Práticas de Viticultura

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Urbano Moreira Urbano Moreira

PRÁTICAS PRÁTICAS DE DE VITICULTURA VITICULTURA na Pré-poda vinha; Pré-poda na Poda vinha;da Poda dana vinha na ramada; EnxertiaEnxertia na vinha; na vinha; vinha ramada; Poda do cordão Poda do cordão simples ascendente; Alguns simples ascendente; Destinos da erros lenha da da poda poda da vinha; Destinos da lenha da poda

2.ª Edição

PUBLINDÚSTRIA

Publindústria


Urbano Moreira

PRÁTICAS DE VITICULTURA Enxertia na vinha; Pré-poda na vinha; Poda da vinha na ramada; Poda do cordão simples ascendente; Alguns erros da poda da vinha; Destinos da lenha da poda


AUTOR Urbano Moreira TÍTULO Práticas de Viticultura REVISÃO LITERÁRIA Júlia Guimarães EDITOR Publindústria, Edições Técnicas, Lda. Praça da Corujeira, n.° 38 4300-144 Porto www.publindustria.pt DISTRIBUIDOR Engebook - Conteúdos de Engenharia e Gestão Tel.: 220 104 872 Fax: 220 104 871 apoiocliente@engebook.com www.engebook.com DESIGN Ana Pereira em colaboração com Publindústria, Produção de Comunicação, Lda.

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CDU 634.8 Viticultura ISBN (e-book) 978-972-8953-90-4


Urbano Moreira Urbano Moreira

PRÁTICAS DE DE VITICULTURA VITICULTURA PRÁTICAS EnxertiaEnxertia na vinha; na vinha; vinha ramada; Poda do cordão na Pré-poda vinha; Pré-poda na Poda vinha;da Poda dana vinha na ramada; simples ascendente; Destinos da erros lenha da da poda poda da vinha; Poda do cordão simples ascendente; Alguns Destinos da lenha da poda

2.ª Edição



NOTA DO EDITOR Com a presente obra a Publindústria abre uma nova frente de negócios: a produção editorial direccionada para o mercado da Engenharia Agrícola. Quiseram as circunstâncias que a obra inicial fosse direccionada para a vinha, uma das culturas com mais representatividade e tradição em Portugal e, provavelmente, aquela onde os progressos técnicos e científicos têm sido mais notórios. Trata-se, como o título o sugere – “Práticas” – de um livro com uma forte vertente pedagógica e técnica. Essa foi a premissa que autor e editor subscreveram, por nos parecer que é neste aspecto do saber-fazer que o país tem maior défice. O conhecimento geracional acumulado ao nível das práticas agrícolas sofreu nos últimos anos uma descontinuidade cujas consequências não são ainda mensuráveis. O suporte do conhecimento em formato de livro é a garantia de perpetuação do conhecimento intergeracional. A Agricultura – tal como a Pesca – foi e será sempre uma actividade económica estratégica para os povos e governos das nações. A poeira levantada com a globalização e o primado financeiro sobre o produtivo têm levado os países europeus para caminhos perigosos. O passado recente atesta-o. Deixo expressa a todos os portadores de conhecimento das práticas agrícolas (técnicos, formadores, professores e investigadores) a disponibilidade da editora Publindústria/Engebook para equacionar os seus projectos de edição. O Editor, António Malheiro



PLANO DE TRABALHO

I

ENXERTIA NA VINHA

1. Garfo atempado – Fenda cheia 2. Enxertia com dois garfos 3. Enxertia na mesa

II III

PRÉ-PODA NA VINHA PODA DA VINHA NA RAMADA PODA DO CORDÃO SIMPLES ASCENDENTE 1. Breves considerações sobre os principais órgãos da videira 2. Constituição interna da cepa, dos braços e dos sarmentos 3. Poda da vinha na ramada 4. Poda de cordão simples ascendente

IV

ALGUNS ERROS DA PODA NA VINHA

1. Erros na poda de formação na ramada 2. Erros na poda de frutificação na ramada 3. Erros na poda de formação nos sistemas de condução modernos 4. Erros na poda de frutificação nos sistemas de condução modernos 5. Erros nas intervenções em verde

V VI

OUTROS ERROS QUE SE ENCONTRAM NAS VINHAS DESTINOS DA LENHA DA PODA DA VINHA

1. Combustível para o uso doméstico 2. Trituração da lenha 3. Uso nas camas de gado 4. Obtenção de estrume por compostagem 5. Queima da lenha 6. Processos de recolha da lenha



AGRADECIMENTOS Ao Director da Estação Vitivinícola Amândio Galhano (EVAG), Engenheiro Agrícola João Garrido, pelas facilidades concedidas para a obtenção das fotografias e pela revisão do texto “Enxertia na Mesa”. Ao Engenheiro Agrónomo Pedro Malheiro, pelas sugestões dadas para a consecução deste trabalho. A Manuel de Sá Tinoco, pelo seu empenho, sugestões dadas na efectivação deste trabalho, mas sobretudo a nível informático para que este livro fosse levado a bom termo.



INTRODUÇÃO Pretende-se com este trabalho, que não é exaustivo, dar uma panorâmica sobre algumas Práticas de Viticultura. Alguns dos erros que se praticam a todos os níveis da viticultura, podem reflectir-se na longevidade das videiras, na produtividade, na qualidade das uvas e, como tal, no produto final que é o vinho. Assim sendo, para que se possa praticar uma viticultura sustentável, há que ter conhecimentos teórico/práticos sólidos que nos permitam tomar atitudes conducentes a boas práticas vitícolas.



I

ENXERTIA NA VINHA

1.   Garfo atempado – Fenda cheia

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1.1   Constituição interna da cepa, dos braços e dos sarmentos

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1.2   Características dos grupos de híbridos usados como porta-enxertos

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1.3   Afinidade

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1.4   Escolha dos porta-enxertos

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1.5   Escolha de videiras para fornecer material vegetativo para a enxertia

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1.6   Escolha das varas para fornecer garfos

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1.7   Colheita das varas

22

1.8   Conservação das varas

23

1.9   Material para a enxertia

24

1.10   Enxertia

24

1.11   Sequência fotográfica dos trabalhos de enxertia

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2.   Enxertia com dois garfos

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2.1   1.ª Estratégia

33

2.2   2.ª Estratégia

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2.3   Amarramento dos enxertos em causa

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3.   Enxertia na mesa

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3.1   Colheita de material vegetativo (porta-enxertos) em campos de pés-mães

39

3.2   Escolha das estacas enxertáveis

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3.3   Colheita de material vegetativo (garfos) para a enxertia

41

3.4   Preparação dos garfos

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3.5

Hidratação dos porta-enxertos e dos garfos

42

3.6   Desinfecção de porta-enxertos e garfos

42

3.7   Enxertia

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3.8   Parafinagem 45 3.9   Estratificação

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3.10   Câmara de estratificação

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3.11   Triagem dos enxertos

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3.12  Nova parafinagem

48

3.13   Destino para os enxertos prontos

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I ENXERTIA NA VINHA

Mais ou menos por volta de 1852 –1868 apareceu na Europa uma praga designada por “filoxera”, provocada por um insecto de origem americana, causando à videira europeia, com as suas picadas, prejuízos irremediáveis, especialmente na raiz. Para ultrapassar tal situação recorreu-se (e recorre-se) à utilização, como porta-enxertos, dos híbridos das videiras americanas, cujas raízes são resistentes às referidas picadas. Sendo assim, os híbridos americanos fornecem a parte subterrânea, ou seja, a raiz, designando-se por porta-enxerto e a Vitis vinífera (videira europeia) fornece a parte aérea que se designa por garfo. Fig. 1 Ciclo de vida da filoxera

1. GARFO ATEMPADO — FENDA CHEIA 1.1 Constituição interna da cepa, dos braços e dos sarmentos

É de todo o interesse tecer algumas considerações sobre a constituição interna da cepa, dos braços e dos sarmentos, para que possamos compreender melhor o que se passa na enxertia. Cortando qualquer um dos órgãos atrás referenciados, podemos observar, de dentro para fora, diversas camadas diferentes.


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PRÁTICAS DE VITICULTURA

Fig. 2 Constituição interna da cepa, dos braços e dos sarmentos

1.1.1 Medula

Parte central e mole. 1.1.2 Cerne

Parte que se segue à medula, escura, e que só se encontra nas cepas e braços mais grossos. Esta camada é constituída por vasos lenhosos entupidos. 1.1.3 Borne

É constituído por vasos lenhosos por onde circula a seiva bruta. Nesta camada, todos os anos se dão dois crescimentos. Um na Primavera, mais claro, e outro no Outono, mais escuro. As camadas mais velhas, interiores, vão ficando apertadas, dando-se o entupimento dos canais, transformando-se o borne em cerne. 1.1.4 Câmbio ou entrecasco

Camada delgada que produz para dentro as camadas de borne (vasos lenhosos) e para fora as camadas de liber (vasos liberinos). Na enxertia, deve-se pôr em contacto a camada de câmbio do garfo com a camada de câmbio do porta-enxerto. 1.1.5 Liber

Camada composta por vasos liberinos por onde circula a seiva elaborada. 1.1.6 Casca

Camada que serve de protecção às restantes camadas.


I ENXERTIA NA VINHA

1.2 CARACTERÍSTICAS DOS GRUPOS DE HÍBRIDOS USADOS COMO PORTA-ENXERTOS

Antes de mais, convém descrever as características dos grupos de híbridos de videiras americanas usados como porta-enxertos. 1.2.1 Berlandieri x Rupestris

Os híbridos provenientes deste cruzamento apareceram com o objectivo fundamental de ultrapassar o inconveniente do difícil enraizamento da Vitis berlandieri e ainda obter plantas resistentes à secura (Pinho, 1993). Os híbridos em causa criaram-se para darem portaenxertos vigorosos e resistentes ao calcário (Galet, 1988). Os porta-enxertos pertencentes a este grupo são os seguintes: ▪ 1103 P ▪ 99 R ▪ 110 R ▪ 14 Ru 1.2.2 Berlandieri x Riparia

São híbridos considerados de excelente resistência à filoxera e que se adaptam muito bem às terras calcárias através do seu ascendente Vitis berlandieri. No início as plantas têm um desenvolvimento lento, passando posteriormente a normal. Asseguram produções regulares e de boa qualidade (Pinho 1993). Os porta-enxertos pertencentes a este grupo são os seguintes: ▪ 420 A ▪ 161 - 49 ▪ SO4 ▪ 5 BB ▪5C ▪ 125 - AA 1.2.3 Riparia x Rupestris

Segundo Pinho (1993), os porta-enxertos deste grupo apresentam uma boa afinidade e fraca resistência à secura e à clorose.

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PRÁTICAS DE VITICULTURA

Apresentam um vigor médio, reagem geralmente bem à enxertia e fornecem muito material vegetativo para multiplicação. A resistência das raízes à filoxera é elevada, embora elas sejam atingidas pelas galícolas (Branas, 1974). O porta-enxerto pertencente a este grupo é o 3309 C. 1.2.4 (Vinífera x Rupestris) x Riparia

Foram criados com a finalidade de melhorar a adaptação às terras calcárias por parte do Riparia x Rupestris, conservando todo o vigor do Vitis rupestris, assim como o seu desenvolvimento rápido e as facilidades de multiplicação. O porta-enxerto pertencente a este grupo é o 196 – 17 C L. Este porta-enxerto tem “sangue” da Vitis vinífera (videira europeia), assim como o seguinte. 1.2.5 Vinifera x Berlandieri

O cruzamento em causa tem como objectivo principal obter portaenxertos resistentes à clorose, visto que as duas espécies progenitoras possuem uma notável adaptação aos solos calcários. Os Vinifera x Berlandieri são os porta-enxertos mais resistentes à clorose (Galet, 1988). O porta-enxerto pertencente a este grupo é o 41 B. 1.3 AFINIDADE

Para que haja êxito na enxertia é necessário existir uma boa afinidade entre cavalo e garfo, ou seja, um bom entendimento no “casamento” que se fez e que deve ser testado ao longo de vinte a vinte e cinco anos, através do seu comportamento, quer em termos de longevidade, quer em termos de produtividade, quer sobretudo à qualidade daquilo que produz, já que as exigências de mercado e a concorrência desenfreada, obrigam a que o produto final (vinho) se imponha por parâmetros de alta qualidade.


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I ENXERTIA NA VINHA

Um aspecto interessante, que de certo modo retrata má afinidade, tem a ver com a forma e o volume do nó da soldadura e que é influenciado pela diferença de crescimento entre o porta-enxerto e o garfo. No entanto, este facto não afecta a vida das videiras, produzindo normalmente durante muito tempo. B

A

Velocidades de crescimento

Fig. 3 Forma do nó

do porta-enxerto e garfo, iguais

de soldadura A: Porta-enxerto

B

Velocidades de crescimento A

B

do porta-enxerto maiores que as do garfo

Velocidades de crescimento do garfo maiores que as do porta-enxerto

A

1.4 ESCOLHA DOS PORTA-ENXERTOS

Os porta-enxertos devem ser escolhidos tendo em atenção os seguintes parâmetros: 1.4.1 Características botânicas e culturais 1.4.1.1 Vigor

Como é evidente o vigor é uma característica varietal. Sendo assim, devemos apostar em porta-enxertos de vigor médio, quando se pretende obter fundamentalmente vinhos de qualidade. Os porta-enxertos vigorosos dão produções de certo modo elevadas, mas de fraca qualidade. 1.4.1.2 Aptidão vegetativa

Esta é medida através da percentagem de enraizamento e do pegamento da enxertia. 1.4.1.3 Grau de afinidade

Como já se referenciou anteriormente é imprescindível haver uma harmonia saudável entre os dois seres distintos, ou seja, porta-enxerto e garfo.

B: Garfo


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PRÁTICAS DE VITICULTURA

1.4.2 Características de adaptação ecológica 1.4.2.1 Resistência ao calcário

Os bravos temem a presença de calcário nos solos, dado que provoca o amarelecimento das folhas, seguido da degenerescência da planta. A região do Minho não tem esse problema em virtude dos solos serem pobres em cálcio. 1.4.2.2 Resistência à secura

É uma característica que se deve ter em conta, pois será tanto maior a capacidade de resistência à secura, quanto mais profundas forem as raízes. 1.4.2.3 Tolerância à humidade

É de todos sabido que não é aconselhável instalarem-se vinhas em terrenos com alguma humidade. Nestas circunstâncias devem escolher-se aqueles que toleram alguma humidade. 1.4.3 Características de resistência sanitária 1.4.3.1 Resistência à filoxera

Uma das qualidades primordiais que um porta-enxerto deve ter é precisamente a resistência à filoxera. Todas as variedades, de um modo geral, têm boa resistência a esta praga. 1.4.3.2 Resistência aos nemátodos

Como se sabe, os nemátodos são, através das picadas que dão nas raízes, os responsáveis pela introdução de vírus nas videiras. Sendo assim, há que ter em atenção esta problemática na escolha dos porta-enxertos. O quadro a seguir, proveniente do Instituto da Vinha e do Vinho é mais um contributo, em termos informativos, sobre as características e aptidões culturais dos porta-enxertos.


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I ENXERTIA NA VINHA

2. ENXERTIA COM DOIS GARFOS

A Fig. 17 representa uma videira que foi enxertada com dois garfos devido ao diâmetro do porta-enxerto ser grande. Fig. 17 Videira enxertada com dois garfos

O sistema de condução a que se destina apenas necessita de uma ramificação. Qual das ramificações é eleita e como se executa a poda? Perante este caso concreto, poder-se-ão seguir duas estratégias diferentes e conseguir atingir os mesmos objectivos. Não nos podemos esquecer que a ciência agrária não é exacta como a matemática. 2.1 1.ª ESTRATÉGIA

a) Escolhe-se, de todas as ramificações, aquela que esteja melhor posicionada e com maior vigor. Neste caso é a assinalada com o n.º 3. Fig. 18 Videira enxertada com dois garfos


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PRÁTICAS DE VITICULTURA

b) Eliminam-se as ramificações assinaladas com os números 1 e 2 pelo sítio apontado pela seta. c) Elimina-se ainda a ramificação assinalada com o n.º 4, conforme o traço observado no garfo. d) Para finalizar apenas se acrescenta que se deve amarrar a ramificação eleita a um tutor e “cegar” (cortar) três a quatro gomos, conforme a Fig. 19. Fig. 19 Videira podada

Esta atitude deve ser tomada para canalizar a alimentação prioritariamente para as rebentações da extremidade, que são efectivamente aquelas que mais nos interessam em termos da formação da videira. Ou então, deixam-se todos os gomos para que rebentem e, passado algum tempo, eliminam-se os três ou quatro pâmpanos da base. Esta tomada de posição facilita o desenvolvimento da videira, dado que assim a fotossíntese, a respiração e a transpiração são mais intensas, em virtude da superfície foliar ser maior, advindo destes fenómenos um acumular de reservas nutritivas maiores.


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2.2 2.ª ESTRATÉGIA

a) Escolhe-se, igualmente, a ramificação assinalada com o n.º 3 e elimina-se a ramificação com o n.º 4. b) Elimina-se a ramificação com o n.º 2, pelo traço. Fig. 20 Videira enxertada com dois garfos

c) Quanto à ramificação n.º 1, é cortada pelo traço, ficando apenas dois gomos, para que rebentem, fazendo fluir as seivas durante um ano, dando-se assim uma melhor consolidação da soldadura da enxertia. d) Eliminam-se 4 gomos da ramificação n.º 3 na base. Também se corta o último gomo da extremidade pelo traço assinalado. Fig. 21 Videira com a ramaficação eleita e com um pequeno rebento de dois gomos


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PRÁTICAS DE VITICULTURA

e) No ano seguinte, se todos os gomos deixados rebentarem, a videira encontra-se conforme se observa na Fig. 22. Fig. 22 Videira com as várias ramificações

f) Na poda, escolhe-se de todas as ramificações aquela que esteja melhor posicionada e com maior vigor. Neste caso é a assinalada com o n.º 8. Eliminam-se os dois gomos da extremidade, dado que o comprimento ideal é de apenas oito gomos. g) Elimina-se a ramificação com o n.º 3, assim como também se eliminam as ramificações com os números 4, 5, 6 e 7, junto da bifurcação com a ramificação com o n.º 8. h) Eliminam-se as ramificações assinaladas com os n.os 1 e 2 pelo sítio apontado pela seta, ficando a videira de acordo com a figura seguinte. Fig. 23 Videira podada e atada ao tutor


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i) Para finalizar apenas se acrescenta que se deve amarrar a ramificação eleita a um tutor, de modo a ficar na posição vertical. “Cegam-se” 3 a 4 gomos, conforme o desenvolvimento da videira. A estratégia acabada de explicar por vezes não é utilizada porque ao cortar-se conforme indicado na alínea h, eliminam-se vários canais condutores da seiva, o que pode eventualmente afectar o desenvolvimento da videira. 2.3 AMARRAMENTO DOS ENXERTOS EM CAUSA

Neste tipo de enxertia, ao fazer-se o aperto final com o maço, faz-se com que ao apertar um se desaperte o outro e vice-versa. Para evitar que os enxertos fiquem mal apertados, deve-se recorrer à colocação de uma “cunha de aperto”, que fica na parte exterior do porta-enxerto. Fig. 24 Cunha de aperto

As “cunhas de aperto” são feitas de madeira de salgueiro ou carvalho e devem ser preparadas em verde, dado serem mais fáceis de fazer.


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PRÁTICAS DE VITICULTURA

Só se utilizam quando estão secas. Em verde não devem ser utilizadas, porque ao perderem humidade, secam, mingam e o enxerto perde o aperto. Concretamente, esta técnica consiste em colocar os dois garfos na fenda do porta-enxerto, aconchegando-os de uma forma suave. Seguidamente dão-se duas a três voltas com ráfia ao enxerto, colocase a “cunha de aperto” e continua-se a amarrar todo este conjunto até finalizar. No fim dá-se um aperto à “cunha”. A “cunha de aperto” pode ficar inteira se não criar obstáculos ao abrolhamento e crescimento dos pâmpanos. Na Fig. 25 a “cunha de aperto” está a obstaculizar a rebentação que sai do gomo da base do primeiro garfo. Fig. 25 “Cunha de aperto” por cortar

“CUNHA DE APERTO” “CUNHA DE APERTO”

GOMO BASAL

Nestas circunstâncias deve-se cortar a “cunha de aperto” ligeiramente abaixo do gomo da base.


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I ENXERTIA NA VINHA

Fig. 26 “Cunha de aperto” cortada

3. ENXERTIA NA MESA

A enxertia manual em grande escala está a desaparecer dado que a maioria dos bons enxertadores estão com idades avançadas e portanto, em vias de extinção. Como tal, aparece a chamada enxertia na mesa, apresentando grandes potencialidades, não só a nível de pegamento, como em termos de material vegetativo devidamente certificado. 3.1 COLHEITA DE MATERIAL VEGETATIVO (PORTA-ENXERTOS) EM CAMPOS DE PÉS-MÃES

No campo de pés-mães de bravo colhem-se as varas com o máximo de comprimento. Fig. 27 Colheita de varas para porta-enxertos


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PRÁTICAS DE VITICULTURA

Seguidamente cortam-se todas as netas e gavinhas e fazem-se molhos com as respectivas varas para fornecer os futuros porta-enxertos. Fig. 28 Corte de netas e gavinhas

3.2 ESCOLHA DAS ESTACAS ENXERTÁVEIS

Antes um dia da enxertia ou no próprio dia, procede-se à segmentação das varas, com 40 cm de comprimento. Fig. 29 Bravo para segmentar

As estacas com um diâmetro superior a 6/7 mm são escolhidas para enxertia em virtude de terem mais reservas nutritivas, o que à partida apresenta maiores potencialidades de êxito. Fig. 30 Porta-enxertos


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I ENXERTIA NA VINHA

As estacas com um diâmetro inferior a 6/7mm são aproveitadas para porta-enxertos, indo para o campo sofrer o enraizamento. Fazem-se molhos de 200 unidades, tendo o cuidado de virar a parte basal para o mesmo lado. Fig. 31 Molhos de estacas

Os gomos de todas as estacas, independentemente do seu destino, são eliminados, à excepção do basal, dado que tem hormonas que induzem o enraizamento. Gomo basal

Fig. 32 Gomo basal do porta-enxertos

3.3 COLHEITA DE MATERIAL VEGETATIVO (GARFOS) PARA A ENXERTIA

Em relação a este tema deve-se ter presente o exposto nos pontos 1.5, 1.6 e 1.7. Fig. 33 Varas da casta Loureiro para garfos


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PRÁTICAS DE VITICULTURA

3.4 PREPARAÇÃO DOS GARFOS

A preparação dos garfos deve ser feita na véspera ou no próprio dia da enxertia. Para este tipo de enxertia de fenda em ómega é apenas necessário um gomo. O corte deve ser feito em bisel e meio centímetro acima do gomo e deve-se deixar a parte inferior do entre-nó com um comprimento que permita fazer a fenda para a enxertia. Fig. 34 Garfo com um gomo

3.5 HIDRATAÇÃO DOS PORTA-ENXERTOS E DOS GARFOS

Antes da enxertia deve-se mergulhar em água não só os porta-enxertos, mas também os garfos dentro de um saco poroso, durante 24 horas para hidratarem, compensando a perda de água durante a conservação dos mesmos. Fig. 35 Hidratação de porta-enxertos e garfos

3.6 DESINFECÇÃO DOS PORTA-ENXERTOS E GARFOS

Antes de todo o material vegetativo (porta-enxertos e garfos) sofrer a enxertia é desinfectado em dois recipientes com anti-fúngicos, durante 15 a 30 minutos em cada um. É de todo conveniente que os fungicidas escolhidos tenham um largo espectro de actuação.


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III PODA DA VINHA NA RAMADA | PODA DO CORDÃO SIMPLES ASCENDENTE

A videira a receber a poda tem duas ramificações da enxertia. O sistema de condução a que se destina apenas necessita de uma. Escolhe-se a ramificação que esteja melhor posicionada e com maior vigor. Neste caso seria a ramificação assinalada com o n.º 1 (fig. 80/81). A haste com o n.º 2 é cortada pela base. Determina-se o comprimento da haste, dependendo o seu tamanho do vigor da mesma. Corta-se a videira em bisel. Dado que a videira fica na posição vertical amarrada ao tutor, aconselha-se este tipo de corte, de modo a que as geadas não deslizem para o gomo, que corria o risco de ficar queimado. 1 cm

Eliminam-se na videira – se porventura existirem – todas as netas e gavinhas, com todo o cuidado para que não se destruam os gomos. De acordo com o desenvolvimento da videira poderão, ou não, «cegar-se» alguns gomos da base. Neste caso (fig. n.º 81) o procedimento foi no sentido de «cegar» quatro gomos. Esta atitude foi tomada para canalizar a alimentação principalmente para as rebentações da extremidade, que são efectivamente aquelas que mais nos interessam em termos de formação da videira. No entanto, podiam-se deixar todos os gomos para que rebentassem e passado algum tempo eliminar-se-iam quatro pâmpanos da base. Esta tomada de posição facilita o desenvolvimento da videira, dado que a fotossíntese, a respiração e a transpiração são muito mais intensas, advindo destes fenómenos um acumular de reservas nutritivas maior.

Fig. 82 Corte em bisel


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PRÁTICAS DE VITICULTURA

Nos anos seguintes e até chegar à ramada, a poda processa-se sempre do mesmo modo. Ao entrar na ramada, há que ter os seguintes cuidados: ▪ Quando a videira fica junto do arame, iremos ter dificuldade em fazer a curvatura, podendo o lançamento esgaçar e até partir… Fig. 83 Videira jovem com a extremidade junto ao arame Fig. 84 Entrada incorrecta da videira na ramada Fig. 85 Consequência de uma entrada na ramada incorrecta

…ou, pelo facto de ficar quase em ângulo recto, dificultar a passagem da seiva, o que provoca o aparecimento, na zona da curvatura, de lançamentos muito vigorosos, em detrimento daqueles que possam aparecer à frente e que são efectivamente os que nos interessam.

Fig. 86 Videira jovem podada a um palmo (imagem à esquerda) Fig. 87 Videira com entrada correcta na ramada (imagem à direita)

▪ Para evitar estas situações a videira deve ficar com a sua extremidade a um palmo, ­palmo e meio do arame de modo a que, no ano seguinte,


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III PODA DA VINHA NA RAMADA | PODA DO CORDÃO SIMPLES ASCENDENTE

a videira entre por baixo do primeiro arame e por cima do segundo, fazendo uma curvatura suave para facilitar a circulação da seiva. Também se devem «cegar» todos os gomos situados na curvatura e abaixo desta. Esta atitude vai contribuir para que a seiva seja exclusivamente encaminhada para os gomos que se situam na ramada. 3.2 PODA DE FRUTIFICAÇÃO - FORMAS PRESAS

Na poda de frutificação na nossa região utiliza-se um sistema de poda designado por poda mista, que consiste em deixar a vara de vinho e o talão.

Fig. 88 Poda mista

Fig. 89 Vara de vinho

A vara de vinho tem como função principal a produção, embora em determinadas situações, as rebentações do terço inferior tenham funções vegetativas, ou seja, podem ser aproveitadas na poda para varas de vinho. Geralmente ficam com seis a sete gomos.


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PRÁTICAS DE VITICULTURA

Fig. 90 Eixo principal, vara de vinho e talão

O terço médio apre­senta grandes potencialidades de êxito em termos de ­fertilidade. O talão, que também se pode chamar de polegar, talicão, torno, espera e saca-vinhos, de acordo com a região, fica com dois a três gomos e tem como objectivo atrasar a poda, ou seja, colocá-la junto do eixo principal da videira e simultaneamente produzir e fornecer duas ramificações, sendo a que está mais próxima do eixo principal aproveitada para talão e a outra para vara de vinho na poda do ano seguinte. A vara de vinho sofre a chamada empa, que consiste em gemer a vara, ou seja, dar-lhe uma curvatura, com o objectivo da seiva não se dirigir na totalidade para a extremidade da vara (dominância apical), dando origem a rebentações muito fortes, em detrimento dos gomos do terço inferior, mas também do terço médio.

Fig. 91 Empa

O gemer da vara de vinho deve ser feito sobre o golpe, conforme indicado na figura a seguir.

Fig. 92 Gemer correcto da vara de vinho


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III PODA DA VINHA NA RAMADA | PODA DO CORDÃO SIMPLES ASCENDENTE

Fig. 93 Empa correcta (imagem à esquerda) Fig. 94 Empa incorrecta (imagem à direita)

A empa feita de uma forma correcta vai dar origem a vegetação menos densa, facilitando o arejamento, a penetração dos raios solares e também dá um grande contributo para que não se crie ambientes de humidade, propícios ao aparecimento de doenças. A empa, quando executada muito curvada, vai provocar um ajuntamento da vegetação, criando condições para que não haja um bom arejamento e uma boa penetração dos raios solares; ao mesmo tempo a humidade no seu interior passa a ser elevada, fazendo com que apareçam com facilidade as doenças. Esta situação também faz com que as folhas adultas que se encontram escondidas se tornem consumistas e não trabalhem para a formação dos cachos, assim como os tratamentos fitossanitários encontram dificuldade de penetrar nas zonas mais interiores da vegetação. No desenvolvimento do que se segue, a nossa atenção vai centrar-se fundamentalmente nas varas provenientes dos talões, embora se saiba que as varas surgidas do terço inferior (função vegetativa) das varas deixadas à poda, são potenciais varas que podem ser aproveitadas também para a realização da poda. Fig. 95 Videira antes de podada no 1.º ano (imagem à esquerda) Fig. 96 Videira depois de podada no 1.º ano (imagem à direita)


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PRÁTICAS DE VITICULTURA

▪ Videira que entrou na ramada com oito gomos (videira vigorosa). ▪ Dos oito gomos apenas ficam cinco, com o objectivo de darem cinco ramificações. ▪ O terceiro gomo é «cegado», dada a sua localização ser distante dos arames longitudinais. Fig. 97 Videira antes de podada no 2.º ano (imagem à esquerda) Fig. 98 Videira depois de podada no 2.º ano (imagem à direita)

▪ Videira com cinco ramificações, que vão ser cortadas conforme assinalado. ▪ As duas primeiras varas (2.º arame), assim como as outras duas (3.º arame), ficam para ­talões com dois gomos, que vão dar duas varas cada um, que servirão para a poda do ano seguinte (talão e vara de vinho). ▪ A última ramificação fica para ­­ramo-guia, donde vão ser aproveitadas duas varas (as melhores posicionadas em relação ao arame longitudinal) para a poda do ano seguinte (talões).


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III PODA DA VINHA NA RAMADA | PODA DO CORDÃO SIMPLES ASCENDENTE

Fig. 99 Videira antes de podada no 3.º ano (imagem à esquerda) Fig. 100 Videira depois de podada no 3.º ano (imagem à direita)

▪ A videira em causa apresenta treze ­ramificações, que vão ser cortadas ­conforme assinalado. ▪ No segundo e terceiro arames ficam duas varas de vinho e dois talões. As varas têm uma função vegetativa e produtiva. Depois de empadas, são amarradas ao arame, de modo a que fique, para além do arame, um gomo para evitar que as varas não se desprendam. Os talões têm como objectivo produzir e dar duas ramificações cada, que serão aproveitadas para a poda do ano seguinte. Ou seja, as ramificações que tiveram origem nos gomos mais próximos do eixo principal ficam para talões e as outras, mais distantes, ficam para varas de vinho. As ramificações da extremidade do ramo-guia ficam para talões, a fim de fornecerem a poda para o ano seguinte. As outras três que sobejam são eliminadas pela base. Fig. 101 Videira antes de podada no 4.º ano (imagem à esquerda) Fig. 102 Videira depois de podada no 4.º ano (imagem à direita)


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PRÁTICAS DE VITICULTURA

▪ A videira em causa apresenta doze ramificações do ano, embora haja outras provenientes das varas de vinho deixadas na poda do ano anterior, mas que não estão representadas para facilitar a explicação. As varas vão ser cortadas conforme assinalado. As varas do ano anterior são cortadas pela base. ▪ No segundo, terceiro e quarto arames ficam duas varas de vinho e dois talões por cada, pelas razões já referenciadas no 3.º ano. Assim se dá por concluída a poda de frutificação. É evidente que no desenvolvimento feito, parte-se sempre do pressuposto de que os talões rebentam sempre, dando boas ramificações. Para finalizar direi que, sempre que possível, é de todo o interesse deixar talões o mais próximos possível do eixo principal para manter a poda junto do mesmo. Por outro lado, convém dizer que o primeiro e último arame nunca devem ser guarnecidos, pois caso se verifique esta situação, os pâmpanos caem, dificultando a circulação do ar, a penetração dos raios solares, ensombramento, e, por vezes, situações de humidade, que contribuem para o aparecimento de doenças e atraso na maturação.

Fig. 103 Ramada


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III PODA DA VINHA NA RAMADA | PODA DO CORDÃO SIMPLES ASCENDENTE

4. PODA DO CORDÃO SIMPLES ASCENDENTE 4.1 PODA DE FORMAÇÃO

Como já se disse anteriormente, a poda de formação tem como objectivo principal fazer com que a videira cresça rapidamente e de uma forma equilibrada, bem desenvolvida e orientada, tendo em atenção o sistema de condução em causa, que neste caso só necessita de uma ramificação. Fig. 104 Videira antes de podada no 1.º ano

▪ Videira com duas ramificações. Fig. 105 Videira depois de podada no 1.º ano

▪ Escolheu-se a ramificação n.º 2, porque está melhor posicionada, com mais vigor e corta-se na extremidade, conforme assinalado na figura n.º 105. Elimina-se pela base a ramificação n.º 1.


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PRÁTICAS DE VITICULTURA

▪ Neste caso, tendo em atenção o desenvolvimento da videira poderão, ou não, «cegar-se» alguns gomos da base. O procedimento foi no sentido de «cegar» dois gomos. Esta atitude foi tomada para canalizar a alimentação, principalmente para as rebentações da extremidade, que são efectivamente aquelas que mais nos interessam em termos de formação da videira. No entanto, podiam-se deixar todos os gomos para que rebentassem e passado algum tempo eliminar-se-iam dois pâmpanos da base. Esta tomada de posição facilita o desenvolvimento da videira, dado que a fotossíntese, a respiração e a transpiração são muito mais intensas, advindo destes fenómenos um acumular maior de reservas nutritivas. ▪ Para finalizar, é de toda a conveniência amarrar a videira, de modo a que fique na posição vertical. Fig. 106 Videira antes de podada no 2.º ano

▪ A videira apresenta três ramificações. Fig. 107 Videira depois de podada no 2.º ano


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IV ALGUNS ERROS DA PODA NA VINHA

2.6 SITUAÇÃO CONSTATADA

Ramificação com dois talões e duas varas de vinho. Fig. 133 Poda de frutificação incorrecta

2.6.1 Consequências

O aparecimento de muita vegetação tem como consequência a situação retratada em 2.5.1. 2.6.2 Como evitar a situação em causa?

Eliminar o talão e vara de vinho mais afastados do eixo principal da videira, ficando como se vê na figura. Fig. 134 Poda correcta


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PRÁTICAS DE VITICULTURA

2.7 SITUAÇÃO CONSTATADA

Ramificação com uma pequena vara de vinho, muito afastada do eixo principal da videira. Fig. 135 Poda de frutificação incorrecta

2.7.1 Consequências

Com a vara de vinho muito afastada do eixo principal, cria-se um problema de estética, mas sobretudo cria-se um consumo de nutrientes desnecessários para a ramificação que suporta a vara de vinho, assim como o eterno afastamento do eixo principal. 2.7.2 Como evitar a situação em causa?

Eliminar a ramificação junto do eixo principal da videira de modo a estimular o aparecimento de gomos dormentes, dando estes origem a varas que servirão de talões no futuro. Como este tipo de corte é de dimensões ou calibre bastante grandes, é aconselhável fazer a desinfecção da ferida com um unguento específico.


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IV ALGUNS ERROS DA PODA NA VINHA

2.8 SITUAÇÃO CONSTATADA

Ramificação grossa com vara de vinho que não se vê e muito distante do eixo principal da videira, assim como um talão sobre talão do ano anterior. Fig. 136 Poda de frutificação incorrecta

2.8.1 Consequências

Afastamento da poda do eixo principal da videira. Uma vez que o antigo talão engrossa, mesmo que seja eliminado no ano seguinte, ao cortar fica uma ferida grande que pode ser a porta de entrada de doenças. 2.8.2 Como evitar a situação em causa?

Como é óbvio, deve-se evitar esta situação. Sendo assim, é aconselhável eliminar pela base o ramo que sustenta o talão, estimulando o aparecimento de um ladrão, o qual renovará a poda do ano seguinte. Quanto à vara, aproveita-se para produção e será eliminada no ano seguinte junto do eixo principal. 2.9 SITUAÇÃO CONSTATADA

Videira a «correr» pelo primeiro arame. Fig. 137 Videira mal conduzida


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PRÁTICAS DE VITICULTURA

2.9.1 Consequências

A videira não está a ser conduzida conforme as outras, seguindo os arames transversais, indo ocupar espaço que não lhe está destinado. Provoca excesso de vegetação ao colidir com a videira mais próxima. 2.9.2 Como evitar a situação em causa?

Desamarrar a videira e orientá-la por cima do arame transversal e paralelamente às outras existentes. Para o efeito, corta-se o talão junto da curvatura por razões explicitadas atrás e aproveita-se a vara do meio, mais fácil de encaminhar no arame, ficando como vara-guia. Dado o posicionamento da vara terminal na vertical, torna-se difícil o seu encaminhamento para o arame, pelo que não é aproveitada. Fig. 138 Videiras com orientação correcta

2.10 SITUAÇÃO CONSTATADA

Videiras a guarnecerem o último arame. Fig. 139 Poda de frutificação no último arame


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IV ALGUNS ERROS DA PODA NA VINHA

2.10.1 Consequências

As rebentações surgidas das varas e dos talões caem e dificultam o arejamento, a penetração dos raios solares e a maturação torna-se mais tardia. Há mais possibilidade de aparecerem doenças, dado o ensombramento. Fig. 140 Pâmpanos caídos da ramada

2.10.2 Como evitar a situação em causa?

Nunca guarnecer o último arame. 2.11 SITUAÇÃO CONSTATADA

Videira mal conduzida, com imensas varas de vinho (umas com gomos em demasia e outras com menos) e muito juntas, assim como talões. Fig. 141 Videira mal conduzida


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PRÁTICAS DE VITICULTURA

2.11.1 Consequências

O aparecimento de muita vegetação tem como consequências a situação retratada em 2.5.1. 2.11.2 Como evitar a situação em causa?

Conduzir a videira de modo a que tenha apenas um eixo principal e deste surgirem as varas e talões junto ao arame. Fig. 142 Videira bem conduzida

2.12 SITUAÇÃO CONSTATADA

Videira com várias ramificações grossas sobrepostas. Fig. 143 Videira mal conduzida


sobre o livro Redigido de uma forma simultaneamente simples e completa, o “Práticas de Viticultura” aponta alguns dos erros que se praticam na viticultura que influenciam posteriormente na longevidade das videiras, na produtividade, na qualidade das uvas e por conseguinte na própria qualidade do vinho. Passando por conceitos como a enxertia, a pré-poda e a poda propriamente dita, Urbano Moreira faculta ao leitor os conhecimentos teórico-práticos sólidos que permitirão tomar atitudes conducentes a boas práticas vitícolas em busca de uma viticultura sustentável. O presente livro está indicado sobretudo para os alunos do ensino técnico agrícola, de todos os níveis, bem como para os viticultores, técnicos e outros profissionais a quem interessa o aperfeiçoamento no campo da viticultura. sobre o autor Engenheiro Técnico Agrário de formação, Urbano Moreira conta já com a publicação de vários artigos e livros técnicos nas áreas da Viticultura, Solos, Fertilidade e Fertilização. Ao longo da sua carreira, tem vindo a ocupar os mais diversos cargos, destacandose as funções de docente do ensino profissional agrícola, nas escolas secundárias de Ponte de Lima, de Coruche e Profissional Agrícola Conde S. Bento, em Santo Tirso, orientador pedagógico na Escola Superior de Educação de Viana do Castelo e formador em Cooperativas Agrícolas.

ISBN(ebook) 978-972-8953-90-4

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