DIVULGAÇÃO
Caderno E
Flamengo negocia com Armero MANAUS, SEXTA-FEIRA, 20 DE MARÇO DE 2015
esportes@emtempo.com.br
(92) 3090-1017
Página 3
Presidente assina MP que parcela dívidas dos clubes Capitão do penta, Cafu participou da solenidade de assinatura da medida provisória em Brasília
B
rasília (DF) - A presidente Dilma Rousseff anunciou ontem (19) a Medida Provisória que pune até com rebaixamento os clubes que refinanciarem suas dívidas fiscais e, depois disso, não cumprirem com os pagamentos e que também atrasarem o pagamento de compromissos com atletas e técnicos. O governo estima que a dívida dos clubes com a União está em cerca de R$ 3,5 bilhões. Somente os 12 clubes com maiores torcidas devem mais de R$ 1,5 bilhão. Essa dívida poderá ser parcelada em até 240 meses, sendo que nos
primeiros 36 terão que ser pagos entre 2% e 6% do total, a depender da capacidade financeira do clube. No entanto, como contrapartida ao refinanciamento, os clubes serão obrigados a investir nas categorias de base e no futebol feminino, além de pagar em dia os salários de profissionais. “O futuro do nosso futebol depende da aprovação dessa legislação”, disse Dilma. “Infelizmente, hoje o país exporta os artistas, ao contrário de vários países do mundo que exportam o espetáculo”, acrescentou. Os dirigentes esportivos terão também limitação de mandato e não poderão aumentar o endividamento do clube.
‘Não é só renegociação’
Presidente discursou após assinar a MP que modifica a gestão do futebol nacional
Em discurso após assinar a proposta, a presidenta argumentou que as contrapartidas exigidas obrigam os clubes a se comprometerem com novas diretrizes de gestão. “Vai além da renegociação das dividas dos clubes com o g o verno. Recentemente vetei uma mera renegociação. Estamos propondo um programa que permitirá aos clubes superar proble-
mas financeiros, e ao mesmo tempo adotar gestões mais saudáveis”, projetou Dilma em evento realizado no Palácio do Planalto. “Estamos construindo uma grande oportunidade aos clubes, que é saldar suas dividas. Em troca, queremos a melhoria da administração dos clubes. Nossa proposta foca no aprimoramento da gestão e o equilíbrio financeiro dos clubes, que terão que se comprometer com certas medidas”, explicou a presidente, referindo-se a sete obrigações que os times terão de cumprir para não sofrerem sanções. O texto da MP agora segue para sanção do Congresso, que decide aprovar ou não a medida em até quatro meses. De qualquer forma, a proposta já tem peso legal a partir do momento que for publicada no Diário Oficial da União. A presidente promete ainda que haverá fiscalização.
A cerimônia de apresentação da MP contou com o goleiro Dida e o ex-jogador Cafu, representantes do Bom Senso FC, e o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello. Rebaixamento O sub-chefe da Casa Civil da presidência, Ivo Correa, disse que o rebaixamento dos clubes que não cumprirem a nova Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte é a chave para a melhoria do futebol no país. “A grande novidade dessa lei é a sanção esportiva. Essa é a grande chave para a mudança. Pela primeira vez, uma gestão fiscal não responsável terá punição grave (rebaixamento), que
é algo que nenhum torcedor perdoa”, afirmou. O ministro do Esporte, George Hilton, disse que o governo está disposto a negociar com o Congresso mudanças na legislação. Há resistência principalmente em relação ao tempo máximo de mandato nos clubes e nas instituições. Mas, segundo ele, a MP foi discutida com todos os integrantes do mundo esportivo e o que foi para o Congresso tem consenso. “Há alguns parlamentares que têm opiniões divergentes. Vamos respeitar o Congresso. Mas vamos fazer um trabalho de convencimento junto aos líderes porque é uma medida de consenso”, afirmou Hilton.
Clubes terão que cumprir metas Brasília (DF) - Aprovada pela presidenta Dilma Rousseff na manhã de ontem (19) a MP que tenta melhorar a gestão do futebol brasileiro já vale a partir de hoje. O governo federal fecha o cerco aos clubes, que terão que cumprir sete obrigações financeiras para não sofrer duras consequências.
Em discurso, Dilma classificou o futebol como “um símbolo do nosso País”. Ela entende que a proposta força os clubes a adotar “gestões mais saudáveis”, o que no futuro seria essencial não só para que as equipes superem as crises financeiras, mas também para melhorar a qualidade dos jogos.
AS 7 MEDIDAS A SEREM CUMPRIDAS 1. Publicar demonstrações contábeis auditadas por empresas independentes. 2. Pagar em dia todas as obrigações tributárias com atletas e funcionários, incluindo direitos de imagem. 3. Gastar no máximo 70% de sua receita bruta com futebol profissional. 4. Manter investimento mínimo em suas categorias de base e futebol feminino. 5. Não antecipar receitas previstas para mandatos posteriores, a não ser em casos específicos. 6. Adotar programa de redução de débito progressivo, a ser sanado no máximo em 2021. 7. Respeitar todas as regras de transparência previstas no artigo 18 na Lei Pelé, que entre outras cobranças fala em “gestão democrática” dos clubes.
FOTOS: LULA MARQUES/FRAME
Times brasileiros terão 240 meses para quitar débitos com a União. Governo impôs contrapartida para o benefício