Caderno F
MANAUS, DOMINGO, 31 DE MAIO DE 2015
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Curiosidade infantil Como conversar com as crianças quando elas começam a ter dúvidas sobre o próprio corpo ALIK MENEZES Especial EM TEMPO
É
natural das crianças terem dúvidas sobre tudo e questionarem para saber. Mas, quando o assunto são as mudanças no corpo e a sexualidade... Alguns pais podem ter algum tipo de receio. Contudo, especialistas afirmam que o tema deve ser tratado com bastante naturalidade, tendo em vista que tais questionamentos estão surgindo cada vez mais cedo, e devem ser esclarecido primeiro, de preferência, no âmbito familiar. O administrador de empresas Carlos Almeida nunca imaginou que precisaria ter uma conversa sobre sexo com o filho de apenas 9 anos tão precocemente. Para ele, o tema chegava até a ser absurdo nessa idade. “Eu, com essa idade, queria era brincar de carrinhos, jogar bola, correr na rua com as outras crianças. Daí, tudo mudou quando meu filho tascou logo um ‘pai, por que meu pinto fica duro?’. Fui pego de surpresa”, lembra. No primeiro momento, Almeida des-
conversou e tentou “empurrar com a barriga” o assunto, mas o filho, muito curioso, não deu alternativas para o pai. “Eu tentei enrolar, mas não teve jeito. Busquei a ajuda de um psicólogo para saber como deveria abordar essas questões com ele. E ainda estamos nesse processo de contar aos poucos. Porque ele precisa saber e deve saber de mim que sou o pai”, disse. Naturalidade A escolha de cada pai sobre como ter a temida conversa é pessoal, já que cada um decide a melhor maneira de educar os filhos. No caso da funcionária pública federal Antônia Silva, que sempre esteve aberta a qualquer tipo de diálogo com o filho, que atualmente tem 14 anos, a saída foi levar tudo com a maior naturalidade, fornecendo informações de todos os tipos. Ela lembra que as perguntas do adolescente começaram quando ele tinha 11 anos e chegaram bem “comportadas”. “Ele queria saber se eu deixaria trazer a namorada para namorar em casa”, lembra Antônia. Essa foi a única pergunta necessária para que a mãe do jovem começasse a dar explicações sobre tudo para ele, inclusive o incentivando a assistir filmes mais adultos para que na hora “H”, quando chegar, ele não passe nenhum tipo de vergonha. “Ele precisa saber, precisa ter informações”, avalia.
Na opinião de Antônia, os pais devem oferecer um ambiente saudável para que os filhos os procurem, de maneira que as dúvidas sobre as mudanças no corpo e sobre sexo sejam esclarecidas em casa. “Hoje há muita informação, mas sempre quis que ele se sentisse confortável em perguntar e eu o incentivo a isso. Nós conversamos sobre tudo, inclusive sobre os cuidados que ele tem que tomar, usar preservativos e tudo mais”, completa. Ajuda O psicanalista Waieser Bastos diz que não é de hoje que as crianças estão descobrindo as mudanças do corpo cada vez mais cedo, e as dúvidas sobre o universo sexual também surgem precocemente impulsionados, também, pelo discurso publicitário. Diante disso, os pais devem abordar o assunto de forma simples. “Os pais devem tratar de forma simples e lúdica, sem fazer uso de discursos morais para dialogar sobre o tema da sexualidade com os filhos. A chegada da sexualidade não traumatiza as crianças, mas a forma moralista como são tratadas as questões da sexualidade é que podem produzir efeitos traumáticos”, afirma. O especialista ressalta, ainda, que dúvidas sobre esses temas são marcadas pela singularidade de cada criança. Dessa forma, os pais devem ficar atentos
para o comportamento dos filhos. E, segundo Waieser, não há uma universalidade cronológica para a chegada das questões sobre a sexualidade da criança. Para algumas chega muito cedo, até porque a sexualidade ainda é infantil, mas é importante saber que esse tipo de questionamento chega sim, na maioria das vezes, por meio do acesso dessas crianças a programas com faixa etária superior a idade a delas. Isso desperta o interesse, conforme o especialista. “A idade ideal é aquela que surge no momento em que a criança passa a revelar comportamentos como pequenos toques corporais, masturbações inconscientes, perguntas de cunho sexual, entre outras questões apresentadas pela criança”, defendeu. De acordo com o psicanalista, esse tipo de discussão no âmbito familiar é muito importante para o desenvolvimento da criança. “Desde cedo eles precisam reconhecer a função do sexual não apenas como ato de reprodução humana, mas como encontro de afetos, desejos, carinhos e principalmente respeito mútuo”, explica. Para Waieser, em geral, meninas se sentem mais à vontade em tratar desses assuntos com as mães, e os garotos com os pais, mas em alguns casos a ajuda de um terceiro pode se fazer necessária, inclusive, a orientação de um especialista.