Salão imobiliário - 1 de junho de 2014

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MANAUS, DOMINGO, 1º DE JUNHO DE 2014

(92) 3090-1017

Bolha imobiliária:

mito ou realidade?

Profissionais do setor imobiliário dão suas opiniões a respeito do fenômeno que pode – ou não – chegar ao país

A

discussão sobre a existência ou não da bolha imobiliária voltou a ser tema de especulação com a desaceleração nas vendas de imóveis, após um período de euforia do mercado com a construção de vários empreendimentos. Mesmo assim, especialistas do setor descartam essa possibilidade. “O que acontece no Brasil é muito diferente do que aconteceu nos Estados Unidos, em 2008. Nós temos muita oferta de crédito sim, mas com uma liberação do dinheiro feita de forma muito responsável, os

nossos bancos são muito criteriosos”, observa o consultor imobiliário Tiago Borges. Para ele, a mudança no ritmo de vendas foi influenciada, principalmente, pela alta dos preços. “Os preços dos imóveis cresceram acima da renda do brasileiro e ficaram sim, mais caros para a população”, afirma. Ainda segundo Borges, o alto valor cobrado pelo mercado fica mais evidente na hora de financiar o imóvel, quando o consumidor percebe a grande diferença no preço cobrado pela constru-

tora e na avaliação do banco. “Já vi casos de imóveis que o banco avaliou R$ 100 mil a menos do que estava sendo cobrado pela construtora. O cliente não conseguiu financiar, desistiu da compra e ainda teve prejuízo”, conta. O consultor acredita que este cenário já começou a mudar e o Feirão da Casa Própria, realizado no mês passado, foi um grande exemplo disso. “As construtoras baixaram os preços. Pela primeira vez vi uma construtora avalizando menos que o banco. Isso mostra que

as coisas estão mudando, afinal, hoje temos muitos imóveis parados e as incorporadoras precisam girar esse dinheiro”, explica Borges. Para Eduardo Lopes, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Amazonas (Sinduscon), os preços dos imóveis em Manaus não são tão altos comparados a outros Estados do Brasil. Para ele, essa mudança nas vendas é apenas uma estabilização. “O mercado imobiliário cresceu muito nos últimos 7 anos e agora estamos estabilizando. Talvez até chegue a uma

retração, mas é cedo para falar”, diz. Lopes descarta qualquer possibilidade de bolha imobiliária e também destaca o “feirão” como bom exemplo disso. “A perspectiva era fechar R$ 120 milhões em negócios e foram fechados R$ 131 milhões. Passaram pelo evento 33 mil pessoas”. “Durante o “feirão” ficou claro que atualmente os imóveis destinados para a classe C são os com melhor saída, e essa também pode ser a causa de muitos imóveis não terem tido tanta procura. Nos últimos anos,

muitas construtoras que vieram para Manaus fizeram lançamentos grandes destinados principalmente para as classes A e B e não houve mercado para isso”, observa. O presidente do sindicato acredita que, a partir de agora, “as construtoras precisam analisar bem o mercado e descobrir para quem realmente devem vender”. “Não quer dizer que os imóveis A e B vão parar, mas deve haver uma acomodação sim. De qualquer forma, eles conseguirão vender tudo nos próximos anos”, afirma o presidente.


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