

CARACTERIZAÇÃO DAS REGIÕES
DELIMITADAS PELAS BACIAS HIDROGRÁFICAS
DO RIO GRANDE DO SUL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE ARQUITETURA PROPUR
BrasileiraFAB para apoio na situação de calamidade do Rio Grande do Sul, Brasil, em maio de 2024.
Fonte: Porto Alegre em 07 de maio de 2024. Imagens da Fuerza Aérea Colombiana, cedidas pela Força Aérea
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
O presente trabalho foi desenvolvido em caráter emergencial e voluntário por professores e pesquisadores vinculados à UFRGS e à UFPel. O mesmo foi realizado utilizando como base os arquivos em Sistema de Informações Geográficas (SIG) produzidos pelos alunos da disciplina de Planejamento Regional, 4 o semestre, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas entre os anos de 2016 e 2019. Portanto, algumas incorreções nos dados podem ocorrer, já que os mesmos são fruto dos exercícios acadêmicos, onde o objetivo era a aprendizagem em como lidar com vastos e variados bancos de dados, além do próprio desafio de aprender a trabalhar com SIG. Observa-se também a possível falta de atualização dos dados. No entanto, cabe ressaltar que muitos dos dados aqui apresentados não possuem atualizações mais recentes. A fonte e data dos dados originais encontram-se nas páginas dos mapas criados para as análises realizadas.
Ao conjunto básico de arquivos em SIG da disciplina foram anexados arquivos, dados e informações disponibilizados pelo Instituto de Pesquisas Hidrológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM), Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), decretos do governo do Estado do RS, sites de prefeituras diversas, jornais e material fotográfico gentilmente cedido por nossos exalunos espalhados por todo o Rio Grande do Sul.
Os dados aqui apresentados servem para dar uma visão panorâmica das características gerais do Estado, e as particularidades das regiões das Bacias Hidrográficas mais diretamente afetadas pelas inundações que tiveram início no final de abril, e se estenderam durante os meses de maio e junho de 2024. O principal objetivo é alertar para a necessidade de planejamento na escala regional, além das escalas urbana e municipal. Nesse sentido, uma visão sistêmica e multidisciplinar é fundamental para compreender os desafios climáticos aos quais o poder público terá que responder.
Como citar: Faria, A. P. N. de ., Zechlinski, A. P. P., Detoni, L. P., Gonçalves, G. M., Soares, B. R., & Polidori, M. C. (2024). Caracterização das regiões delimitadas pelas bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul (Versão 2). Zenodo. https://doi.org/10.5281/zenodo.12667104
Ana Paula Neto de Faria
Ana Paula Polidori Zechlinski
Luana Pavan Detoni
Gustavo Maciel Gonçalves
Ramires Soares Maurício Couto Polidori
AS BACIAS HIDROGRÁFICAS
O Rio Grande do Sul, de acordo com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA) apresenta 25 Bacias Hidrográficas, que estão organizadas em três Regiões Hidrográficas principais: a Bacia do Guaíba, a Bacia Litorânea, e a Bacia do Rio Uruguai. Bacias hidrográficas são porções do território que compreendem a área de captação natural da água da chuva que escoa superficialmente para um corpo de água principal e seus contribuintes. Normalmente uma bacia pode ser subdividida em bacias menores ou sub-bacias. As Regiões Hidrográficas são definidas como bacias, grupo de bacias, ou sub-bacias hidrográficas contíguas com características naturais, sociais e econômicas similares (CNRH).
Cada Região Hidrográfica apresenta características ambientais, urbanas e rurais distintas. Essas diferenças nas características do meio físico e de ocupação humana terão consequências no comportamento das águas em cada Região. Essas consequências são mais visíveis quando há eventos climáticos como secas ou enchentes provocadas, respectivamente, por períodos de escassez ou excesso de chuvas.
As principais características que influenciam no modo como as águas se comportam em períodos de excessos de chuvas são: a) nível de declividade topográfica da bacia, onde declividades maiores aumentam a velocidade das águas e reduzem a infiltração das mesmas; b) o formato da bacia, onde bacias mais extensas e arredondadas representam maior área de captação das chuvas e, portanto, maior volume de água (este formato de bacia é mais propensa a enchentes, erosões e assoreamentos); c) tipo de recobrimento do solo no alto e médio curso dos rios principais e afluentes, onde a falta de vegetação de grande porte, impermeabilização e compactação do solo implicam em menor absorção das águas, e um maior volume e velocidade de escoamento superficial; d) a estrutura da barra, onde estreitamentos e obstáculos retardam o escoamento das águas; e) tipo de recobrimento do solo no baixo curso dos rios e nas zonas de várzea, onde a impermeabilização, compactação de solo, e alteração topográfica das regiões de transbordo, elevam a cota de inundação e ampliam significativamente as áreas inundadas dentro de toda a bacia.
O planejamento do Estado na escala regional requer que se leve em consideração as características de cada bacia e suas implicações para os comportamentos esperados tanto em períodos de seca, quando de grandes volumes de chuva. Ao mesmo tempo, os municípios devem realizar seu planejamento territorial (urbano e rural) levando em consideração sua localização dentro da bacia, e o papel que seu território desempenha dentro do todo.

“... toda a fisionomia da paisagem é exclusivamente determinada pela vazão das águas, alcançando a sua máxima expressão nas enchentes... enfim, porque não há outro fenômeno natural que, de um momento a outro, possa adquirir uma significação antropogeográfica mais incisiva do que precisamente as extravasões do Guaíba e de seus tributários.”
“Como o rio ainda dispõe de correnteza considerável, os estragos não são apenas os da umidade, (...) plantações, trechos de mato, madeira e lenha empilhada, armazéns, instalações portuárias, casas inteiras de colonos cedem ao ímpeto desencadeado dos elementos, deixando atrás de si a miséria e a desolação.”
“Retirando-se enfim as águas, a imundice, a umidade, a grama apodrecida ainda por muito tempo empestam aquela região, onde o homem sucumbe, impotente, aos elementos da destruição.”
urbanizadas: alunos disciplina de Planejamento Regional FAUrb/UFPel turmas 2018 e 2019.
Rambo (1994), trechos sobre a enchente de 1941 na p. 203 a 215.
UNIDADES DE VEGETAÇÃO RECOBRIMENTO DO SOLO

TOPOGRAFIA


Unidades
de Vegetação e Topografia
A macro Bacia do Guaíba se caracterizada originalmente por uma cobertura de vegetação florestal bastante significativa com várias unidades de vegetação distintas. Ao mesmo tempo, apresenta uma topografia diversificada, com áreas de planalto e montanhosas nos cursos alto e médio dos principais rios e com planícies no baixo curso.
As Bacias do Rio Uruguai e Litorânea se caracterizam originalmente por uma cobertura florestal menos extensa, com predomínio de áreas de estepe e, no caso da Bacia Litorânea, com formações pioneiras no baixo curso dos principais rios e costa da lagoa. Ambas as bacias apresentam uma topografia predominantemente plana a ondulada.
Recobrimento do Solo
O mapeamento de recobrimento do solo realizado com técnicas de sensoriamento remoto datado provavelmente de 2017 e, portanto, não representa a atual situação no Estado. Serve apenas como um indicador de alteração de cobertura vegetal.
A classificação da imagem de satélite indica o predomínio de áreas transformadas pelas atividades agrícolas em todo o Estado. Conforme Relatório Técnico da FEPAM de 2021, o Estado contava com 45,78% de remanescentes naturais em 2019. Esta transformação é mais intensa sobre as unidades de vegetação florestal, notadamente
na Bacia do Rio Uruguai e nas cabeceiras dos principais rios da Bacia do Guaíba. O impacto na cabeceira dos rios acarreta em consequências para toda a extensão das respectivas Bacias Hidrográficas.
A Bacia Litorânea e a região mais ao sul da Bacia do Rio Uruguai apresentam impactos de menor intensidade e, os mesmos estão mais concentrados no médio e baixo curso dos rios, além de toda a extensão da costa das Lagoas dos Patos, Mangueira e Mirim. O Relatório Técnico da FEPAM de 2021 apontou que estas regiões, compreendidas no Bioma Pampa, têm sido as mais impactadas nos últimos 10 anos.
Relações com os pontos de bloqueio
Os principais pontos de impacto na integridade do sistema rodoviário, originados pelas enchentes de maio de 2024, encontram-se em áreas do Patamar Oriental da Bacia do Paraná e na Depressão Central Gaúcha.
Fonte dos dados primários: Unidades de Vegetação e áreas úmidas: MMA. / Relevo: IBGE (2006) Recobrimento do solo: provavelmente 2017, sem fonte conhecida. / Hidrografia: SEMA e MMA / Curvas de nível: IBGE (2010). / Pontos de bloqueio: CRBM (18/05/24) Áreas urbanizadas: disciplina de Planejamento Regional, FAUrb/ UFPel, 2018 e 2019.





O meio rural
As macro bacias do Estado apresentam características bastante diferentes em termos de suas atividades rurais. Estas diferenças estão associadas às variações nas características do meio físico geográfico, do histórico de ocupação humana, e das potencialidades econômicas atualmente em vigor. Os dados aqui analisados são referentes ao ano de 2016 para as produções agrícolas e 2006 para as propriedades de agricultura familiar. A realidade das Bacias, principalmente a Litorânea e o setor sul da Bacia do Rio Uruguai, deve ter sido significativamente alterada nos últimos anos no sentido de existir atualmente uma maior inserção de cultivo de cereais, conforme o Relatório Técnico da FEPAM de 2021. Nessas áreas a supressão de áreas naturais remanescentes foi de 9,52% entre 2000 e 2019.
A Bacia do Guaíba é caracterizada por uma forte ocupação com propriedades classificadas como de agricultura familiar. Também pode ser observado uma grande concentração de municípios com média e alta porcentagem de sua área dedicada a lavouras temporárias de não-cereais e a lavouras permanentes. Essa concentração está localizada principalmente no curso médio dos principais rios, numa região de topografia mais acidentada. Outra característica da Bacia do Guaíba é ter a região do alto curso dos principais rios fortemente ocupada por lavouras de cereais.
A Bacia Litorânea apresenta uma ocupação de média a alta intensidade por propriedades de agricultura familiar, principalmente no curso médio a baixo dos principais rios da Bacia. A mesma região da Bacia também apresenta uma porcentagem significativa de área dedicada a lavouras temporárias de não-cereais e lavouras permanentes.
A Bacia do Rio Uruguai tem seu trecho mais ao norte com uma forte concentração de propriedades de agricultura familiar. Na mesma região, próximo ao Rio Uruguai, aparece uma ocupação mediana de lavouras temporárias de não-cereais e lavouras permanentes e, em toda a extensão dos principais rios, uma alta concentração de lavouras de cereais. O trecho sul da Bacia se caracteriza por apresentar uma ocupação de média a baixa com lavouras de todos os tipos e uma baixa concentração de propriedades classificadas como de agricultura familiar.
Fonte dos dados primários: Lavouras de cereais, não-cereais e lavouras permanentes: IBGE, PAM (2016) / Estabelecimentos de agricultura familiar: IBGE Censo Agro 2016 com dados de levantamento de 2006. / Relevo: IBGE (2006) Hidrografia: SEMA e MMA Curvas de nível: IBGE (2010) / Estimativa inundação: Possantti et al. (2024) e Da Silva et al. (2024) / Áreas urbanizadas: disciplina de Planejamento Regional FAUrb/UFPel, 2018 e 2019 Fotografias: Lucio Alves e Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves %
Lucio Alves
PM Bento Gonçalves Rio Grande, Marambaia, 26 de maio de 2024

ECONOMIA URBANA VAB INDUSTRIAL

MUNICÍPIOS COM ÁREAS URBANAS
JUNTO A CURSOS D’ÁGUA

O meio urbano
O Estado apresenta uma significativa quantidade de áreas urbanas nas margens dos principais cursos d’água. Boa parte dessas áreas urbanas são também as de maior população urbana e de maior concentração de atividades industriais.

Na escala das macro Bacias, existem diferenças importantes na caracterização das áreas urbanas.
A Bacia do Guaíba apresenta a maior concentração populacional, tanto em termos absolutos quanto relativos. Também é a bacia de maior incidência industrial.
A Bacia Litorânea tem uma distribuição da população bastante heterogênea e uma densidade de ocupação baixa. Contudo, atenta-se para o alto crescimento demográfico na última década segundo o Censo de


2022. As duas maiores cidades, e de maior relevância industrial da região encontram-se localizadas nos pontos mais vulneráveis do sistema hídrico.
A Bacia do Rio Uruguai apresenta no setor sul cidades maiores, baixa incidência industrial, e maior número de cidades em proximidade com os cursos d’água mais relevantes. Já sua porção norte possui alta incidência de cidades de porte menor, poucas cidades nas proximidades dos cursos d’água, e pouca industrialização.
Situação da população urbana por Região Hidrográfica

Manoela Py Sostruznik
Christiano Piccioni Toralles
NÚMERO TOTAL DE LEITOS HOSPITALARES

LEITOS/HAB.

FACILIDADE DE ACESSO A LEITOS HOSPITALARES

Distribuição dos leitos hospitalares
A distribuição dos hospitais e leitos hospitalares no Estado dá-se de forma desigual, tanto em termos geográficos, quanto em termos de relação de leitos por habitante. A OMS recomenda de 3 a 5 leitos por mil habitantes, e o SUS, quando expressava de forma genérica o parâmetro, recomendava 2,5 leitos por mil habitantes (2002). O Estado apresenta, aproximadamente, uma relação de 2,9 leitos por mil habitantes, entretanto a distribuição geográfica desigual faz com que alguns setores do Estado, muitas vezes, necessitem percorrer longas distâncias para buscar atendimento.
A maior disponibilidade total de leitos dá-se nos municípios de maior população e em alguns municípios de porte médio no norte do Estado. Municípios com populações maiores na região oeste do Estado apresentam um número de leitos significativamente menor.
Ao se analisar a relação entre o número de leitos por mil habitantes com a população total do próprio município, fica mais evidente quais regiões do Estado potencialmente enfrentam mais dificuldades em atender a população. A situação mostrada aqui não levou em consideração que esses hospitais precisam atender às populações dos municípios circundantes sem hospitais e, portanto, a relação entre população e o número de leitos disponíveis é mais grave do que expresso no mapa.


A região sul da Bacia do Rio Uruguai é a que apresenta os maiores problemas, onde a quantidade de municípios com leitos hospitalares é restrito, a distância entre hospitais é maior, e na média a relação de leitos por mil habitantes dentro do município já é, em média, de 2,5 leitos/hab. Outra região que apresenta problemas é a região da Depressão Central da Bacia do Guaiba. Nessa área, o número de hospitais também é restrito e a relação de leitos por mil habitantes também está abaixo da média do Estado.
Para tornar mais clara as diferenças na distribuição dos leitos hospitalares dentro do Estado, foi simulado a facilidade de acesso a leitos hospitalares dentro de um raio de 200km. A simulação foi feita utilizando a medida de Acessibilidade ponderada pela quantidade de leitos/ hab. presentes em cada município. O mapa acima mostra essa simulação, onde fica evidente a maior facilidade de acesso no norte da Bacia do Rio Uruguai e boa parte da Bacia do Guaíba, e a menor facilidade de acesso na Bacia Litorânea e o sul da Bacia do Rio Uruguai.
CBMRS - 3oBBM
Bento Gonçalves, maio de 2024 Pelotas, maio de 2024
PM Bento Gonçalves







SITUAÇÃO DOS MUNICÍPIOS


Impacto das enchentes
O Estado apresentou 49,91% da população em municípios em situação de calamidade pública e 41,78% em situação de emergência no Decreto 57.646 de 30 de maio de 2024. Isto representa 91,69% da população total do Estado.
A situação observada até o presente momento é o que se pode chamar de impactos imediatos, no entanto os impactos de médio e mais longo prazo ainda não foram



IMPACTO DAS ENCHENTES
sentidos e são difíceis de serem mensurados e previstos em toda a sua extensão.
Fonte dos dados primários: Situação dos Municípios: Diário Oficial do Estado do Rio Grande do Sul, Decreto no 57.646 de 30 de maio de 2024 Pontos de bloqueio: CRBM (18/05/24) Estimativa inundação: Possantti et al (2024) e Da Silva et al (2024) / Fotografias: Bianca Ramires Soares, Christiano Piccioni Toralles, Eduarda Oliveira Pereira, Franciele Fraga Pereira, Lucio Alves, Manoela Py Sostruznik e Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves.

Christiano Piccioni Toralles
Bianca Ramires Soares
Maria Eduarda Oliveira Pereira
Manoela Py Sostruznik
Franciele Fraga Pereira
Bento Gonçalves, maio de 2024
PM Bento Gonçalves
PM Sapiranga
PM Bento Gonçalves
Manoela Py Sostruznik
Manoela Py Sostruznik
Franciele Fraga Pereira
IMPACTO NAS RODOVIAS
FEDERAIS E ESTADUAIS

IMPACTO EM PORTOS E AEROPORTOS

IMPACTO NO SISTEMA FERROVIÁRIO



Impacto das enchentes - transportes e atividades econômicas
Inundações, deslizamentos, erosões e quedas de barreira impactaram os sistemas rodoviários e ferroviários de forma significativa, notadamente na Bacia do Guaíba. Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em 14 de maio eram 46 trechos com bloqueio e, em 28 de maio, 4 trechos seguiam sem liberação. O impacto incide principalmente sobre o transporte de combustíveis, suplementos agrícolas, e o escoamento da produção de grãos.
Os portos de Pelotas e Porto Alegre foram fechados e o porto de Rio Grande funcionou com limitações do porte das embarcações. A travessia entre São José do Norte e Rio Grande também ficou sem funcionar.
O aeroporto de Porto Alegre segue fechado, sem data para retomada das atividades, e os voos foram parcialmente transferidos para outros aeroportos.
IMPACTO DAS ENCHENTES

Na escala metropolitana houve a interrupção de funcionamento do TrensUrb, e as estações de Porto Alegre não devem voltar a funcionar neste ano.
Na escala urbana grande quantidade de indústrias, comércios e serviços foram afetados diretamente pelas inundações, ou indiretamente por dificuldades de transporte de insumos e mercadorias.
Na escala rural as fortes chuvas, enchentes e deslizamentos acarretaram em perdas de lavouras e animais, além de impactos nas infraestruturas rurais.
dos dados primários:
PM Bento Gonçalves
IPUrb - PM Bento Gonçalves BlackSky, CENSIPAM

POSSÍVEL MUDANÇA NA LOCALIZAÇÃO DAS DEMANDAS

PERDA DE ACESSO AOS HOSPITAIS
COM OS BLOQUEIOS

Impacto das enchentes - mobilidade e acesso aos hospitais
O estudo exploratório aqui apresentado busca captar e simular cenários das possíveis alterações no acesso aos leitos hospitalares no Estado com os bloqueios no sistema rodoviário. A rede de cidades, com suas concentrações populacioanais, infraestruturas, atividades econômicas e sócio-funcionais, formam redes que geram hierarquias e fluxos desiguais dentro do panorama regional. Os bloqueios causaram uma drástica alteração nas possibilidades dinâmicas das rotas e, consequentemente, nas possibilidades de deslocamento para acesso aos serviços de saúde.
O sistema completo indica uma concordância entre a proximidade relativa da população, as rotas de acesso aos leitos hospitalares, e a localização geral das maiores concentrações de leitos por município. Embora com desigualdades internas relevantes, o sistema apresenta uma organização interna coordenada. As maiores concentrações de leitos hospitalares localizam-se nas regiões mais acessíveis do Estado e as principais rotas estão concentradas na Região Metropolitana de Porto Alegre e suas conexões com a Região Metropolitana da Serra Gaúcha, os municípios do Vale do Taquari em direção ao norte, a região de Santa Maria a oeste, e a região de Pelotas a sul. A simulação das rotas foi realizada com a medida de Centralidade Freeman-Krafta que descreve a probabilidade dos nós de um sistema em rede, representando aqui as áreas urbanas dos municípios e suas conexões, serem rotas preferenciais
de deslocamento. A medida foi ponderada com o número de leitos hospitalares dos municípios, indicando a localização das rotas de acesso intermunicipal aos leitos.
IMPACTO DAS ENCHENTES
Na simulação da situação que considera os bloqueios de rodovias pode ser observado uma drástica perda de capacidade de estabelecimento de rotas, representada pelas cores quentes nos nós da rede. Essas perdas estão concentradas nas rotas mais importantes, destacadas no mapa anterior. As alterações nas rotas foram computadas pela variação nos Z-scores da medida e Centralidade Freeman-Krafta antes e depois dos bloqueios. A medida de Polaridade, que descreve os munípios nesse mapa, aponta em suas cores mais claras, para os municípos onde a relação entre a população e o acesso aos leitos hospitalares foi perdida.
Na simulação da possível mudança de localização das demandas por leitos hospitalares é mostrado a acessibilidade da população dentro do Estado com os bloqueios e a posição das concentrações de leitos hospitalares. Baseado nas novas localizações de maior facilidade de acesso e na concentração de leitos, é apontado os possíveis municípios que terão demandas maiores que as habituais.

RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS





Resíduos Sólidos da Construção Civil (RCC)
Segundo a definição da o CONAMA n° 307/2002, os RCC são provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil. Incluem resíduos de escavação de terrenos, tijolos, blocos cerâmicos, concreto, metais, resinas, colas, tintas, madeiras, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica, etc. São classificados em quatro classes: Classe A - Resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados; Classe B - Resíduos recicláveis para outras destinações, tais como plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras etc.; Classe C - Resíduos sem previsão de reciclagem e recuperação; Classe DResíduos perigosos, tais como tintas, solventes, óleos e outros. Os aterros de RCC e de inertes são os locais de disposição final dos resíduos classe A.
As unidades de destinação final licenciadas pela FEPAM e SMAM (2014) concentra-se predominantemente na Bacia do Guaíba, e estão quase na totalidade situados em municípios que abrangem as nascentes dos rios que compõem a bacia ou, na foz da bacia.
Os entulhos gerados pelos eventos climáticos podem chegar a 46,7 milhões de toneladas somente de resíduos de construção civil, segundo estudo do IPH/ UFRGS (GZH de 22 de maio de 2024), onde fica claro que a capacidade dos aterros existentes é insuficiente.
Resíduos Sólidos Industriais (RSI)
Resíduos gerados nos processos produtivos e instalações industriais, inclui grande quantidade de material perigoso, que necessita de tratamento especial devido ao seu alto potencial de impacto ambiental e à saúde.
A localização das unidades de destinação final dos RSI com Licença de Operação vigente (FEPAM, 2014) se concentra na Bacia do Guaíba, boa parte em municípios que sofreram com as inundações e/ou deslizamentos de terras.
Devido ao aumento de resíduos das indústrias atingidas pelas enchentes a FEPAM emitiu a Portaria nº 430 de 23 de maio de 2024, que orienta sobre a disposição final de Resíduos Sólidos Industriais Classe II A (resíduos não perigosos e não inertes). Indica que esses deverão ser recolhidos e destinados a locais ambientalmente adequados. O armazenamento temporário emergencial deverá seguir uma série de critérios, como estar fora das Áreas de Preservação Permanentes, de áreas com recursos hídricos ou potencialmente alagáveis, assim como garantir condições adequadas de acesso para remoção futura.
IMPACTO DAS ENCHENTES
Franciele Fraga Pereira Manoela Py Sostruznik
Franciele Fraga Pereira
Manoela Py Sostruznik
Eldorado do Sul, 05 de junho de 2024
Porto Alegre, Cidade Baixa, maio de 2024 Eldorado
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ATERROS COMPARTILHADOS

RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

Resíduos Sólidos Urbanos (RSU)
Abrangem os resíduos domésticos e aqueles com características similares gerados pelo comércio e pela indústria. Também incluem os resíduos provenientes da limpeza pública e resíduos volumosos (animais mortos, resíduos de capina/poda e de construção civil gerado por particulares). São coletados através da coleta regular domiciliar, coleta seletiva ou Pontos de Entrega Voluntária.
De acordo com a FEPAM (2014), 80% dos municípios gaúchos realizam a disposição final de RSU de maneira adequada (em aterros sanitários), o que corresponde a 83,6% dos resíduos gerados pela população gaúcha. Na disposição final dos RSU existem unidades “adequadas” (unidades que operam como aterro sanitário) e “inadequadas” (unidades que operam como aterros controlados ou lixões). Destaca-se que algumas unidades são compartilhadas por mais de um município, por meio de Consórcios Públicos, empresas privadas, entre outras iniciativas.
Parte dos resíduos resultantes das enchentes deve ter como destino final os aterros sanitários de RSU, ampliando o volume de resíduos nos aterros das Bacias do Guaíba e Litorânea.
Outro fator que merece destaque é a localização de aterros sanitários compartilhados em Municípios atingidos pelas enchentes na Bacia do Guaíba e em situação de calamidade pública.
Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde (RSS)
São gerados por serviços de atendimento à saúde humana ou animal. Depois de coletados, os resíduos são encaminhados até unidades de tratamento conforme o grupo de sua classificação. No estado do Rio Grande do Sul são licenciados dois tipos de tratamento de RSS: autoclavação e incineração. A disposição final dos RSS, após o tratamento adequado, está organizada em aterros. As valas de aterro classificadas como especial ficam limitadas à disposição de peças anatômicas e carcaças de animais, como ocorre em Santa Maria.
Observa-se que essas unidades de disposição final localizam-se predominantemente na Região Metropolitana de Porto Alegre, evidenciando os grandes percursos que os RSS percorrem desde sua geração, passando pelo seu tratamento e disposição final (RS, 2014).
Acrescenta-se que os municípios onde estão situados tais aterros, encontram-se na foz da região hidrográfica da bacia do Guaíba, e atualmente apenas Estância Velha não encontra-se em estado de calamidade pública ou em situação de emergência de acordo com o Decreto Nº 57.646, de 30 de maio de 2024.
Fonte dos dados primários: Resíduos sólidos urbanos: MMA (2016) / Resíduos sólidos de serviços de saúde: PERS/FEPAM/RS (2014) Estimativa inundação: Possantti et al (2024) e Da Silva et al. (2024) / Fotografias: Manoela Py Sostruznik e Franciele Fraga Pereira.
IMPACTO DAS ENCHENTES
OCUPAÇÃO JUNTO AOS RIOS POR SETOR DA BACIA DO GUAÍBA










Ocupação junto aos rios da Bacia do Guaíba
O alto curso dos principais rios está localizado em áreas de planalto ao norte e centro-sul do estado. As imagens de satélite mostram neste setor o uso intensivo do solo voltado para a agricultura (Jacuí, Taquari e Antas), e misto de agricultura e pecuária (Vacacaí). Predomina no setor a proteção aos recursos hídricos por faixa muito estreita de vegetação, independentemente da largura do rio. Nos afluentes do Jacuí, Taquari e Antas a faixa de vegetação, medida pela projeção das copas, está entre 10 a 20m em cada lado dos cursos d’água e de 20 a 50m para o Vacacaí. Exceções ocorrem pontualmente, e são mais frequentes em encostas íngremes junto aos rios.
O médio curso é caracterizado por uma topografia de maior declividade para o Jacuí, Taquari e Antas, e de encaixe na depressão central para o rio Vacacaí. As imagens de satélite indicam maior presença de vegetação de grande porte, tanto de remanescentes naturais, quanto de florestas plantadas. Porém, o relatório da FEPAM (2014) indica a região como a de maior perda em formação florestal no período de 2010-2015 em todo o estado do RS. Embora os principais rios apresentem larguras dos leitos em média de 150 a 200m, as faixas de vegetação nas margens normalmente são de 10 a 15m. Nos rios Jacuí, Taquai, Antas, e afluentes, apenas pontualmente essa faixa ultrapassa os 40m. No rio Vacacaí a situação é diversificada e tanto apresenta áreas com situações similares aos rios citados, quanto apresenta locais onde a margem vegetada apresenta larguras de 200 a 800m. As situações de maior largura da vegetação estão associadas a áreas de inundação frequente.
O baixo curso da Bacia é caracterizado por uma topografia mais plana e uma intensa ocupação urbana junto aos cursos d’água. As imagens de satélite mostram situações diversificadas de faixas de vegetação junto aos cursos d’água, evidenciam a ocupação das margens por áreas urbanizadas, e indicam a alteração das áreas de várzea tanto por impermeabilização com a urbanização, quanto alteração topográfica por infraestruturas de transporte e por atividades agrícolas.
Fonte dos dados primários: Imagens de satélite: Google Earth Pro, junho de 2024.

GUAÍBA
Afluentes do Rio Jacuaí em Fortaleza dos Valos
Afluentes do Rio Vacacaí em Santa Maria
Afluentes do Rio da Antas em Ibiraiaras
Rio Taquari em Roca Sales Rio Taquari em Estrela e Lajeado
Afluentes do Rio Jacuí em Caçapava do Sul
Rio Jacuí em Eldorado do Sul Rio Taquari e Rio Jacuí em Charqueadas e Triunfo Rio dos Sinos em Canoas
Lago Guaíba em Guaíba
Lago Guaíba em Porto Alegre e Eldorado do Sul


Características de ocupação - Bacia do Guaíba
O alto curso dos principais rios da Bacia do Guaíba é caracterizado por municípios dedicados a atividades agrícolas vinculadas principalmente a produção de cereais e pecuária diversificada. Na região do alto Jacuí predomina a agricultura de cereais, enquanto no Vacacaí, Taquari e Antas as lavouras são mais diversificadas e dividem o espaço com pastagens e outros arranjos produtivos rurais. Nesta região as cidades são, em geral, de pequeno porte e poucas encontram-se localizadas junto aos principais cursos d’água.
As características de ocupação no alto curso apresentam implicações para o funcionamento da bacia. Para os períodos de chuvas intensas, a estreita faixa de vegetação junto aos cursos d’água, a reduzida presença de áreas de vegetação de médio e grande porte, associadas ao uso intensivo agrícola, acarretam num escoamento superficial das águas com maior velocidade, e uma menor infiltração para o subsolo. Os municípios desta região sentem menos os impactos das chuvas, mas influenciam fortemente o que ocorre no médio e baixo curso da bacia.
O médio curso da bacia apresenta municípios com uma agricultura voltada a produções diversificadas de nãocereais e lavouras permanentes, com forte incidência de propriedades classificadas como de agricultura familiar. A região tem uma densidade populacional acima da média do estado e um significativo número de cidades localizadas
junto aos principais cursos d’água. Parte delas também se caracterizam por ter uma população maior, e uma economia urbana mais significativa e diversificada.
A topografia mais acidentada junto aos rios Jacuí, Taquari e Antas, associada a ocupação das partes altas da topografia e a faixa estreita de proteção vegetal junto aos cursos d’água, ajudam a aumentar velocidade de escoamento das águas superficiais, o que favorece os eventos de alagamentos rápidos nas áreas urbanizadas junto aos rios, além de aumentar a probabilidade de deslizamentos de terra. Por outro lado, a Depressão Central associada ao rio Vacacaí, favorece o espraiamento das águas neste setor da Bacia. Esta é a parte da Bacia onde compareceu o maior impacto no sistema de transporte rodoviário e ferroviário, assim como um grande número de municípios decretados como em situação de calamidade pública.
O baixo curso da Bacia é a região de maior densidade populacional do estado. Apresenta atividades rurais diversificadas, uma maior concentração de atividades industriais, além de uma intensa ocupação urbana junto aos cursos d’água. Esta é a parte da Bacia onde as águas deveriam se espraiar, no entanto, encontram grandes áreas impermeabilizadas por cidades. Na região os impactos foram sentidos em inundações nas áreas urbanas e rurais, e impedimentos no funcionamento dos sistemas de transporte rodoviário, ferroviário, hidroviário e aeroviário.

GUAÍBA
CARACTERÍSTICAS DE OCUPAÇÃO URBANA

Fonte dos dados
primários: Recobrimento do solo: provavelmente 2017, sem fonte conhecida. Áreas urbanizadas: disciplina de Planejamento Regional FAUrb/ UFPel, 2018 a 2019 / VAB urbano: disciplina de Planejamento Regional FAUrb/UFPel, com base em dados FEE (2014) / Rodovias federais e estaduais: DNIT e DAER / Pontos de bloqueio: CRBM (18/05/24) / Ferrovias: ANTT / Hidrografia: SEMA e MMA / Curvas de nível: IBGE (2010) Estimativa inundação: Possantti et al (2024) e Da Silva et al. (2024) / Fotografias: IPUrb/Bento Gonçalves
IPUrb - PM Bento Gonçalves
IPUrb - PM Bento Gonçalves Bento Gonçalves, maio de 2024
Bento Gonçalves, maio de 2024








ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUNICIPAL

Características da População
Observando alguns mapas que caracterizam a população em termos de idade, renda e ocupação percebe-se algumas diferenças importantes entre os municípios, que podem indicar suas fragilidades, influenciando na sua capacidade de recuperação frente à catástrofe.
Na Bacia do Guaíba há maior porcentagem de crianças em vulnerabilidade em um pequeno grupo de municípios concentrados entre o Rio Jacuí e o Rio Taquari. Os mesmos municípios, e outros ao seu redor, também apresentam a maior porcentagem de domicílios com renda per capita menor do que ¼ de salário mínimo. Todos estes municípios estão em situação de emergência, e alguns em situação de calamidade pública.
Os municípios que apresentam maior porcentagem de população com 60 anos ou mais estão localizados principalmente no médio curso do rio Taquari e Antas, região com muitos municípios em situação de calamidade pública.
A região do médio e baixo curso do rio Jacuí, fortemente atingido pelas enchentes, é caracterizada pela grande concentração de municípios com a maior porcentagem de população não ocupada, associada a níveis altos de população com renda per capita menor do que ¼ de salário mínimo. Grande parte destes municípios encontram-se em estado de calamidade pública.
As características da população indicam a necessidade de preocupações e medidas para auxiliar na recuperação de modo particular em cada setor da bacia.
DO GUAÍBA
Manoela Py Sostruznik
Manoela Py Sostruznik
Manoela Py Sostruznik
Manoela Py Sostruznik
REDUÇÃO NA FACILIDADE DE ACESSO A LEITOS HOSPITALARES NUM RAIO




Indicadores para o planejamento regional
Para compreender melhor a realidade socioeconômica dos municípios, assim como as mudanças no acesso aos leitos hospitalares, foi desenvolvido um estudo simplificado de indicadores que podem ser úteis ao planejamento. O objetivo é mostrar como os dados combinados podem servir de base para a tomada de decisão em termos de prioridade de ações no planejamento regional.
O primeiro indicador é referente à redução na facilidade de acesso aos leitos hospitalares para as populações de maior demanda por cuidados na saúde com os bloqueios nas rodovias causados pelas inundações e deslizamentos de solos. A simulação considera, inclusive, os leitos hospitalares localizados fora da Bacia do Guaíba. A situação antes dos bloqueios mostra uma relação adequada entre a concentração de populações com menos de 5 e mais de 60 anos e facilidade de acesso a leitos hospitalares localizados até 200km de distância. Já a situação com os bloqueios indica uma redução geral na facilidade de acesso aos leitos hospitalares, e uma maior dificuldade de atendimento às populações localizadas na sub-bacia do Taquari e Antas. A porcentagem de população com menos de 5 e mais de 60 anos também é um indicador de onde medidas de assistência social e apoio a grupos sociais com maiores dificuldades (famílias com crianças pequenas e idosos) podem ser requeridas para auxiliar a população em situações de remoção e de atendimento em abrigos.
O segundo indicador mostra a concentração de populações com falta de renda e de emprego. Serve para indicar municípios onde, num primeiro momento o auxílio econômico e, num segundo momento a questão de oportunidades de emprego e renda serão fundamentais para a população, e podem auxiliar na

POPULAÇÃO EM VULNERABILIDADE
mais pronta recuperação do município. Para compor o indicador foram utilizadas as variáveis com valores em porcentagem de: domicílios com renda per capita até R$ 70,00 (peso 3); domicílios com renda per capita entre R$ 70,00 e ¼ de salário mínimo (peso 2); domicílios com renda per capita entre ¼ e ½ salário mínimo (peso 1) e população não ocupada (peso 1). O indicador utiliza os valores de Z-score para as variáveis consideradas em vez dos valores brutos. Isto significa que os valores estão contextualizados para a realidade presente da Bacia do Guaíba. Adicionalmente foi atribuído um peso adicional aos municípios que estão em estado de calamidade pública (peso 3) e aos municípios em situação de emergência (peso 2).
O resultado mostra que, na Bacia do Guaíba, as situações mais graves aparecem numa concentração de municípios entre os rios Jacuí e Taquari, se estendendo pelo médio e baixo curso do rio Jacuí e alto curso do rio das Antas.
O terceiro indicador busca identificar situações de maior concentração de populações em vulnerabilidade social. O indicador utiliza os valores Z-score das variáveis: porcentagem de domicílios com renda per capita até R$ 70,00; porcentagem de crianças em vulnerabilidade; porcentagem de população não ocupada e IDHM. Também foram atribuídos os pesos 2 e 3, respectivamente, aos municípios em situação de emergência e aos municípios em estado de calamidade pública.
O resultado para a Bacia do Guaíba identifica os mesmos municípios que aparecem em situação mais grave no segundo indicador, servindo para reforçar o diagnóstico de fragilidade econômica e social de algumas áreas e a definição de prioridade em relação às demandas.

Fonte dos dados primários:
Maria Eduarda Oliveira Pereira
PM Sapiranga
AOS RIOS POR SETOR DA BACIA LITORÂNEA














Ocupação junto aos rios da Bacia Litorânea
O alto curso dos principais rios da Bacia Litorânea encontram-se na metade sul do Estado, no Planalto Sul Rio-grandense, onde aparecem grande quantidade de afloramentos rochosos e vegetação típica do Bioma Pampa. Nesta região os cursos d’água se caracterizam por apresentar áreas de proteção vegetada de dimensões bastante variadas, com o predomínio de larguras de 20 a 80m, medido pela copa da vegetação.
No médio curso da Bacia Litorânea, ainda no Planalto Sul Rio-grandense, os afloramentos rochosos são menos frequentes, e aparece uma ocupação maior de áreas destinadas a uma agricultura diversificada. Neste setor, as faixas de proteção vegetada passam a apresentar maior variação, e torna-se comum nos afluentes menores larguras de 10 a 30m. Nos cursos principais, o predomínio é de larguras de 20 a 100m, embora apareçam inúmeros trechos desprovidos de vegetação.
O baixo curso da bacia é caracterizado por uma topografia mais plana, e pela presença de lagos, lagoas e lagunas de variados tamanhos, em toda a sua extensão junto ao litoral. Também é constante a presença de áreas arenosas e dunas junto ao sistema lagunar, assim como áreas de banhado e campos inundáveis. A presença de proteção vegetal junto aos rios neste setor da bacia tende a ser mais estreita ao norte, enquanto no sul as larguras predominantes são de 60 a 100m nos cursos menores, e acima de 150m nos cursos d’água maiores. Em todo o sistema lagunar a presença de vegetação arbórea nas margens é descontínua e com larguras muito variáveis, não sendo incomum as lavouras e silvicultura se encostarem nas áreas arenosas ou de banhado que contornam os corpos d’água.
Fonte dos dados primários: Imagens de satélite: Google Earth Pro, junho de 2024.



Lagoa
Tapes Lagoa Mirim
Santa Vitória do Palmar e Jaguarão Lagoa dos Patos em Rio Grande
Lago Itapeva e Rio Três Forquilhas em Terra de Areia
Lagoa dos Patos em Mostardas e Tavares Canal São Gonçalo em Santa Isabel do Sul Canal São Gonçalo em Pelotas e Rio Grande
Rio Piratini e afluentes em Piratini e Canguçu Arroio Grande em Canguçu
Rio Camaquã e afluentes em Amaral Ferrador
Rio Camaquã em São Lourenço e Camaquã Arroio Grande, Lagoa Pequena e Lagoa dos Patos em PelotasRio Piratini e Canal São Gonçalo em Capão do Leão
Afluentes do Rio Piratini em Piratini
Afluentes do Rio Camaquã em Lavras do Sul Afluentes do Arroio Velhaco em Sentinela do Sul
CARACTERÍSTICAS DE OCUPAÇÃO RURAL

Características de
ocupação
- Bacia Litorânea
A Bacia Litorânea está majoritariamente inserida no Bioma Pampa, apresentando como características naturais a predominância de formações vegetais de savana e estepe, com formações pioneiras e de áreas úmidas na faixa litorânea.
A região do alto curso dos principais rios da bacia é caracterizada por municípios de média a grandes extensões, e baixíssima densidade populacional (< 19 hab/km2). A ocupação rural mescla pastagens e lavouras, e as áreas com pastagens naturais ainda são relativamente frequentes. A pecuária de animais de pastoreio de grande e médio porte é uma atividade recorrente. Os municípios apresentam uma porcentagem de população rural acima da média do Estado, e economias urbanas relativamente modestas.
O médio curso da Bacia Litorânea também apresenta baixa densidade populacional e porcentagem de população rural acima da média estadual. A ocupação rural apresenta maior incidência de lavouras diversificadas e menor área de pastagens naturais. As cidades são de pequeno porte e com atividades econômicas modestas.
O baixo curso da bacia apresenta características de ocupação diversificadas. As atividades rurais incluem



CARACTERÍSTICAS DE OCUPAÇÃO URBANA
lavouras, pastagens e silvicultura extensiva. Os municípios se caracterizam por apresentarem, em sua maioria, alta taxa de urbanização (>83%), densidades populacionais de médias a baixas (<44 hab/km 2), e áreas urbanas localizadas junto aos cursos d’água. As maiores economias urbanas da Bacia estão localizadas nesta região.
O sistema lagunar da Bacia Litorânea recebe todas as águas advindas da Bacia do Guaíba e, com isso, também sofre os impactos do excesso de chuvas e modos de ocupação presentes no território dessa bacia. Ao mesmo tempo, a Bacia Litorânea influencia na duração e intensidade das inundações sentidas na Bacia do Guaíba. Nos eventos de excesso de chuvas na Bacia do Guaíba, as áreas mais afetadas na Bacia Litorânea são aquelas junto à Lagoa dos Patos.
Fonte dos dados primários:
Recobrimento do solo: provavelmente 2017, sem fonte conhecida / Áreas urbanizadas: disciplina de Planejamento Regional FAUrb/UFPel, 2018 e 2019 / VAB urbano: disciplina de Planejamento Regional FAUrb/UFPel, com base em dados FEE (2014) / Rodovias federais e estaduais: DNIT e DAER / Pontos de bloqueio: CRBM (18/05/24) / Ferrovias: ANTT / Hidrografia: SEMA e MMA / Curvas de nível: IBGE (2010) / Estimativa inundação: Possantti et al. (2024) e Da Silva et al. (2024) / Fotografias: Bianca Soares Ramires, Christiano Piccioni Toralles e Lucio Alves.

Christiano Piccioni Toralles Bianca Ramires Soares
Lucio Alves Rio Grande, maio de 2024
Marambaia, 26 de maio de 2024
São Lourenço do Sul, 30 de maio de 2024
% CRIANÇAS EM VUNERABILIDADE% POPULAÇÃO COM 60 ANOS OU MAIS








Características da População
As características da população na Bacia Litorânea são similares em valores aos observados na Bacia do Guaíba, entretanto, aqui a proporção dos municípios com fragilidades é maior, abrangendo boa parte da área delimitada por esta bacia hidrográfica.
Os municípios com maior porcentagem de crianças em vulnerabilidade estão no curso médio dos principais rios, em uma faixa adjacente aos municípios que foram afetados pela cheia da Lagoa dos Patos.
A maior porcentagem de população com 60 anos ou mais está mais presente nos municípios junto ao sistema lagunar e em todo o curso dos rios Camaquã e Piratini.
A incidência de maior porcentagem de domicílios com renda per capita menor do que ¼ de salário mínimo coincide, em grande parte, com a região de maior porcentagem de crianças em vulnerabilidade, maior porcentagem de idosos e menor IDH. Esta região mais ao sul da bacia tem seus municípios todos decretados como em situação de emergência.
Metade dos municípios em situação de calamidade pública apresentam as maiores porcentagens de população com 60 anos ou mais, os menores IDH, além de taxas altas de população não ocupada.
BACIA LITORÂNEA
Fonte dos dados primários: Dados demográficos: IBGE, Censo 2010 Estimativa inundação: Possantti et al. (2024) e Da Silva et al. (2024) / Fotografias: Henrique dos Santos Ferreira, Pelotas, 02 de junho de 2024; Christiano Piccioni Toralles, Rio Grande, maio de 2024
Henrique dos Santos Ferreira
Christiano Piccioni Toralles Christiano Piccioni Toralles




Indicadores para o planejamento regional
A realidade socioeconômica dos municípios, assim como as mudanças no acesso aos leitos hospitalares, na Bacia Litorânea também foi avaliada com o estudo simplificado de indicadores que podem ser úteis ao planejamento. Embora os problemas que ocorrem nesta Bacia, advindos do excesso de chuvas na Bacia do Guaíba, sejam mais sentidos nos municípios contíguos à Lagoa dos Patos, também esta Bacia requer uma análise dos dados combinados para servir de base para a tomada de decisão em termos de prioridade de ações no planejamento regional.
O indicador de facilidade de acesso das populações com menos de 5 e mais de 60 anos de idade aos leitos hospitalares num raio de até 200km mostra que estas populações estão concentradas em maior porcentagem no litoral norte e na sub-bacia do Rio Piratini. Também indica que o acesso a leitos hospitalares é significativamente menor do que na Bacia do Guaíba, mesmo em momentos de normalidade. Contribuem para esse fato a menor disponibilidade de leitos e a distância maior para se alcançar um hospital. Considerando a perda de mobilidade da população com os bloqueios ocorridos na Bacia do Guaíba, as regiões mais afetadas na Bacia Litorânea são aquelas mais próximas ao Lago Guaíba. Cabe ressaltar que em outros períodos de excesso de chuvas no Estado, bloqueios nas sub-bacias Mirim e São Gonçalo e do Rio Camaquã não são incomuns, o que traria um agravamento para o acesso hospitalar. Esta situação não foi simulada no estudo aqui apresentado.
O indicador de concentração de populações com falta de renda e emprego composto pelas variáveis, com valores dos Z-scores da porcentagem, de: domicílios com renda

POPULAÇÃO EM VULNERABILIDADE
per capita até R$ 70,00 (peso 3); domicílios com renda per capita entre R$ 70,00 e ¼ de salário mínimo (peso 2); domicílios com renda per capita entre ¼ e ½ salário mínimo (peso 1) e população não ocupada (peso 1). Também foram atribuídos os pesos 2 e 3, respectivamente, aos municípios em situação de emergência e aos municípios em estado de calamidade pública. Portanto, os dados estão contextualizados para a realidade dentro da Bacia Litorânea.
Esse indicador mostra uma situação mais homogênea do que a detectada para a Bacia do Guaíba, entretanto a condição geral da Bacia Litorânea é significativamente mais preocupante. Na Bacia Litorânea 60% dos municípios apresentam mais de 30% da população com rendimentos inferiores a ½ salário mínimo, e 67% dos municípios apresentam mais de 40% da população não ocupada. Também é possível apontar que as sub-bacias Camaquã e a Lagoa Mirim e Canal São Gonçalo, em seus altos e médios cursos, como a região onde estão os municípios em pior situação dentro da Bacia.
O indicador de população em vulnerabilidade utiliza os valores Z-score das variáveis: porcentagem de domicílios com renda per capita até R$ 70,00; porcentagem de crianças em vulnerabilidade; porcentagem de população não ocupada e IDHM.
Para o indicador de população em vulnerabilidade, novamente a situação é mais homogênea e mais intensa do que na Bacia do Guaíba, e os municípios com maiores problemas estão nas sub-bacias Camaquã e da Lagoa Mirim e Canal São Gonçalo.

Fonte dos dados primários: Dados demográficos: IBGE, Censo

AGRADECIMENTOS:
Agradecemos à Bárbara Maria Giaccom Ribeiro pelo auxílio com os dados, e à Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves, ao Instituto de Planejamento Urbano de Bento Gonçalves (IPUrb), à Prefeitura Municipal de Sapiranga, ao Corpo de Bombeiros Militar RS - 3o BBM, à Maria Eduarda Oliveira Pereira, ao Henrique dos Santos Ferreira e ao Lucio Alves pela cedência de material fotográfico.
COLABORADORES:
Christiano Piccioni Torralles, Daniel Trindade Paim, Franciele Fraga Pereira, Isabela Reis Ribeiro e Manoela Py Sostruznik.
Fotografia: Manoela Py Sostruznik, Porto Alegre, maio de 2024
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E BASE DE DADOS:
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BRASIL. Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico - ANA. Disponível em: https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiZTRjZDlmYjgtNzAzMS00ZTFmLTlmZDAtNzEwNjM0MDU0NTJhIiwidCI6ImUwYmI0MDEyLTgxMGItNDY5YS04YjRkLTY2N2ZjZDFiYWY4OCJ9 Acesso em: maio 2024.
Levantamento in loco de São Lourenço do Sul por Bianca Soares Ramires.
Prefeitura Municipal de Pelotas: https://pelotas.rs.gov.br/
Prefeitura Municipal de Rio Grande: https://www.riogrande.rs.gov.br/
TIDESAT Estações. Disponível em: https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiZmNkNzVmYTktMTc5NC00YTQwLThkOGEtNjdjYWZkNzNkODI1IiwidCI6IjI2ZTFjYjlkLWZkMmQtNDdkNi1iMjdmLWI0MzAyZWZhNTc1NiJ9 Acesso em: jun. 2024.