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MANAUS, SÁBADO, 7 DE JUNHO DE 2014
FICHA TÉCNICA BRASIL SÉRVIA
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Atacante do Fluminense Fred ouve torcida paulista clamar por Luis Fabiano, mas marca o único gol da partida e sai aplaudido de campo
Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP) Árbitro: Henrique Caceres (PAR) Brasil: Júlio César; Daniel Alves (Maicon), Thiago Silva, David Luiz e Marcelo (Maxwell); Luiz Gustavo, Paulinho (Fernandinho) e Oscar (Willian); Hulk, Fred (Jô) e Neymar (Bernard) Técnico: Luiz Felipe Scolari Sérvia: Stojkovic (Lukac); Basta (Vulicevic), Ivanovic, Tosic e Kolarov; Jojic, Petrovic (Mrda), Matic e Markovic (Gudelj); Mitrovic (Dordevic) e Tadic (J. Tosic) Técnico: Ljubinko Drulovic
Gols: Fred, aos 12 minutos do segundo tempo
Brasil bate Sérvia em último teste
Cartões Amarelos: Petrovic, Matic (Sérvia)
Com dificuldades para furar o bloqueio sérvio, seleção brasileira bate adversário, mas ouve vaias durante a partida
N
o último teste antes da estreia na Copa do Mundo, o Brasil optou por enfrentar um adversário parecido com o que encontrará na próxima quinta-feira, em São Paulo. Na capital paulista – mas no estádio do Morumbi e não no de Itaquera – e contra a Sérvia – e não contra a Croácia –, a equipe teve problemas, porém venceu por 1 a 0, na tarde de ontem (06). Após um mau primeiro tempo na arena tricolor, a seleção chegou ao seu gol com o oportunismo de Fred, aos 12 minutos da etapa final, quando parte do público já gritava o nome de Luis Fabiano. Hulk também balançou a rede, mas o gol foi mal-anulado, erro que manteve a vantagem mínima até o apito final. Em um dia de novos cortes em outros times, os comandados de Luiz Felipe Scolari ter-
minaram o jogo inteiro, mas com problemas para resolver. Houve claras dificuldades para superar a boa marcação sérvia e espaço para contraataques bastante perigosos. Júlio César chegou a ter o
ADVERSÁRIO
Os visitantes não se limitavam a marcar, tinham boa qualidade nos passes e evitavam chutões. O lateral esquerdo Kolarov se apresentava com frequência no campo de ataque e levava perigo poste acertado em cabeceio de Jojic, e Neymar esteve longe do que precisará apresentar para levar o Brasil ao título mundial em casa. Substituído no intervalo, após um tempo de muito pouco futebol, Oscar viu Willian entrar melhor e
JUCA KFOURI
corre risco de perder sua vaga até a estreia. Felipão tem seis dias para azeitar o time. Dificuldades A falta sofrida por Neymar aos dois segundos de jogo não foi o único obstáculo encontrado pelo Brasil no primeiro tempo. A equipe de Felipão teve muita dificuldade para superar as linhas de marcação sérvias, com quatro jogadores cada, que espremiam o setor de criação dos donos da casa. Os visitantes não se limitavam a marcar, tinham boa qualidade nos passes e evitavam chutões. O lateral esquerdo Kolarov se apresentava com frequência no campo de ataque, onde construiu boa jogada aos 8 minutos, acertando a rede de Júlio César do lado de fora. O jogo era mais pegado do que gostariam os brasileiros, que, diferentemente dos adversários, vão jogar a
Copa do Mundo. Irritado com a marcação, Neymar soltou a mão no rosto de Basta. Pouco depois, sofreu falta mais dura de Petrovic, que acabou levando o cartão. A única quase chance brasileira aconteceu em um erro de saída de Basta, mas Neymar foi travado na hora do chute. Minutos mais tarde, Fred não falhou muito em chute de fora. Apesar das dificuldades, a torcida paulistana mostrava apoio maior do que é seu costume. O problema foi que os erros de passe e as bolas perdidas começaram a se multiplicar. Vacilo de Daniel Alves permitiu contra-ataque perigoso, com Kolarov pela esquerda. Júlio César fez defesa parcial e viu David Luiz chutar o que viu pela frente para afastar o perigo. Logo em seguida, em novo contragolpe, Mitrovic cabeceou livre e errou. A seleção sérvia mostrou qualidade e jogou bem.
Fred faz torcida esquecer Luis Fabiano após marcar gol Um dos últimos lances do primeiro tempo foi uma trombada entre Thiago Silva e David Luiz, o que provavelmente influenciou nas primeiras vaias significativas, ouvidas quando o árbitro apitou. Apagadíssimo nos 45 minutos iniciais, Oscar ficou no vestiário, dando lugar a Willian. Não houve resultado imediato, e parte do público no estádio do São Paulo começou a gritar o nome do centroavante tricolor Luis Fabiano – que não está no grupo da Seleção. Outra parte vaiou a manifestação e vibrou, 3 minutos depois, aos 12, com o gol do centroavante Fred. O camisa 9 recebeu
um ótimo lançamento de Thiago Silva na área e foi ainda melhor. Matou no peito, aproveitou o erro de Ivanovic no tempo de bola e, mesmo desequilibrado, conseguiu concluir de pédireito no canto esquerdo do goleiro Stojkovic. Felipão botou Maicon, Maxwell e Jô para jogar. E viu um gol legal de Hulk, que recebeu lançamento na cara do gol e tirou de Stojkovic, ser anulado incorretamente. Neymar chegou a ouvir vaias ao ser substituído, já aos 37 minutos da segunda etapa. No apito final, a maior parte do estádio aplaudiu o time que buscará o hexa a partir da próxima semana.
COLUNISTA DO JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO
Vaias didáticas A torcida paulista até que foi generosa ao apupar sem raiva a má exibição brasileira no Morumbi O paulistano que foi ao Morumbi não tinha motivo algum para estar bem-humorado. Chovia desde cedo, a greve no metrô continuava, os congestionamentos de trânsito tradicionais nas sextas-feiras eram ainda maiores que os de sempre até pela suspensão do rodízio e chegar ao estádio exigiu boa dose de paciência e sacrifício. Eram poucos os claros no campo do São Paulo quando o jogo começou com um pontapé sérvio em Neymar nem bem foi dada a saída.
Um tempo inteiro depois, o primeiro, quando acabou, mostrava duas grandes chances de gol para a Sérvia, nenhuma para o Brasil, uma trombada indigna da chamada melhor dupla de zaga do mundo e uma reposição de bola indecente de Júlio César. Neymar se expunha, tomava paulada, e não encontrava companhia nem em Hulk, nem em Oscar, nem em Fred. Aí, a torcida vaiou. Nada escandaloso, mas vaiou. De fato, ninguém que estava no
Morumbi merecia ver o que vira no primeiro tempo. Precisava ser otimista para acreditar que as coisas melhorariam no segundo tempo, mas, lembremos, era hora de entrar quem ao invés de se poupar queria mesmo era se mostrar. De cara Willian substitui Oscar, mas foi um passe preciso de Thiago Silva para Fred matar no peito, escorregar e bater deitado de direita para fazer 1 a 0 que animou os mais de 67 mil torcedores. Porque minutos antes a torcida voltara a vaiar,
insatisfeita com o que via. A seleção sustentou a vitória tocando bola sob vaias, mas, justiça se faça, embora tenha levado bola na trave na tarde em que a defesa inteira foi mal, Hulk marcou gol muito mal-anulado pelo bandeirinha paraguaio. O único alento é o de pensar que mesmo jogando abaixo do que se espera a seleção venceu e não tomou gol. Além de ter mostrado muito a se corrigir até a estreia. Daí as vaias serem até didáticas.
A seleção sustentou a vitória tocando bola sob vaias, mas, embora tenha levado bola na trave na tarde em que a defesa foi mal, Hulk marcou gol muito mal-anulado