Saúde - 1 de junho de 2014

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Caderno F

MANAUS, DOMINGO, 1º DE JUNHO DE 2014

DIVULGAÇÃO

Saúde

e bem-estar

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A receita para os problemas sexuais Saúde e bem-estar F5

HPV: quando prevenir é o melhor remédio Campanha pública de vacinação no país beneficia apenas uma parcela da população, meninas de 9 a 13 anos

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onsiderada por especialistas a “epidemia do século 21”, a infecção pelo HPV é um problema para homens também. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que ocorrem 32 milhões de novos casos de verrugas genitais a cada ano. Em Manaus, um grupo de médicos apresentou em uma palestra promovida pela Amazonense de Ginecologia e Obstetrícia (Assago), uma abordagem prática, as formas de prevenção contra o HPV, como a vacinação nas redes pública e privada. A doença já atinge mais de 630 milhões de homens e mulheres (1 em cada 10 pessoas) no mundo – só no Brasil são 1,9 milhão de casos/ano, sendo a grande maioria associada aos

tipos 6 e 11 do HPV. A campanha pública de vacinação em território nacional beneficiará apenas uma parcela da população (meninas de 9 a 13 anos) e com foco apenas no câncer do colo do útero. Porém, as meninas fora desta faixa etária e os homens de maneira geral, também precisam se prevenir dos outros tipos de doenças causadas pelo HPV. “Infelizmente no Brasil, o método preventivo do câncer de colo do útero, isoladamente, não tem se mostrado efetivo para evitar que cerca de 9 mil mulheres morram por ano de câncer de colo do útero, o que equivale a 20 mortes por dia de mulheres brasileiras”, ressalta a ginecologista Nilma Neves, presidente da comissão de vacinas da Federa-

ção Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). “Por isso, a informação é a melhor arma para combater não só este, mas

NÚMEROS

A doença já atinge mais de 630 milhões de homens e mulheres (1 em cada 10 pessoas) no mundo – só no Brasil são 1,9 milhão de casos/ano, sendo a grande maioria associada aos tipos 6 e 11 também outros tipos de cânceres e doenças provocadas pelo HPV e que atingem também os homens, como o de ânus, de pênis e de orofaringe”, diz. A vacinação também é in-

Homens também precisam Além da ginecologista Nilma Neves, os especialistas Jefferson Elias Cordeiro Valença (hospital das Clínicas da UFPE), Hilka Flavia Barra Do Espírito Santo (ginecologista) e Gilson José Correa (ginecologista e obstetra) também participaram do evento. Segundo os médicos, as estatísticas para a vacinação masculina se mostram favoráveis.Depois de vaci-

nar meninas e mulheres de 12 a 26 anos contra o HPV num programa nacional de grande sucesso, o governo da Austrália estendeu a vacinação também para meninos entre 12 e 13 anos. “Isso porque o resultado dessa vacinação com meninas, publicado em 2011 no ‘British Medical Journal’, revelou redução de 90% das verrugas genitais entre as

vacinadas, com evidências de proteção indireta, ou seja, redução de até 30% dos casos de verrugas em homens heterossexuais de até 21 anos, não vacinados, em todo o país”, explica Nilma. Este estudo da Austrália tornou-se referência mundial de estudo ecológico, tipo de pesquisa que avalia os resultados alcançados de uma medida de saúde em nível populacional.

dicada para homens entre 9 e 26 anos. Cuidados Em Manaus, a palestra mostrou, também, os avanços na prevenção das doenças causadas pelo vírus, como as verrugas genitais – que são grandes problemas de saúde pública – e os cânceres masculinos. O uso da camisinha, tão importante para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), ajuda, mas não garante proteção total contra o contágio do HPV, já que o vírus se aloja na pele e permanece em toda a região genital e, em alguns casos, pode evoluir para câncer. Cerca de 50% dos casos de câncer de orofaringe nos Estados Unidos são

causados pelo HPV. Isso porque o HPV é um vírus muito presente na pele, em qualquer parte do corpo. “Cerca de 80% da população está infectada pelo HPV e não sabe, e podem estar transmitindo o vírus durante a relação sexual. Isso porque o HPV pode demorar anos para se manifestar em forma de verruga ou câncer”, explica a médica. O próprio Inca afirma que, pelo menos 13 tipos de HPV são considerados oncogênicos (ou seja, provocam câncer). Dentre o s

HPV de alto risco oncogênico, os tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero. Já os HPV 6 e 11, encontrados em 90% dos condilomas genitais e papilomas laríngeos (verrugas genitais e tumores na laringe). Vale ressaltar que esses 4 tipos de HPV (6, 11, 16 e 18) são prevenidos com a vacina quadrivalente contra o HPV - que foi dada na rede pública e também se encontra na rede privada, sendo a única no país com a aprovação da Anvisa para uso em homens e mulheres.


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