Caderno E
Saúde MANAUS, DOMINGO, 19 DE AGOSTO DE 2012
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Crianças que sofrem abuso sexual Saúde e bem-estar E4
Quando o medo de dirigir
é maior que a vontade
Um dos medos mais incapacitantes que existem, o pânico de dirigir, pode ser controlado com muita paciência e ajuda CAMILA HENRIQUES Especial EM TEMPO
A
s mãos suam frio, as pernas não param de tremer, a mente começa a imaginar mil coisas ruins, as pessoas ao lado se tornam gigantes... Essas características não são nada estranhas para quem sofre com o medo de dirigir. De todas as fobias talvez essa seja a que mais atrapalhe o dia a dia do indivíduo, já que muitos acabam gastando dinheiro desnecessário com táxi ou ônibus para se locomover, ou dependem de terceiros para ir e vir. A arquiteta Lorena Pimentel, 22 anos, tem carteira há quase dois e, nesse meio tempo, raramente pegou no volante para dirigir. Apesar de ter apoio dos familiares para conduzir um automóvel, ela admite que o medo de sofrer um acidente e de se perder é maior. “Eu cheguei a tentar ir para o meu estágio de carro, ouvindo música – o que me acalmava -, mas acabei desistindo com o tempo, por ter medo de bater em alguém. Hoje em dia, não tenho coragem de andar sozinha, e dirigir com os meus pais é ainda pior”, conta. Ao contrário de Lorena, a consultora de mídia, Bruna Castro, 23, conseguiu vencer o pânico justamente tentando dirigir sem a ajuda de ninguém e até auxilia os amigos mais medrosos. “Eu tinha medo de caminhões e de ônibus, assim como de ladeiras, mas parei para pensar que sempre cometia erros
quando tinha alguém comigo. Resolvi dirigir sozinha e acabei percebendo que as pessoas colocavam pressão em mim. Depois que me senti segura, consegui dar carona para os meus amigos e hoje em dia
Muitas vezes, o carro é apenas um representante da incapacidade, que ela julga, sair do seu controle facilmente
Rochelle Moreira, psicóloga
não tenho mais problemas com isso”, revela. Na opinião da psicóloga Rochelle Moreira, a insegurança pessoal é a grande vilã na vida das pessoas. “Muitas vezes, o carro é apenas um representante da incapacidade, que ela julga, sair do seu controle facilmente. Sendo assim, o medo de arriscar é maior que a coragem para enfrentar a situação”, afirma. Segundo ela, em v á -
rios casos, a pessoa que tem medo de dirigir também apresenta comportamento que deixa transparecer a sua insegurança em outros momentos. Logo, esse problema pode aparecer em qualquer pessoa. “Recebo muitos motoristas de ônibus que, após sofrer um acidente grave (batidas, atropelamentos) ou assalto, desenvolvem o medo de dirigir. Alguns não
conseguem nem entrar na garagem de novo, pois logo desencadeiam todos os sintomas de um ataque de pânico. Sendo assim, a ocorrência de um trauma pode ser uma das causas do medo de dirigir”, aponta. “Dependendo da gravidade da fobia, o acompanhamento com um psicólogo pode ajudar a facilitar e acelerar o processo. No caso dos pais que não deixam os filhos dirigir, devemos ser cuidadosos ao lidar com essa questão, pois a real causa pode estar além da direção em si, na falta de confiança no filho ou na dificuldade que alguns pais têm de aceitar que seus filhos cresceram e que precisam vivenciar as experiências sozinhas para
amadurecer”, acrescenta. Treinamento Para quem tirou a carteira de motorista, mas ainda não conseguiu conduzir um carro sem maiores problemas, existem várias alternativas. A autoescola “Dirigindo Bem”, por exemplo, treina condutores habilitados com situações de risco. Existente há 12 anos, a empresa tem a intenção de ensinar que o dirigir é uma coisa tão natural como o caminhar. “97% das pessoas que concluem o curso, conseguem dirigir o seu próprio carro, isso em um universo de 40 mil pessoas. São 42 unidades no Brasil, e três delas em Manaus”, revela o responsável pela unidade da Cachoeirinha, Luciano Borges. A autoescola trabalha tanto com o treinamento prático quanto com o acompanhamento psicológico. De acordo com Borges, o processo pode levar de três a quatro meses, dependendo da evolução e das habilidades prévias da pessoa. “Não existe um padrão em termos de idade, mas o que pudemos observar é que, em sua maioria, as pessoas que nos procuram são mulheres e chefes de família, buscando a sua independência”, destaca. Na “Dirigindo Bem”, os alunos têm a chance de enfrentar situações de risco, trânsito pesado, curvas, ladeiras, horário de pico, tudo ao lado de um instrutor.