Até lugares onde nunca se chega

Até lugares onde nunca se chega Um escritor na barca das histórias infantis

Ficha Técnica Título: Até lugares onde nunca se chega Subtítulo: Um escritor na barca das histórias infantis Autores/ Editoras: Ana Cunha, Filipa Lima, Mariana Vasconcelos e Sara Oliveira Edição: Ana Cunha, Filipa Lima, Mariana Vasconcelos e Sara Oliveira Revisão: Ana Cunha, Filipa Lima, Mariana Vasconcelos e Sara Oliveira Ilustração: Ana Cunha Instituição: Escola Superior de Educação, Instituto Politécnico de Viana do Castelo Unidade Curricular: Literatura Infantojuvenil Publicação : 2022,Portugal,Viana do Castelo

Ana Cunha, Filipa Lima, Mariana Vasconcelos & Sara Oliveira

Até lugares onde nunca se chega Um escritor na barca das histórias infantis

Introdução No âmbito da unidade curricular de Literatura Infantojuvenil foi pedido pela docente Lúcia Barros a realização de um livro digital.

Este livro digital incide sobre um autor da LIJ. Posto isto a nossa escolha recaiu sobre Vergílio Alberto Vieira.

Ao longo deste livro iremos dar a conhecer Vieira explorando a sua vida e obras de modo a dar ênfase a este autor que enveredou por esta vertente literária.

Vergílio Alberto Vieira Um escritor na barca das histórias infantis é Vergílio Alberto Vieira, poeta, ficcionista, ensaísta, crítico literário, é autor de numerosos livros na área da literatura infantojuvenil (narrativa, poesia e teatro), nasceu em 1950, na Vila de Amares, e começou a publicar aos 20 anos.

Participa regularmente em iniciativas, desde há anos, de divulgação do livro e da leitura, junto de escolas e bibliotecas públicas.

O tempo que passou no Ultramar foi determinante para o seu percurso literário, mas também o amor teria tido uma grande influência, pelo menos nos primeiros anos da sua carreira literária. A sua escrita tem uma grande influência dos poetas de língua portuguesa, acima de tudo, mas também dos clássicos gregos e latinos.

Foi educado por padres até aos 16 anos. Na sua infância não tinha livros em casa e o que lia era sempre sobre a vigilância do pai “um jovem nos anos 60 não podia ler o que queria”.

O Projeto de Leitura Pública da Fundação Calouste Gulbenkian com o Serviço de Bibliotecas Itinerantes criado em 1958, por sugestão de Branquinho da Fonseca, foi muito importante para Vergílio Alberto Vieira. O escritor nunca se esquece dos dias em que a Biblioteca Itinerante vinha ao centro da Vila trazer os livros, que de outra forma não os teria lido.

Segundo Vergílio Alberto Vieira, o Largo da Vila era para a maior parte da população local o centro do mundo.

Teria sido em primeiro lugar a leitura quem o fez viajar para outros mundos.

Vergílio sente dificuldade em situar-se, como ele próprio diz “sou do lugar de onde estou, neste lugar quero morrer”.

Nasceu em Amares, mas logo de seguida vai viver com os seus pais para Braga, regressa a Amares para fazer o ensino primário na Escola Conde Ferreira, sai novamente para Braga para estudar no Seminário, vai para Angola. Faz a sua formação no Porto e a partir daqui percorre várias escolas do país, e acaba por passar quase toda a sua carreira de docente, até 2009, em Lisboa, regressando novamente a Braga.

Vergílio Alberto Vieira viveu o horror da Guerra Colonial e teria sido este momento da sua vida que teria feito com que se dedicasse à literatura. Fez parte da Polícia Militar, em Luanda, entre 1974 e 1975.

“Chão de Víboras” e “Pára-me de repente” são resultado das suas vivências que teve em Angola.

Sobre a escolha do seu género literário, diz Vergílio Alberto Vieira, escrever o que lhe vai na alma, e o género que melhor se encaixar é o que vai utilizar, desde a poesia, ao teatro, à narrativa ou em forma de ensaio.

O escritor vive “dolorosamente apaixonado” e são as suas “obsessões” que alimentam a sua grande obra literária.

Em 1970 vai para Coimbra para a Faculdade de Direito, curso que acaba por abandonar. Casa nesse mesmo ano. Deste casamento nascem Sofia, Sara e Cármen. Parte para Angola como civil para lecionar em Malange. Em 1974 faz o curso de Oficiais e ingressa na Polícia Militar nesse mesmo ano, onde permanece até 1975.

Vem de Angola faz o Curso de Letras, na Faculdade de Letras do Porto. Percorre várias escolas, mas é em Lisboa que faz quase toda a sua carreira enquanto docente. A par dos vários géneros literários que estamos habituados a ver em Vergílio Alberto Vieira, a partir de 1988 dedica-se à literatura para a infância.

Vergílio Alberto Vieira está incluído em várias antologias.

Está publicado em Espanha, Bulgária, Egito, Moçambique e Brasil.

Foi crítico literário na revista África, no Jornal de Notícias, no Faro de Vigo e no Expresso.

Foi júri de vários prémios: Vida Cultural, Romance e Poesia (APE); Pen Clube, Correntes d’Escritas, Eixo-Atlântico; Camilo Castelo Branco, Teixeira de Pascoais, Florbela Espanca, Sebastião da Gama.

Integrou as direções da APE, do Pen Clube Português, IBBY (International Board on Books for Young People) e AJHLP (A Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto).

Literatura Infantojuvenil Para além de muitas outras obras e temas, este autor decidiu abrir a possibilidade de elogiar a criança- com quem diz Vergílio ter aprendido a sua arte (Vieira,2003:4) -e simultaneamente conhecido as palavras poéticas, Vieira diz escrever oferecendo a infância e o pensamento no coração.

Obras

-Narrativa

“A Oleira Prodigiosa” A história da Rosa Ramalho contada aos mais pequenos. A afeição pela arte de velhos artesãos, conta, é antiga: "Povoaram-me a infância com seus rostos talhados pela paixão - rude paixão - de quem ama a vida, mesmo quando ela lhes é madrasta."

A escolha da Rosa para personagem de livro tem uma explicação. "A oleira foi uma lição de vida.

Morreu como viveu, sorrindo à morte com a naturalidade de uma flor: efémera como tudo o que é eterno." A mulher que esculpiu santos e demónios viveu em Barcelos - na mesma terra onde Vergílio, aos 18 anos, trabalharia pela primeira vez.

-Poesia

“Para não quebrar o encanto: Os direitos da criança” Assim, em forma poética, surge a obra “Para não Quebrar o Encanto”(2007), subintitulada « Os Direitos da Criança», abre precisamente com a transcrição do texto da «Declaração dos Direitos da Criança», apresenta vinte breves glosas inspiradas nesta e encerra com o seguinte «Parágrafo único» : « para estar de bem comigo e com os outros,/aos meus direitos juntei o dever de amar;/aos meus deveres, o direito de ser amado»(Vieira,2007:s/p).

O tópico do amor é, de facto, estruturante na totalidade dos versos da coletânea, sendo poetizado a partir do recurso a elementos simbólicos, muitas vezes incluídos em expressões metafóricas e comparativas.

A poesia de Vergílio Alberto Vieira, aqui repartida por vinte breves fragmentos líricos, dá também conta « das fragilidades da criança e da existência de desigualdades e de situações insustentáveis do ponto de vista dos direitos humanos»(Ramos,2012:134).

“Sonhos de Gato” Compilação de poemas para a infância sobre o mundo dos sonhos, na perspetiva de quem, como os gatos, tem uma personalidade muito própria.

-Teatro

“O Menino Jesus da Cartolinha” Recinto com cisterna ao centro protegida por murete; à volta do terreiro, levantam-se duas alas de muralha fortificada em avançado estado de ruína.

Pela clareira que separa os dois alçados da muralha, avista-se um trecho de planalto.

A ação decorre ao fim do dia, véspera de Natal, vendo-se no chão um ou outro vestígio de neve.

Na ala direita da muralha, abre-se uma porta de armas, com arco; o ambiente é de fim de tarde de Inverno, cinzento e frio.

“Um escritor na barca das histórias infantis” A sua obra poética leva o leitor a "lugares aonde nunca se chega".

Hoje escreve para crianças como forma de resistência "à tentativa perversa para que arrastam as redes sociais“.

(Gonçalves, D. , 2011) Importante, diz, é a "humanidade nessa aproximação que generosos corações acolhem à margem de um ensino público massificado, tantas vezes fútil, tantas vezes delirante face a modelos, finalidades, resultados, agenciados pelas estatísticas que os tolhem". O diálogo com os leitores, um pouco por todo o País, serve ainda "para tirar a limpo o que ainda é razão para resistir à tentativa perversa para que arrastam as redes sociais".

Bibliografia: -Biblioteca Municipal de Amares.(2021,março,1). Vergílio Alberto Vieira. Frácifico de Sá de Miráda. https://biblioamares.pt/2021/03/01/vergilio-alberto-vieira/ ; -Vieira. A.V (2007). Chão de Víboras. Editorial Caminho; -Vieira. A.V (2004) Pára-me de Repente. Editorial Caminho; - Silva, Sara Reis da (2020). «Sobre Vergílio Alberto Vieira e a sua escrita para a infância que nunca quebrará o encanto» in Boletim Cultural de Amares, Nº 2, Dez. de 2020, pp. 91-97; -Gonçalves, D.( 2011). Vergílio Alberto Vieira. Póvoa de Varzim. https://www.cm-pvarzim.pt/territorio/povoa-cultural/pelouro-cultural/areas-de-accao/correntes-d-escritas/edi cao-2011/bibliografias/vergilio-alberto-vieira/ ; -Mangas, F.(2011,maio,14). Um escritor na barca das histórias infantis. Diário de Notícias. https://www-dnpt.cdn.ampproject.org/v/s/www.dn.pt/gente/amp/um-escritor-na-barca-das-historias-infantis-1851925.html? amp_js_v=a6&amp_gsa=1&usqp=mq331AQKKAFQArABIIACAw%3D %3D#aoh=16518240521690&referrer=https%3A%2F%2Fwww.google.com&amp_tf=De %20%251%24s&ampshare=https%3A%2F%2Fwww.dn.pt%2Fgente%2Fum-escritor-na-barca-dashistorias-infantis-1851925.html ;