MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014
(92) 3090-1017
Roberto MOITA
‘A VERTICALIZAÇÃO está PULVERIZADA’ FOTOS: ALBERTO CÉSAR ARAÚJO
Com o Plano Diretor de 2002 foram definidas e consolidadas regiões que comportam prédios mais altos, chegando a gabaritos de 21 andares. E no novo Plano Diretor de 2014, o município, após os estudos devidos, resolveu ampliar essa possibilidade de gabarito para 25 andares”
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os últimos 5 anos, Manaus vem crescendo verticalmente com a construção de prédios residenciais e comerciais acima de 12 andares. No lugar de casas, edifícios de até 25 pavimentos. Só no período de janeiro de 2008 a março deste ano, foram emitidos 49 alvarás de construção para prédios com 12 ou mais pavimentos e em 2013 foram expedidas 12 certidões de Habite-se, documento obrigatório para construções residenciais, segundo dados do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb). Em entrevista concedida ao EM TEMPO, o presidente do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), o arquiteto Roberto Moita, fala sobre as regiões de Manaus mais adequadas e procuradas pelas empresas para a construção de edifícios e da capacidade que a cidade ainda possui de abrigar essas obras. Ele também explica no que a grande demanda de lançamentos imobiliários pode influenciar no mercado e o desejo que possui de que os manauenses tenham mais consciência ambiental em relação às habitações. EM TEMPO - Manaus não é uma cidade conhecida por ter muitos prédios altos, sejam residenciais ou comerciais, porém, a cada dia surgem novos empreendimentos com mais de 12 andares. Como você vê isso? Roberto Moita - A verticalização urbana é uma característica, principalmente, das cidades do mundo novo ou da experiência de desenvolvimento urbano do século 20, particularmente da segunda metade.
Manaus inicia essa tradição com o prédio do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas (Iapetec), no Centro, que durante muito tempo foi sinônimo de prédio alto. E consolida essa vocação a partir das últimas duas décadas do século 20. Com o Plano Diretor de 2002 foram definidas e consolidadas regiões que comportam prédios mais altos, chegando a gabaritos de 21 andares. E no novo Plano Diretor de 2014, o município, após os estudos devidos, resolveu ampliar essa possibilidade de gabarito, em áreas específicas, para 25 andares, mas essas áreas não são mais do que 2% do território da cidade. EM TEMPO – Quais são as zonas de Manaus que foram e são mais procuradas pelas empresas para construir prédios acima de 12 andares e por quê? RM - As regiões naturalmente que se adensam são aquelas de maior valorização imobiliária ou aquelas de maior desejo da população, especialmente da classe média. Por exemplo, nos conjuntos Vieiralves, Morada do Sol e bairros Ponta Negra, Adrianópolis e Parque 10. Essas são áreas onde ocorrem mais prédios acima de 12 andares. Elas são as que estão localizadas em corredores urbanos e contam com maior oferta de infraestrutura, daí a legislação prevê essa possibilidade. Segundo a Lei de Uso e Ocupação do Solo, que traz parâmetros de verticalização para os locais da cidade que podem abrigar gabaritos máximos de 25 pavimentos são: avenidas do Turismo, Brasil,
Coronel Teixeira, Darcy Vargas, Jacira Reis, Ephigênio Sales, Paraíba, André Araújo; bairros Ponta Negra e praia Ponta Negra, Cachoeirinha, Aleixo e Coroado, além do corredor da avenida das Torres, boulevard Amazonas e conjunto Ayapuá. EM TEMPO - Ainda existem locais/terrenos disponíveis em Manaus para serem construídos novos prédios? RM - Sim. Manaus tem mais de 60% do seu território desocupado e nas áreas de verticalização a capital conta com muitos terrenos propícios a esse adensamento. Todas as zonas da cidade possuem gabaritos diferenciados, de quatro, 12, 16 pavimentos, entre outros. Eles são definidos a partir de parâmetros urbanísticos como corredores urbanos, caixa ou sistema viário e tamanho do lote onde se fará a construção. Geralmente nos corredores urbanos o gabarito é maior. E quanto maior for o prédio, por exemplo, maior será seu afastamento frontal. Em geral o afastamento frontal é de cinco metros, mas nos corredores urbanos é de oito metros. A verticalização em Manaus por zona está pulverizada. EM TEMPO - Chegará um momento em que o mercado ficará saturado? RM - Quanto à questão do mercado, ele é flutuante. Em cada momento aumenta ou diminui a demanda. O que percebemos é que, nesse momento, o mercado passa por um certo esfriamento de demanda, talvez fruto de um número grande de lançamentos decorrentes nos últimos 4
anos e da desaceleração da economia brasileira. EM TEMPO - Em relação às normas de segurança, as construtoras em Manaus, no geral, estão seguindoas ou existem muitos problemas que ainda precisam ser resolvidos? RM - As construtoras da cidade seguem as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), do Corpo de Bombeiros, inclusive que são sempre alinhadas com o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, onde tem a maior exigência em segurança. As construções em termos de segurança na capital estão dentro dos melhores padrões de tecnologia e de procedimentos da experiência brasileira. EM TEMPO - O conceito de sustentabilidade nas construções está em alta no mundo todo, principalmente nos países mais desenvolvidos. Manaus está seguindo este conceito de construir com consciência ambiental e utilizando produtos ecologicamente corretos? RM - Não temos conhecimento de muitas construções que tenham adotado a questão da sustentabilidade como um diferencial. Resta saber, de fato, se a população de Manaus está atenta a isso, desejando morar de maneira mais sustentável. Talvez a ampliação da consciência leve a contingentes maiores de cidadãos que moram em Manaus em desejarem ter, também, na sua habitação ou no seu local de trabalho, essa marca da sustentabilidade e da consciência ambiental.
As construtoras da cidade seguem as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas, do Corpo de Bombeiros, inclusive que são sempre alinhadas com São Paulo”
As regiões naturalmente que se adensam são aquelas de maior valorização imobiliária ou aquelas de maior desejo da população, especificamente, da classe média”