Campus - edição 378, maio/2012

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Turismo

Agências providenciam passagens, hotéis e passeios para atletas amadores irem a competições reportagem | MAÍRA NUNES diagramação | NATHALE MARTINS edição | FABIANE GUIMARÃES

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Pacotes para

“maraturistas”

CAROLINA PEREIRA

ivina Pereira está prestes a conhecer Machu Picchu, mas a motivação da moradora de Brasília não se restringe aos passeios pelas ruínas Inca: ela também participará da Meia Maratona de Lima, corrida de 21 km que acontece dia 20 de maio na capital peruana e que contará com a presença de até dez mil atletas. Divina trabalha na Receita Federal e é o que vem sendo chamado de “maraturista”, um novo perfil de cliente para as agências de turismo, que já oferecem pacotes para diversas maratonas nacionais e internacionais. Divina está entre os 20 inscritos no pacote turístico Maratona de Lima – Conhecendo Machu Picchu, que espera fechar um grupo de 30 atletas amadores para a viagem. Faz dois anos e meio que a servidora começou a praticar corrida a convite de um amigo. Há um ano se inseriu nas competições quando participou da Meia Maratona do Rio de Janeiro. Depois, já com um grupo de seis amigas formado a partir da corrida, Divina se aventurou pela Meia Maratona de Buenos Aires e da Patagônia, na Argentina. “É uma ótima oportunidade de conhecer lugares que sozinha eu não iria”, relata. A São Silvestre é a meta para o fim deste ano, e para 2013 ela está indecisa entre as meias maratonas de Berlim, Barcelona, Lisboa e do Pateta, na Disney. O casal de corredores de rua Glaucius Miguens e Luciana Brasil optou por participar da Meia Maratona de Paris em 2010. Depois de participarem de maratonas nacionais e internacionais como atletas amadores, Miguens, que também é dono de uma agência de turismo, percebeu a existência de um público promissor nesse segmento e investiu em pacotes turísticos ligados às maratonas. “As corridas são realizadas em locais com potencial turístico”, conta o empresário. A maratona de

Nova York, Buenos Aires, Paris e Honolulu, no Havaí, são apenas alguns exemplos. O diretor comercial de outra empresa do ramo, Moisés Nunes, vivenciou o caminho inverso de Miguens com relação às competições de natação. Há oito anos, a Associação Brasileira Masters de Natação (ABMN) bateu a sua porta e sugeriu a criação de pacotes de viagem direcionados às competições organizadas por eles. A agência criou pacotes e agregou outros serviços turísticos para atletas e acompanhantes. “A proposta é incentivá-los a viajar antes da competição ou permanecer por mais algum tempo para fazer os passeios turísticos pela região -sede do torneio”, explica Nunes.

REDE DE CONTATOS Atletas amadores costumam formar grupos de treino, muitas vezes criados por assessorias esportivas, outras formados por colegas de trabalho ou pela academia onde praticam a modalidade. Quando surge o interesse por uma competição, uns avisam aos outros para incentivar a inscrição no evento esportivo, além de entrar em contato com agências de turismo para analisar propostas. A gerente de informática Cristina Mota é atleta amadora de natação há 16 anos e, depois de ter participado de vários mundiais do esporte, conhece bem esses roteiros turísticos. “Antigamente era tudo por nossa conta”, relata. Segundo ela, dois a três meses antes da competição os atletas amadores já buscavam promoção de passagem e de hotel. Hoje isso ainda acontece, mas já não é necessário tanto empenho e preocupação com a organização das viagens. “Alguns meses antes da competição, a empresa avisa e divulga através do site a competição que será realizada e os pacotes que serão ofertados.” O responsável pelo grupo de corrida Evolua, Éder Vilanova, intercala os treinamentos com duas competições por mês. Éder está sempre de olho nas maratonas que aparecem para indicar a seus atletas. Segundo ele, aqueles que mais viajam no grupo participam em média de duas competições nacionais e uma internacional por semestre. Vilanova afirma que algumas viagens são fechadas em pacotes com agências especializadas, outras não. Ele acredita que é mais difícil de o grupo optar pelo pacote quando as viagens são nacionais: “Há uma oferta maior de voos e promoções com passagens mais baratas. Em geral, o grupo opta pela liberdade de cada um ir no dia que puder e ficar onde preferir, pois em Divina Pereira organiza em um caderno as viagens que já realizou para competir. Nele, ela também planeja as próximas: “Estou com pacote fechado para a Maratona de Lima e passeio em Machu Picchu” muitos casos há familiares na

CAROLINA PEREIRA

Glaucius Miguens é dono de agência de turismo e corredor de rua. Após viajar para Paris e participar da Meia Maratona, passou a oferecer roteiros que incluam corrida

cidade onde ocorrem as competições”. Para a atleta amadora Divina Pereira, que irá correr a Maratona de Lima, as vantagens dos pacotes turísticos estão no preço, nas melhores condições de pagamento e na segurança de não precisar se preocupar em providenciar hotel, inscrição ou roteiro de viagem. Daniela Rocco, professora do Centro de Excelência de Turismo da Universidade de Brasília, explica que a hipersegmentação e a prestação de serviços personalizados apresentam-se como uma tendência dentro do turismo. “Certamente, os públicos específicos irão procurar as agências especializadas na área de interesse”, afirma. “A especialização é muito importante, assim como a personalização dos produtos e serviços, somados a uma proposta de valor diferenciado.” Os pacotes direcionados aos atletas e acompanhantes dos eventos caracterizam um novo nicho dentro do segmento esportivo. Os serviços oferecidos incluem as inscrições nas provas, opção de hotéis próximos ao local de largada ou chegada, barracas de apoio durante a competição e a promoção de integração entre os participantes do grupo formado para a viagem, além do roteiro turístico pela região de destino.

CAMPUS | Brasília, de 1 de maio a 7 de maio de 2012

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