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Jaavas: MANAUS, QUINTA-FEIRA, 30 DE JULHO DE 2015
Criança com síndrome de Down participou do Jaavas ano passado
os jogos da inclusão Projeto idealizado em 2011, Jogos Adaptados André Vidal de Araújo promove ações esportivas a pessoas com deficiências
C
omumente se imagina que a prática esportiva exige um corpo sem limitações com uma típica saúde espartana. Contudo, o projeto inovador “Jogos Adaptados André Vidal de Araújo (Jaavas)” – idealizado pela professora Shirley do Amaral em 2011 – tem provado o contrário ao incentivar jovens a romper as barreiras impostas pela deficiência e abraçar uma vida ativa e saudável. Um exemplo disto foi a transformação da pequena Ludmila Fernandes, 10, testemunhada pela avó Rosa Moraes, 50. Lud, como é carinhosamente chamada tem paralisia cerebral leve, responsável por atrofiar alguns músculos da perna, o que influencia a mobilidade da criança. Contudo, há três anos, Rosa surpreendeu-se com o desenvolvimento da neta que começou freqüentar a Escola Municipal de Educação Especial André Vidal de Araujo, no bairro Parque 10 de novembro, zona Centro-Sul. “Ela estudava em uma escola regular, mas depois que ela foi para o André Vidal desenvolveu muito. Foi lá na
escola e a partir do Jaavas que eu descobri que ela gosta de correr. Ela corre da maneira dela. Se tivesse colocado ela antes (na escola), com certeza estaria mais avançada”, analisou. A menina cursa o terceiro ano e não perde as competições dos Jaavas, destacando-se na modalidade atletismo. “Lá as professoras são muito boas, principalmente a professora Shirley que criou os jogos”, avaliou a avó da criança. Para cuidar da saúde da neta, Rosa abdicou de projetos pessoais para dedicar-se 24 horas ao xodó da casa. “Minha história com a Lud começou quando tentei fazer com que minha filha tivesse responsabilidade com a Ludmila, mas não consegui. Então percebi que Lud alcançou mais idade sem saber ler. Parei de trabalhar para me dedicar a Lud 100%. Reuni a família toda pela causa e graças a Deus ele melhorou muito”, compartilhou. Sobre o projeto Além de Ludmila, mais 600 crianças com deficiência participaram da primeira edição dos jogos dentro do colégio André Vidal, em 2012. A educadora
física Shirley do Amaral, idealizou o projeto em 2011 quando começou a trabalhar na escola. “O Jaavas surgiu da necessidade de ter um esporte voltado para pessoas mais comprometidas, com um grau de deficiência mais avançado”, explicou. No primeiro ano, os jogos adaptados foram realizados
O Jaavas surgiu da necessidade de ter um esporte voltado para pessoas mais comprometidas, com um grau de deficiência mais avançado Shirley Amaral, Idealizadora do Jaavas
somente com a turma em que Shirley dava aula. Mas, a iniciativa fez tanto sucesso que em 2012, a professora apresentou um projeto para estender a ação aos 600 alunos da escola. “Quando vimos que deu certo, percebemos que poderíamos melhorar. Em 2013, já com
apoio da Secretaria Municipal de Educação, começamos a convocar a população para abraçar a causa da pessoa com deficiência”, disse. Em 2013, os jogos adaptados foram oferecidos em toda a capital, sendo desenvolvido em vários centros esportivos. Para atender a crescente procura, a equipe de Shirley que começou com apenas duas pessoas saltou para 15. Em quatro anos de Jaavas, mais de oito mil atletas passaram pelo projeto. Em 2015 são esperados dois mil participantes. A competição é composta por 25 modalidades adaptadas, que atende a pessoas com dificuldades intelectual, visual, auditiva, física, espectro do autismo e paralisia cerebral. Dentre os esportes adaptados estão basquete, futebol, vôlei, atletismo, natação, bocha, além de atividades recreativas adaptadas para pessoas com os movimentos mais comprometidos. “Algumas pessoas tem a mobilidade mais comprometida e fica muito difícil executarem os movimentos, por isso fomos adaptando vários jogos. Com o auxílio dos professores e dos pais, as
pessoas percebem que podem fazer o movimento e tem um estimulo maior”, disse Shirley. Além de desenvolver as habilidades físicas, a educadora observa que o esporte atinge vários pontos do ser humano. “O esporte é completo e desenvolve o ser humano no todo, mesmo aqueles que têm pouca mobilidade. O professor de educação física tem um poder muito grande de levar a pessoa, não só com deficiência, a se desenvolver e a ter mais segurança. É um trabalho interdisciplinar”, disse. Shirley trabalha com pessoas com deficiência desde 1996, quando foi técnica da seleção amazonense de basquete de cadeira de rodas. Mas, a empatia da profissional começou ainda na faculdade, incentivada pela professora de educação adaptada. “Meu caminho sempre me levou a trabalhar com pessoas com deficiência. Apesar de poucos gostarem e quererem trabalhar com essa parte, é um público que conseguimos atingir e ver resultado tanto na própria pessoa com deficiência como na família. Ver o desenvolvimento deles é muito gratificante e motivador”, afirmou Shirley.
Inscrições abertas para edição 2015
CLEOMIR SANTOS
IVE RYLO
Atletas participando da corrida Abrace uma Pessoa com Deficiência
Neste ano o Jaavas será realizado de 21 a 28 de agosto, na Vila Olímpica, Zona Centro-Oeste e em mais sete pontos espalhados pela cidade. No dia 22, às 16h será realizada a “Corrida rústica abrace uma pessoa com deficiência” no complexo da Ponta Negra. O trajeto é de cinco quilômetros. Haverá premiação para os três primeiros lugares, com prêmios de R$ 500, R$ 300 e R$ 200. Antes, as 15h30, acontece a segunda corrida mirim, “Corrida do Abracinho”, destinada a crianças a partir de dois anos, com um percurso lúdico, onde os pais também poderão participar incentivando e torcendo por seus filhos. As inscrições são pagas e podem ser feitas pelo site www.endurancemanaus.com.br até 16 de agosto. Já para os jogos, as inscrições são gratuitas e podem ser realizadas no site da Secretaria Municipal de Educação (www.semed. manaus.am.gov.br). Empresas ou pessoas que queiram apoiar o projeto podem entrar em contato pelo 993501847. “Temos além da Semed, algumas empresas que apóiam a causa, que deram água e frutas para distribuir durante os jogos. Quem quiser ajudar, não precisa ser somente com dinheiro, pode ate ajudar a cortar as frutas no dia do evento, do jeito que puder, agradecemos”, disse Amaral.