Caderno F
MANAUS, DOMINGO, 29 DE JUNHO DE 2014
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Saúde
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Gravidez e álcool não combinam Saúde e bem-estar F4
O dilema da hora certa para constituir família Ao contrário de tempos antigos, quando as mulheres tinham filhos cedo, hoje elas adiam cada vez mais a hora MELLANIE HASIMOTO Equipe EM TEMPO
J
á não é novidade para ninguém que as mulheres estão optando por ter, primeiro, estudo, estabilidade financeira e uma carreira. Em consequência disso, tornar-se mãe também acontece um pouco mais tarde. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio do Levantamento Estatísticas do Registro Civil, divulgado em dezembro passado, mostra um número crescente de nascimentos para mães de 25 a 29 anos. Além disso, o número de mães em idade mais avançada também aumentou no país. A faixa de mães entre os 30
e 34 anos somavam 14,4% em 2002. Já em 2012, o número aumentou para 19%. Esse fenômeno está ligado à inserção da mulher no mercado de trabalho e ao maior acesso ao estudo nos últimos anos. Além disso, entre 2003 e 2012 o número de mulheres que engravidou entre 40 e 44 anos passou de 53.016 para 62.371, um aumento de 17,6% de acordo com levantamento do IBGE, o que para muitos especialistas é um processo irreversível, visto que são mudanças sociais que acontecem em todo o mundo. Ou seja, segundo o instituto, o grupo de mães em idade mais
avançada também aumenta no país. Em um recorte regional, os dados revelam que a gravidez tardia é ainda mais frequente no Sudeste (21,4%) e no Sul do país (20,7%). Casada há quase sete anos, a empresária gaúcha Juliana Ramanzini está planejando o primeiro filho para o final deste ano. Ela diz que a decisão de ter um filho veio agora, prestes a completar 37 anos, porque queria ter estabilidade financeira. “O Rio de Janeiro é uma cidade muito cara. Tem que pensar em toda a logística, ainda mais que a minha família está toda no Sul.
Bem, a estabilidade ainda não veio, mas veio a idade. Vou fazer 37. Então, parei de racionalizar e vou seguir o coração”, revela. Em conversa com o marido, Davi, o casal decidiu deixar para lá a “paranoia” de esperar a hora certa. “Pode ser que nunca venha a hora certa. Então, resolvemos seguir o coração. Só não comecei a tentar ainda porque comecei com a loja e estou fazendo os exames. Mas, se a idade não pesasse, talvez eu esperasse um pouco mais. É difícil essa pressão da idade, da saúde”, destaca a gaúcha. Os riscos de uma gravidez após os 35 anos aumentam. A principal preocupação dos médicos e futuras mamães é quanto ao risco mais elevado de gerar um bebê com problemas cromossômicos. As chances de isso ocorrer aumentam a cada ano
que passa na vida fértil de uma mulher. É bom lembrar, contudo, que a maioria das mulheres desse grupo têm gestações normais e bebês saudáveis. Isso porque não é só a idade que conta, mas também a saúde em geral da mulher antes de engravidar – o que é uma ótima notícia, já que se trata de algo que é possível controlar. Além disso, já se sabe que mulheres mais velhas apresentam maior probabilidade de ter ou desenvolver certas complicações durante a gravidez, como diabete gestacional, pressão alta, pré-eclâmpsia e placenta prévia (baixo posicionamento da placenta no útero). Essas condições podem ter consequências sérias para a gestação e devem ser monitoradas bem de perto. Por isso é comum que gestantes com mais de 35 anos tenham intervalos
menores entre as consultas com o obstetra. No entanto, não é só a saúde que pesa nessas horas. Dar conforto e tudo o que uma criança precisa também pesa na hora de planejar a família. Juliana diz que se sente preparada, mas que o tamanho da casa e outras despesas também contam. “Preparada eu me sinto. Não tenho nenhum receio. Pensamos em ir para um apartamento maior, mas a loucura dos aluguéis da Zona Sul do Rio pode nos fazer mudar para outra região da cidade. Eu queria poder ir para uma cidade menor, mais tranquila, mais segura... Mas, é o que temos para hoje. Fora que o Rio é surreal. Uma creche custa uma faculdade. É bizarro”, finaliza.