Mar de Palavras II

Page 1

Escola Secundária da Lousã

Mar de Palavras II

9ºA, B, C

2022/2023

1

Título

Mar de Palavras II

Autores

Alunos do 9º ano, turmas A,B,C

(2022/2023)

Coordenação e revisão de texto

Ana Maria Umbelino

Edição

Biblioteca da Escola Secundária da Lousã

junho 2023

Coleção

Projeto de leitura

2

Chorar para poder rir

Estou sentado ao lado da minha mãe. A minha mãe está a conduzir, veio buscar escola para irmos para casa. Chegou dez minutos depois da campainha ter tocado e sabe muito bem que eu não gosto de ficar à espera, mas também a compreendo, pois teve um dia bastante complicado. Consigo perceber isso por causa das grandes olheiras que tem hoje.

Quando estávamos a meio do caminho, lembrei pediu-me para pôr na M80 que é a sua estação preferida. Como sou um filho obediente, fiz o que me pediu.

Passado um bom tempo de publicidade, começou a dar a nossa música favorita. Por acaso, também é a música que nos deixa mais tristes, pelo simples facto de nos fazer lembrar algumas situações difíceis do passado.

Estávamos quase a chegar a casa, mas a música ainda não tinha acabado e por isso fomos dar mais uma voltinha.

-me de ligar a rádio e a minha mãe nal, sorrimos um para o outro. As olheiras da minha mãe

Quando a música acabou, o carro parecia um barco naufragado, pois tínhamos chorado tanto, tanto… No fi tinham desaparecido, a minha irritação já não estava presente e percebemos, então, que aquela música tinha sido uma boa terapia.

A partir daquele dia, passámos a ouvir sempre aquela música depois da e quase ficámos fartos. Quase…

-me à ela scola até que

Tomé Mendes, Rafael Silva, Martim João Costa, Michael Polaco

– 9ºC

3

Embora ,

Estou na fila da frente a ver o filme “Star Wars”. De repente, o filme para. esteja tudo em silêncio, consigo ouvir o espanto de algumas pessoas. Estive quase duas horas à espera para comprar bilhete… não esperava isto, sinceramente!

Fizeram-nos sair da sala para o problema poder ser resolvido. recebemos bilhetes para vermos outro filme que estava em exibição noutra sala. As pessoas começaram a sorrir umas para as outras, pois, apesar do contratempo, fomos recompensados.

Rodrigo Matos, Matilde Lopes

Quando saímos , Laura Coelho, José Gonçalo – 9ºA

4

Estou sentada no restaurante com a minha família. Estamos todos aborrecidos uns com os outros por causa de uma situação que aconteceu. Hoje é Ano Novo e, como tal, tínhamos reservado mesa no restaurante para toda a família, mas, como sempre, ninguém cumpriu o horário de chegada.

Todos sabem que detesto atrasos, principalmente quando temos reserva há quase um ano! Não tenho vontade de falar. De repente, somos interrompidos pelo som da televisão em que um jornalista diz que muitos dos nossos problemas podem ser resolvidos com um simples sorriso.

O céu lá fora está nublado tal como o clima entre nós. Nisto, olho para a minha prima e começamos a rir. O sorriso é contagiante e, sem se saber como, começamos todos a rir naquela mesa.

A comida chega e apercebo-me de que se não fosse aquela sugestão dada na televisão, certamente continuaríamos todos carrancudos. Em vez disso, ficou a memória de uma noite divertida. Quase me esqueci de que quando chegámos ao restaurante, estávamos todos zangados uns com os outros.

5
Mariana Seco, António Dias, Leonardo Gonçalves, Ryana Macedo - 9ºB

Estou na estação de comboios, no Porto. Ao meu lado, estão colegas da faculdade. Estamos parados na estação à espera que o comboio chegue e, claro, já sabemos que vamos chegar atrasados às aulas devido à mudança de linha de última hora. Eu e os meus colegas ficámos muito stressados e frustrados porque não gostamos de chegar atrasados e temos uma frequência marcada. Não temos vontade de falar. O silêncio instalou-se na estação, mas, de repente, foi interrompido por uma música que saía do altifalante. Uma música que não se adequava nada à situação que estávamos a passar. Quem é que quer ouvir música numa situação como aquela?

Quando olho para o meu lado direito, vejo um senhor a dançar com o guarda-chuva ao som da melodia. Não contive a gargalhada e sorri para o senhor que, rapidamente, retribuiu. De um momento para o outro, o céu abriu e apareceu um sol brilhante. Aquele momento de stress transformou-se num momento de gargalhadas.

O comboio chegou, finalmente, à estação e apercebi-me de que, se não fosse aquele senhor simpático a dançar com o seu guarda-chuva, estaríamos todos com caras fechadas e de mau humor.

Com tudo isto, quase me esqueci de que estávamos atrasados para a prova. Quase.

6
Sara Marçal, Simão Fernandes, Ana Batista, Mariana Cancela – 9ºA

Rir é o melhor remédio

Estou no banco da frente, ao lado do meu pai. Estamos um pouco aborrecidos um com o outro devido a uma coisa que eu lhe disse ontem à noite, ao jantar, por causa do jogo Sporting-Benfica que vamos hoje ver. Como somos cada um de seu clube, comecei a dizer piadas sobre o Sporting, que ia perder e que, mesmo que ganhasse, ainda lhe faltavam treze anos para ser campeão. Essa foi a gota de água. O meu pai, furioso, respondeu, dizendo que nós não ganhávamos nada há três anos. A partir daí deixámos de nos falar e fomos dormir muito zangados um com o outro.

Acabámos de chegar ao estádio e já estamos sentados nas bancadas à espera que o jogo comece. O jogo terminou empatado. Entrámos no carro e ouvimos na rádio que o Porto tinha perdido em casa. Demos por nós a festejar e, para fazermos as pazes, fomos ao McDonald’s comer um grande e delicioso hambúrguer. Voltámos para casa, sempre a rir e nem nos lembrámos mais da nossa discussão.

7
Marta Antunes, Diana Antunes, João Vidal, Gustavo Carvalho - 9ºB

Estou no carro. O meu motorista está a levar-me à escola. De repente, vemo-nos parados no trânsito, o que me deixa stressada, pois já estou atrasada para a aula de História. O motorista liga a rádio e ouço a voz do locutora dizer que os ativistas climáticos estão a impedir o avanço dos automóveis naquela rua. O locutor, em tom irónico, diz para darmos uma ajudinha ao protesto e desligarmos os veículos. O meu motorista, confuso, olha para os outros carros à nossa volta e repara que estão todos a desligar os motores. As pessoas estão solidárias com o protesto e sorriem para os outros carros.

Naquele dia, faltei à aula de História, mas ajudei a alertar para gravidade da situação climática no planeta.

8
Alícia Lopes, Inês Tomás, Angelina Simões - 9ºC

Era um dia chuvoso e eu estava na escola. Quando cheguei a casa, recebi a notícia do desaparecimento do meu gato. Fiquei triste e fui para o meu quarto fazer os trabalhos que tinha que entregar no dia seguinte. Não me conseguia concentrar, pois estava muito preocupada com o meu gato e a sentir a sua falta.

De repente, recebo um telefonema. Era a minha melhor amiga e contei-lhe a situação. Ela tentou alegrar-me com histórias engraçadas e piadas. Ela propôs colarmos anúncios nas paredes sobre o desaparecimento do gato. Fiquei feliz com a ajuda e com o telefonema. Fez-me sorrir!

9
Joana Silveiro, Bárbara Francisco, Maria Marques, João Mingachos, Ana Carvalho – 9ºA

Naquela manhã estava a chover muito e não podia ir a pé para a escola. Iria chegar atrasada! O autocarro atrasou-se, pois havia muito trânsito na estrada. Não me apetecia falar. Ouvia-se o barulho da chuva. Um jovem reclamava.

De repente, o autocarro chegou. Ouvia-se uma música vibrante capaz de alegrar o dia a qualquer um, mas ninguém estava com vontade disso. Os passageiros estavam zangados e com caras carrancudas. O condutor deve ter-se apercebido do desconforto dos passageiros e, ao microfone, pediu às pessoas que acenassem com a mão para os passageiros dos carros que passavam.

Resolvi aceitar a sugestão. Olhei para a direita e vi uma menina a quem disse adeus com a mão. Ela respondeu, sorridente. À minha volta, todos acenavam lá para fora. Quase me esqueci que estava atrasada. Quase.

10
Rir é o melhor remédio Laura Vaz, Laura Pedroso, Afonso Martins; João Gomes – 9ºB

Estou na segunda carruagem do metro. Ao meu lado está a minha tia. Estamos paradas no meio da linha devido a um problema desconhecido para os passageiros e já sabemos que vamos chegar atrasadas ao aeroporto. Já estava nervosa por ser a minha primeira viagem de avião e agora isto!

Na rádio, ouvem-se as notícias: Na segunda-feira passada, por volta das 16h, após a derrota da Argentina, o jogador nº7, Henrique Dias, da Arábia Saudita, foi assaltado à saída do estádio 974, tendo sido agredido por um grupo de adeptos da equipa adversária. O jogador encontra-se em estado grave e continua internado no Al-Khor Hospital.

Sabe-se que o grupo de agressores é constituído por cinco adeptos: Simão Frade, Daniel Sapateiro, Albino Parvo, Pedro Onzeneiro e Sandra Alcoviteira. Os cinco adeptos da Argentina encontram-se em prisão preventiva à espera de julgamento, o que poderá demorar de um a sete meses.

A direção da selecção da Arábia Saudita quer que os cinco agressores paguem no mínimo 100 milhões de dólares, mas essa decisão só poderá ser tomada pelo juiz.

O jogador agredido irá ficar internado pelo menos duas semanas e não comparecerá em mais nenhum jogo durante o mundial.

E o metro nunca mais anda…

11
Inês Tomás, Alícia Lopes, Marta Simões, Martim João, Francisco Jesus – 9ºC

Sejam muito bem-vindos ao jogo mais importante do ano: Inferno vs Paraíso! O meu nome é Pajem e vou estar convosco nesta grande partida.

A equipa do Paraíso vai para campo com Primeiro Cavaleiro, Segundo Cavaleiro, Terceiro Cavaleiro, Quarto Cavaleiro e Parvo. Já o Inferno segue com Onzeneiro, Frade, Sapateiro, Judeu e Fidalgo. A equipa do Paraíso entra com equipamento branco e o Inferno enverga o seu equipamento preto com chamas flamejantes.

Começa o jogo no Estádio do Cais. A equipa do Paraíso começa em grande com uma incrível corrida do Quarto Cavaleiro. É um ataque muito perigoso, pode cruzar e… goooooooolo!!! Marca a equipa do Paraíso com um glorioso cabeceamento de Parvo!

Está lá dentro!! O estádio vibra!

Agora contra-ataca o Inferno com Fidalgo, mas Segundo Cavaleiro ataca para executar um grande carrinho e é penálti! Penálti para o Inferno! Vai bater Fidalgo! Vai-se aproximando da bola, remata à baliza e… gooooooolo!! Marca Fidalgo!! Consegue enganar o guarda-redes e marca o Inferno!!!

Temos uma substituição no Inferno. Sai Fidalgo e entra Enforcado!

Está tudo muito renhido numa altura em que é canto para o Inferno e parece ser o último lance do jogo. Vai bater o canto Judeu, cruza para a área, pontapé de bicicleta de Enforcado e é goooooooolo!!

Acaba o jogo e o Inferno vence a partida por duas bolas a uma.

Obrigado por ter estado connosco na VAM (Vida Após a Morte) e até sempre.

12
André Santos, Afonso Serras, Gustavo Carvalho, Daniela Nunes – 9ºB

A competição final

Ontem, dia 28 de fevereiro, decorreu um jogo entre a Barca do Inferno e a Barca do Paraíso. Foi um jogo decisivo. O resultado final ficou a 2-1, após os penáltis da Barca do Paraíso.

O ambiente no estádio estava muito quente, tanto nas bancadas como no campo. A equipa da Barca do Paraíso, composta pelos Quatros Cavaleiros e Parvo, entrou em campo vestida de branco e dourado. A Barca do Inferno contou com Frade, Sapateiro, Onzeneiro, Alcoviteira e Fidalgo, envergando o equipamento vermelho e preto.

Nos primeiros minutos, a Barca do Inferno apresenta vantagem, mas, na parte final do jogo a Barca do Paraíso consegue empatar com a ajuda dos penáltis.

Diabo, treinador da equipa infernal, descontente com o resultado, tenta arranjar maneira de dar a volta ao árbitro, mas Anjo, treinador da equipa celestial interfere, evitando mentiras e batotas.

No final, a equipa da Barca do Paraíso levou, com mérito, a vitória para casa.

Mariana Seco, António Dias, João Vidal, Leonardo Gonçalves, Marta Antunes - 9ºB

13

Copa do Mundo 2022

No ano 2040, quatro amigos assistem ao Mundial de Futebol, na companhia do senhor José. Este, muito entusiasmado, começa a falar do maior Mundial de todos os tempos. No ano 2022, o Mundial estava ao rubro. As selecções com mais hipóteses de ganhar tinham sido eliminadas. Mas este não foi o verdadeiro motivo pelo qual o Mundial ficou na História.

Nesse ano houve uma regra que permitiu às equipas do Inferno e do Paraíso participarem no campeonato. As duas equipas eram constituídas, cada uma, por onze jogadores. A equipa do Paraíso era constituída por Parvo, Eusébio, Maradona (mais conhecido por Deus, devido a um golo marcado com a mão), Zuka, Esfregona, Inglês, Jaiminho, Tomy, Anjo (o capitão), Kazzio, Spike do Like e Jommy Sinnes. A equipa do Inferno era constituída por Fidalgo, Onzeneiro, Sapateiro, Frade, Alcoviteira, Hitlerzinho, Putin, Diabo (capitão), Flake Power, Lucas Clashon e Lucas Neto.

No dia 18 de Dezembro de 2022, ambas as equipas entraram em campo e tinham o mesmo objetivo: ganhar.

O jogo estava a ser muito disputado, bolas à trave, golos anulados, mas, mesmo assim, o jogo continuava empatado ao fim dos 90 minutos. Tempo de compensação. Parvo, inconsciente dos seus atos, agrediu Fidalgo pela sua arrogância, o que lhe valeu a expulsão do jogo. A equipa do Paraíso estava então com menos um elemento em campo, mas mesmo assim conseguiram ir até aos penáltis. Já cada equipa tinha conseguido quatro golos nos penáltis, quando Diabo falha o quinto penálti, pois Maradona defendeu a baliza com a famosa mão de Deus. Estavam todos com os olhos postos no Anjo que viria a converter o último penálti a favor da equipa do Paraíso. Ainda hoje há memória das palavras do locutor:

- Vai Anjo, vai Anjo, vai, vai, vai, vaiiiiii….. golooooo!!

O Paraíso ganhou o Mundial e, assim, mostrou ao mundo que o Bem ganha sempre ao Mal.

Tomé Mendes, Guilherme Santos, Guilherme Silva, Martim Osório, Gabriel Fonseca – 9ºC

14

No último domingo, teve lugar o jogo mais importante da época: Infernais contra Anjinhos. A equipa do Inferno contou, entre outros, com Frade, Fidalgo, Onzeneiro e Alcoviteira. Já na equipa do Paraíso destacaram-se Parvo, Moça e os Quatro Cavaleiros.

Depois do hino de cada equipa, o jogo começou com a bola a pertencer à equipa do Inferno. Na primeira parte do jogo ninguém marcou, mas as equipas mostraram um bom desempenho. Ao regressarem a campo, as equipas desentenderam-se por causa de um golo anulado. Os ânimos estavam exaltados dentro e fora das quatro linhas.

A seis minutos do apito final, Parvo marca golo a favor da equipa do Paraíso. Foi a euforia nas bancadas e os adeptos, que envergavam asas de anjos em sinal de apoio à sua equipa, fizeram a festa.

Gonçalo Soares, Laura Assunção, Laura Colaço, Eduarda Cavaco – 9ºA

15

Barca do Inferno vs Barca do Paraíso

Entraram agora os jogadores! Na equipa do Inferno destaca-se Fidalgo, capitão da equipa, que chegou vaidoso e sorridente como sempre. Será que vai marcar a favor do Inferno como seu pai fez em tempos!? Aí vem Sapateiro… Que chuteiras personalizadas ele traz!! Frade chega com muita energia e a cantar o hino!

Na equipa do Paraíso temos Parvo. Será que é desta que ele acerta na baliza? Ao vê-lo, Brízida Vaz, da claque do Inferno, começa a fazer barulhos em sinal de desagrado.

E o jogo começa… Parvo atira com a bola para fora. Vemos Onzeneiro, o apanha-bolas, a metê-la rapidamente no bolsão. Quem é que convocou Parvo para o jogo!? Será possível!? Anjo, o treinador do Paraíso, dá instruções à equipa.

A bola passa entre os Quatro Cavaleiros que têm uma grande oportunidade de marcar. Passam para Parvo que se põe a brincar com a bola… Perde a bola!! Grande erro! Perdem a bola para Fidalgo que corre para a baliza, chuta e marca! Goooolo!!

Fidalgo corre até ao Pajem que lhe entrega o manto que ele mostra aos adeptos em tom de festejo. Grande euforia na Barca do Paraíso!!

O jogo continua. Frade perde a bola para Parvo! Parvo chuta para a baliza e marca para surpresa de todos! Anjo está orgulhoso. Diabo reclama com Frade e Florença chora na bancada.

Ouve-se o apito final. Acabou o jogo. Parvo conseguiu empatar o jogo.

O que é isto!!?? Ronaldo entra em campo e cumprimenta Parvo. Grande dia para Joane Parvo!!

16
Laura Pedroso, Diana Antunes, João Gomes, Afonso Martins, Laura Silvestre – 9ºB

Somos da CNN e estamos em direto para vos dar a opinião dos adeptos que se encontram nas bancadas à espera do jogo entre Santo Hambúrguer e Terríveis. É um jogo decisivo do campeonato Inter Reinos.

Na equipa de Santo Hambúrguer destaca-se o equipamento composto por camisola cor de pão, o número tom de queijo nas costas e calção verde alface. Nas meias podem ver-se hambúrgueres desenhados.

Na outra parte do campo, encontram-se os Terríveis de calção preto e chuteiras cor de fogo. É de referir que os jogadores não trazem camisola, mas sim o número tatuado nas costas.

Os dois capitães, Anjo e Diabo, já deram a sua opinião quanto ao resultado esperado no jogo. Anjo refere que é uma satisfação comandar uma equipa que lhe alimenta o coração. Diabo tem a certeza de que vai ganhar e vai dar uma abada à equipa contrária. Acrescenta mesmo que vai levá-los todos para o inferno.

Dinis Parreira, Leonor Fernandes, Letícia Gonçalves – 9ºB

17

As armas, e os barões abençoados

Que, da Ocidental praia alentejana, Por mares nunca dantes explorados,

Passaram ainda além da Matibana, Em perigos e guerras estimulados

Mais do que prometia a força insana, E entre gente remota fundaram

Novo Reino, que tanto elevaram;

E também as memórias grandiosas

Daqueles Reis que foram alargando

A Fé, o Império, e as terras odiosas

De África e de Ásia andaram arrasando; E aqueles que por obras valiosas

Se vão da lei da Morte aliviando: Cantando espalharei até por Marte, Se a tanto me ajudar engenho que farte.

Cessem do sábio Grego e do Romano

As navegações grandes que impuseram; De Alexandro e de Adriano

A fama das vitórias que trouxeram; Que eu canto o peito ilustre alentejano, A quem Neptuno e Marte se submeteram.

Cesse tudo o que a Musa antiga encanta, Que outro valor mais alto se adianta

18 1
2
3

E vós, Tágides minhas, pois fundado

Tendes em mi um novo engenho quente

Se sempre, em verso humilde, festejado

Foi de mi vosso rio amenamente,

Dai-me agora um som alto e exaltado

Um estilo grandíloco e fluente,

Por que de vossas águas Febo condene

Que não tenham enveja às de Hipocrene.

Dai-me hua fúria grande e ruidosa,

E não de agreste avena ou frauta aguda, Mas de tuba canora e ambiciosa, Que o peito acende e a cor ao gesto ajuda

Dai-me igual canto aos feitos da gloriosa

Gente vossa, que a Marte tanto acuda; Que se espalhe e se cante no diverso

Se tão sublime preço cabe em verso.

19 4
5
Luís Vaz de Camões, Os Lusíadas, canto I, Proposição e Invocação Reescrita, 9ºA

37

"Porém já cinco Sóis eram findados

Que dali nos partíramos, cruzando Os mares nunca doutrem trilhados, Prosperamente os ventos bafejando, Quando uma noite estando desleixados, Na cortadora proa observando, Uma nuvem que os ares anoitece

Sobre nossas cabeças acontece

38

"Tão temerosa vinha e saturada, Que ao seu lado parecíamos brinquedo; Bramindo o negro mar, de longe brada Como se desse em vão nalgum penedo.

- "Ó Potestade, disse, elevada! Que ameaço divino, ou que degredo Este clima e este mar nos ostenta, Que mor cousa parece que aumenta?

39

"Não acabava, quando uma gravura Se nos mostra no ar, robusta e pálida, De disforme e grandíssima altura, O rosto carregado, a barba desleixada, Os olhos encovados, e a estatura Medonha e má, e a cor terrena e cálida, Cheios de terra e crespos os pelos, A boca negra, os dentes paralelos

41

"E disse: - "Ó gente ousada, mais que tantas No mundo cometeram grandes cousas, Tu, que por guerras cruas, tais e quantas, E por trabalhos vãos nunca pousas, Pois os vedados términos suplantas, E navegar meus longos mares usas, Que eu tanto tempo há já que guardo e banho, Nunca arados d'estranho ou próprio engenho

40

"Tão grande era de membros, que bem ouso Certificar-te, que este era o mundo

De Rodes estranhíssimo, grosso, Que um dos sete milagres foi fecundo: Com um tom de voz nos fala horrendo e terroso, Que pareceu sair do mar imundo: Arrepiam-se as carnes e o pelo

A mi e a todos, só de ouvi-lo e crê-lo.

Luís Vaz de Camões, Os Lusíadas, canto V, Episódio do Adamastor Reescrita, 9ºC

20

A maior aventura do Homem: a conquista espacial ou a conquista dos mares?

O Homem é, na verdade, um ser ousado e sempre apaixonado pela descoberta. Percebemos, ao longo dos tempos, a grande curiosidade pelo desconhecido. E qual destas duas será a maior aventura do Homem? A conquista espacial ou a conquista dos mares? São ambas importantes… Nas duas, podemos reconhecer que barreiras foram ultrapassadas e horizontes ampliados. No entanto, no meu ponto de vista, a conquista dos mares foi, na verdade, a Maior Aventura do Homem. Basta termos em atenção o nível de avanços técnicos e tecnológicos, o nível de segurança, o tempo em que tiveram lugar, para darmos valor ao desafio que foi enfrentar os mares desconhecidos.

Outrora, o Homem embarcava numa “caixa de madeira” e, muito valentemente, sem as mínimas condições de segurança, enfrentava as arriscadas ondas e as iradas tempestades. A sua forma de comunicar com aqueles que em terra deixava era através do pensamento onde o sentimento predominante era a saudade. Como não havia tecnologia avançada, valorizava-se a força, a agilidade, a virilidade, a inteligência e a criatividade para fazer frente a todas as dificuldades que surgiam. A fome, as doenças e a morte estavam sempre presentes, segredando-lhes ao ouvido. Procuravam-se novas terras, novas verdades, novas cores, nova felicidade… E, mais tarde, quando finalmente se avistava a terra, que há muito tinham deixado, a terra em que já mortos os julgavam, renascia uma alegria. Ao pôr-do-sol, lá estavam todos, na praia chorando de emoção. E a arrojada gente a todos exibia os seus músculos, a sua pele morena, a suas descobertas, as suas histórias de valentia, as suas aventuras. Assim tornavam-se os heróis de todos os tempos.

Não desprezando a conquista espacial, esta não é tão perigosa nem tão emocionante como a conquista dos mares. De que valeria conhecer a Lua sem conhecer a Terra, aquilo que somos e onde pertencemos? Pouco, valeria simplesmente pouco.

Publicado por BiblioGualtar

Reescrita de texto, 9ºABC

21

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.