Caderno F
Saúde MANAUS, DOMINGO, 12 DE OUTUBRO DE 2014
e bem-estar
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Exercícios para todas as idades Saúde e bem-estar F4
Para os diabéticos o futuro é agora Uma nova droga de efeito prolongado contra o diabetes é lançada em São Paulo e traz mais esperança de qualidade de vida para mais de 13 milhões de brasileiros VERA LIMA Equipe EM TEMPO
Q
uando descobriu que estava com diabetes a primeira reação da cantora Paula Toller foi de absoluta incredulidade. Um misto de supresa, espanto e negação tomaram conta das emoções que dominaram a rotina de Paula pelo menos nos primeiros tempos após o diagnóstico. “Estava bem magra, o que achava ótimo, mas também urinava muito e sentia bastante cansaço. Foi quando o médico pediu uma bateria de exames e veio o resultado que eu não esperava. De início tentei minimizar o fato, achando que não era algo definitivo, demorei a aceitar”, complementa. A revelação foi feita com simplicidade diante de uma seleta plateia que prestigiou o lançamento, na sede da Unifesp, em São Paulo, da nova insulina de ação ultralonga que oferece maior flexibilidade para pacientes com diabetes e traz embutida a promessa de uma vida melhor. Aprovada em fevereiro desse ano pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a Tresiba é a única insulina diária capaz de proporcionar até 42 horas de duração. “Além disso, ela tem vantagens ex-
tras como um perfil de ação plano e estável que reduz em 25% o risco de hipoglicemia noturna em diabéticos do tipo 1 e 43% nos diabéticos tipo 2, quando comparados aos outros tratamentos disponíveis no mercado”, anunciou o doutor Antônio Roberto Chacra, chefe do Centro de Diabetes da Unifesp. A nova medicação representa um avanço para pacientes como Paula Toller, possibilitando expressiva melhora na qualidade de vida. Devido ao efeito ultralongo o paciente não é mais obrigado a fazer suas aplicações sempre na mesma hora do dia e pode ter uma agenda de atividades muito mais flexível. Em depoimento e entrevista, a popular cantora de rock revelou que sua rotina foi modificada após ter tomado conhecimento da doença e que hoje vive em função de horários determinados para tomar a insulina. “Mudei minha vida, minha rotina alimentar, não posso pular refeições e aprendi a contar carboidratos”, diz brincando, mas acrescenta que apesar das mudanças essenciais hoje se sente mais “saudável” – aspas dela – e que sua alimentação mudou para melhor. “O diabetes é uma doença, mas se você se cuidar pode viver quase nor-
mal”, acrescentou. É essa quase normalidade que almejam os pacientes do centro de diabetes, Raimundo Guilherme, 68, e Anselmo Luiz Lopes, 57, ambos sendo acompanhados no tratamento do diabetes após terem passado maus pedaços com a doença quando ainda faziam o tratamento de maneira incorreta. Para eles, a “normalidade” é uma conquista diária que exige esforço e dedicação depois de terem negligenciado a doença durante algum tempo. Anselmo é diabético há 11 anos, toma insulina diariamente, sofre com rinoplastia e hipoglicemia. No caso de Raimundo, diabético há 16 anos, o maior problema é a hipoglicemia. O paciente recebe insulina há oito anos e vê a nova medicação como uma promessa de mais qualidade de vida. Essa esperança toma conta de todos os portadores da doença que vivem com o “alarme” ligado para não esquecer a hora da insulina. “A minha história com o diabetes já dura cinco anos”, diz Paula, que descobriu a doença aos 47 anos e que é filha de pai também diabético, “mas pretendo viver muito mais, não sei se vou alcançar a cura, mas vou seguindo em frente”, explica. Paula Toller vive literalmente
ligada no alarme para tomar a medicação no horário e nos intervalos de shows e gravações, mas se esforça para ter uma vida saudável em outros aspectos. “Faço exercícios, caminhadas, pilates, controlo as refeições e tomo meu remédio na hora certa”, pontua. A nova insulina Desenvolvida pela Novo Nordisk, laboratório líder mundial no tratamento de diabetes e indicada para os tipos 1 e 2, a Tresiba (insulina degludeca) possibilita flexibilizar as aplicações, dando liberdade para os pacientes que antes tinham a rotina pautada pela doença. “A insulina é a substância que mais salvou vidas. Nenhuma medicação, com exceção dos antibióticos, salvou tantas vidas”, declarou o doutor Freddy Eliaschewitz, que explicou em detalhes o funcionamento e as vantagens da nova medicação. “A insulina degludeca é duas vezes mais prolongada que a insulina giargina e o mais importante de tudo é a estabilidade, que garante uma menor variabilidade de glicemia”, salientou, acrescentando que a maior dificuldade do paciente diabético é exatamente a hipoglicemia. “A tresiba é uma nova perspectiva na insulinoterapia”, completou.
O diabetes O diabetes ocorre quando o pâncreas perde a capacidade de produzir insulina ou a produz de forma insuficiente, ou ainda quando há alteração dessa insulina no organismo. Essas alterações na produção ou ação da insulina causam aumento
da glicemia (açúcar no sangue). A insulina é essencial para o bom funcionamento do organismo, já que é um hormônio que age transportando a glicose do sangue (absorvida na alimentação) para dentro da célula, servindo como fonte de energia.
Ela pode ser tipo 1, geralmente diagnosticada ainda na infância ou adolescência, mas pode surgir em outras faixas etárias; ou tipo 2, que ocorre em 90% dos casos e ocorre pela inexistência, insuficiência ou resistência à insulina. O problema é
que cerca de 50% dos portadores de diabetes tipo 2 não sabem de sua condição, justamente pelos poucos sintomas que apresentam no início da doença. * A jornalista viajou a convite da Novo Nordisk