Salão imobiliário - 22 de dezembro de 2013

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MANAUS, DOMINGO, 22 DE DEZEMBRO DE 2013

Eles resolvem (quase) tudo

E

stá tudo escrito no regimento interno de um condomínio, o que um morador pode ou não fazer. Mesmo assim, é comum que algumas regras não sejam obedecidas e, para fazer valer tais determinações – inclusive a cobrança de taxas obrigatórias –, existe o síndico. No entanto, essa figura acaba sendo mais conhecida por ser convocada para resolver questões que não fazem parte da sua real função do que pelo que realmente foi eleito para exercer. E daí surgem os problemas de convivência tão comuns nessas áreas residenciais. O síndico é uma função dentro da parte administrativa de um condomínio que pode ser exercida por qualquer morador aprovado em assembleia ou alguém indicado por empresa administradora. O eleito exerce a função ao lado de um subsíndico e de um conselho. “Ele tem que administrar, fazer valer o regimento interno do condomínio, cuidar das demandas dos moradores, da manutenção física e jurídica do prédio. É uma espécie de prefeito dentro dessa

comunidade”, define o corretor Daniel Aragão, que é morador e proprietário de imóvel onde atua como síndico. O profissional conta que, em Manaus, um síndico é eleito por aclamação, e não por votação, em 80% das vezes, e quem escolhe esse cargo precisa conhecer todas as particularidades elétricas do prédio, das câmeras de segurança, o sistema de tratamento de água, como se realiza a limpeza de uma piscina, entre outros fatores. “Se acontecer uma pane, o síndico tem que saber que equipe chamar para resolver determinado problema”, afirma. Entretanto, ele percebe que não há uma vontade entre os moradores, atualmente, de exercer a função de síndico. Para o corretor, o maior desafio desse cargo é administrar pessoas. “Numa assembleia, por exemplo, onde são levadas várias questões relativas ao prédio, muitos moradores não participam. E a assembleia é soberana, o que for decidido, tem que ser acatado. O desafio maior é promover essa interação. A conciliação e a harmonia entre os moradores é a maior dificuldade”. E a administração geral bem-sucedida de um condomínio, acredita o síndico, é capaz de cooperar para uma maior valorização do imóvel. “Um prédio bem tratado tem mais valor de mercado”, enfatiza. Daniel observa que, hoje em dia, existe o síndico profissional, que pode receber uma remuneração que varia de R$ 2,5 mil a R$ 3 mil. Existem cursos profissionalizantes, mas não são obrigatórios para quem quer atuar nessa área. Em Manaus, não existe uma associação específica de síndicos, mas Daniel informa que está cadastrado num site de São Paulo, e já participou de capacitação online. “Não há nenhum curso técnico específico na cidade”, diz o corretor, que possui cursos de limpeza de piscina, de monitoramento, entre outros.

(92) 3090-1017

A função de síndico é associada a uma pessoa que resolve qualquer tipo de problema dentro de um condomínio, mas não é bem assim. A sua atribuição é colocar em prática o regimento interno do residencial

Reeleição O mandato de um síndico varia de acordo com o regimento interno de cada condomínio. O período mais usado é o de dois anos, mas também há casos de um ano e até de três anos. “Isso não quer dizer que a pessoa não possa ser reeleita várias vezes”, observa o funcionário público Adriano Carlos Antunes, que é síndico do prédio onde mora há um ano e oito meses. Adriano explica que se dispôs a ser síndico porque o prédio onde mora apresentou problemas logo em seus dois primeiros anos. Ele considera “boa” a experiência nessa função, mas revela que não a repetiria, embora tenha conseguido entregar o condomínio em condições melhores do que se encontrava. Obstáculos Assim como Daniel Aragão, Adriano Antunes destaca que a principal atribuição desse trabalho é aplicar as regras do regimento interno do condomínio, mas sempre há obstáculos. “Os moradores confundem as coisas e querem que o síndico resolva inclusive briga de vizinhos”, revela. Para Adriano, entre as principais dificuldades enfrentadas por quem exerce essa função nos condomínios estão a questão da inadimplência das taxas cobradas e a postura de moradores que ignoram as regras do regimento. “Para administrar você tem que contar com o bom senso das pessoas”, afirma. “Elas costumam atribuir ao síndico as responsabilidades de tudo o que acontece no condomínio. Até problemas estruturais da construtora são associados ao síndico, mas a atribuição principal é administrativa”. A empresária Adriana Cidade também se tornou síndica por necessidade e, mesmo com alguns obstáculos, gosta de

atuar nesse cargo. “É uma experiência supergratificante, apesar de ter que lidar com pessoas de ideias diferentes. O complicado é mostrar para alguns adultos o que podem ou não fazer. E todos têm o regimento interno”, observa. Adriana assumiu a função depois que o primeiro síndico do condomínio entregou o cargo. Ela conta que nunca chegou a participar de curso específico, mas recebeu orientações da própria administradora do prédio. Já o funcionário público Adriano Antunes fez curso pela internet e costuma acessar o site “SíndicoNet” como suporte para tirar dúvidas em relação à legislação, por exemplo. Responsabilidade Adriana Cidade acredita que, em muitos casos, questões realmente importantes que são atribuições de um síndico acabam sendo esquecidas pelos moradores. “A estação de tratamento de esgoto é uma estrutura que todos os condomínios têm que apresentar hoje, e temos que ter cuidado porque a Semmas (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade) fiscaliza”, explica. “Se acontece um vazamento no apartamento de alguém, a construtora é que deve ser chamada, mas acionam o síndico. Às vezes falta energia elétrica no quarteirão inteiro e as pessoas já me chamam para resolver o problema”, exemplifica, bem-humorada. A empresária conta que trabalha em equipe, com duas subsíndicas e um conselho, mas a responsabilidade de um problema não solucionado recai sobre ela. “Temos que ficar atentos a questões como gás, fiações, geradores”, cita, lembrando que, apesar das dificuldades, já conseguiu, por exemplo, a diminuição de algumas despesas no condomínio.


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