Salão imobiliário - 11 de maio de 2014

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MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014

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Muitas ofertas, pouca procura Para alguns especialistas, a Copa do Mundo supervalorizou os imóveis no último ano e prejudicou a venda de empreendimentos

A

escolha de Manaus como uma das sedes dos jogos da Copa do Mundo 2014 criou um clima diferente no mercado imobiliário da cidade. Se por um lado muitos acreditaram que o mundial poderia aumentar os negócios, por outro há quem diga que ele causou uma supervalorização dos imóveis ofertados, elevando os preços e prejudicando as vendas. “Houve uma especulação por conta desse evento e muitos proprietários tiveram a ilusão de que poderiam comercializar agora o que não conseguiram nos outros meses. Isso fez com que os valores das casas e apartamentos aumentassem, assustando quem pretende comprar ou, até mesmo, alugar um imóvel”, afirma o corretor de imóveis Ênio Cruz. O corretor cita o exemplo de um imóvel para aluguel em um condomínio no bairro Dom Pedro que atualmente está custando R$ 4.600. Já o valor de um apartamento com 100 metros quadrados ao lado da Arena Amazônia está custando em média R$ 800 mil para venda. “As pessoas acreditaram que a Copa iria ser a “galinha dos ovos de ouro” e é uma realidade não só de Manaus, mas de todo o Brasil”, diz. Ao contrário dos apartamentos, as casas no Dom Pedro continuam com o mesmo preço. “Esses imóveis variam entre R$ 250 mil a R$ 300 mil. Elas são mais baratas porque estão em conjunto. Hoje em dia, a alta procura mesmo é por condomínio fechado, o que eleva os preços”, observa Cruz. Cruz acredita que depois do evento os valores podem diminuir. “Eles já estão parados há algum tempo, já está difícil vender. As pessoas colocaram patamares invendáveis, têm que esperar. Quem precisa de dinheiro, tem que baixar o preço, ou não vende mesmo”, avalia. Mercado Para o corretor de imóveis depois da bonança da última década, o mercado imobiliário ainda não decolou em 2014. Esse esfriamento se deve não exclusivamente ao evento esportivo, mas a

alta inflação, insegurança dos consumidores e instabilidade econômica. Segundo Cruz, para quem busca comprar um imóvel, a palavra da vez é cautela. “As pessoas estão receosas em entrar em um financiamento e por isso estão mais exigentes e cautelosas. O mercado está parado, quem tem dinheiro está segurando, esperando a mudança de governo acontecer para ver no que vai dar”, ressalta. O presidente do Sindicato da Construção Civil no Amazonas (Sinduscon-AM), Eduardo Lopes, discorda que o mercado tenha estagnado. Segundo ele, o problema é que muitas incorporadoras acabaram construindo mais empreendimentos do que o necessário. “No começo de 2007 muitas empresas vieram para Manaus, elas realizaram estudos de mercado e cada uma com suas informações lançaram os produtos, mas acabaram errando na do-

sagem e só agora ficou claro que foi lançado mais do que deveria”, explica. Lopes diz que esse é o principal motivo para a baixa nas vendas. “Em 2013, foram 17 mil imóveis ofertados, um número muito grande. As construtoras estão sofrendo um pouco para vender. A procura foi boa, mas a oferta de demanda foi maior do que o necessário. Agora o mercado vai ter que encontrar o equilíbrio para que isso não ocorra mais”, observa. O presidente ressalta

ainda que essa situação não tem relação nenhum com a Copa. “Não houve lançamentos específicos por conta do evento, inclusive no entorno do estádio. Todos os novos empreendimentos foram feitos muito antes do evento” diz.


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