Caderno F
Saúde MANAUS, DOMINGO, 23 DE SETEMBRO DE 2012
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Reposição hormonal na hora certa Saúde e bem-estar E4e 5
Calma papai! Isso é só uma fase que vai passar
Pais de primeira viagem, por inexperiência e receios infundados, acabam sofrendo com a depressão paterna ALITA MENEZES Equipe EM TEMPO
“N
o início da gestação foi uma alegria só, mas ao longo dos nove meses e, principalmente, depois que a bebê nasceu senti que ele mudou, quase não ficava em casa e não participava nos cuidados com a criança”. Foi assim que a jovem Luana Martins*, 28, percebeu que o marido estava sofrendo de depressão paterna, um termo relativamente novo uma vez que, tecnicamente, o mal não é uma doença. Segundo o psicólogo, especialista em terapia cognitiva e comportamental, Fabrício Menezes, a chamada depressão paterna é, na verdade, uma disfunção do comportamento que assombra alguns casais, ocasionada pela falta de habilidade do pai em dividir a atenção da esposa com o
recém-nascido. “É como se o filho ou filha fosse um rival, um indivíduo novo que está invadindo o espaço que antes era ocupado somente pelo marido. De todo modo, não se pode dizer que esse é um quadro depressivo”, explica o profissional. Luana Martins lembra que antes de engravidar ela e o marido costumavam sair com os amigos e quase sempre faziam as atividades familiares em conjunto. “O fato de eu ter passado a me dedicar mais a nossa filha, mesmo quando ainda estava gestante, fez com que ele se distanciasse de mim”, conta. “No começo foi muito sofrido, porque eu não entendia o comportamento dele, mas depois percebi que mesmo de maneira intencional o que ele sentia era ciúmes e tinha medo de me falar”, completa. O psicólogo explica que não necessariamente o pai rejeita
o filho, ele somente não tem habilidade emocional para lidar com a chegada do bebê e as mudanças que o pequeno ser traz para um relacionamento. Ansiedade, insegurança, abandono e instabilidade resumem o problema da depressão paterna. A felicidade que parece ser comum na espera do novo membro da família acaba gerando sentimentos conturbados. Ninguém afirma ao certo o que desencadeia o distúrbio nos homens. É claro que muitas vezes o bebê traz mudanças radicais à vida do casal e uma certa adaptação a esse novo contexto favorece a sobrecarga afetiva, que funcionaria como um estopim, assim como problemas para lidar com o trabalho, pois as chefias não costumam compreender quando o homem quer se dedicar ao filho recém-chegado e isso também gera ansiedade.
Embora cada papai, que viva essa situação, tenha uma maneira própria de reagir, de modo geral eles se sentem desvalorizados, isso faz com que procurem na rua atividades que completem aquilo que não sentem dentro de casa. “Historicamente, e até biologicamente, a mulher se doa mais à maternidade que o pai à paternidade e é um processo natural que ela se afaste, enquanto companheira do marido durante os primeiros meses de vida da criança. Geralmente essa é uma fase transitória que se normaliza de acordo em que a criança vai ficando mais independente”, aponta o especialista. E a experiência vivida por Luana não foi exceção à regra. Às vésperas do primeiro aniversário da filha, quando ela já ensaiava os primeiros passos e dava as primeiras palavras, inclusive papai, o marido começou a retornar a normalidade
se envolvendo completamente nos laços familiares. “Hoje eles são muito próximo, até mais eu diria, agora quem fica enciumada sou eu”, brinca aliviada a mãe. Diálogo é o remédio Segundo Fabrício Menezes, a maneira mais eficaz de se resolver as diferenças entre pai e mãe é por meio do diálogo. “A mulher deve saber ouvir os anseios do marido e procurar envolvê-lo nos cuidados com o bebê, passando segurança e conforto, sem dispensar a ajuda de um profissional, caso não haja mudanças”, recomenda. “O recém-nascido é totalmente desprovido de recursos próprios e necessita de conforto e apoio materno e paterno. Logo, a instabilidade dos pais pode gerar angústia e ansiedade que prejudicam os estímulos e, consequentemente, o desenvolvimento e comportamento da criança”, finaliza.