VARAL DO BRASIL - VARAL DA SAUDADE!
nas páginas amareladas do livro de Psicologia dos estudos secundários.
quer de novembro, de trinta anos atrás: “Nunca é tarde para voltar
É quase sagrado o gesto que estou para perpetrar. Meus dedos parecem refletir.
Para apagar um traço
Assim como o livro. Em qual idioma sentiremos
Para mudar uma letra
saudades depois que a vida nos tiver levado
Para sentir um abraço
pelo mundo afora? Nunca é tarde para nada Na contracapa, com ar solene e tom Nem para apagar a tristeza
ancestral, Honoré de Balzac sentencia:
Nem para voltar para casa...”
“Se a luz é o primeiro amor da vida,
Pulo para a última página. E lá, foi
não será o amor a luz da vida?” - Alea jacta est! - disse o professor
Marta quem escreveu, no último dia de aulas: “Que sua vida seja um palco de luz
de Latim em uma de suas primeiras aulas. - E fiat lux! - replicou baixinho Jennifer, para em seguida acrescentar – os melho-
iluminado onde, um dia, realize todos os seus sonhos e desejos. Pois somos purpurinas: brilhamos, brilhamos, brilhamos... até sumir!”
res fósforos em cima da terra!
Parece que foi ontem que, juntas,
Como gargalhamos! Quanto gargalhamos. Sempre. Até nos engasgarmos. Que delícia nosso hambúrguer com milho, temperado de bagunça e recheado de confidências e quero mais. Era isso, afinal. Aí estava o segredo. Sonhar. Compartilhar. Dividir entre nós as angústias e as paixões de uma adolescência numa cidade pequena e em famílias austeras. Vou mordendo o sanduíche e lembrando: “Aproveitar ao máximo a nossa idade”... “Que cada vez que morderes um x-salada, lembres
rabiscáramos aquelas linhas pelas páginas do livro de psicologia. Éramos quatro meninas moças. Tornamo-nos quatro mulheres maduras. Todas casamos. Eu divorciei. Paula tem duas filhas maravilhosas. Adoram esportes radicais. Jennifer vive na Escandinávia e também tem duas meninas. Marta tem uma filha só. Jamais saiu de nossa cidade. Nossa amizades sobreviveu aos anos, crescendo, vivendo, virando mulher e envelhecendo conosco. Parece que foi ontem... Foi ontem,
das nossas bagunças”... “lembres do gosto da vitória”. Namorados. Paqueras. Desilusões...
sim. Mas lá se vão trinta longos anos...
Brincadeiras. Tudo vai desfilando como em um
Quantas saudades!
filme com final feliz. Parece que foi ontem! Vou pensando, enquanto meus olhos fazem ressurgir mais emoções, frases, previsões, desejos das meninas que éramos. Num rodapé de página, Jennifer havia escrito uma poesia. Num dia qualwww.varaldobrsil.com
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