Saúde - 16 de novembro de 2014

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Caderno F

Saúde MANAUS, DOMINGO, 16 DE NOVEMBRO DE 2014

e bem-estar

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Coaching, o caminho das pedras

(92) 3090-1017

Págs. 4 e 5

e b t a e i s D As estatísticas comprovam que o número de diabéticos cresce a cada ano e os problemas que ela causa podem ser irreversíveis MELLANIE HASIMOTO Equipe EM TEMPO

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oi um choque. A gente nunca pensa que pode realmente acontecer com a gente. Mas fazer a leitura do exame e ter certeza que sou diabética foi um baque. Preciso mudar”. Essa declaração é de Milena Nascimento, 29, que retrata uma realidade no Brasil: muita gente não sabe que tem diabetes. A doença, silenciosa e perigosa, se não tratada, pode causar problemas como a perda da visão, amputações e infertilidade. Além disso, a diabetes já é posta no mesmo patamar de doenças crônicas como hipertensão e câncer. “Vinha me sentindo mal, com muita fadiga. Procurei o médico e fiz os exames. Quando recebi os resultados, fiquei em choque, mesmo sabendo que estava fazendo tudo errado. Estou acima do peso, sou fumante, não me alimento como deveria. Não deveria ser uma surpresa, mas ainda assim a gente sofre um baque”, conta a administradora. Ela diz, ainda, que apesar de conviver com a doença, não

ba

esperava esse resultado. “Eu ainda não tenho nem 30 anos e já tenho esse problema? Tenho que reconsiderar meu modo de vida, ou vou acabar como minha avó ou minha mãe. A primeira teve uma perna amputada, e a minha mãe precisa aplicar insulina todo dia”, diz Milena. Apesar do relato da administradora, ela não está só, e as estatísticas comprovam que o número de diabéticos vem crescendo a cada ano. De acordo com o endocrinologista Fadlo Fraige Filho, “o paciente não sente dor, muitas vezes ignora os sintomas e só descobre o problema por conta das complicações”, destaca. Mudanças de humor, fadiga, fome e sede frequentes são sintomas comuns da diabetes. Silenciosa, porém perigosa, a enfermidade já é colocada no mesmo nível de outras doenças crônicas não transmissíveis, como a doença pulmonar obstrutiva crônica, a hipertensão e o câncer. Essa falta de atenção com a diabetes pode explicar seu crescimento na população: de acordo com a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), os casos subiram de 5,5% para 6,9% entre os anos de 2006 e 2013. Atualmente, uma média de 8 milhões de brasileiros já são diagnosticados diabéticos e outros 4 milhões não sabem que têm diabetes. De acordo com o especialista, a ignorância e falta de cuidados necessários podem custar muito caro: além de dificultar o metabolismo da glicose no corpo e criar resistência aos efeitos da insulina, a doença pode causar cegueira e amputações. Segundo Fraige, o risco de desenvolver diabetes está relacionado ao índice de massa corpórea da pessoa. Obesos, sedentários, idosos, hipertensos, parentes de diabéticos e mães cujos bebês tenham nascido com mais de 4 kg configuram grupos de risco. Reconhecidos os perigos, que tal prevenir ou, ao menos, controlar esse problema? Para isso, o ideal é manter hábitos saudáveis e realizar check ups médicos frequentes.

Infertilidade Outro problema causado pela diabetes é a infertilidade, que pode comprometer a saúde tanto do homem quanto da mulher. Para que o sistema reprodutivo de homens e mulheres funcione bem, é necessário equilíbrio hormonal e desempenho adequado dos órgãos

reprodutores. No entanto, doenças crônicas, como o diabetes, podem comprometer a fertilidade, resultando na dificuldade para engravidar. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que cerca de 240 milhões de pessoas sejam diabéticas em todo o mundo. Segundo o ginecologista responsável pela área de Reprodução Humana da Criogênesis, em São Paulo, Renato de Oliveira, o fato de ter diabetes nem sempre interfere na fertilidade, mas o diabético deve tomar certos cuidados. No caso das mulheres, o diabetes pode comprometer a fertilidade na medida em que aumenta a intolerância à insulina. “O diabetes tipo 2 geralmente está associado à obesidade e resistência à insulina. Essas duas condições podem causar deficiência hormonal, assim como ciclo menstrual irregular e infertilidade”, explica. Já o diabetes tipo 1 ocorre quando as células no pâncreas, que produzem insulina, são destruídas por anticorpos. “Esse processo também pode afetar outros órgãos endócrinos, incluindo os ovários, e impossibilitar a gravidez”, complementa o especialista. Mas engana-se quem pensa que apenas mulheres diabéticas têm problemas em relação à fertilidade. Os homens também são afetados pela doença. “Devido à alta taxa de glicose, a produção de radicais livres aumenta, o que pode resultar em problemas no material genético. No caso de diabetes tipo 2, os pacientes podem desenvolver ejaculação retrógrada, que ocorre quando o sêmen, que normalmente sai através da uretra, flui em direção à bexiga urinária. Dessa forma, não há espermatozoides para fecundar o óvulo”, diz Oliveira.

rc om a fertilidade


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