Saúde - 23 de fevereiro de 2014

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Saúde MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014

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Bactéria H. pylori causa danos ao estômago Presente no organismo de milhões de pessoas em todo o mundo, a bactéria pode levar à gastrite ou até mesmo ao câncer no estômago se não for tratada

MELLANIE HASIMOTO Equipe EM TEMPO

O

índice de pessoas infectadas pela H.pylori no Brasil chega a 60%, com uma clara prevalência em regiões com piores condições sanitárias, conforme evidenciam estudos científicos. A infecção é assintomática, o que dificulta o diagnóstico. Cuidados básicos de higiene são recomendados como medida de prevenção. O Helicobacter pylori, mais conhecido por H. pylori (diz-se agapilori), que é uma bactéria que vive no nosso estômago e duodeno, sendo responsável pela mais comum infecção bacteriana crônica em seres humanos. O H. pylori tem sido reconhecido em todas as populações do mundo e em indivíduos de todas as idades. No entanto, o médico gastroenterologista Luiz Gon-

zaga Vaz Coelho, presidente do Núcleo Brasileiro para Estudo do Helicobacter pylori, explica que a infecção por H. pylori é adquirida predominantemente na infância, antes dos 10 anos de idade. “O baixo nível socioeconômico e suas consequências naturais, como más condições de habitação e higiene, são hoje considerados o principal facilitador para aquisição da infecção pelo H. pylori. A transmissão parece ocorrer de pessoa a pessoa”, completa. Alcançando o estômago, a bactéria se multiplica no estômago provocando uma inflamação crônica (gastrite). “Na maioria das pessoas esta gastrite não causa qualquer sintoma ou doença, assim permanecendo por toda a vida. Em ínfima parcela dos indivíduos infectados poderão desenvolver doenças como a úlcera no estômago ou duodeno, ou mesmo, o câncer gástrico”, completa. Coelho explica que, hoje, é reconhecido que mais de 95%

das úlceras são causadas por esta bactéria. “Em relação ao câncer gástrico, a bactéria atua como um importante fator de risco para o seu desenvolvimento, sendo por isto considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um carcinógeno do tipo 1 para o câncer do estômago (da mesma forma que o tabaco o é para o câncer de pulmão)”, acrescenta. No Brasil, estimase que 65% da população tem a bactéria, sendo que sua presença é muito maior nas pessoas de baixo nível socioeconômico e que vivem em más condições de saneamento e higiene. Sintomas silenciosos O médico especialista explica, ainda, que a maioria dos casos é assintomáticos, mas a identificação da presença da bactéria é feita, na maioria das vezes, quando o paciente é submetido, por algum motivo, a uma endoscopia. “Outras vezes, o médico pode solicitar exames específicos para sua identificação. Na endoscopia, ela é detectada por métodos indiretos (teste da urease) ou pela pesquisa da presença da bactéria

no tecido (pesquisa histológica)”, diz. A presença de Helicobacter pylori no estômago pode também ser diagnosticada sem o auxílio da endoscopia. Um dos métodos mais importantes e utilizados é o teste respiratório com uréia marcada, que é realizado por meio da coleta do ar soprado pelo paciente em uma bolsa coletora, após ingerir um

Bactéria

Estas bactérias vivem quase que exclusivamente no estômago humano e no duodeno. O Helicobacter pylori é o único organismo conhecido capaz de colonizar esse ambiente muito ácido

copo de suco de laranja misturado com uréia marcada com carbono-13, substância sem cheiro, sem gosto e inócua à saúde. “Trata-se de um teste extremamente eficaz para o diagnóstico da presença do Helicobacter pylori no estômago. Em outras situações especiais pode-se ainda deectar a presença de H. pylori por meio de exames de sangue (presença de anticorpos contra a bactéria) ou em exames de fezes (presença de antígenos fecais)”, destaca.

Dá para evitar a infecção Após o diagnóstico, o tratamento da infecção por H. pylori requer o uso de dois ou três antibióticos usados conjuntamente com medicamentos que reduzem a secreção gástrica durante um mínimo de sete dias. “Tal associação é capaz de erradicar a bactéria e, portanto, curar definitivamente a doença, em mais de 90% dos casos. Infelizmente, o uso indiscriminado de antibióticos entre nós tem propiciado o surgimento de cepas de H. pylori resistentes ao tratamento habitual, sendo aí necessário o emprego de tratamentos alternativos e potencialmente mais tóxicos”, ressalta o médico. Higiene O médico Luiz Gonzaga Vaz Coelho afirma que a presença da infecção é relacionada aos baixos níveis de higiene e saneamento, mas medidas de saúde pública visando à melhoria destes parâmetros

podem reduzir, em muito, os índices da infecção na população. “Estudos realizados na Coreia do Sul mostram que o rápido desenvolvimento das condições socioeconômicas naquele país foi acompanhado de expressiva redução na prevalência da bactéria na população. Individualmente, cuidados com a higiene, evitando contato de secreções da boca entre crianças e adultos, lavagem das mãos e limpeza adequada dos alimentos, entre outros, também contribuem para a redução da infecção na população”, indica. Entretanto, dado à elevada prevalência da infecção em alguns países e regiões, a forma ideal de se evitar a infecção seria o desenvolvimento de uma vacina a ser aplicada nas crianças. “Apesar de muito estudada, esta perspectiva ainda parece distante nos dias de hoje”, lamenta.


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