesmo na adolescência, quando começamos a ter mil programas, a casa da vovó e do vovô sempre foi uma constante na minha vida. Um programa semanal ou até de vários dias da semana. Nunca uma obrigação. Eu poderia ficar aqui escrevendo linhas e linhas sobre o tanto que eu amo eles e minhas recordações, mas o mais incrível é pensar no passado e ver o tanto que eles me amaram e o tanto que fizeram por mim! Vovó Sinval e Vovó Laide sempre tiveram os melhores filhos, os netos mais bonitos e mais inteligentes, a família mais incrível.


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Não me esqueço da propaganda que o Vovô Sinval fazia da própria família cada vez que conversava com alguém: “Essa menina linda é minha neta, muito inteligente, tenho mais 8 netos, todos assim”! Aquele orgulho que transbordava no ar… Eu só tenho a agradecer, pelo tanto que eles me amaram e nunca deixaram dúvidas disso, nos olhos deles, eu sempre fui linda, inteligente, capaz de fazer qualquer coisa, de ser bem-sucedida em qualquer escolha. Por aqueles olhos, eu poderia chegar na lua, se fosse a minha escolha! Acho que é tudo que uma criança ou adolescente precisa na vida. Fui amada, adorada e eles sempre acreditaram em mim e na minha capacidade de ser o que eu quisesse! Amor e lembranças que eu carrego na minha vida, que moldaram a pessoa que eu sou e ficarão para sempre no meu coração.

7. Segundo Lar Leandro Fonseca de Oliveira

T

rês, três, três, dois, quatro, dois, oito, nove pode parecer uma sequência numérica estranha para muitos. Porém, possui enorme significado para todos da família Fonseca. Afinal, trata-se do telefone da casa da

Vovó Laide! Particularmente, com exceção do número da minha própria casa, este é o único telefone residencial que sei de cor. E, talvez seja assim, porque considero que a casa dela seja como um segundo lar. É impossível adentrar ali e não se sentir acolhido e amado por ela! Quando eu ainda fazia estágio, em meados da faculdade, lembro-me de


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MEMÓRIAS DE DONA ALAIDE

almoçar diariamente na casa dela. Eu chegava lá dirigindo o Fiesta laranja do Vovô, a gente ficava ouvindo o radinho com as notícias esportivas e, na sobremesa, nunca faltava o doce de leite! Esta é uma das recordações que guardo com mais carinho... Desde então, sempre que passo lá, ela me recebe com toda alegria e felicidade! Pergunta se estou gostando dos estudos/trabalho, como está o Cruzeiro, e, também, se quero mais pão de queijo! Já são quase 102 anos de vida. E a verdade é que nós da família Fonseca somos privilegiados por poder contar com a companhia da Vovó tanto tempo! É uma pena que este período de pandemia tenha criado um necessário distanciamento. No entanto, ela já está vacinada, então resolvi visitá-la e escrevi este texto aqui mesmo, sentado na cama ao lado dela, enquanto ela assistia TV. E, se ao ler este livro de memórias, bateu aquela vontade de falar com ela, pegue o telefone e liga para ela...sei que ela vai adorar! Ou, se tiver oportunidade, dê uma ida lá. Tenho certeza que ela irá fazer você se sentir como se estivesse na sua própria casa!


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8. Vó Alessandra Fonseca de Morais Silva Duas letrinhas Tão gigantes Mais de cem Sorte de quem tem A casa da vó Tem gostinho de saudade Melhor feijão, polvilho e broa de fubá O queijo especial é do vô, tá? Sinval no peito Anjo no céu Aos passarinhos todo dia pergunta: Por que levaram o amor meu? Mãe das mães e mãe dos pais 4 sementes, mais de 20 frutos Do Serro até Beagá Tem muita história pra contar A caixinha de memória já tá quase cheia As vezes faz confusão Mas os nomes dos netos Nunca errou não

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34 A sinceridade é certa A risada é garantida Só o tal cruzeiro Que tá errado nessa vida O terço do Vaticano Que trouxe pra Vó rezar Ela faz todo dia Vó, reza pra eu casar!? O orgulho da família Fonseca A raiz forte dessa árvore linda Que ela regou com tanto carinho Que não há um fruto que não agradeça Mais de 100 anos de história Ainda com ternura no olhar Aconchego ao abraçar E amor sempre pra dar Pensar em viver sem vó Não dá pra aguentar Mas no nosso sangue e coração Vovó Laide para sempre vai ficar


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9. Dormindo com a Vó Laide Mateus Fonseca de Morais Silva

S

empre fomos acolhidos com aquele amor que todos conhecemos pela Dona Alaide em sua casa, amor de vó mesmo. Quando vamos visitá-la, minha mãe e irmã costumam dormir no

quarto de visitas e eu na sala de TV. Um belo dia, que já era noite, saí com amigos, tomamos uma cervejinha e voltei para casa da vó. Até hoje não sei ao certo o que me motivou a mudar de lugar de onde eu estava dormindo, talvez mosquitos ou talvez o calor. Quando acordei e me dei conta, estava deitado na cama da vó. Na hora fiquei bastante constrangido – não sabia o porquê de estar ali e, o principal, se tinha incomodado a vó durante o sono. Resumo da ópera: a vó Laide contou que levou um susto comigo indo deitar na cama dela, mas que me cobriu e aceitou minha companhia com aquele famoso e eterno amor de vó. Rimos bastante conversando sobre o ocorrido e até brincamos com a vó dizendo que fazia tempo que um homem não dormia ao lado dela e que ela pode ter sonhado achando que o glorioso Vô Sinval poderia estar se manifestando. Não tenho nem palavras para definir o quanto amo a vó Laide. Só queria poder retribuir um pouco desse amor, não só para ela, mas para o mundo. Certeza de que viveríamos num lugar infinitamente melhor.


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10. A Vó é Especial pelas Melhores Razões Márcia José Ferreira Fonseca

“N

ão é à toa que as pessoas se tornam especiais umas para as outras. Existe sempre um forte motivo, um apego que se vai alicerçando com o tempo até se tornarem imprescindíveis em

nossas vidas”. Uma das coisas que eu lembro com muito carinho da vó foi quando, após alguns meses de casada com o Cláudio, fomos convidados por ela e pelo vô Sinval para um almoço no apartamento deles. O prato principal era couve flor com molho branco ao forno. Fiquei muito sem graça no momento, pois não gostava de couve flor. Para não fazer desfeita acabei tendo que me servir. Para minha surpresa foi um dos melhores pratos que já comi até hoje. O tempero e o carinho com que foram feitos deixaram a couve flor uma delícia. Foi a partir desse dia que comecei a gostar desse legume e sempre que posso repito esse jeito de fazer. Lógico que o tempero dela é incomparável e por mais que eu tente não consigo imitar. Não posso deixar de falar e nunca vou esquecer é da alegria que ela fica quando a presenteio com alguns dos meus trabalhos artesanais. O olhar dela de alegria e a admiração com as bonequinhas, velas, anjos e outros mimos que eu levo para ela, me deixam com o coração explodindo de felicidade. Mesmo ela não sendo minha avó de sangue eu a tenho como minha avó de coração, assim como tinha o vô Sinval. Minha vida está repleta de pessoas de todos os tipos, mas a vó está num nível diferente no meu coração e na minha mente. Ela é uma pessoa muito especial. Agradeço muito por todos os momentos de carinho que ela me proporciona. É uma pessoa de caráter e de bondade. O laço que nos une tem e sempre terá


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muito significado para mim. Sempre levarei a vó Alaide e o vô Sinval no meu coração e agradeço a Deus por tê-los colocado em minha vida.

11. Vida Longa e Serena Rodrigo Feitosa Dolabela Chagas

E

u a conheço desde antes da Flávia. Lembro como se fosse hoje da caminhada serena (subida) na rua Xavier de Gouveia da sua casa, sempre naquele par romântico ao lado do Seu Sinval, até a casa do José Ivan. A

minha lembrança do companheirismo fiel ao Seu Sinval me emociona. Nutria por ela o mesmo carinho que a minha mãe. Sempre sorridente e com palavras de afeto. Quando passei a participar da sua família nossos laços se estreitaram e meu carinho por ela aumentou. Sempre me tratou com um sorriso sincero e um afago no meu rosto. Por agora, alisando carinhosamente minha farta barba. Apesar da nossa evidente discordância clubística, sempre comentava os resultados do meu time e do dela também sem qualquer tentativa de aborrecimentos. Dona Alaide deve servir de exemplo de serenidade, empatia e de amor ao próximo. Sua longevidade é proporcional à sua capacidade de tratar a todos de forma igual, sempre com sua admirável serenidade. Devemos celebrar essa experiência viva de quem passou por várias experiências ímpares, como gripe espanhola, ditadura militar e agora mais uma Pandemia, além de sentir a evolução da verdadeira importância da mulher dentro da sociedade.


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Gostaria de expressar, enfim, meu carinho por você, Dona Alaide. Me sinto como se fosse seu neto e sempre me encanto com sua serenidade. E como prega Epicuro: “a serenidade espiritual é o fruto máximo da justiça”.

12. Intuição de Vó Mariana Tavares Matos Fonseca

S

er mãe para mim sempre foi um sonho… quando engravidei da Julia senti algo especial, jamais experimentado! E a vida novamente me presenteou com a Elisa!

Mas onde entra nossa querida Dona Alaide nessa história? Em uma tarde comum, recebo um telefonema especial. Uma doce voz me

afirmava que eu esperava um neném pela terceira vez. Era a Dona Alaide. Fiquei emocionada e muito surpresa! Por que ela se lembrava de mim naquela tarde? O que nos conectava naquele momento? Seria verdade que eu estaria grávida pela terceira vez? Em silêncio, agradeci a Deus. Na comemoração de seus 99 anos, em Lagoa Santa, ela novamente afirmou, entre doces sorrisos, que eu esperava um nenenzinho… mas seria mesmo verdade? Que forças a faziam pressentir algo tão especial, não planejado, mas ao mesmo tempo tão desejado? Pouco tempo depois, veio a Gabi… Dona Alaide, um ser especial, com um espírito nobre, elevado! Um ser humano valente, que mesmo diante de tantas lutas, confiou em sua força de superação. Sou grata a Deus pela oportunidade da convivência. Vou recordar eternamente deste momento, com emoção de gratidão!


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13. Lanches da Tarde em Família Bruno Inácio Guerra

E

stive pensando como falar de uma pessoa que irá completar 102 anos, sendo que a conheci quando ela estava completando 90 anos. O que posso dizer sobre Alaide é da sua doçura com a família, seu jeito sim-

ples de ser e da alegria de ter a família reunida em sua casa para o lanche da tarde, pois foi assim que a conheci, em um lanche com a família. Desconfiada como toda pessoa do interior, ficou me observando sentada na mesa, devagarzinho foi se abrindo, e em seguida contou uns “causos” do Sr. Sinval, seu eterno e apaixonado marido, mostrando as duas alianças na mão esquerda. Como é uma católica fervorosa, viu que já estava se aproximando das 18:00h, pediu licença e foi acompanhar a missa que estava para começar. Outra lembrança foi uma canjiquinha que ela fez na casa do Ivo Andrez em Lagoa Santa. Foi um fim de semana onde estiveram presentes os filhos, Ivan e Maria Inês, Ivo Andrez e Angela, Lalaide e Norberto. Nesta época ela ainda se arriscava no comando do fogão, mas tudo sendo supervisionado pela sua filha Lalaide. Uma das melhores canjiquinhas que já experimentei, além de tudo, foi uma tarde de sábado animada com todos reunidos, faltou somente a filha carioca Regina e filhos. Passaram-se 12 anos em que fui acolhido por esta família, vieram mais 2 bisnetos para uma pessoa tão pura e incrível. Ver a sua felicidade quando eles a visitam, não tem como descrever, sem contar a sua preocupação deles quebrarem os objetos que ficam na sala de estar, de longe ela sempre fica observando e dizendo – “Lalaide, tira os meninos da sala, vão quebrar meus enfeites”.


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Tenho outras passagens como os natais, aniversários, dia das mães etc. Somente 12 anos em 102 anos de vida é muito pouco para uma grande mulher que já vivenciou grandes acontecimentos e histórias neste mundo. Que ela possa continuar trazendo sabedoria e fraternidade em sua jornada da vida.

14. Dona Alaide e sua Memória Natália de Souza Carneiro Fonseca

M

inha maior lembrança da Dona Alaide era quando, no seu aniversário, ligávamos para dar os parabéns. Leozinho, ao telefone, dizia:

- “Oi vó, tudo bem”? E ela, já reconhecendo sua voz, respondia: - “Oi Leo, como está a Natália, a Boníssima, a Maria Eduarda”? Pensava comigo mesma...como que nesta idade, com tantos netos e bisnetos,

ela reconhece a voz e sabe o nome de todo mundo? Sua paixão pelo “Seu Sinval” é a maior lembrança que vou levar dela, e quero levar esse exemplo para toda a minha vida.


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15. Dona Alaide João Paulo Paixão Hardtke

A

pesar de ter convivido pouco com a Dona Alaide, primeiro por ter entrado por último na família e, depois, porque durante alguns anos, morei fora de BH, sempre que estive com ela a convivência foi muito

gostosa.

Sempre muito educada, preocupada com o bem-estar do próximo, querendo saber se Renata estava me dando atenção e me fazendo sentir realmente parte da família. É muito bonito ver o amor e carinho que ela tem por todos! Dona Alaide é sinônimo de força também! Não é à toa que está fazendo 102 anos muito bem vividos! Então, gostaria de deixar aqui meus parabéns, muitas felicidades, saúde e que possa aproveitar a vida junto da família que ama tanto! Você é uma mulher admirável e exemplo para todos! Com carinho, João Paulo


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42 16. Rumo aos 103 Victor Ferreira Fonseca

N

um mundo onde se vive cada dia mais, é comum que existam pessoas que ainda tenham a sorte, ou melhor, a dádiva de ter no convívio familiar a figura da bisavó, ou somente “bisa” como deve ser mais

conhecida.

Muitos não tiveram essa sorte. Outros, no entanto, podem desfrutar de momentos diferentes e alegres ao lado de vocês, senhoras especiais, que têm muito a ensinar aos bisnetos e netos e porque não dizer, aos filhos também. Graças a Deus podemos apreciar este momento com a senhora, Vó Alaide, ou melhor “Vovó Laide”. Como primeiro bisneto, tive a oportunidade de aproveitar melhor alguns momentos especiais, momentos que ficarão guardados para sempre em meu pensamento. Recordo-me dos dias em que meus avôs me buscavam todo santo dia na escola para tomarmos um cafezinho em sua casa, sempre recheado de comidas deliciosas, pão de queijo, biscoitos e pães. Não poderia faltar o de suco de caixinha, que era meu vício e de conhecimento da senhora. A bisa era e ainda é sempre muito atenciosa, tentando agradar a todos que estão ao seu redor. O passatempo que no passado foi do Vô Sinval, do Vô Ivan e chegou ao meu pai, os passarinhos, que sempre foi um “hobby” deles, acabou conquistando o seu coração. Aos finais de semana ficava observando a senhora cuidar desses bichinhos com todo carinho e amor, ficava impressionado quão boa era nisso também. Essas e outras memórias estarão para sempre em meu coração.


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Estamos comemorando mais um ano de uma mulher que sempre soube como viver bem e que tornou a vida de todas as pessoas melhores. Mais que uma honra, é também um privilégio comemorar mais essa data ao lado de alguém tão especial. 102 anos de vida não são para qualquer um! Rumo aos 103... Parabéns Vovó Laide!

17. Que sorte a nossa! Aline Ferreira Fonseca

C

omo a primeira bisneta mulher e a segunda da geração dos bisnetos, pude aproveitar bem 23 anos dos 102 anos da vovó Laide. Lembro-me de irmos para a casa dela nos finais de tarde, principalmente após o

colégio, e sempre éramos recebidos com uma mesa farta de muitas delícias para o lanche. E claro, o clássico pão de queijo! Como bons mineiros que somos, um pão de queijinho é sempre bem-vindo! E a vovó Laide nunca deixava o lanche sem eles, e também os queijos, biscoitos, bolos, etc. Os biscoitos então… ela insistia que eu os comesse, e se eu fosse na onda dela, acabava comendo todo o pote de vidro, que me lembro bem, tinha até uma tampa de madeira, e sempre com um copo de suco que, claro, ela mandava eu pegar porque era a mais nova. Outra coisa que ela sempre tinha guardada era uma caixa de bombom. E quando eu digo sempre, é porque realmente ela sempre tinha! E eu comia quase todos, principalmente aqueles menorzinhos quadradinhos! A vovó Laide sempre foi assim, buscando agradar a todos, e mesmo aos 102


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MEMÓRIAS DE DONA ALAIDE

anos de vida, ela ainda faz questão de tratar a todos bem! Uma mulher de MUITA força, coragem, de um coração enorme, e de uma bagagem inexplicável! As três coisas que ela mais ama na vida é: Deus, sua família e o vovô Sinval. O vovô Sinval infelizmente não está mais conosco, mas sim, ela ainda o ama, verbo no presente! Nunca vi um amor igual ao dos dois, e quem teve o prazer de viver com eles, como eu, sabe que casalzão que eles eram! Vovô Sinval, apesar de ser muito fechado para algumas coisas, ele era o típico vovozinho, me chamava de “perereca” pois eu era muito espoleta, e sempre brincava comigo! Foi do amor deles que gerou toda nossa árvore genealógica Fonseca, que incrivelmente é enorme! E é por causa do amor e da união que eles nos ensinaram que hoje somos uma família unida e que fazemos questão um do outro! Que a vovó Laide possa viver muitos e muitos anos a mais para conhecer seus tataranetos e continuar se tornando uma grande história da nossa família! Que sorte a nossa por ter a senhora em nossas vidas e na nossa história.

18. Mensagem do Guilherme Fonseca Ter uma bisavó viva é algo que não acontece com todo mundo, ainda mais com uma que passa dos 100 anos. Sempre quando eu comento com alguém, todo mundo fica impressionado, ainda mais com o fato de ela viver bem, sem muitas dificuldades que seriam esperadas para alguém da idade. A partir de um certo tempo, a Vovó Laide virou quase uma atração nas datas de encontro em família. Todo ano é foto em família com ela, e todos impressionados com a força e saúde dela. Ter convivido e passado momentos com minha bisavó é um privilégio e eu agradeço muito por isso.


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19. Mensagem do Matheus Fonseca É muito legal saber que tenho uma bisavó que tem mais de um século de vida, com uma família que cuida dela com tanto amor. Sei que a maioria das pessoas não tem essa alegria em suas vidas. E ainda vai virar um livro! Viva a minha bisavó Laide!

20. Mensagem da Julia Fonseca Querida Bisa, Parabéns pelo seu aniversário. Mesmo não podendo nos encontrar porque estamos no meio da pandemia, você está aqui do meu lado, no meu coração. Beijos, amo você. Julia

21. Mensagem da Elisa Fonseca Oi Bisa, amo você! Feliz Aniversário. Beijo, tchau! Elisa


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MEMÓRIAS DE DONA ALAIDE

22. Mensagem de Bruno Andrez Fonseca Feliz Aniversário de 102 anos, Bisa. Gosto dos passarinhos da sua casa. Bruno Andrez (Robin Hood)

23. Mensagem de João Lucas Fonseca Feliz Aniversário Bisa. Vou te dar um bolo grande com muito fermento para colocar 102 velas. João Lucas (Gato Galáctico)

24. Mensagem de Maria Eduarda Fonseca Bisa, feliz aniversário de 102 anos. Tem que ter um bolo bem gostoso na sua festa! Duda OBS: os bisnetos Maria Luíza Fonseca, Gabriela Fonseca e Bernardo Fonseca, em razão da idade, participam deste livro através das lindas imagens do capítulo seguinte.


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CAPItUlo 4: Dona Alaide em Imagens..

101 anos

100 anos

90 anos com os filhos


MeMÓrIAs De DonA AlAIDe

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Vovó laide e irmãos, ainda crianças

Doralice e os 5 filhos (Alaide, Das Dores, José, Iaia e lourdinha)

Vovó laide, criança Vovó laide e os irmãos


DonA AlAIDe eM IMAgens..

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Vovô Sinval, Vovó laide, Ivan e Andrez

Vovó laide, na época escolar

Vovô Sinval Juventude no Serro

Vovó laide, Ivan, Andrez e lalaide


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MeMÓrIAs De DonA AlAIDe

Bodas de ouro - Vovó laide e Vovô Sinval

Bodas de Ouro - Vovó Laide, Vovô Sinval e filhos


DonA AlAIDe eM IMAgens..

100 anos - Andrez e Angela

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100 anos - Fred, Mariana, Júlia, Elisa e Gabi

101 anos - Regina, Alessandra e Mateus

100 anos - Bruno, Pat, Bruninho e João lucas 100 anos - léo, Natália, Duda e Malu


MeMÓrIAs De DonA AlAIDe

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Ivan, Maria Inês, Cláudio, Marcia, Victor, Aline, Flávia, Rodrigo, Guilherme e Matheus

100 anos - Ivan e Maria Inês

100 anos - lalaide, Norberto, leandro, Renata e João Paulo

Vovó laide e Bernardo

101 anos - lalaide e Norberto


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Capítulo 5:

Uma Homenagem ao Seu Sinval

D

iz o velho ditado que “por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher”. Mas há quem diga que este é um ditado machista, que não cabe

mais nos dias de hoje… Vovô Sinval e vovó Laide são do tempo em que “homem era feito para trabalhar, e a mulher era feita para trabalhar para o homem”. Tempos de submissão feminina, em que as mulheres não podiam usar saia, não podiam sair sozinhas, não podiam votar e ser votadas, enfim, não podiam exercer com plenitude um direito fundamental de todo ser humano: a liberdade. Mas esse casal era diferente. Na longa estrada da vida, caminharam juntos, lado a lado. Não tinha esta história de “eu primeiro; eu que mando”. Lutaram juntos, venceram juntos. Construíram uma família linda. Como herança, deixaram um patrimônio gigante. Patrimônio moral; herança espiritual. Vovô Sinval não está mais conosco, mas certamente está presidindo este momento em que homenageamos a sua companheira de vida, Dona Alaide. As memórias contidas nesse livro, contadas pelos filhos, noras, genros, netos e bisnetos, comprovam o afirmado acima. A protagonista deste livro é a Dona Alaide, mas o seu Sinval está longe de ser um coadjuvante. Afinal, se não fosse o nosso querido Sinval, não estaríamos aqui para contar essa linda história. Dos filhos, noras, genros, netos e bisnetos.



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