MANAUS, DOMINGO, 14 DE DEZEMBRO DE 2014
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arquiteto REPRODUÇÃO
Presidente do CAU/AM afirma que, atualmente, cerca de 1,2 mil profissionais estão inscritos em todo o Estado, tendo sua maior concentração em Manaus e a desvalorização deve-se à falta de importância com o projeto urbano local
O dia 15 de dezembro é dedicado aos profissionais de arquitetura. A data foi escolhida por ser o aniversário de Oscar Niemeyer
O
dia 11 de dezembro de 1933 marca a promulgação do decreto federal nº 23.569, que regulamenta o exercício da profissão de engenheiro, arquiteto e agrimensor. A data também era a escolhida para celebrar as profissões, porém, após uma resolução decretada pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), o dia 15 de dezembro passou a ser o Dia do Arquiteto e Urbanista, em homenagem ao aniversário de Oscar Niemeyer. Niemeyer, que faleceu em dezembro de 2012, participou de uma das grandes fases da profissão, que foi a construção dos projetos urbanos da cidade de Brasília em 1950. “Houve um grande investimento na profissão e foi um marco para o planejamento urbano do país”, afirma o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Amazonas (CAU/AM), Jaime Kuck. Segundo Kuck, a profissão foi prejudicada quando não houve mais a preocupação com o planejamento urbano no país, levando muitas cidades a cres-
cerem descontroladamente. “O arquiteto é, justamente, aquele profissional único que vai pensar criticamente a cidade, que vai se inspirar no trabalho do geólogo, engenheiro, sociólogo e com outras artes para criar um espaço de forma integrada. O arquiteto ainda é visto como aquele que apenas desenha, como um técnico, mas ele é muito mais que isso e tentamos trabalhar isso, por meio da CAU/AM, junto à sociedade e ao governo”, declara. De acordo com o CAU/AM, são cerca de 1,2 mil profissionais inscritos no Estado, concentrados, em sua maioria, na cidade de Manaus. Kuck afirma que a desvalorização da profissão ocorreu no Estado devido à uma cultura que não valoriza o projeto urbano e a um conselho que acumulava muitas funções. “Criamos o CAU no Amazonas em 2012, foi há pouco tempo. Antes, era o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Amazonas (Crea) quem acompanhava a profissão. Porém, com tantas responsabilidades, a prática de arquitetura e urbanismo era
apenas mais uma prioridade. Ter um conselho uniprofissional foi essencial para a melhora da área no Amazonas”, explica o presidente da entidade. Falta de valorização As consequências de não valorizar os profissionais de arquitetura e urbanismo podem ser notadas na própria cidade, diz Kuck. “Podemos ver como Manaus não é pensada para o convívio harmonioso de seus cidadãos. Os espaços são planejados como “caixinhas isoladas”: um bairro prioriza apenas o transporte público, outro pensa as atividades comerciais, outro o lazer, nada se integra. A população não tem a opção de passear em seus bairros, eles usam veículos para exercer suas atividades sociais em outro lugar. Isso tudo é reflexo da ausência de projetos urbanos para os espaços públicos e resultado de uma cultura administrativa que não preza o planejamento. Outro ponto pelo qual batalhamos no conselho”. Com o CAU/AM, Kuck enfatiza que, atualmente, é possível ter um maior controle da área e uma
maior visibilidade pública. Os Registros de Responsabilidade Técnica (RRT), que são emitidos para autenticar os projetos arquitetônicos, agora são feitos por meio da entidade e de forma digital. “Desde que entramos em funcionamento, houve um crescimento exponencial desses registros e podemos checar rapidamente em que parte da cidade esses projetos estão sendo executados. Isso é uma grande vantagem para a profissão”. A exigência de concursos públicos é mais um ponto trabalhado pelo Conselho. Kuck informa que 200 profissionais se formam todos os anos, mas apenas uma pequena parcela é absorvida pelo mercado, que ainda tem uma grande deficiência. “Há uma grande ausência do Estado nesse assunto. Temos uma cultura política que prefere fazer as coisas para ontem, resultando em obras prejudiciais para a sociedade. Lutamos para que haja mais concursos públicos em relação à revitalização desses espaços para que seja escolhido o melhor projeto e o melhor profissional, beneficiando a população”.
Formação é uma das prioridades A formação do profissional em Manaus também é priorizada pelo CAU/AM que, por meio de uma comissão, acompanha os cursos e assessora o Ministério da Educação (MEC) na melhoria da qualidade de ensino. Hoje, a cidade dispõe de cursos na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Uninorte, UniNilton Lins, Fametro e Ulbra. “O conselho, tanto em âmbito regional como nacional, oferece suporte aos profissionais no sentido de estar sempre a par das novidades na profissão. No ensino, temos ainda uma deficiência em relação aos professores, pois nosso sistema de ensino exige titulação de doutores para dar aula e não temos muitos na área. Precisamos também, de professores com experiência prática”,
ressalta Kuck. Apesar das barreiras enfrentadas pela profissão, Kuck afirma que o arquiteto e urbanista ainda é de suma importância para a sociedade, uma vez que dialoga com diversas áreas do conhecimento e participa do processo político da cidade. “O arquiteto não é apenas aquele que pode decorar sua casa, dar dicas de como deixá-la bonita, ele também não é apenas um técnico. O bom arquiteto precisa ser um intelectual, precisa de amplitude. Ele tem que conhecer as artes e as técnicas, ele tem que conhecer a sociedade e estar sensível aos anseios dela porque ele vai projetar para essa população. Quanto mais conhecimento ele tiver, mais bem desenhados serão os seus projetos. Antes de tudo, ele é um generalista”.