À Mostra, vol.13, nº 1 / 2021

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Uma Mostra reinventada Toda Mostra da Direção Teatral é aquela correria e frio na barriga. Montagem da sala Vianninha, preparação dos camarins, chegada ou finalização de cenários e figurinos... A organização e a recepção do público é feita algumas horas antes da distribuição das senhas porque sabemos que, muitas vezes, ocorre uma fila que dobra o corredor da Escola de Comunicação da UFRJ (ECo). Senhas acabam em poucos minutos. Nem sempre todos conseguem assistir e tentam no dia seguinte. Lindos 02 trabalhos. Muitos logo após as Mostras ganham asas e seguem para festivais, temporadas em teatros e indicações a prêmios. Em março de 2020 iniciávamos a pré-produção da “Mostra Mais 2020”, com apresentação pública das montagens da disciplina Direção VI, das Performances da Dança e do Seminário de Pesquisas da Direção Teatral. Sequer começou o semestre letivo e entramos 04

Por Érika Neves e Marcellus Ferreira

em quarentena devido à pandemia da COVID-19, com a “doce ilusão” de que duraria 14 dias. E aqui estamos, quase um ano depois, finalizando o período letivo de 2020/1, após passar por um Período Letivo Excepcional (PLE), ambos de maneira remota – o que deve ocorrer também com o período 2020/2. Diante deste cenário pandêmico, sabemos que o setor da arte e da cultura foi o primeiro a parar e provavelmente será um dos últimos a retomar o funcionamento de modo mais efetivo. Um cenário desolador, principalmente para os profissionais e estudantes das artes da cena que, para apresentar/ compartilhar suas criações artísticas, tanto em espaços abertos ou fechados, contam com a “aglomeração” de elenco, de equipe e, sobretudo, de espectadores para o sucesso do trabalho. Se por um lado os primeiros meses de isolamento causaram uma sensação de desânimo


e desalento, por outro, também instigaram em alguns grupos e artistas novas pesquisas de linguagem, que criaram e ensaiaram, trabalhando à distância a partir de suas residências. O curso de Direção Teatral também precisou repensar seus modos de ensino e criação, descobrindo possibilidades de softwares para aulas, reconfigurando as montagens de Direção VI e o formato das Mostras. Assim, a “Mostra Mais 2020” tornou-se a “e-Mostra Mais”, que acontecerá em exibições no Youtube. A programação da “e-Mostra Mais” conta com apresentações das encenações de Direção VI; de trabalhos de disciplinas do PLE; do projeto EncenaAção do Colégio de Aplicação CAp/UFRJ; do #MemóriaDT - vídeos de depoimentos de ex-alunos(as) com trechos de suas montagens de Direção VI e PET (Projeto Experimental em Teatro); e da peça “Um avô que era sonho” (uma montagem iniciada em disciplina do curso da DT e contemplada pela Lei Aldir Blanc). Mesmo que não tenha o “zum zum zum” e o calor do público como em “tempos normais”, será possível alcançar até quem não iria à UFRJ presencialmente. E, se não temos o chão

da sala Vianninha sustentando nossas montagens, nesta Revista trazemos toda a nostalgia e o aconchego deste espaço multiuso que sempre nos acolhe e transborda criatividade de nossos(as) discentes, docentes e técnicos(as). A realização do formato on-line da “e-Mostra Mais” é uma oportunidade de ampliar as variadas pesquisas de linguagem que os(as) estudantes do curso já realizam, de alcançar públicos distintos, de experimentar recursos tecnológicos ainda pouco explorados, bem como de refletir sobre as múltiplas possibilidades que o teatro pode explorar, e ainda subsistir, neste panorama atual. Assistam, desfrutem, deixem seu “joinha” e nos acompanhem! A todos(as), um bom espetáculo! Assista em: /MostraDeTeatroDaUFRJ /PandemicaColetivoTemporario* (07/03, 18h)

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Cenas da pandemia na UFRJ Por Gabriela Lírio

Ao longo da história, sempre escutamos (e verificamos) que o teatro se reinventa. Arte da combustão se adapta às adversidades, sejam elas políticas, sociais, culturais, econômicas. Como afirma meu querido ex-orientador de doutorado, Georges Banu, o teatro é a arte da memória e da vida; a arte da proximidade e do questionamento radical. A pandemia trouxe à tona muitas questões sobre nossos modos de coexistir e de sobreviver ao vírus e a nós 02 mesmos. Atravessar a COVID-19 no Brasil é constatar a ausência de empatia, de afeto, de lógica. É reafirmação do fosso gigantesco entre regiões, raças e classes, que a política do governo Bolsonaro só faz acentuar. Sensação de impotência, medo, solidão e abandono ampliaram-se na falta de perspectivas diante de um genocídio, que esperamos (sem credulidade) ser pelo menos minimizado com a chegada da vacina. 06

Como nos imunizar sem humanizar? A pandemia nos mostrou também que as artes da cena, em momentos trágicos, são capazes de responder por meio da reinvenção da prática e da criação de uma linguagem. É assim que vimos inúmeros espetáculos em cartaz na internet, revisitamos registros de clássicos e espetáculos de diretores importantes nos teatros mundo afora e no nosso país, como também descobrimos aqui atores, diretores e produtores investindo no hibridismo inerente ao encontro da teatralidade, do digital e da internet. Vimos a empatia travestida em ação política, reunião, ritual de atravessamento coletivo da crise. Artistas e produtores que, de mãos dadas, propuseram juntos lives, filmes, espetáculos, encontros, performances, levantando muitos recursos, materiais e imateriais. O teatro nos mostra como permanecer vivos. É nossa resistência. Fomenta coragem para continuarmos.

PANDEMIA


A

As Mostras do curso de Direção Teatral da UFRJ refletem a formação de nossos alunos ao longo de suas trajetórias acadêmicas. A excelência de nossa comunidade universitária não vem sem esforço. Todos nós sabemos o quanto custa sustentarmos um ensino de qualidade na universidade pública brasileira. Neste momento de aprendizado ainda mais árduo para docentes, discentes e técnicos(as), em que nos vemos testados em nossa humanidade, refletida em salas de aula virtual, trocas e diálogos estreitados por tantas perdas, investigamos um formato livre no qual vídeos e espetáculos virtuais em vários estilos nos acenam para uma linguagem, ouso dizer, que veio para ficar.

Uma linguagem que amplia o gesto (close), revela outros enquadramentos, modifica espaços pessoais e familiares (o teatro torna-se literalmente nossa casa), aproxima as fronteiras (nunca fomos tão desfronteirizados) e muda irreversivelmente o processo de direção que, à distância, descobre proximidade nunca imaginada: a câmera é parte do corpo, o olho do diretor percorre o quadro em movimento e articula, em planos-sequência, uma cartografia nova; um olho que edita ao vivo as possibilidades de uma teatralidade que sensibiliza, comunica, transforma. O curso de Direção Teatral da UFRJ acredita na arte como potência política de transformação, como linguagem sempre reinventada, como transgressão diante da barbárie, como força de renovação e movimento de vida diante da morte e da desesperança.

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SUMÁRIO 10

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Programação “e-Mostra Mais“

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Horas

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Trabalhos do Período Letivo Excepcional (PLE)

Valsa n°6

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Estação Terror e Miséria

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Um avô que era sonho

#MemóriaDT

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#MemóriaDT

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PROGRAMAÇÃO Programação MOSTRA e-Mostra Mais Trabalhos de Disciplinas do Período Letivo Excepcional (PLE) A partir de 04/03/2021 | QUI /MostraDeTeatroDaUFRJ Classificação indicativa: Livre Sinopse: Exercícios realizados de forma remota nas disciplinas de “Ator III”, “Análise de Textos e Interpretação Oral” e “Audioverbivococineperforvisual” durante o Período Letivo Excepcional (PLE).

#MemóriaDT A partir de 04/03/2021 | QUI /MostraDeTeatroDaUFRJ Classificação indicativa: Livre Sinopse: Ex-alunos(as) do curso de Direção Teatral falam sobre suas 02 montagens de Direção VI e Projeto Experimental em Teatro (PET).

Horas, de Lucy Kirkwood e Ed Hime Direção: Bernardo Pimentel

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A partir de 04/03/2021 | QUI às 19h30 /MostraDeTeatroDaUFRJ Classificação indicativa: 10 anos Sinopse: Três horas da manhã. sozinho. você e seus pensamentos. a paz e o incômodo. a calma e a agitação. uma ligação e um filme. que dia é hoje? e quando poderemos sair novamente?


Valsa n°6, de Nelson Rodrigues Direção: Priscila Manfredini A partir de 04/03/2021 | QUI às 21h /MostraDeTeatroDaUFRJ Classificação indicativa: 14 anos Sinopse: Uma menina, talvez uma mulher, está mergulhada num rio de lembranças fragmentadas repletas de nomes sem rosto: Mamãe, Paulo, Pai, Dr. Junqueira… E Sônia, sempre Sônia. Nessas águas turbulentas, ela tenta juntar todas as peças sem se afogar.

“EncenaAÇÃO 2020” - Estação Terror e Miséria

livre adaptação de “Terror e Miséria no III Reich”, de Bertolt Brecht

Direção: João Cordella, Kamilla Ferreira e Maria Luísa Grimaldi A partir de 06/03/2021 | SAB às 18h /MostraDeTeatroDaUFRJ Classificação indicativa: 10 anos Sinopse: Três turmas do Segundo Ano do Ensino Médio do CAp/UFRJ, sob a direção de alunos(as) do segundo ano do Curso de Direção Teatral, apresentam “EncenaAÇÃO 2020”. O texto original de Bertolt Brecht aborda o impacto nazista na Alemanha dos anos 30: cidadãos acuados, explorados, sem futuro. Soa familiar? O EncenaAÇÃO 2020 propõe um diálogo radiofônico com nosso dia a dia, pandêmico e incerto.

Um avô que era sonho, de Pedro Barroso Direção: Fernanda Arrabal e Gabriel Morais 07/03/2021 | DOM às 18h /PandemicaColetivoTemporario Classificação indicativa: Livre Sinopse: E pode um menino ser amigo de um velho? E pode um velho ser amigo de um menino? A partir do sonho de um novo encontro com seu falecido avô, um jovem ator narra e performa suas memórias de afeto e companheirismo, refletindo sobre temas que o acompanham desde a infância e construindo novos sentidos para a morte, o luto, a saudade e a ausência.

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I V o ã ç e r Di 13 13


Horas, de Lucy Kirkwood e Ed Hime Direção: Bernardo Pimentel

Orientação: Alessandra Vannucci Assistência de direção: Kamilla Ferreira e Maria Luísa Grimaldi Tradução, adaptação e atuação: Bernardo Pimentel Iluminação: Bernardo Pimentel, Kamilla Ferreira, Maria Luísa Grimaldi e Miriam Guilarducci Cenografia: Miriam Guilarducci Figurino: Everthon José Captação de imagem: Brendo Fernandes e Maria Luísa Grimaldi 02 Edição: Ian Campos Participação especial e design gráfico: Brendo Fernandes Assistência de fotografia: Beatriz Santa Rita Produção: Bernardo Pimentel

Imagens: Márcio Ferreira

HORAS 14


Ele pega o controle remoto, coloca no Spotify e escolhe uma música. Ele aperta play. A primeira parte da música é sua favorita, então, quando a música chega na metade, ele a repete desde o início e ouve tudo de novo. Ele faz isso pelo menos por três vezes.

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Valsa n°6, de Nelson Rodrigues Direção: Priscila Manfredini

Orientação: José Henrique Moreira Assistência de direção: Desirée Santos e Mayara Liriano Elenco: Idris Bahia Iluminação: Reinaldo Machado Cenografia: Rayane I.S e Xandromeda Figurino: Alice Araújo Orientação de Figurino: Suelly Gerhardt Preparação corporal: Brenda Gaspar Assistência de preparação corporal: Mariana Borges 02 Orientação de preparação corporal: Inês Galvão e Lígia Tourinho Produção: Priscila Manfredini Pesquisa Musical e Trilha Sonora: Fabio Storino Agradecimentos: Isadora Giesta e Victor Gustavo Almeida

Imagens: Alice Araújo, Anne Van Aerschot, Gallery Lelong & Co e Priscila Manfredini

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VALSA

As lembranças chegam a mim aos pedaços... Ainda agora, eu era menina. [...] Vejo restos de memória, boiando num rio, num rio que talvez não exista... Vejo também pedaços de mim mesma por toda parte… [...] Existem ou existiram espelhos? Ou, então, conheceis a água translúcida de um rio? Um rio, sim, onde meu rosto possa deitar-se entre águas?

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e d s o h l a b a r T o d s a n i l p i c s i D o v i t e L o d o í r e P ) E L P ( l a n o Excepci 19 19


Disciplina: Espetáculo: Ator III Docente: Jacyan Castilho Exercício: Compor uma ação ordinária. Acrescentar momentos de devaneio. Focalizar apenas parte(s) do corpo. Por Jacyan Castilho: As cenas aqui apresentadas são exercícios de sala de aula, resultados de nossas propostas de tarefas que pudessem ser realizadas de forma remota, na nova realidade de ensino virtual a que tivemos que nos 02 adaptar durante a pandemia. Não constituem trabalhos de finalização de semestre, nem pretendem ser produtos artísticos acabados. Muitos são a primeira experiência de alunes perante a câmera, e até perante o ato de interpretar. São, portanto, um fragmento de nossas atividades diárias.

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“Pés dançantes” Discente: Müller Hosken “A morte não é nada” de Henry Scott-Holland Discente: Bia Franco Exercício: “dançar” a carta. “Dançando a carta de Lourival”, de Lourival Discente: Karla Gabriela “Atrás da porta” Discente: Bia Franco


Exercício: Leitura da carta para o destinatário como se fosse de própria autoria. “Uma carta endereçada”, de Luís Inácio Lula da Silva em discurso no dia de sua prisão pela PF em 07/04/2018 Discente: Müller Hosken “Beijo, vó”, de Katy Perry Discente: Wes Calcanho Exercício: Contação de estória com objetos domésticos a partir da cena I de “Vida de Galileu”, de Bertolt Brecht

Disciplina: Análise de texto e interpretação oral Docente: Jacyan Castilho Exercício: Análise e interpretação de material textual de livre escolha “Cota não é esmola”, de Bia Ferreira Discente: Alberta Juliana “Laço de fita”, de Djavan Discente: Mariana Pantaleão “Travesti XIV”, de Matthielle Discente: Matthielle

“A didática de Copérnico, pré-Newton”, de Wes Calcanho Discente: Wes Calcanho

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“Neleú vem de lá”, de Ligia Maria Monteiro Discente: Ligia Maria Monteiro “A estrutura da bolha de sabão”, de Lygia Fagundes Telles Discente: Jady Marques “Bem no fundo”, de Paulo Leminski Discente: Ingrid Mariz “Notas sobre a experiência”, de Jorge Larrosa Discente: Ingrid Mariz 02

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Por Lívia Flores: Diante da situação de distância social imposta pela pandemia, que possibilidades se abrem para a experimentação de linguagens artísticas através dos dispositivos de comunicação remota de que dispomos? O objetivo da disciplina AUDIOVERBIVOCOCINEPERFORVISUAL foi, antes de mais nada, estabelecer entre os participantes um ambiente lúdico de trocas e colaborações favorável à sustentação de um ritmo de criação semanal, para que cruzamentos possíveis entre arte contemporânea, poesia, teatro, performance, cinema, som e videoarte pudessem ser experimentados. Sem a pretensão de apresentar objetos artísticos acabados, o que vemos aqui é uma pequena amostra do percurso de uma turma de 1º período (pandêmico) em processo de descoberta de suas potencialidades.

Disciplina: AUDIOVERBIVOCOCINEPERFORVISUAL Docente: Livia Flores Exercício: Os exercícios propostos buscaram estimular a exploração de elementos constituintes da linguagem audiovisual: 1. plano/campo; 2. contracampo; 3. palavra-imagem-som. “Realidade virtual (Protótipo)” Discente: Aureo Müller “O som da quarentena” Discente: Carla Valentin “Um plano é” Discente: Dora Abreu “Um corpo em mim” Discente: Dora Abreu

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“Hands” Discente: Ellen Ferreira “Anxiety” Discente: Ellen Ferreira “Minha própria tridimensionalidade” Discente: Diego Moreira Silva “Em quadrinhos” Discente: Diego Moreira Silva “Dentro da casca” Discente: Henrique Barreira “Fuga” Discente: Hugo Genuino 02

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“Descontrole” Discente: Hugo Genuino “Possíveis contracampos de ‘Mãos’, Ellen Ferreira” Discente: Igor Gonçalves “Progressão instrumental” Discente: Julia Zimmer “Resposta campo Mathielle” Discente: Julia Zimmer “Brincando com palavra” Discente: Laura Miele “Bicho” Discente: Luís Augusto Guedes

“Mathielle XIV” Discente: Matthielle “O fora” Discente: Mayara Liriano “Eu tenho uma voz” Discente: Ryan Santos “Espelho” Discente: Vinicius Andrade “Quem do outro lado está?” Discente: Vinicius Andrade

“Je vous salue covid” Discente: Luís Augusto Guedes “Domingo” Discente: Maria Luísa Grimaldi “As voltas” Discente: Matthielle

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s o d a d i v n Co 27 27


Estação Terror e Miséria Livre adaptação de “Terror e Miséria no III Reich”, de Bertolt Brecht Três turmas do Segundo Ano do Ensino Médio do CAp/UFRJ, sob a direção de alunos(as) do segundo ano do Curso de Direção Teatral, apresentam “EncenaAÇÃO

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O ESPIÃO: Eles são abertamente estimulados a contar tudo o que ouvem em casa. Não deixa de ser estranho ele ter saído daqui tão de mansinho.

A MULHER JUDIA: Você repetia sempre: havia indivíduos de valor e outros de menor valor, e eu concordava. Agora estabeleceram uma nova classificação e estou entre aqueles que têm valor inferior a zero.

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Turmas 22A e 22C: Direção: João Cordella e Maria Luísa Grimaldi Direção de movimento: Igor Capanema Orientação: Céli Palacios Peças: “Hora do Trabalhador”, “O Espião” e “O Velho Combatente”. Elenco: Beatriz da Silva, Carolina Cortes, Cauã Oliveira, Felipe Fasca, Gabriella dos Reis, Glaucia Lelis, Handré Monteiro, Ingrid Fernandes, Isabella Gomes, Júlia Pampurre, Kaylane Souza, Luiza Mendes, Maria Isabel Ribeiro, Maria Eduarda Sousa, Milena Laburu, Nalu Sousa, Nicole Santiago, Renan Duarte e Thiago Paiva Turma 22B: Direção: Kamilla Ferreira Direção de movimento: Julia Moraes Orientação: Andréa Pinheiro Peças: “A traição”, “A serviço do Povo”, “Doença Profissional”, “O caixão”, “Mulher Judia” Elenco: Anna Izabel Xavier, Diogo de Oliveira, Fábia Velasque, Giovana Lopes, Julia Marinho, Júlia Ximenez, Luana Duvoizem, Milla Provietti e Richard Bezerra Arte (Figurino, Caracterização, Cenografia): Luna Becker Assistência técnica digital: Yasmin Vianna e Luciana Barros Trilha sonora/pesquisa musical: Maria Luisa Grimaldi e Kamilla Ferreira Sonoplastia, locução e operação de som: Franco Salvoni Edição de vídeo: Victor Gustavo Almeida Produção: Gustavo Brasil Direção artística: Andréa Pinheiro e Céli Palacios Agradecimentos: Érika Neves, Adriana Schneider, Celeia Machado, Fátima Novo, e-Mostra Mais, Curso de Direção Teatral (ECo) e Colégio de Aplicação da UFRJ Imagens: Setor Curricular de Artes Cênicas do Colégio de Aplicação da UFRJ e Agência EFE

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Resistir para não desistir

Por Andréa Pinheiro e Céli Palacios

2020: o ano que não esqueceremos. O ano que ainda vivemos. Em meio ao risco de contaminação e às agruras da vida remota, a quarentena nos desafia a buscar outras formas cênicas, já que a presença de corpos no mesmo espaço físico continua, infelizmente, suspensa. Enquanto isso, respiramos fundo e resistimos. “Resistência” é nossa palavra de ordem no momento, assim como o era na Alemanha de Bertolt Brecht, autor de “Terror e Miséria no Terceiro Reich”, escrito entre 1935 e 1938. Já exilado 02 naquela época, Brecht recebia as notícias da ascensão do nazifascismo alemão por recortes de jornais e informes da resistência. A partir daí, escreveu o texto, composto de 24 peças curtas. Destas, selecionamos oito para encenar. Em “Terror e Miséria”, o medo gerado pelo autoritarismo do regime instalado, pelo denuncismo que faz com que pais e mães temam que seus próprios filhos e 30

filhas os entreguem à polícia – por algo que talvez nem sequer tenham feito – invade o cotidiano das famílias alemãs. O autor traz personagens desconfiados e assustados, trabalhadores explorados, pessoas julgadas e condenadas sem provas, numa perspectiva de medo e incerteza. Medo e incerteza também invadem nossos lares e vidas de hoje. Tal como em 2019, seguimos em 2020 e 2021 na cultura das polarizações, das fake news, e com o agravante da pandemia, nos vemos às voltas com máscaras, álcool em gel, falta de vacinas e uma enxurrada de falácias populistas, desde a famosa “gripezinha” até o risco de “virar jacaré”. É preciso resistir, hoje e sempre, para sobreviver e... viver. Nossa resistência é o teatro. E como fazer teatro, arte da presença, em tempos de distanciamento físico, ainda mais na Educação Básica, com estudantes com câmeras fechadas e conexões instáveis?


As precariedades digitais podem acentuar ainda mais as desigualdades sociais entre os discentes. Como promover o encontro numa plataforma de solidão? Mesmo assim, seguimos, desafiadas e desafiados a fazer teatro. Navegando nas ondas sonoras do drama radiofônico, o “EncenaAÇÃO 2020: Estação Terror e Miséria” propõe um diálogo com o Brasil do século XXI. Afinal, a proposta épica de Brecht é de distanciamento... crítico. Então, vamos nos apropriar da distância das plataformas digitais para promover precisamente esta crítica social, que está muito longe do que o próprio autor chamava de “teatro digestivo”; ou seja, aquele que entretém, que ilude. Não podemos nos iludir. É tempo de luta.

Foto por Agência EFE

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SONHO Um avô que era sonho, de Pedro Barroso Trabalho iniciado na disciplina de “Ator II”, ministrada pela prof.ª Gabriela Lírio em 2019/2, e desenvolvido na pesquisa de iniciação científica de Pedro Barroso (bolsa PIBIC/UFRJ), no projeto “Cenas na pandemia: tecnologia e performatividade”, orientado também por Gabriela.

Dramaturgia e Atuação: Pedro Barroso Direção: Fernanda Arrabal e Gabriel Morais Supervisão: Gabriela Lírio Direção Musical: Vinícius Mousinho Visualidades: Daniele Geammal Vídeos: Madara Luiza e Pedro Barroso Arte Gráfica: Davi Palmeira Produção: Emerson Mendes e Tainá Porfírio Parceria: Pandêmica Coletivo Temporário de Criação 02 Colaboração: UFRJ Apoio: Museu da Maré, CEASM, Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Penna, Restaurante Taneco, Nova Mídia Patrocínio: Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria Especial de Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal Imagens: Carolina Viana e Pedro Barroso

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A verdade é que com o meu avô eu gostava de ir em qualquer lugar... até mesmo em lugar algum.

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T D a i r ó m e #M 35 35


Ex-alunos(as) do curso de Direção Teatral falam sobre suas montagens de Direção VI e Projeto Experimental em Teatro (PET).

Saiba mais sobre as peças em: https://issuu.com/amostra https://issuu.com/mostradeteatroufrj

Antonio Ventura fala sobre “Romeu e Julieta”, de William Shakespeare, sua montagem de formatura (PET) na “XVII Mostra de Teatro da UFRJ” (2017). Os focos de trabalho de Antonio Ventura são a ópera e dramaturgos canônicos, especialmente Shakespeare, autor que explorou em seus três projetos de encenação do02curso de Direção Teatral. Além da produção profissional de “Romeu e Julieta” (2018), dirigiu as óperas “Suor Angelica” e “O gato de botas” em 2019. No mesmo ano, foi admitido como assistente de direção em produções do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

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“Romeu e Julieta” (por Clara Castañon)

Felipe Valentim fala sobre “Mulheres de Papel”, de sua autoria, sua montagem de formatura (PET) na “XVII Mostra de Teatro da UFRJ” (2017).


Felipe Valentim é professor da Educação Básica e coordena/ participa de projetos de extensão relacionados ao Teatro na Escola. Participa como diretor, assistente de direção, ator e dramaturgo em pequenos projetos e produções. Atualmente, desenvolve pesquisa de doutorado sobre o teatro político e investigativo de Milo Rau, questões de texto e cena, no curso de Literatura Comparada (PPGL) da UERJ.

“Mulheres de Papel” (por Clara Castañon)

Gabriela Villela fala sobre “Vejo um vulto na janela, me acudam que eu sou donzela”, de Leilah Assumpção, sua montagem de Direção VI na “Mostra Mais 2018”; e sobre “Histórias para acordar”, de Lane Lopes, sua montagem de formatura (PET) na “XVIII Mostra de Teatro da UFRJ” (2018).

“Vejo um vulto na janela, me acudam que eu sou donzela” (por Clara Castañon)

Gabriela Villela é formada em Direção Teatral pela UFRJ e cursa licenciatura em teatro na Universidade Estácio de Sá. Ministrou cursos de teatro na Cia de Teatro Articule e, além de diretora, também é atriz e produtora.

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contemplado com mais de 10 prêmios PROAC – Programa de Ação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura - Governo de São Paulo, tanto para produção quanto para circulação. É especialista em formatação de projetos para editais nacionais e internacionais em diversos segmentos artísticos, além de dramaturgo e diretor da Companhia Hecatombe de Teatro. “Histórias para acordar” (por Clara Castañon)

Homero Ferreira fala sobre “Alice&Baltazar ou INDEVASSÁVEL”, de sua autoria, sua montagem de formatura (PET) na02“XVIII Mostra de Teatro da UFRJ” (2018). Homero Ferreira é mestrando no PPGAC - Programa de Pós-graduação em Artes da Cena da UFRJ. Seu projeto de formatura “Alice&Baltazar ou INDEVASSÁVEL” foi contemplado com o Prêmio Nelson Seixas 2018 para sua montagem. Foi também 38

“Alice&Baltazar ou INDEVASSÁVEL” (por Clara Castañon)


Marcéu Pierrotti fala sobre “Moléstia”, de Herton Gustavo Gratto, sua montagem de Direção VI na “Mostra Mais 2018”.

“Moléstia” (por Clara Castañon)

Marcéu é formado em Direção Teatral pela UFRJ, em Artes Cênicas pela UNESA e pela Adler Technique pela Stella Adler Studio of Acting New York. Como diretor, começou dentro da UFRJ, ao experimentar a confluência entre o texto de Shakespeare e o contemporâneo em “Hamlet & Laertes”, relacionando Hamlet com a perda de seu pai em 2017. No ano seguinte, explorou o hibridismo entre teatro e cinema ao trazer a câmera e as dinâmicas audiovisuais para o teatro com a peça “Moléstia”, de Herton Gustavo Gratto. E continua esta pesquisa ao dirigir “O lado B”, de Gustavo Damasceno, que estreou em 2019 na Cidade das Artes. Paralelamente, atua há 11 anos como ator em séries, novelas e espetáculos teatrais.

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Diretora-Adjunta de Administração Andrea Moraes Coordenação de Ciclo Básico Andréia Resende Coordenação de Jornalismo Fernando Ewerton Fernandes Junior Coordenação de Rádio/TV Guiomar Ramos UFRJ Coordenação de Produção Editorial Isabel Travancas Reitora Coordenação de Publicidade Denise Pires de Carvalho e Propaganda Pró-Reitora de Graduação – PR-1 Mônica Machado Gisele Viana Pires Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Coordenação de Direção Teatral José Henrique Moreira – PR-2 Denise Maria Guimarães Freire Pró-Reitora de Extensão – PR-5 CO-REALIZAÇÃO Ivana Bentes Oliveira Decano do CFCH CAp – Colégio de Aplicação da UFRJ Marcelo Macedo Corrêa e Castro Maria de Fátima dos Santos Galvão (Diretora) FÓRUM DE CIÊNCIA E CULTURA Escola de Belas Artes (EBA) Madalena Ribeiro Grimaldi (Diretora) Coordenadora 02 Roque Andrea Renck (Coordenação de Artes Tatiana Cênicas – Cenografia e Indumentária) Superintendente de Difusão Cultural Adriana Schneider Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) Katya Gualter (Diretora) ESCOLA DE COMUNICAÇÃO Waleska Britto (Chefe do Departamento de Arte Corporal - DAC) Diretora Suzy dos Santos Diretor-Adjunto de Graduação Sandro Tôrres de Azevedo

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Monitoria de Iluminação Cênica/SUAT Lilian Corrêa (Direção Teatral - Monitoria - PIBIAC/PR1)

Coordenação geral Marcellus Ferreira Coordenação de produção Érika Neves Coordenação Técnica/SUAT José Henrique Moreira (ECo) e Gláucio Machado (EEFD) Comissão pedagógica Eleonora Fabião, Érika Neves, José Henrique Moreira e Marcellus Ferreira Curadoria dos trabalhos do Período Letivo Excepcional Jacyan Castilho e Lívia Flores Bolsistas de produção (Bolsas PROART/FCC) Alberta Juliana, Beatriz Santa Rita, Gabriel Hastenreiter e Joyce Jesus Bolsista de apoio técnico e dramatúrgico em plataformas digitais (Bolsa AtivInt/DT) Homero Ferreira (PPGAC/ECo)

Suporte técnico e de Iluminação – Equipe SUAT - Sistema Universitário de Apoio Teatral (Bolsas PIBIAC/PR-1, PROART/FCC e AtivInt/DT) Anna Padilha (Direção Teatral), Brawn Guerra (Arquitetura), Carine Sofia (Licenciatura em Dança), Hadna Silva (Licenciatura em Dança), Karla Gabriela (Direção Teatral), Monique Rodrigues (Arquitetura), Otto Adour (estagiário do Ensino Médio), Rafaela Rezende (Radialismo), Reinaldo Machado (Direção Teatral), Thiago Souza (Teoria da Dança) e Victória Neves (Arquitetura) Bolsista de programação visual (Bolsa AtivInt/DT) Paula Correa Orientação de programação visual Andréia Resende (ECo) APOIO Ceci Hadassa Escola de Música da UFRJ SUAT – Sistema Universitário de Apoio Teatral PARCERIA Pandêmica Coletivo Temporário de Criação

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EXPEDIENTE Revista-programa sobre a “e-Mostra Mais”. Uma publicação laboratorial da Escola de Comunicação ECo/UFRJ, sem fins lucrativos. Produção, editoração e revisão: Érika Neves Bolsista de programação visual (Bolsa AtivInt/DT): Paula Correa 02 Orientação de programação visual: Andréia Resende (ECo) Fotos da Capa: Por Sol Klapztein, com edição por Paula Correa Imagens virtuais da Sala Vianninha: SUAT / Capture 2020 42 42


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