Saúde - 4 de maio de 2014

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MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014

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Saúde e bem-estar F5

Fobia social tem cura Para algumas pessoas falar em público pode ser um acontecimento simplesmente paralisante, isso é doença, mas tem tratamento MELLANIE HASIMOTO Equipe EM TEMPO

T

remores, rubor, palpitações, sudorese excessiva e desatenção. Esses são os sintomas de quem sofre com a fobia social. Muito mais que apenas timidez, o desconforto é tanto que aparecem em situações do dia a dia que para outros parecem corriqueiras como comer, beber ou falar em público, ir a uma festa, uma entrevista de emprego, fazer uma pergunta ao professor ou realizar um pedido a um vendedor. Geralmente, explica a psicóloga Sandra Hayashi, os sintomas começam na infância ou início da adolescência, raramente ocorrem após um estresse ou de maneira gradual. “A fobia social tem uma prevalência na população em geral de 3 a 13%, afetando homens e mulheres, com um leve predomínio nas mulheres, embora sejam os homens que mais procurem ajuda. Alguns anos atrás fizemos uma pesquisa com 240 universitários da cidade de Manaus, 7,5 % apresentaram indicativos de fobia grave”, revela a psicóloga. Sobrevivência A fobia social é caracterizada por um medo social intenso e invalidante de uma ou mais situações sociais ou de desempenho. O medo central na fobia social é o de ser o foco das atenções, de expor suas fraquezas ou limites e, em consequência disto, ter seu desempenho avaliado de forma desfavorável por outras pessoas. “Psicólogos evolucionistas costumam afirmar que o medo possibilitou que sobrevivêssemos e chegássemos

até aqui, portanto, nesse sentido, uma certa dose de fobia social pode ser uma proteção para as assustadoras e muitas vezes desnecessárias exposições que acontecem nas vias sociais”, explica a profissional. Ou seja, assim como é provável que um fóbico de reptéis sobrevivesse em uma selva com seu aguçado sistema de detecção, um fóbico social não sofreria o desgaste psíquico causado por tantas interações sociais intensas e pouco agregadoras de um acúmulo de redes sociais. Mais que timidez Todo mundo, em alguma ocasião, apresenta algum grau de timidez. No entanto, a fobia social leva essa apreensão a um nível muito mais elevado. A timidez pode ser considerada um medo social moderado – porém incômodo – enquanto que a fobia social é um medo social intenso e patológico. “Na timidez, à medida que se repetem os encontros com a pessoa ou a situação, o medo diminui, as preocupações com a inibição são episódicas, sentem medo de serem deixadas de lado e apresentam alterações moderadas na qualidade de vida. Na fobia social, na medida em que se repetem os encontros com a pessoa ou a situação, o medo aumenta, as preocupações com a inibição são obsessivas, sentem medo de serem agredidos e apresentam alterações importantes na qualidade de vida”, completa Sandra. Por conta disso, a vida de quem vive com fobia social é difícil. “Para um fóbico, são circunstâncias capazes de provocar uma resposta de ansiedade intensa, podendo inclusive desencadear um ataque de pânico. Devido a essa ansiedade, a pessoa geralmente evita estas situações ou as suporta com intenso sofrimento, o que resulta em significativas interferências nas rotinas de trabalho, acadêmicas e sociais e também grande dificuldade de serem assertivas”, destaca.

Predisposição Sandra Hayashi explica, ainda, que pode haver uma predisposição para o desenvolvimento da fobia social, que pode ser herdada ou produzida por fatores na infância ou na adolescência que sensibilizam o indivíduo para os aspectos ameaçadores das situações sociais. Tais fatores podem incluir pais com ansiedade social, padrões exagerados de perfeição no funcionamento, superproteção ou isolamento dos contatos sociais. “Estas pessoas formam cognições de que as situações sociais são perigosas e que a única maneira de prevenir resultados negativos é evitá-las. Desta forma, tendem a antecipar uma possível humilhação e embaraço, e devido a isto evitam as situações sociais ou de desempenho; e quando não conseguem evitá-las sofrem em demasia antes e durante a situação”, aponta. Tratamento Devido ao mascaramento dos sintomas por meio da fuga de tais situações e de muitas vezes ser confundido com timidez é comum que pacientes com fobia social demorem muito tempo até serem diagnosticados corretamente e tratados. “Quem tem fobia social pode levar em média de 15 anos para ser diagnosticado – do aparecimento dos sintomas até a primeira atitude a respeito”, explica a profissional. Além disso, muitos fóbicos sociais também sofrem de depressão e alcoolismo. No entanto, nem tudo está perdido, já que existe um grande reconhecimento por parte de pesquisadores e clínicos de que a terapia cognitivo-comportamental e a farmacoterapia obtêm ótimos resultados.

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