Caderno F
Saúde MANAUS, DOMINGO, 14 DE OUTUBRO DE 2012
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O amor que salvou uma criança Saúde e bem-estar F5
‘Fofinhos’ de hoje, obesos de amanhã Segundo estatísticas, quase 12 milhões de crianças e jovens, ou seja, 24% das pessoas entre 5 e 19 anos, já sofrem com excesso de peso no Brasil ALITA MENEZES Equipe EM TEMPO
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o último dia 11 de outubro, data que marca o Dia Mundial da Obesidade, a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) divulgou um estudo realizado pelo IBGE, revelando que no Brasil o excesso de peso já atinge quase 12 milhões de crianças e jovens de 5 a 19 anos, o que corresponde a uma em cada três crianças. Estima-se que 80% das crianças obesas aos 5 anos de idade permanecerão obesas ao longo da vida. Entre jovens, o cenário não é menos preocupante, são, pelo menos, mais 6,8 milhões de brasileiros com peso excedente. A nutricionista e especialista na gestão da segurança alimentar, Yeda Neves, explica que a melhor medida preventiva para a obesidade infantil é oferecer o alimento adequado desde o nascimento. ”Inicialmente, preferencialmente até os 6 meses de vida, o ideal é que seja oferecido somente o leite materno, depois as papinhas naturais, evitando as industrializadas, até uma alimentação variada e rica em nutrientes que uma criança necessita, sem exagero de gorduras e doces”, recomenda. Para a pediatra Denise Correa de Paula Nunes, também é importante o acompanhamento periódico do médico para avaliar e monitorar o ganho ponderal e a velocidade de crescimento estatural da criança. “Mesmo durante o aleitamento os pais devem está atento aos sinais de saciedade do lactente, como parar de mamar, fechar a boca, desviar a face. Nunca forçar uma ingestão excessiva, pois a criança saudável tem plena capacidade de autorregular sua ingestão”, completa. O aumento da obesidade e da síndrome metabólica na infância tem aumentado paralelamente as modificações dos padrões de dieta e de atividade física. Apesar de ser o resultado do desequilíbrio de longa duração entre ingestão e gasto, a obesidade está associada a um complexo conjunto de determinantes que podem agir durante a gestação,
na primeira ou na segunda infância, podendo ser influenciados por outros fatores biológicos, genéticos como também fatores micro e macroambientais. “Por isso a melhor maneira de prevenir o excesso de peso nos pequenos é por meio de uma alimentação saudável e balanceada unida à prática regular de atividades físicas”, destaca a nutricionista. “Dietas restritivas devem ser evitadas, pois são desaconselháveis para crianças, já que o organismo ainda está em crescimento e a falta de algum nutriente pode afetar sua formação”, complementa, ressaltando ainda que, geralmente, não é só a criança, mas toda a família precisa ter uma alimentação nutritiva e um estilo de vida mais saudável. “A criança precisa de exemplos em casa, começando com os pais”, conclui Yeda Neves. De acordo com Denise Correa, há de se considerar a relevância da educação alimentar dos filhos e fazê-los cumprir os horários das refeições. “Nos lactentes as atividades práticas, como rolar, engatinhar, andar devem ser estimuladas já ensinando o bebe desde cedo a manter o corpo em movimento. Na pré-escola, é a hora dos passeios ao ar livre, andar de bicicleta, jogar bola, correr e brincar com o cachorro. Enquanto durante na adolescência os esportes em geral e atividade física programada são grandes aliado na luta contra a obesidade”, aponta a pediatra.
Problemas de peso e doenças A obesidade é uma doença crônica de caráter neuroquímico, progressivo e recidivante. Diferentemente dos adultos, cujo cálculo da obesidade baseia-se no índice de massa corporal (IMC), a aferição da obesidade em crianças e adolescentes tem por base a idade, peso, altura e estágio de maturação sexual. Na infância e juventude, o excesso de peso torna-se porta de entrada para futuras patologias. Entre elas, doenças cardiovasculares, hiperinsulinemia, dislipidemia e hipertensão arterial.
“Na verdade, os mesmos males que atingem os adultos também atingem as crianças, como lesões ortopédicas e musculares, problemas de pele, manchas e estrias, diabetes tipo 2, além de vários tipos de câncer (mama, útero, ovário, intestino grosso, próstata, cólon, endométrio e vesícula biliar)”, informa Yeda. Vale lembrar que reflexos fisiológicos e consequências psicossociais, como a discriminação precoce, o desajuste social e a baixa autoestima, contribuem para o agravamento da doença.
Não pode faltar no prato A nutricionista explica que variar bem o cardápio é fundamental para o desenvolvimento da criança, sendo que alguns nutrientes têm função ainda mais importante nessa fase da vida. “O cálcio, por exemplo, é essencial na infância e sua falta pode causar problemas na dentição, no fortalecimento dos ossos e no crescimento. Da mesma forma, a falta de ferro pode
levar a doenças comuns na infância, como, por exemplo, a anemia”, alerta. Uma alimentação saudável e bem balanceada em geral é suficiente para garantir que nenhum desses problemas atinja seus filhos, por isso é importante oferecer as crianças um cardápio ideal, em primeiro lugar, de levar à mesa o máximo de alimentos frescos e naturais, diminuindo
a oferta de doces, guloseimas e refrigerantes. “Uma dieta saudável tem que conter basicamente, proteínas, carboidratos e gorduras boas, que são os chamados macronutrientes. Não devemos nos esquecer, no entanto, dos minerais e das vitaminas, que além de alimentar ajudam na absorção dos macronutrientes”, continua a profissional.