Caderno F
MANAUS, DOMINGO, 25 DE MAIO DE 2014
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Saúde
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É fome ou apenas muita ansiedade? Saúde e bem-estar F5
Gravidez de risco é mais comum do que se imagina Pode ocorrer em qualquer fase de sua vida fértil, mas é mais frequente antes dos 18 e após os 35 anos MELLANIE HASIMOTO Equipe EM TEMPO
P
ara que um bebê se desenvolva e tenha uma vida saudável fora do útero da mãe, a gestação precisa ser de 38 a 40 semanas. No entanto, pode haver algum perigo para a saúde e vida da mulher e/ou do bebê, e é isso que constitui uma gravidez de risco. Ao contrário do que se pode imaginar, as gravidezes de risco são comuns – estatísticas apontam que, em todo o mundo, o número de casos varia de 10% a 30%. Nos países mais desenvolvidos e ricos, 10% das gravidezes são de risco, enquanto nos menos desenvolvidos e mais pobres esse número chega a 30%. Isso está relacionado, claro, ao atendimento que o serviço público de saúde proporciona às grávidas. De acordo com a médica Lyvia Salem, uma gravidez de risco pode ocorrer em qualquer fase da vida fértil da mulher, ou seja, entre a primeira e a última menstruação, quando entram na menopausa. São mais comuns, porém, naquelas que têm menos de 18 e mais de 35 anos de idade. “As causas para complicações de maior ocorrência em mulheres que
tenham menos de 18 anos são imaturidade orgânica; falta de condições socioeconômicas e educacionais; alimentação deficiente, o que leva a anemia e falta de cálcio; e demora em diagnosticar a gravidez e iniciar o pré-natal. Devido à iniciação sexual precoce e à mudança de valores sociais, o número de gravidezes nesta faixa etária aumenta em todo o mundo”, aponta. Já as causas de risco que têm maior incidência após os 35 anos, explica Lyvia, são adiamento da gravidez por opção para o desenvolvimento da carreira profissional (ver box); diminuição da fertilidade, isto é, queda na qualidade e no número de óvulos; e maior possibilidade de já ter desenvolvido doenças da tireoide, diabetes, obesidade, hipertensão arterial, anemia, varizes e outras. Toxemia gravídica E, na prática, as causas do problema na mulher com 18 a 35 anos, por sua vez, são praticamente as mesmas doenças. No entanto, os médicos que acompanham o pré-natal de uma grávida se preocupam com três situações: que ela desenvolva a hipertensão específica da gravidez, conhecida também como toxemia gravídica ou pré-
eclâmpsia (pode ocorrer em 10% das grávidas); parto e rotura prematuros da bolsa das águas (podem ocorrer em 30% delas); e diabetes (também pode atingir 10% delas). Cuidados No Brasil, o pré-natal é incentivado há anos, com investimentos e campanhas do Ministério da Saúde, pois é com ele que doenças, infecções ou disfunções podem ser detectadas precocemente e tratadas de forma rápida. E, como grande parte das mulheres já faz o acompanhamento, fica mais fácil para o médico descobrir os problemas da paciente e controlar os riscos que mãe e bebê vão correndo. “As que não fazem pré-natal, ou não fazem um bom pré-natal, com menos de seis consultas, precisam ficar muito atentas aos sintomas de problemas e, à menor indicação, consultar logo os serviços de emergência de um bom hospital”, completa a médica. Alguns dos sintomas de que algo pode estar errado incluem dor de cabeça e alterações visuais; ganho excessivo de peso; inchaço nas pernas; dores e cólicas abdominais; contrações uterinas; dor ao urinar; sangramento; corrimento excessivo e perda de líquido aquoso.
Consciência na gestação tardia Entre 2003 e 2012 o número de mulheres que engravidou entre 40 e 44 anos passou de 53.016 para 62.371, um aumento de 17,6% de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para especialistas, no Brasil, o acesso maior à universidade e consequentemente a vida profissional começando mais tarde, o esforço para ter uma carreira estruturada e a total independência da mulher influem diretamente nessa escolha. O senso comum, entretanto, é rico em histórias sobre as implicações para a saúde da mãe e do bebê em casos de gravidez tardia. Mas quais as consequências reais dessa mudança social? O que é fato e o que é exagero? Basta tirar como exemplo duas situações: uma mulher de 25 anos com pressão alta, sobrepeso e fumante, e outra acima dos 40 que não fuma, que não tem pressão alta ou diabetes. Qual delas terá uma gestação mais saudável? Os riscos serão maiores em qual das duas situações? Para alguns médicos, a constatação é simples: as ameaças estão muito mais relacionadas ao estado de saúde da mulher do que com a sua idade. O importante é a mulher que deseja engravidar tardiamente ter consciência das dificuldades biológicas que enfrentará e, com isso, se preparar para uma vida saudável. Nesses casos, o acompanhamento médico é ainda mais importante e deve acontecer desde cedo, quando a mulher estiver com cerca de 30 anos. Após os 40, também são necessários cuidados e exames específicos para evitar doenças e condições que aparecem mais facilmente com o aumento da idade, como diabetes, hipertensão e sobrepeso, e garantir um parto seguro e saudável.