Caderno F
MANAUS, DOMINGO, 7 DE DEZEMBRO DE 2014
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Pág. 4 e 5
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Não consigo dizer
‘NÃO’! VERA LIMA Equipe EM TEMPO
N
ão saber dizer “não” não é uma doença, mas com o passar do tempo pode deixar o indivíduo doente. A declaração é da psicoterapeuta infantil e de adolescentes e neuropsicopedagoga Monica Pessanha. Segundo ela, é fato que algumas pessoas têm grande dificuldade para dizer não a alguém, ainda que isso signifique sacrifício pessoal, mas ela explica que o fato de não se impor não tem necessariamente nenhum fundo relacionado a uma doença. “A não ser que tracemos um perfil psicológico e diagnostiquemos um transtorno que tenha como sintoma a dificuldade de se impor”, completa. Mas, segundo a psicoterapeuta, o fato é que o resultado de tanto ceder pode advir pelo acúmulo de cansaço e estresse causado pelo excesso de
trabalho e desconforto emocional. “É comum ouvir relatos de pessoas se sentindo tristes, irritadas e de mau humor por não conseguirem dizer não”. Mônica complementa dizendo que a questão não está em ajudar os outros a dizer “não”, mas como fazemos isso. “Tudo ao extremo pode levar a um desequilíbrio e o desequilíbrio só faz mal à mente, ao corpo e aos sentimentos, seja de que espécie for”. Mas o que leva uma pessoa a sempre dizer “sim”, mesmo quando a questão é desagradável? Para Mônica Pessanha, a necessidade de agradar é instilada em nós desde a infância, quando aprendemos a sermos “bons” e sempre estarmos dispostos a ajudar. “Em si, esse não é um princípio ruim, já que devemos realmente ajudar as pessoas. Mas, na infância, recebemos a mensagem de que deveríamos agradar e nos submetermos às vontades dos outros”.
Porém, a especialista ressalta que no geral as pessoas dizem “sim” porque elas têm a falsa sensação de que vão diminuir o medo de desagradar, machucar e de não serem aceitas. “Neste último caso, é até mais complicado porque, claramente, há boas razões para entender melhor os efeitos de não ser aceito”.
Uma questão de autoestima De acordo com Mônica Pessanha, um fator que também contribui para esse caso relaciona-se com a culpa, “que é geralmente definida como uma emoção que experimentamos quando agimos contra os nossos próprios valores ou convicções”. Isso, segundo ela, pode trazer mais sofrimento dependendo de como é a autoestima do indivíduo, que por si só também é outro ponto que se relaciona com a dificuldade de dizer “não”. “Autoestima afeta diretamente tudo o que uma pes-
Dizer não a determinados pedidos, em certos momentos, pode ser difícil, mas dizer sempre sim, independente do caso, pode ser muito problemático
soa faz, compromete o trabalho, a vida social e os estudos. Pessoas com autoestima rebaixada se deixam levar pela vontade dos outros, pois a falta de amor-próprio pode demonstrar uma imagem de menosvalia”, assegura. Diante de tudo isso, fica a questão: como enfrentar essa dificuldade? Segundo Mônica, para enfrentar a dificuldade de dizer não é preciso ter consciência. “Consciência de quem você é de verdade, dos valores éticos, que geralmente aprendemos na infância e carregamos para a fase adulta. Ter consciência que as atitudes positivas podem mudar as relações pessoais, isso não significa dizer ‘sim’ o tempo todo, também não quer dizer ‘não’ a todo momento, mas usar o bom senso para definir prioridades pessoais e de ajuda ao próximo”.
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Como lidar com as emoções?