Casa Abrigo para Mulheres: Ecofeminismo na Arquitetura

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R E V I S T A 0 1 I E S T U D O S P R E P A R A T O R I O S D E C O N C L U S Ã O D E C U R S O I A R Q U I T E T U R A E U R B A N I S M O I P U C M I N A S ana clara dutra guimarães
CASA ABRIGO PARA MULHERES: ECOFEMINISMO NA ARQUITETURA

Casa Abrigo para mulheres: Ecofeminismo na arquitetura Revitalização do Edifício Cássio Pinto

Professor (a): Marina Ferreira Borges

Clara Dutra Guimarães
Ana
Horizonte 2023
Belo

“As atividades industriais dominantes se tornam todas possíveis graças à noção de que os humanos são superiores ao resto das entidades da natureza. Obviamente, dentro da estrutura social humana, também existem hierarquias [ ] Nós, mulheres, queers, negras, pardas e indígenas, somos as que mais sofremos os efeitos do patriarcado e da exploração natural e do extrativismo São precisamente nossos corpos naturais – de mulheres, peixes, árvores, florestas, rios – que precisam ser explorados e desapropriados. Essa é a função central da estrutura ”

Carolina Caycedo

resumo

Em nosso mundo ocidental moderno, as mudanças climáticas e a desigualdade estão desafiando nosso contexto urbano Este projeto introduz o cuidado como um valor central no desenvolvimento do nosso ambiente urbano O projeto contribuirá para expandir a percepção do cuidado não apenas para cuidar do espaço, mas também cuidar dos grupos marginalizados da sociedade, especificamente das mulheres, cuidar do clima e dos recursos limitados. O projeto visa repensar o que é considerado valioso no planejamento urbano, levando em consideração esses conceitos ao planejar. Trazendo uma discussão

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lista de figuras

Figura 01 ....................................................11 Figura 02 12 Figura 03 12 Figura 04 13 Figura 05....................................................14 Figura 06....................................................14 Figura 07....................................................15 Figura 08....................................................15 Figura 09 16 Figura 10 16 Figura 11....................................................17 Figura 12....................................................17 Figura 13....................................................18 Figura 14....................................................18 Figura 15 19 Figura 16 20 Figura 17 21 Figura 18....................................................22 Figura 19....................................................23 Figura 20....................................................24 Figura 21....................................................25 Figura 22 25 Figura 23 25
sumário Introdução .................................................................................................. 01 Justificativa ............................................................................................... 03 Ecofeminismo ........................................................................................... 05 Metodologia ............................................................................................. 08 Edifício Cassio Pinto .................................................................................. 11 Estudos de Caso ....................................................................................... 24 Referências ............................................................................................... 33
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O projeto parte da economia feminista – uma crítica à forma como nossa sociedade moderna considera o valor exclusivamente em um contexto monetário – e sugere um sistema de valor alternativo baseado no cuidado O projeto busca refletir o conceito de cuidado como uma caixa de ferramentas no desenvolvimento da arquitetura, assim busca relacionar aos cuidados físicos e envolvimento do cidadão no processo projetual, igualdade de gênero em relação aos cuidados sociais e ao ecofeminismo, preservação e reutilização adaptativa de espaços ociosos

Assim, propõe-se uma casa abrigo para mulheres, desenvolvendo uma estratégia em um edifício vago para um espaço feminista e de cuidado para as mulheres no centro de Belo Horizonte Investigando como os espaços podem ser reaproveitados e como isso pode ser feito com o cuidado não só do meio físico, mas também do meio social.

No capítulo Toward a Feminist Theory of Caring publicado no livro Circles of Care em 1990, a teórica política Joan Tronto e a educadora feminista Berenice Fisher dão a definição; “Cuidar é uma atividade da espécie que inclui tudo o que fazemos para manter, continuar e consertar nosso mundo para que possamos viver nele da melhor maneira possível Esse mundo inclui nossos corpos, nós mesmos e nosso ambiente, todos os quais procuramos entrelaçar em uma teia complexa e sustentadora da vida”.

Essa forma de entender o cuidado dá uma perspectiva holística ao termo, possibilitando analisar a presença ou falta de cuidado em múltiplos aspectos da sociedade, como no mundo social, ambiental, estrutural e físico.

Para a criação do espaço abrigo para mulheres esse projeto explora as implicações sociais e espaciais da reprogramação de edifícios vagos em novos espaços e usos. Isso é feito com cuidado pelo clima, pelos recursos limitados e pelos grupos marginalizados da sociedade, que muitas vezes são deixados de fora do planejamento urbano moderno. Buscando o ‘cuidado’ como ferramenta para repensar o que é considerado valioso na arquitetura.

Na era do Antropoceno, o campo da arquitetura necessita ser capaz de pensar e agir entre as faces sociais, ambientais, econômicas e políticas que criamos e perpetuamos. No mundo ocidental moderno, o consumo excessivo e o capitalismo moldam nosso ambiente urbano. Com a rápida mudança climática e a falta de inclusão

empurrando as pessoas vulneráveis para fora de nossas cidades, é hora de uma contra-resposta à forma como a sociedade e o ambiente construído estão estruturados hoje

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justificativa

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Para que como arquitetos podemos reivindicar o cuidado como um valor central no ambiente urbano em nossas cidades, temos que desenvolver um método para entender os diferentes conceitos de cuidado e relacioná-los com abordagens arquitetônicas. Analisando como o cuidado pode ser entendido como aspectos físicos e sociais implementando o cuidado em questões ambientais e inclusivas.

A cadeia produtiva da construção civil é um das que mais consome recursos naturais e nesse sentido, temos que buscar em nossos espaços urbanos representam uma fonte na prática de uma arquitetura atenta com seu tempo, entendendo como uma ferramenta possível e alternativa para alcançar outros modelos de gestão de espaço construído em harmonia com o planeta.

Definitivamente, há uma mudança na posição do arquiteto, onde estamos tentando olhar para os projetos de transformação e ver como podemos usar o que já está aqui ao invés de construir o novo, devido ao impacto ambiental da construção de novos edifícios

Na continuidade do termo cuidar pela preservação, surgem estratégias que focam na transformação de edifícios que não estão cumprindo seus valores de uso, social e de preservação do patrimônio arquitetônico e seu significado cultural e histórico. Isso pode ser relacionado como uma forma de sustentabilidade e de cuidar do meio ambiente com recursos de construção limitados, usando materiais já existentes e usando esses recursos em vez de construir um novo

Reciclar prédios para novos usos economiza o impacto ambiental, desde a fabricação de materiais até a liberação de carbono Segundo o professor de arquitetura na UFMG, Wellington Calçado afirma “ Somente a indústria de cimento emite, anualmente [..] 5% de todo CO2 decorrente das atividades humanas. [..] o macrossetor da construção civil mundial ainda contribui, anualmente, na contínua renovação das construções e dos edifícios, além do mau aproveitamento dos materiais e da falta de reciclagem do descarte nos canteiros, com 25% de todo o lixo produzido sobre a Terra ”

Como se não bastasse, a nossa economia atual torna o sistema de demolir e fazer novos investimentos rentável em vez de preservar os edifícios já existentes, desde a especulação imobiliária à altos custos de manutenção em patrimônios materiais, dessa forma, os valores econômicos tendem a fazer mais peso do que os ambientais. Formando uma abordagem com pouca consideração pelas comunidades locais ou pelo meio ambiente em escala local e nacional Em vez disso, há uma prioridade para ganhos econômicos e políticos e a arquitetura se torna uma ferramenta para essa estigmatização

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ecofeminismo

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A escola de economia feminista é uma crítica da maneira como nossa sociedade moderna considera o valor exclusivamente em um contexto capitalista

Em seu Ecofeminismo em 1993, a ativista Vandana Shiva reflete sobre a relação da ideia de gênero com a natureza, reconhecendo que os seres humanos são parte da natureza, e não algo separado dela.

O ecofeminismo age pela noção de interconexão através da vida, a natureza e as mulheres são seres vivos e autônomos, explorados pelo poder masculino. Invisíveis aos olhos do patriarcado capitalista pelo efeito do colonialismo, a criatividade da natureza e das mulheres são os principais alicerces dos sistemas de conhecimento e econômico Esse patriarcado capitalista, segundo Shiva, considera que a natureza é matéria inerte e as mulheres seres passivos Esse sistema formou um antropocentrismo baseado na separação dos seres humanos e na natureza, e na própria superioridade destes sobre outras espécies, para justificar o domínio, manipulação e exploração contra o meio ambiente e a contra a mulher.

Este projeto não visa apenas politizar o espaço habitacional e de apoio e ter em contras as “necessidades femininas” em seu planejamentodesde plantas flexíveis, espaços de trabalho doméstico compartilhados e apoio a comunidademas também ao nível de participação e envolvimentos das mulheres no planejamento, concentrando na necessidade de criar espaços puramentes femininos. Abrindo espaços de proteção, ação para as mulheres na sociedade patriarcal e networking, oferecendo as mulheres, um ambiente para o desenvolvimento feminista contemporâneo.

A prática de espaços feministas se moldou durante os anos, por um lado, no contexto do debate pós-estruturalista na década de 1990, não apenas o conceito de gênero se tornou mais diferente para além da lógica binária e hoje clama por uma compreensão de gênero e subjetivação política Por outro lado, há necessidades e aspirações que antes eram ausente, e só se tornaram visíveis nos últimos anos. Pelo fato do discurso do planejamento feminista no movimento de mulheres surgiu de uma critica ao poder, mas hoje reduziu ao aspecto da injustiça de gênero.

Conseguimos enxergar esses pontos na produção de conhecimento interseccional e da cultura de lembrança na arquitetura, referindo a interdependência de diferentes formas de opressão social, além da injustiça de gênero e sexismo, incluem radicalização ou racismo e discriminação com base na produção arquitetônica.

A política do espaço deve ser entendida em relação às questões do trabalho e a organização do trabalho reprodutivo Para que a construção seja não para preservar sistemas de injustiça, mas sim de configurar o trabalho de cuidado de outra maneira para contribuir a manter a habilidade na nossa sociedade e estabelecer padrões contra a discriminação de gênero, raça e classe com o design contemporâneo e o ativismo para a ruptura da divisão de gênero e social dentro dos espaços produzidos

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A luta por uma sociedade igualitária tem aumentado e, a cada ano de resistência feminina, essa vontade de mudança, de eliminação das desigualdades, das injustiças, torna-se ainda mais inquietante Em uma sociedade onde a falocracia e a primazia masculina prevalecem, é preciso criar estratégias de ação, se impor perante a sociedade machista e clamar por instrumentos para a erradicação da violência contra as mulheres.

Um dos primeiros serviços criados foi o SOS Mulher, instituído em São Paulo em outubro de 1980, considerado um símbolo no atendimento direto às mulheres vítimas de violência. Logo em seguida, foi estabelecido o serviço SOS em Campinas e no Rio de Janeiro. Em Minas Gerais, criou-se o Centro de Defesa da Mulher Todas as instituições eram independentes e possuíam serviços de voluntárias, como psicólogas e advogadas, que atendiam as mulheres vítimas de violência Além 12 disso, promoviam grupos de reflexão com debates sobre a violência junto à opinião pública O ano de 1985 foi de muito avanço em relação às políticas de combate à violência Foi criado o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) que visa a acabar com a discriminação contra a mulher e garante sua participação junto ao poder público.

Além disso, também foi inaugurada a primeira Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAMs) em São Paulo, através da pressão dos movimentos feministas que buscam atender as mulheres e investigar crimes de gênero (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA 2010). Esclarece-se que cabe às Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher as competências de investigar e apurar qualquer ato de violência à mulher. Todos os crimes que as DEAMs investigam constam no Código Penal brasileiro, reforçando a ideia de que as atribuições investigativas das DEAMs não se limitam aos crimes de violência doméstica e familiar (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA 2010). Ao longo dos anos, muitas DEAMs tiveram aumento no número de suas unidades, devido à demanda de ocorrências criminais praticadas contra as mulheres

Em 2006, o Brasil contava com 394 delegacias, já, em 2010, conforme o levantamento do Ministério da Justiça (2010), houve um aumento não muito significativo de um total de 475 Delegacias ou Postos Especializados de Atendimento à Mulher. Sabe-se que esse número é muito insuficiente, pois segundo FLACSO (2015), a quantidade de vítimas de feminicídio entre 1980 e 2013 foi de 106 093 mulheres

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Na revitalização de prédios existentes, além de tornar esses espaços como potenciais de recursos, mantê-los existentes e usá-los de uma nova forma, podemos criar uma cidade mais inclusiva Reformar ou adaptar o uso de um projeto existente deve refletir as necessidades contemporâneas da sociedade Hoje, reduzir a extração de materiais do meio ambiente é a principal ideia defendida da economia circular na perspectiva da construção civil. Algo que influencia diretamente o modo como pretendemos habitar o mundo.

Essas estratégias podem servir como um grande incentivo para as mudanças projetuais na arquitetura necessárias em prol de uma sociedade mais sustentável A revitalização pode envolver diferentes processos de intervenção, desde pequenas alterações na infraestrutura até reformar abrangentes para um novo uso do espaço.

Dos arquitetos: Alvimar Moreira da Silva, Gutemberg Almeida Rezende e Lineu de Miranda Pereira O edifício modernista revitalizado será o Cássio Pinto, realizado em 1977, antigo Diretório Acadêmico e bandejão da Escola de Engenharia da UFMG, na rua Guacuris com esquina com a rua Espírito Santo, no centro da cidade de Belo Horizonte.

O prédio carrega significados arquitetônicos, o que pode-se argumentar que o torna digno de preservação, além de possuir valor socialmente, pela sua localização e pontos de encontros existentes e culturalmente que contam uma história sobre o desenvolvimento da cidade

Abandonado a mais de 10 anos, o espaço é desperdiçado e abandonado. Menos durante um período em 2016, onde o Movimento Tina Martins e Olga Benário ocupou durante 90 dias, reivindicando um espaço social que dê amparo à mulher, uma ocupação justa, necessária e legítima, mas tiveram que se deslocar pela falta de infraestrutura do edifício e obstáculos com o poder público.

Este projeto busca em suas diretrizes relembrar a ocupação temporária Tina Martins como direção projetual. Voltado para homenagem e reconhecimento históricos de lutas femininas, iniciadas em Belo Horizonte e construídas por mulheres Militantes e abrigadas estabeleceram a ocupação, resistindo à pressão da Polícia Militar, que cercou o local no primeiro dia e permanece fazendo rondas constantes. Diariamente, no local eram realizadas rodas de conversas sobre questões das mulheres, intervenções artísticas e políticas, com envolvimento e apoio de movimentos sociais, profissionais e estudantes de diversas áreas, além da sociedade civil, principalmente mulheres O grupo de mulheres iniciaram a manifestação, fazendo um mutirão de limpeza e a adaptação do espaço para que pudesse servir de abrigo para vítimas de violência

Com esse objetivo em mente, a partir da revitalização do antigo D.A. da Escola de Engenharia, busca nesse projeto algumas necessidades, como:

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Centro de apoio a mulheres: um espaço físico que oferece suporte emocional, psicológico e jurídico para mulheres que sofreram violência doméstica, assédio sexual, entre outros tipos de violência Esses centros podem incluir salas de aconselhamento, salas de terapia em grupo, salas de reunião com advogados e outros profissionais, além de espaços de lazer e convivência e dormitórios temporários.

Creche comunitária: uma creche voltada para crianças de baixa renda ou para mães solteiras que precisam trabalhar fora de casa. Esse tipo de espaço pode incluir atividades educacionais e recreativas para as crianças, além de suporte emocional para as mães

Espaço de coworking para mulheres: um espaço de trabalho compartilhado exclusivo para mulheres, que oferece suporte para empreendedoras e profissionais liberais. Esse tipo de espaço pode incluir estações de trabalho, salas de reunião, palestras e eventos para networking.

Centro de capacitação profissional para mulheres: um espaço que oferece cursos de capacitação profissional para mulheres que desejam entrar no mercado de trabalho ou melhorar suas habilidades profissionais. Esses centros podem incluir salas de aula, salas de treinamento prático e apoio para busca de emprego.

Loja colaborativa de mulheres empreendedoras: um espaço físico compartilhado por várias mulheres empreendedoras, onde cada uma tem um espaço para expor e vender seus produtos ou serviços Esse tipo de espaço pode incluir áreas de exposição, áreas de trabalho e suporte para marketing e vendas

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edifício cassio pinto

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Imagem 01 - Fachada - Edifício Cassio Pinto Fonte: ARQBH
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Fonte: ARQBH Imagem 02 - Fachada - Edifício Cassio Pinto Imagem 03 - Detalhe Fachada - Edifício Cassio Pinto Fonte: ARQBH
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Fonte: ARQBH Imagem 04 - Detalhe Fachada - Edifício Cassio Pinto
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Fonte: ARQBH Fonte: ARQBH Imagem 05 - Escadas - Edifício Cassio Pinto Imagem 06 - Térreo - Edifício Cassio Pinto

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Fonte: ARQBH Fonte: ARQBH 07 - Térreo - Edifício Cassio Pinto Imagem 08 - 01 Pavimento - Edifício Cassio Pinto
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Fonte: ARQBH Fonte: ARQBH Imagem 09 - 03 Pavimento - Edifício Cassio Pinto Imagem 10 - 03 Pavimento - Edifício Cassio Pinto
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Fonte: Casa Tina Martins Fonte: Casa Tina Martins Imagem 11 - Ocupação Tina Martins em 2016 Imagem 12 - Ocupação Tina Martins em 2016
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Fonte: Casa Tina Martins Fonte: Casa Tina Martins Imagem 13 - Ocupação Tina Martins em 2016 Imagem 13 - Ocupação Tina Martins em 2016
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Fonte: Prefeitura de Belo Horizonte Imagem 14 - Planta - Edifício Cassio Pinto
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Fonte: Prefeitura de Belo Horizonte Imagem 15 - Planta - Edifício Cassio Pinto

Imagem 16 - Cortes - Edifício Cassio Pinto

Fonte: Prefeitura de Belo Horizonte

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Imagem 17 - Fachada e Planta de Cobertura- Edifício Cassio Pinto

Fonte: Prefeitura de Belo Horizonte

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Fonte: Casa Tina Martins Imagem 18 - Ocupação Tina Martins

estudos de caso

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DOMESTICIDADES POSSÍVEIS: a construção de habitar o futuro I tc Camila Medeiros / 2022

Intitulado Domesticidades Possíveis: a construção do habitar futuro, este trabalho final de graduação apresenta uma proposta projetual para o antigo Edifício Hotel Aquarius, ocioso desde sua construção na década de 1960, que procura responder à questão do habitar contemporâneo através de um novo modelo de morar baseado na coabitação

Localizado no Centro Histórico de São Paulo, o projeto busca apresentar um modelo alternativo de habitação baseado na política da Locação Social, com programas de habitação variados e flexíveis, e programas públicos que amparam financeira, social e culturalmente seus residentes, além de servir de local de encontro e integração com a cidade.

A estratégia para a implementação do modelo de coabitação foi a adição de um módulo avarandado a cada pavimento que permite, a uma só vez, a reconfiguração da fachada da edificação existente e a expansão da área das unidades, que agora contam com espaços privilegiados de uso compartilhado.

O objetivo do projeto é propor novos modelos de morar que desafiem a domesticidade convencional e a divisão sexual do trabalho através do compartilhamento e da valorização dos espaços de trabalho doméstico

Fonte: ArchDaily

Fonte: ArchDaily

Fonte: ArchDaily

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Fonte: ArchDaily
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Imagem 19 - Perspectiva D
Imagem 20 - Perspectiva D.P. Imagem 21 - Perspectiva D.P. Imagem 22 - Perspectiva D P

Imagem 23 - Planta D.P.

Fonte: ArchDaily

Fonte: ArchDaily

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Imagem 24 - Planta D P

CENTRO CULTURAL THE BEANS broadwick live I Reino Unido / 2022

Este é o mais recente projeto de transformação da Broadwick Live, que constrói e opera alguns dos locais e marcas de entretenimento mais renomados do mundo No caso do The Beams, a equipe de arquitetura liderada por Luke Huxham está adotando uma abordagem precisa para o complexo de edifícios industriais

As características arquitetônicas e estéticas originais do galpão industrial foram preservadas, incluindo a conservação das superfícies originais de tijolo, bem como a recuperação de elementos característicos como a impressionante escadaria e a forma distinta do telhado industrial. Janelas, vidros de grande escala e poços de luz circulares originais também foram aprimorados e preservados, permitindo uma abundância de luz natural que inspirou o nome do local

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Fonte: ArchDaily Fonte: ArchDaily Fonte: ArchDaily Fonte: ArchDaily Imagem 25 - Centro Cultural T.B. Imagem
26 - Centro Cultural T B
Imagem
27 - Centro Cultural T B
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28 - Centro Cultural T B

Fonte: ArchDaily

Fonte: ArchDaily

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ArchDaily
Fonte:
Imagem 29 - Isométrica - Centro Cultural T B Imagem 30 - Planta - Centro Cultural T B Imagem 31 - Planta - Centro Cultural T B

A CASA DA JAJJA I Mariana

Montag I Uganda / 2020

A casa de Jajja é um projeto emancipatório de moradia autoconstruída para mulheres rurais Dos desenhos iniciais à construção, o projeto entende o processo de construção como uma troca de saberes, abordando o projeto como uma ação holística capaz de questionar a cadeia produtiva convencional O projeto foi concebido na aldeia rural de Kikajjo, Uganda, com participação direta das mulheres locais se baseando nos recursos e patrimônios locais O processo de construção envolve oficinas de construção para mulheres, apoiando sua autonomia e desafiando os papéis de gênero O objetivo central é que a casa de Jajja sirva como um protótipo que pode ser adaptado e replicado em outras situações, e o primeiro passo para isso será construir uma casa para 4 mulheres, estendendo o projeto para um ambiente comunitário

Tanto a mão de obra quanto os materiais são vistos não apenas como recursos, mas como agentes ativos em um desenvolvimento cíclico, abordando a ideia de sustentabilidade não apenas no projeto final, mas também no processo construtivo Além de dar apoio às famílias das mulheres que participarão das oficinas de construção, o processo de construção visa possibilitar a inserção dessas mulheres no mercado de trabalho, proporcionando-lhes uma comunidade que responde coletivamente às necessidades individuais, economizando recursos materiais e compartilhando responsabilidades comuns. Mesmo que se baseie fortemente em materiais locais, cultura local e responda diretamente ao ambiente de Kikajjo, a intenção é servir como um protótipo replicável por ser modular

Como a força de trabalho e os materiais são baseados na comunidade, há necessidades mínimas de transporte Os detritos de um processo de construção tornam-se o material de construção para o próximo, criando uma reciclagem de materiais de construção A estrutura final utiliza ventilação passiva, capta a água da chuva e é construída com uma simplicidade que permite a manutenção local, garantindo longevidade. Materiais, técnicas de construção e soluções para os problemas que surgem em todas as fases são decididas com a comunidade local, combinados com o conhecimento sobre construção sustentável

As emissões de CO2 são reduzidas durante o projeto, a construção e a manutenção A concepção do projeto é desenvolvida através da troca de conhecimento local e observação das funções do ambiente.

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Fonte: A CASA Fonte: A CASA Imagem 32 - A Cassa da Jajja Imagem 33 - A Cassa da Jajja
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Fonte: A CASA Imagem 34 - Metodologia - A Cassa da Jajja

Abrigo para Vítimas de Violência Doméstica / Amos

Goldreich Architecture + Jacobs Yaniv Architects I Israel / 2018

Projetado pelo escritório, Amos Goldreich Architecture, com sede em Londres, juntamente com a empresa local, JacobsYaniv Architects, este abrigo é um dos únicos no mundo que foi projetado e construído em consultoria com a equipe que irá ocupá-lo e executá-lo Liderada pela ativista pioneira dos direitos humanos, Ruth Rasnic, do grupo internacional "No To Violence", a instalação fornecerá um refúgio muito necessário para mulheres e crianças em dificuldades e abusos de todas as localidades e origens

Na chegada do abrigo, cada nova família recebe uma pequena " casa " que é parte de uma edificação maior A fim de permitir que as famílias possuam uma rotina diária normal no refúgio, as ' casas ' são separadas por funções comuns e conectadas por corredores internos. O berçário é fisicamente separado do grande edifício permitindo que sua função, como uma creche comum, seja cumprida Ou seja, as mães deixam os filhos no espaço pela manhã e os buscam ao final do dia “ cada família recebe uma pequena ' casa ' que faz parte do edifício maior, permitindo que elas tenham uma rotina diária normal…”

O refúgio acomoda diversas funções - áreas comuns, jardim de infância, sala de informática, lavanderia, cozinha e refeitório, dependências independentes para cada família, acomodação de funcionários, áreas de escritório para o gerente do edifício e funcionários (incluindo assistentes sociais, um psicólogo infantil, chefes de casa, um trabalhador de cuidados infantis e um advogado em tempo parcial). Há profissionais adicionais: psicoterapeutas, terapeutas artísticos, bem como voluntários como esteticistas, cabeleireiros, massagistas e praticantes de artes marciais, entre outros que ajudam as crianças em seus estudos e conhecimentos de informática

O santuário verde no pátio interno desempenha um papel crucial como ponto de encontro dos moradores Também serve a um propósito funcional, criando ótimas conexões visuais entre as mães e as famílias, bem como entre as mulheres e seus filhos O corredor interno circundante (ou " rua") conecta os espaços internos e externos e cria um espaço de fluxo livre no qual mulheres e crianças podem interagir, enquanto ao mesmo tempo mantêm linhas de visão mútuas entre elas e a equipe

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Fonte: ArchDaily Fonte: ArchDaily Imagem 35 - Abrigo em Israel Imagem 36 - Abrigo em Israel
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Imagem 37 - Planta - Abrigo em Israel

referências

SHIVA, Vandana.MIES, Maria. Ecofeminismo. 1993.

SASSEN, Saskia Expulsões: brutalidade e complexidade na economia global 2014

KRENAK, Ailton Ideias para Adiar o Fim do Mundo Brasil, 2019

CANÇADO, Wellington Desconstrução civil PISEAGRAMA, Belo Horizonte, número 10, página 102 - 111, 2017.

Diretrizes Nacionais para o Abrigamento de Mulheres em Situação de Risco e ViolênciaSecretaria Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres Secretaria de Políticas para as Mulheres – Presidência da República.

LANTH, Rugh. Gesthalsen. Building for Change.

"Abrigo para Vítimas de Violência Doméstica / Amos Goldreich Architecture + Jacobs Yaniv Architects" [Shelter For Victims Of Domestic Violence / Amos Goldreich Architecture + Jacobs Yaniv Architects] 08 Jun 2018. ArchDaily Brasil. Acessado 4 Jun 2023.

<https://www.archdaily.com.br/br/895789/abrigo-para-vitimas-de-violencia-domesticaamos-goldreich-architecture-plus-jacobs-yaniv-architects>

"Centro Cultural The Beams / Broadwick Live" [The Beams Cultural Center / Broadwick Live] 21 Jul 2022. ArchDaily Brasil. Acessado 4 Jun 2023.

<https://www archdaily com br/br/985606/centro-cultural-the-beams-broadwick-live>

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