Revista Varal do Brasil - ed 36 - julho/agosto de 2015

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Varal de julho - 2015

Querem respostas para si mesmo, imediatas, para ter alegria. Quem colorir um livro inteiro, terá certamente escrito o seu próprio livro. Nem todo mundo sabe se expressar em palavras, nem todo mundo sabe ser poeta, mas colorir todos podem! E o estão fazendo com sucesso. Assim aconteceu com a evolução das emendas de paninhos, inicialmente feitas por necessidade, para cobrirem os corpos nus. Peles de animais foram usadas até passarem para tecidos.

Talvez, como escritora, digo que o rompante de livros de colorir nos levará fatalmente à palavra mais elaborada de nossa língua pátria, a palavra mais cuidada para que o leitor crie junto conosco. Talvez, seja este caminho a ser refletido no momento: se fazer mais entendido como escritor, colorindo nossos textos e caprichando nas colocações que possam atrair uma boa leitura. E, ao ler um livro, o leitor esteja criando também, refletindo e se colocando junto do livro que está lendo. Sinto que precisamos, cada vez mais, caprichar no que propomos a escrever, accessível ao leitor, com ou sem ilustrações, pois o livro sempre estará em nossas vidas.

O primeiro trabalho considerado PATCHWORK foi feito na Grécia antiga, seguido por mais e mais emendas de panos, até Ouvi de um escritor (não anotei o seu chegar aos dias de hoje, como uma arte renome) que após esta explosão, a palavra volquintada de emendas de paninhos. tará com força, que tal fato será consequente O mesmo aconteceu com os bordados, de uma explosão de cores. Assim espero! inicialmente em peles de bichos, até chega- Que venha uma explosão de textos mais comrem aos dias de hoje, com bordados sofistica- preensíveis e realistas em que o leitor possa dos e caprichados, onde entram ouro e prata. escrever, colorir e cheirar nossas palavras... Cada povo, usando sua criatividade Que haja uma evolução de escritores e de leinos deu tapetes persas, bordados indianos, tores! objetos de madrepérola, e assim por diante. Afinal, somos artesãos do século XXI, com milhões de recursos técnicos que, até E por que não usar o livro para colorir, como uma forma de “escrita” de seu próprio pouco tempo atrás, não tínhamos. É natural livro, uma vez que nem todos têm o talento que apareçam livros de colorir, blogs e mais para a escrita? O livro é reconhecidamente artesãos das letras. um objeto que marca a vida de todos, mesmo dos não escritores. Mas, penso que todos, todos, gostariam de escrever o seu próprio livro, haja vista o que temos lido nos blogs. Como estão escrevendo! Agora, o colorir livros! Unindo o reconhecimento apaixonante por livros e o possível ato “de escrever” o seu próprio livro, num rompante entre desenhos e cores. Ah! As cores! Vibrantes, determinantes na vida, aconchegantes, estimulando mais e mais a continuidade da criatividade, deixando suas qualidades que só as cores sabem fazer e nos estimular o íntimo. Mas, onde fica a palavra escrita ou falada que nos liga diametralmente? E de importância única? Nosso leitor está cansado de palavras vãs que não levam a nada. Não solucionam os problemas imediatos do bem viver. Assim, temos visto textos e poesias falando de amor, da necessidade de ter alegria no dia a dia, de viver o hoje. Mas, será que damos espaço criativo para ele próprio criar junto conosco? Para Joyce Cavalccante, o melhor livro é aquele que permite ao leitor escrever junto conosco. www.varaldobrasil.com

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