Caderno F
MANAUS, DOMINGO, 1º DE DEZEMBRO DE 2013
DIVULGAÇÃO
Saúde
e bem-estar
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Os cuidados essenciais com os olhos Saúde e bem-estar F4
Mulheres em risco
A história de que quem morre de coração é homem já não existe mais. Com a maior inserção da mulher no mercado de trabalho a partir da década de 1960, ela passou a ter as mesmas probabilidades de apresentar doenças cardíacas MELLANIE HASIMOTO Equipe EM TEMPO
O
estresse, tabagismo e dieta desequilibrada estão entre as principais causas das doenças cardiovasculares. E, esses males, antes considerados quase exclusivos da população masculina, estão atingindo cada vez mais as mulheres. E, de acordo com dados do Ministério da Saúde, o infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral (derrame cerebral) são as principais causas de morte em mulheres com mais de 50 anos no Brasil. Aquela história de que quem morre de coração é homem já não existe mais. “Com a maior inserção da mulher no mercado de trabalho a partir da década de 1960 ela passou a ter maior exposição ao estresse, fumo, maus hábitos alimentares e sedentarismo e, assim, a mortalidade por doenças cardiovasculares se elevou no sexo feminino”, explica a médica cardiologista Lígia Alves. No entanto, a morte causada por doenças cardíacas (hipertensão arterial, doença coronariana, insuficiência cardíaca) ainda é maior em homens (39%) do que em mulheres entre 45 e 64 anos, como ressalta a especialista. “Mas, após essa idade a mortalidade por doenças cardíacas em mulheres ultrapassa a dos homens em
22%”, completa. Na sociedade atual, destaca a médica Ligia Alves, é cada vez mais prevalente a coexistência de diabetes mellitus (DM) e hipertensão arterial. “As complicações do DM, entre as quais as cardiovasculares emergem como uma das maiores ameaças à saúde. O DM triplica o risco de doenças circulatórias nas mulheres”, aponta. A médica explica, ainda, que alguns fatores elevam o núme-
PROLAPSO
Ainda desconhecido por grande parte da população, o prolapso genital atinge duas em cada dez mulheres, trazendo problemas na vida sexual, incontinência urinária e piora a qualidade de vida ro de mulheres atingidas por essas doenças. “Há fatores de risco não modificáveis, como hereditariedade, raça e idade e outros modificáveis como o tabagismo (mulheres que fumam duplicam o seu risco de desenvolver doença cardíaca coronariana), dislipidemias (LDL, o “colesterol ruim” alto e/ou HDL, o “colesterol bom” baixo), diabetes mellitus, hipertensão arterial, obesidade (principalmente a obesidade central: cintura acima de 80 cm para o sexo feminino), estresse
psicossocial, ingesta excessiva de sal, gorduras saturadas e bebida alcoólica, ingesta insuficiente de frutas, legumes e verduras, sedentarismo”. Menopausa As doenças cardiovasculares são a principal causa de morbi-mortalidade entre as mulheres em vários países como os Estados Unidos e Brasil, especialmente naquelas acima de 50 anos de idade. Após a menopausa, observa a médica, o risco cardiovascular aumenta. “Perde-se o efeito protetor do estrogênio, o depósito de gordura se concentra ao redor do abdômen e na parte superior do corpo, há redução na capacidade de exercício físico e na força muscular, a pressão arterial geralmente aumenta assim como a prevalência de doenças cardiovasculares”, diz. Além disso, uma mulher na menopausa com fatores de risco não tratados fica mais vulnerável a todas as manifestações da doença coronariana, incluindo infarto, insuficiência cardíaca e morte súbita de causa cardiovascular. “A menopausa precoce (em idade menor que 46 anos) associou-se positivamente com doença coronariana e acidente vascular cerebral em um grupo de mulheres de várias etnias, independente dos tradicionais fatores de risco para doenças cardiovasculares”.
Probabilidades de infato Existe, realmente, a probabilidade de 50% maior de uma mulher morrer em consequência de um infarto do que a de um homem com a mesma idade, mesmo ambos apresentando os mesmos hábitos, índices de colesterol, de triglicérides e pressão arterial. De acordo com a cardiologista Ligia Alves, a maior mortalidade em mulheres tem sido relacionada ao fato de que elas são acometidas de infarto agudo do miocárdio (IAM) em idade mais avançada e apresentam maior prevalência de fatores de risco como hipertensão arterial e diabetes mellitus, possuem diferenças na atividade plaquetária (coagulação), quando comparadas aos homens. “Porém é possível que exista uma associação independente entre sexo feminino, morbidade e mortalidade após infarto agudo do miocárdio. As mulheres também apresentam mais episódios de IAM com coronárias normais que os homens”, esclarece a médica. Outro agravante é o
fato de que sintomas de IAM em mulheres não são devidamente valorizados, tanto pelas pacientes, que procuram atendimento médico tardiamente, quanto pelos médicos. “O atendimento tardio aumenta a mortalidade por IAM”, aponta. O que também dificulta o diagnóstico de IAM em mulheres, conforme explica a médica, é que nelas os sintomas e história da doença são atípicos, isto é, diferente do quadro clínico característico da patologia. “As mulheres percebem mais os riscos de câncer que de doenças cardiovasculares”, diz. Quanto mais jovem for a mulher que sofreu infarto agudo do miocárdio, maior a mortalidade quando comparada com o sexo masculino. “Mulheres morrem mais de IAM porque dificilmente recebem as mesmas análises e tratamentos dados rotineiramente aos homens. É necessário montar mais linhas de estudo para entender essas diferenças e desenvolver mais abordagens direcionadas às mulheres”, completa.
Prevenção e prática de atividades A American Heart Association preconiza sete metas de prevenção cardiovascular: não fumar, ser fisicamente ativo, ter pressão arterial normal, ter colesterol total normal, ter um nível de açúcar no sangue normal, peso ideal e hábitos alimentares saudáveis. Porém, apenas 2% dos indivíduos adultos atingiram essas metas. “É necessária uma mudança de hábitos de vida das pessoas de modo a conseguimos prevenir as doenças cardiovasculares”, aponta Ligia Alves. A prática regular de exercícios físicos é preconizada como uma das principais estratégias para prevenção de doenças cardiovasculares. As mulheres devem realizar pelo menos 150 minutos por semana de exercícios moderados (caminhada rápida, por exemplo). Benefícios cardiovasculares adicionais que poderão ser obtidos por meio da prática mais prolongada de exercícios.