Caderno F
Saúde MANAUS, DOMINGO, 7 DE OUTUBRO DE 2012
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Outubro rosa e a proteção das mamas Saúde e bem-estar F4
O inimigo mora aqui Telhas e caixas d´água de amianto são uma agressão à saúde pública, ainda assim, o Brasil continua utilizando esse material cancerígeno em diversos produtos, ignorando os riscos WANDILSON PRATA Especial EM TEMPO
Q
uem já não ouviu falar do amianto? Um material cancerígeno, porém ainda uma matéria-prima bastante explorada no Brasil em setores de construção civil, devido à sua resistência e ao seu baixo custo. Mas o que é bom para o bolso, nem sempre é bom para a saúde, como diz o ditado “o perigo esta onde menos se espera”. Infelizmente, muitos brasileiros, por desconhecerem ou se descuidarem, ainda usam produtos fabricados com o amianto, como telhas e caixas d’água. No próximo dia 13, Paris vai realizar uma grande marcha para lembrar as vítimas do amianto e pressionar os governos que ainda não proibiram a exploração e o uso do produto a tomar uma atitude. E você sabe quem é um dos principais alvos da campanha? O Brasil, isso mesmo, ele é o terceiro maior produtor mundial do minério, classificado pela Organização Mundial da Saúde – OMS, estando no grupo principal de substâncias cancerígenas. Só para se ter uma ideia, mais de 125 milhões de operários estão expostos ao amianto em todo o mundo, e cerca de 107 mil morrem anualmente em decorrência de doenças associadas às suas nocivas fibras. A França baniu o minério há
16 anos e outros 65 países seguiram o mesmo caminho. Na lista estão os Estados Unidos, todas as nações da União Europeia, mas também muitas do Hemisfério Sul, inclusive os nossos vizinhos Argentina, Chile e Uruguai. De acordo com o pneumologista, Evandro Martins, o risco é mais voltado
O trabalhador que tem o contato direto com o material tem uma incidência bem maior de contrair um câncer de pleura Evandro Martins, pneumologista
para os trabalhadores, quem têm o contato direto com a substância, porém a recomendação é que as pessoas evitem usar produtos que possuem o amianto. “O trabalhador que tem o contato direto com o material, tem uma incidência bem maior de contrair um câncer de pleura, que são tumores malignos no pulmão, mas se diagnosticado no início pode ser tratado com cirurgia ou associação de radio ou quimioterapia”.
Um negócio que rende bilhões O amianto constitui um grupo de minerais fibrosos amplamente utilizados pela indústria graças às suas notáveis propriedades e por ser um excelente isolante térmico e elétrico, além de resistente à fricção. Não por acaso, é empregado em mais de 3 mil produtos, de material de construção a peças automotivas como freios e juntas de cabeçote. No Brasil, 96,7% do amianto é usado pela indústria de fibrocimento, na fabricação de telhas e caixas d’água. Um lucrativo negócio que movimenta 2,5 bilhões de reais por ano. A discussão sobre a eliminação da substância no Brasil se prolonga há mais de duas décadas. Mas atualmente o Supremo Tribunal Federal – STF, analisa quatro Ações Diretas de Inconstitucionalidade - Adin, patrocinadas pela indústria, que objetivam derrubar as legislações de estados que proibiram a utilização do material. As empresas Brasilit e a Eternit foram as duas principais fábricas que desembarcaram no Brasil no final dos anos 30. Empregavam famílias inteiras em Osasco e São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. Hoje, o amianto é proibido em cinco Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Sul, Mato Grosso e Pernambuco e em mais de duas dezenas de municípios. A única mina de amianto ainda explorada está localizada no município de Minaçu, em Goiás e é a segunda maior arrecadação de impostos do Estado, correspondendo a 30% do seu faturamento bruto. As indenizações na Justiça para ex-trabalhadores da indústria do amianto estão mais frequentes e mais altas. Muitos que adoeceram ganharam indenizações de R$ 100 mil a R$ 300 mil. No Rio de Janeiro, a Justiça mandou pagar esse ano R$ 1.450 milhão à família de Maria de Lourdes Lima Vianel, que morreu de asbestose em 2000. Em São Paulo, atualmente, mais de 300 ações individuais tramitam na Justiça contra a Eternit, uma das primeiras a se instalar no ainda bairro paulistano de Osasco, em 1939. Em 1993, foi desativada, mas deixou um rastro de mortos e doentes.Muitos morreram sem saber que foram vítimas do pó branco-acinzentado que tomava conta da fábrica e seus arredores. De acordo com a empresa, em toda a história da produção no Brasil, há 300 casos de disfunção respiratória em decorrência da exploração.
As principais doenças causadas pelo amianto Asbestose É a mais frequente entre as enfermidades fatais. As fibras do mineral alojam-se nos alvéolos e comprometem a capacidade respiratória. É crônica, progressiva e para ela não existe tratamento. O doente sente falta de ar e cansaço excessivo. No quadro, a asbestose comprometeu 75% da capacidade respiratória dos pulmões. Câncer de pulmão A exposição ao amianto aumenta até dez vezes o risco da doença. O paciente sente falta de ar, emagrece e tem dor no peito. É um tipo agressivo de tumor, que costuma espalhar-se para os rins, os ossos e o cérebro. O tratamento é feito com quimioterapia, radioterapia ou cirurgia. Mesotelioma Câncer da membrana que envolve os pulmões (pleura). Só é causado pelo amianto. O paciente sente falta de ar e dor aguda no peito. O tratamento é o mesmo do câncer de pulmão, mas a cura é mais difícil. Placas pleurais Surgem na pleura e são benignas. Não há sintomas nem tratamento. O doente corre três vezes mais risco de sofrer de asbestose e dez vezes mais de ter mesotelioma