Saúde - 16 de junho de 2013

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Caderno F

MANAUS, DOMINGO, 16 DE JUNHO DE 2013

DIVULGAÇÃO

Saúde

e bem-estar

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A difícil revelação da verdade Saúde e bem-estar F5

Uma cura possível O Amazonas é campeão na incidência de câncer de colo de útero, que demora entre 10 a 15 anos para atingir o estágio avançado. A campanha para imunizar adolescentes de 11 a 13 anos começa em agosto, e será anual MELLANIE HASIMOTO Equipe EM TEMPO

A

educação é a melhor maneira de prevenir doenças. É com essa proposta que a ginecologista e obstetra Mônica Bandeira de Melo pretender alertar os pais de meninas entre 11 e 13 anos e as próprias adolescentes, alvos da campanha de vacinação contra o HPV, causador do câncer de colo uterino. A ginecologista é a principal incentivadora da campanha, que começa em agosto deste ano, e foi por meio de seu esforço para a conscientização que o Governo do Estado e Prefeitura de Manaus se uniram para oferecer a vacina gratuitamente. O Amazonas é o Estado brasileiro com o maior índice de incidente deste tipo de câncer, que é completamente evitável. “Muitos pais acreditam que, ao incentivarem a vacinação das meninas, estarão incentivando a atividade sexual. Pelo contrário, meninas com essa idade já aprendem na escola o que é aparelho reprodutor, e logo em seguida aprendem sobre as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). A vacinação vai prevenir um câncer futuramente”, esclarece a médica, que trabalha na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon) há 21 anos, e ressalta que a morte por câncer de colo de útero é uma das mais sofridas. “A mulher morre sangrando. Por ser em uma área que está próxima a bexiga e ao ânus, a hemorragia toma conta da região e fica praticamente incontrolável. A mulher, em estado terminal, faz fezes pela vagina, porque o câncer já tomou conta da área”, lamenta.

E os números revelados pela ginecologista são alarmantes – 45% das adolescentes contaminadas pelo HPV, o vírus do papiloma humano (VPH ou HPV, do inglês human papiloma virus) contraíram a doença antes de ter relação sexual. “Aquelas brincadeirinhas de namoradinhos, as preliminares, sem penetração, também podem transmitir o HPV. O vírus é altamente contagioso, e só de encostar os jovens já podem transmitir ou contrair a doença”, explica.

EQUÍVOCO

Muitos pais acreditam que, ao incentivarem a vacinação das meninas, estarão incentivando a atividade sexual” Mônica Bandeira de Melo, ginecologista

E a vacina previne apenas o câncer de colo de útero, portanto o pensamento de que as meninas serão incentivadas a promiscuidade não procede, visto que DSTs como sífilis e Aids não são prevenidas com a imunização. Alta incidência O HPV possui mais de 200 variações diferentes, e a maioria delas está associada a lesões benignas, tais como verrugas (popularmente conhecidas como “crista

de galo”, tratadas apenas por cauterização), mas certos tipos são encontrados em determinadas neoplasias como o câncer do colo do útero, do qual se estima que sejam responsáveis por mais de 90% de todos os casos verificados. De acordo com Mônica, além do câncer de colo de útero, 30% dos cânceres de língua, 40% dos de garganta, 50% dos cânceres de pênis e 80% dos cânceres de ânus são causados pelo HPV. “Por conta disso, a vacina é uma das principais maneiras de evitar o câncer de colo uterino. Não é a única, porque há os exames preventivos (papanicolau), que devem ser feitos periodicamente, além do exame de colnoscopia. Mas a vacinação se faz necessária por conta da urgência, tamanha é a incidência em nosso Estado”, acrescentou Mônica. “Por que meninas entre 11 e 13 anos?” – muita gente questiona. A profissional explica. “Muitas meninas nessa faixa etária já têm vida sexual ativa, mas não são todas. Nessa idade, a maioria ainda não teve contato sexual, e por isso elas são a prioridade da campanha”, diz. Vale ressaltar a diferença entre o contato sexual e a relação sexual. Mulheres com idades acima dessa não só podem, como devem tomar a vacina também. “Mas essas deverão procurar as clínicas particulares (existem duas em Manaus). Quem já teve HPV também deve se vacinar, porque não é uma doença que pega uma vez e nunca mais. Não, a mulher pode contrair outras vezes”, acrescenta.

500 mil novos casos por ano O mais alarmante na situação é a quantidade de casos registrados: no mundo, 500 mil novos casos todos os anos. No Brasil, 18 mil mulheres são diagnosticadas com a doença. No Amazonas, 600 mulheres têm câncer de colo de útero, anualmente. “Mas esses números estão errados, porque sabemos que muitas mulheres pelo interior morreram sem ao menos terem ido ao médico uma vez na

vida, para fazer preventivo”, lamente Mônica. Por conta disso, a médica acredita que a abordagem deve ser regionalizada. “O Distrito Federal fez a campanha, com recursos da União. Em São Paulo também há a movimentação, mas nesses locais a população não precisa se locomover por meio de barcos, não levam dias viajando até chegarem a um posto de saúde”, observa.


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