Saúde - 14 de setembro de 2014

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Caderno F

MANAUS, DOMINGO, 14 DE SETEMBRO DE 2014

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Reduza os incômodos da sinusite Saúde e bem-estar F4

Acertando o seu relógio biológico Dormir cedo, acordar cedo e ainda muito bem-disposto não é para qualquer um, mas com jeitinho tudo é possível MELLANIE HASIMOTO Equipe EM TEMPO

D

isposição e bom humor, para as pessoas que não são matutinas, é algo raro. Mas também há aqueles que acordam sorridentes e de bem com a vida. Esses dois extremos podem ter apenas um fator em comum: o sono. Muitas das vezes, a privação de sono influencia na maneira como acordamos – querendo pular da cama ou dar mais aqueles cinco minutinhos de soneca. Para os especialistas, uma noite bem-dormida é a saída para ter um começo de dia produtivo. A administradora Leila Ramos, 29, é daquelas que odeia acordar cedo, apesar de ter que estar no trabalho às 8h. “É terrível. Eu gosto de dormir tarde, mas agora está meio impossível. Trabalho em dois lugares, então não dá nem para dar uma sonequinha. É tudo corrido e, à noite, fica difícil desacelerar”, conta. Habituada a dormir e acordar tarde, ela começou um segundo emprego recentemente e a adaptação foi difícil. “O primeiro mês foi um terror. Estava acostumada a dormir

3h, 4h da manhã, às vezes até 5h, para acordar ao meiodia, me arrumar e ir trabalhar. Mas, com o segundo emprego – porque não está fácil para ninguém – tive que começar a acordar às 7h. Mas não acordo cheia de sorrisos. Preciso de um tempo para ‘reagir’”, ri. Mas essa situação de Leila tem explicação: na maioria das vezes, a dificuldade para acordar bem-disposto tem um grande culpado: a privação de sono. “Antes, no começo do século 20, dormíamos cerca de nove horas por noite, hoje a média é menor do que sete horas”, compara o pneumologista Geraldo Lorenzi Filho. Outros fatores também podem influenciar nisso. “Também existem aspectos genéticos, pessoas que têm tendência a acordar e dormir muito tarde ou muito cedo. Só que essa é uma porcentagem muito pequena da população”, frisa a pneumologista Sonia Togerio, pesquisadora do Instituto do Sono, em São Paulo. De qualquer forma, acordar com dívidas na conta de sono pode ser prejudicial ao rendimento e à saúde. “Isso causa problemas de memória, humor, falta de atenção e, é claro, sonolência”, ensina Sônia.

RELÓGIO INTERNO O nosso ritmo central é programado pela hipófise, e ela regula vários outros “reloginhos” no nosso corpo. É como se ele fosse um maestro, e os outros órgãos, músculos e células fossem uma orquestra de vários instrumentos. Quando a música está desafinada, ou melhor, os relógios estão dessincronizados, a saúde então não vai bem. A ciência que estuda como essa sinfonia funciona é a cronobiologia, e entre seus conceitos, ela estabelece que alguns de nós podem começar o dia mais cedo ou mais tarde. São os chamados cronotipos: O matutino é aquele que dorme cedo e acorda cedo e tem alta produção durante o período da manhã. Já o vespertino, quando chega ao final da tarde e a noite, principalmente, acaba despertando e sendo mais produtivo. Isso significa que o relógio biológico desses extremos ou é mais adiantado ou mais atrasado. A maioria das pessoas, porém, se encaixa em algum lugar intermediário entre esse dois polos. Além disso, existe a questão de quantas horas de sono cada pessoa precisa para estar mais disposta: são os dormidores

longos e curtos, que dormem mais ou menos. O ideal seria que cada um pudesse adaptar seu dia aos momentos em que será mais produtivo. Na sociedade de hoje, os matutinos e dormidores curtos se dão melhor. Mas é possível, sim, tentar adaptar-se e ajudar o corpo a render um pouco mais de manhã.

ADRENÉRGICOS O mais difícil é começar o dia, mas se você se dispõe logo se anima. Uma forma de fazer isso é com atividades físicas, que liberam uma série de hormônios, como os adrenérgicos, que aumentam a temperatura corporal Um vespertino nunca se tornará um matutino, pois um não se sente bem completamente no horário do outro. Mas dá para pelo menos melhorar um pouco, como explica o médico Fábio Cardoso, especialista em medicina preventiva e longevidade. DISPOSIÇÃO “Ter horários constantes aju-

da, pois a hora de dormir e acordar é um dos fatores que regulam nosso ciclo circadiano (o período de 24 horas no qual se completam as atividades do ciclo biológico dos seres vivos). Assim, se você mantiver os mesmos horários todos os dias, o organismo tende a se habituar”, explica. Ou seja, muitos tentam acordar mais cedo, mas continuam dormindo mais tarde, ou então ficam um pouco mais na cama nos fins de semana. Isso confunde o corpo, que retoma o hábito a que está predisposto. O que se aconselha é manter uma regularidade, que não precisa ser rígida. Outra dica do especialista é programar o dia com uma hora a menos. “E faça isso durante a noite, assim você ganha uma hora para desacelerar. Programar muitas atividades para antes de dormir pode gerar estresse e liberar hormônios, como cortisol, que atrapalham o sono”, diz. Cardoso ressalta, ainda, que isso vale mais ainda para quem leva trabalho para casa. “E não importa seu cronotipo, dormir mal atrapalha o rendimento de qualquer um, e não só de manhã”, destaca. O consumo de proteínas pela manhã também ajuda. “Pessoas que ingerem refeições

proteicas têm uma melhor memória por algum tempo depois do consume, e também resulta em mais atenção (foco)”. Isso porque proteínas demandam maior gasto energético para sua absorção e metabolismo pelo fígado e induzem a aceleração do organismo. Além disso, o médico lembra que as proteínas reduzem a entrada do triptofano no cérebro, hormônio ligado ao sono, além de estimular a noroadrenalina, nos tornando mais despertos e ativos. E, enfim, Fábio Cardoso aconselha fazer exercícios cedo, já que manter-se ativo durante a manhã ajuda, e muito, a manter o corpo e a mente acordados. “O mais difícil é começar o dia, mas se você se dispõe se anima”. Uma das formas de fazer isso é com atividades físicas, que ainda liberam uma série de hormônios, como os adrenérgicos, que aumentam a temperatura corporal, outro sincronizador do relógio biológico. Além disso, o metabolismo se acelera, trazendo mais disposição. Muitos vespertinos não conseguem fazer exercícios mais puxados logo cedo, mas mesmo a atividade moderada, como uma caminhada, já surte esse efeito no corpo”.


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