MANAUS, DOMINGO, 14 DE JUNHO DE 2015
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Queda no PIB do país afeta ramo da construção civil REPRODUÇÃO
Com redução do PIB, o setor poderá sofrer queda maior em 2015, segundo o Sindicato da Construção de São Paulo
Segundo dados do SindusconSP, 50% dos investimentos no Brasil envolvem a construção civil
A
redução do Produto Interno Bruto (PIB) em 0,2% no primeiro trimestre de 2015, e de 1,6% na comparação com o mesmo período do ano passado, deverá impactar ainda mais o setor da construção civil, avalia o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP). Entre os segmentos industriais, a construção civil apresentou redução de 2,9% em relação ao primeiro trimestre de 2014. A estimativa do sindicato indica que o PIB da construção sofrerá queda de 5,5% para esse ano em relação a 2014. “E poderá ser ainda maior diante desse cenário”, lamenta o presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto. O forte declínio da atividade da construção nos 12 meses encerrados em março deriva de uma “tempestade perfeita”: drástica redução dos investimentos, inflação, elevação dos juros, aumento do desemprego, redução da renda, diminuição da demanda por imóveis, atrasos crônicos de pagamentos do governo pelas obras do PAC e do “Minha Casa” e
crescente dificuldade de obtenção de crédito imobiliário. “No ajuste fiscal os investimentos do governo sofreram profundos cortes, o que fará cair ainda mais o volume de obras”, afirma Ferraz Neto. O presidente do SindusCon-SP também manifestou preocupação com relação à nova queda da taxa de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) anunciada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 1,3% em relação ao trimestre anterior e 7,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. “Esses números denotam que os investimentos seguem em deterioração, o que é muito prejudicial ao desempenho da construção. Basta lembrar que cerca da metade de todos eles passam por este setor”. Esse indicador de nome extenso e complicado mede o quanto as empresas aumentaram os seus bens de capital, ou seja, aqueles bens que servem para produzir outros bens. São basicamente máquinas, equipamentos e material de construção. Ele é importante porque indica se a capacidade de produção do país está crescendo e
também se os empresários estão confiantes no futuro. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) é calculada trimestralmente pelo IBGE. No segundo trimestre desse ano, a FBCF ficou 11,7% maior em relação ano mesmo trimestre de 2003, um aumento muito superior ao do nível de atividade econômica, que ficou em 5,7%. Esse resultado reflete claramente o reaquecimento da economia do país. Entre as medidas que deveriam ser adotadas pelo governo federal, o SindusCon-SP acredita ser essencial a busca de mais recursos para o Programa Minha Casa, Minha Vida e PAC, solucionando definitivamente a questão dos atrasos nos pagamentos às construtoras que atuam na Faixa 1 (pessoas com renda até R$ 1.600). “Outra medida seria estabelecer uma linha de crédito para as empresas em dificuldades. Os cortes de R$ 25,7 bilhões no PAC e R$ 5,6 bilhões no MCMV vão acentuar o desemprego”, acredita Neto. “Também seria importante o lançamento da terceira fase do programa e novas concessões
para a ampliação da infra-estrutura com condições atrativas ao investimento privado”, conclui. Alerta Cerca 50% dos investimentos feitos no país envolvem a construção civil. Assim, outra providência fundamental que poderia ser adotada pelo governo seria não elevar em 125% a Contribuição Previdenciária sobre a Renda Bruta (CPRB) das construtoras. “Se este dispositivo do projeto de lei enviado pelo governo ao Congresso não for revisto, o custo da construção aumentará, onerando os adquirentes de imóveis e o governo na contratação de obras públicas. Embora se pretenda reforçar os efeitos do ajuste fiscal, o aumento de tributo acabará sendo em grande parte anulado, por elevar a despesa do governo”, alerta Neto. O SindusCon-SP também sugere que governos estaduais e municipais podem e devem ajudar, mobilizando-se para complementar, com contrapartidas, os recursos do governo federal para viabilizar o programa.