Pódio - 29 de julho de 2015

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DIVULGAÇÃO

MANAUS, QUARTA-FEIRA, 29 DE JULHO DE 2015

esportes@emtempo.com.br

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Diene e Thalia irão respresentar o Amazonas e o Brasil no Mundial de luta olímpica

As donas do

TATAME

Quatro amazonenses irão representar o Brasil no Mundial de luta olímpica no próximo mês, em Salvador na Bahia IVE RYLO

É

de igual para igual que elas dividem o tatame com lutadores experientes nos treinos, as vésperas do Campeonato Mundial de Luta Olímpica. Dos oito lutadores amazonenses convocados para compor a seleção brasileira, quatro meninas carregam a esperança da conquista de medalhas no torneio, agendado para agosto, no estado da Bahia. No grupo, Diane Martins, 18, e a parintinense Thalia Lopes, 17, também são promessas de medalha para as Olimpíadas de

2016 e 2020. O talento da dupla já rendeu premiações em outras disputas internacionais. Diane ficou em segundo lugar no Pan-americano de 2014, em Recife. Já Thalia no primeiro ano de disputa em 2013, no Pan da Colômbia, conquistou o quarto lugar e ano passado abocanhou o bronze no mesmo torneio realizado em Cuba. Para fazer bonito nas competições, a dupla, junto ao restante da equipe, treina três vezes por dia às 7h, 9h e 13h na quadra de lutas da Vila Olímpica de Manaus, zona Centro-Oeste.

“Também corremos a noite para bater o peso e ter uma preparação melhor. No mundial vêm equipes de muitos países e temos que ter uma preparação muito boa, porque são países com tradição muito forte na luta olímpica”, analisou Diane. Apesar de competirem em categorias diferentes – Diane no estilo livre 44 quilos e Thalia no estilo livre 51 quilos – ambas possuem histórias semelhantes de superação e coragem em se envolver em um esporte predominantemente masculino. Foi escondido dos pais que Diane começou a praticar a

luta olímpica em 2010. Ela conheceu o esporte em um projeto social próximo de casa, no bairro Cidade Nova, Zona Norte, que incentivava a modalidade, gostou e não parou mais. “Eu treinava escondido quando meus pais iam trabalhar. Minha mãe e meu pai não davam muito apoio, até meu professor ir em casa conversar, explicar como era. Depois disso, eles perceberam que eu queria muito e começaram a me apoiar. Hoje todo mundo me entende em casa, até quando eu estou perdendo peso, e fico com aquele mal humor”, disse a menina. Após conquistar o apoio dos

pais, Diane aprendeu a driblar o preconceito dentro do tatame. “Agora não tem muito preconceito, mas antes tinha. A mulher não era muito bem vista, quando a gente chegava aos campeonatos, de repente pelo nosso jeito ‘entroncadinha’, havia o preconceito. Mas agora o estilo livre feminino esta sendo mais visto, principalmente após a Joyce Silva ser ouro no pan de Toronto”, ressaltou a menina. Além dos treinos diários, a atleta também participa de uma verdadeira maratona, na corrida em busca de patrocínio. “Patrocínio é muito difícil em Manaus, a luta olímpica

não é muito vista ainda. Por isso focamos nos treinos, vemos família só nos fins de semana para conseguir bons resultados. A gente recebe bolsa quando ‘medalha’, agora está difícil, os recursos não estão saindo, mas a gente continua treinando”, disse. Apesar das dificuldades, a menina pretende investir na carreira, se preparando para disputar os Jogos Olímpicos em 2020. “O pessoal do Rio de Janeiro esta visando mais o Amazonas, por termos mais resultados lá fora. Então estão querendo trabalhar a gente para 2020, para disputar Olimpíadas”, comemorou.

De Parintins para o mundo ver Assim como a amiga, Thalia Lopes, 17, também teve que convencer os pais a deixá-la lutar com os colegas no município de Parintins (a 369 quilômetros de Manaus). “Meus pais preferiam que eu praticasse um esporte mais feminino. Antigamente só gostava de jogar bola, depois entrei na luta. Chegava muito machucada em casa. Eles queriam que eu parasse, mas consegui vencer, eles sabiam que eu queria e me apoiaram”, reconheceu. Thalia praticou por dois anos jiu-jítsu, alcançando a faixa verde. Já em Manaus, após uma derrota em um campeonato, foi convidada a experimentar a luta olímpica pelo professor Helton Henrique – atual chefe da equipe. Há cinco anos na modalidade, ela vence diariamente as dificuldades comuns aos ou-

tros atletas. “A gente sempre passa por várias dificuldades, mas tem que vencer as barreiras para conseguir o que a gente quer e gosta. Meus pais pediram para parar, porque não tinha condições de vir todo dia para treinar, cheguei a faltar aula para vir. Sem dinheiro, vinha andando da Alvorada para cá. Mas no fim eles me apoiaram”, afirmou. Com uma rotina de treinos de gente grande, a menina está confiante para o mundial, e quem sabe para os Jogos Olímpicos de 2016. “Estamos trabalhando pra ver se entro em 2016. Final do ano vai ter uma competição no Rio de Janeiro, vou baixar para 48 kg para ver se conseguimos”, ressaltou. Além das duas meninas, Andria Pimentel e Brenda Ariane, Patrick Alves, David Moreira, Fabio Júnior e Lucas Machado

– que integram o Centro de Treinamento de Alto Rendimento da Amazônia (Ctara) – compõe a equipe brasileira formada por mais 19 atletas, todos de 17 a 20 anos de idade. Técnico importado Para o treinador da equipe, o cubano Dagoberto Arbolaez, 62, o destaque do quarteto feminino na luta olímpica não é uma surpresa. “Em geral no esporte predominam mais as mulheres, porque são mais focadas e dedicam-se muito. Isto no mundo inteiro”, analisou. Apesar do Mundial ser muito competitivo, por reunir equipes de 50 países com tradição – como Russia, Estados Unidos, Cuba, Irã e Japão e 600 atletas – Arbolaez esta confiante dos resultados. “Mundial é outra coisa. Mas todos estão bem, têm

“Cascas grossas” treinam três vezes por dia na quadra de lutas da Vila Olímpica de Manaus

possibilidade, mas creio que em duas categorias podemos medalhar”, apostou. Em todo o país, o Amazo-

nas apresenta maior número de atletas na equipe brasileira, o que é facilmente explicado pelo técnico cuba-

no que treina luta olímpica desde os 12 anos de idade. “A luta no Amazonas é a melhor”, garantiu.

FOTOS: IONE MORENO

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