Pódio - 1º de maio de 2014

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MANAUS, QUINTA-FEIRA, 1º DE MAIO DE 2014

Senna do Brasil

de Fórmula 1 de todos os tempos em seu país: ele morreu aos 34 anos (no dia 1º de maio de 1994) após sofrer um prova foi interrompida e um clima de comoção tomou conta dos presentes e dos milhões que assistiam a tudo pela TV estavam Emerson Fittipaldi, Gerhard Berger e Alain Prost, seu maior rival nas pistas. Também presente estava Sir Frank Williams, seu último chefe de equipe, que declarou: “Ayrton não era uma pessoa comum. Ele foi na verdade um homem mais grandioso fora do carro do que dentro dele.” Mesmo 20 anos depois, a figura mítica de Ayrton Senna ainda está viva na memória do povo brasileiro e dos apaixonados pela competição. Em eleição feita pelo canal britânico BBC em 2012, ele foi eleito o melhor piloto de todos os tempos. “Provavelmente nenhum piloto da Fórmula 1 tenha se dedicado mais ao esporte e dado mais de si em sua busca pelo sucesso. Ele era uma força da natureza, uma combinação incrível de muito talento e, em alguns

casos, uma determinação espantosa”, lia-se no artigo do site do conhecido veículo britânico. Além de sua genialidade nas pistas, Senna foi uma das personalidades mais carismáticas do esporte. Seu brilho como piloto era acompanhado por um intelecto iluminado e um carisma que conquistou a Fórmula 1 como nunca antes. Ninguém tentou mais intensamente ou se levou aos limites mais distantes, nem discursou tanto sobre os limites que somente os grandes pilotos alcançam. A forma com que Senna colocava tudo de si em tudo que fazia lhe rendia a admiração geral. Atrás do volante seu comprometimento era marcante, e assistir Senna em uma eletrizante volta de classificação ou incansável perseguição ao carro da fren-

te despertava uma combinação de admiração com temor pelo seu futuro. Consciente da própria mortalidade, Senna era passional na sua infinita luta para ir além dos seu limites, uma perseguição que acabou por lhe tomar a vida da forma que ele próprio afirmou. “Eu quero viver a vida muito intensamente. Eu nuca iria querer viver parcialmente, sofrendo de alguma doença ou lesão. Se algum dia eu sofrer um acidente que me custe a vida, eu espero que aconteça em um instante”, disse Senna em entrevista no início do ano de sua morte.

SENNA NOS BRAÇOS DO POVO No GP de 28 de março de 1993, no Brasil, em Interlagos, Ayrton Senna conseguia sua segunda vitória em casa, a 37ª na carreira e a 31ª na equipe McLaren. Nesta corrida, o rival Alain Prost liderava e, quando começou a chover forte, o francês não trocou os pneus, bateu em Christian

Fittipaldi e saiu da corrida. Senna então aproveitou e foi ganhando posições até ultrapassar o inglês Damon Hill para assumir a liderança e vencer o GP. Foi uma vitória inesquecível que mereceu uma comemoração inédita: pista invadida pelos torcedores

e Senna carregado pela multidão. O piloto brasileiro foi simplesmente arrancado do carro e comemorou a vitória nos braços da eufórica e imensa torcida brasileira presente em Interlagos.

O BICAMPEONATO MUNDIAL Ayrton Senna conquistou seu bicampeonato no penúltimo GP da temporada de 1990. Foi em Suzuka, no Japão, que o brasileiro deu o troco no rival Alain Prost, que um ano antes havia vencido o campeonato de forma pouco ética. Naquele GP, o francês “fechou a porta” quando Senna, nas voltas finais, tentou ultrapassá-lo. Houve o choque e os dois saíram da pista. Senna ainda voltou ajudado

pelos comissários, mas acabou desclassificado. Um ano depois Senna deu o troco na mesma moeda e local. Prost precisava da vitória para levar a decisão para o último GP, na Austrália, e também não podia provocar um incidente com Senna, já que desta vez o prejuízo seria seu. O suspense durou menos de dez segundos. A Ferrari do francês, que largou na segunda posição do grid,

conseguiu tomar a dianteira, mas Senna forçou o carro e entrou por dentro na tomada da primeira curva. Então nenhum dos dois deu o braço a torcer. A roda direita traseira da Ferrari tocou na dianteira esquerda da McLaren e os carros saíram da pista, fazendo uma imensa nuvem de areia. A corrida não foi paralisada e Ayrton conquistava o bicampeonato mundial de F-1.

O TRICAMPEONATO MUNDIAL No dia 20 de outubro de 1991, a Fórmula 1 conhecia o seu mais novo tricampeão mundial. Novamente no circuito de Suzuka, no Japão, Ayrton Senna disputava o título da temporada com o inglês Nigel Mansell, da Williams, que, logo na 10ª volta, abandonou a prova com problemas no freio. Daí para frente Senna deu um show e comemorou em grande estilo o tri. Na volta final, quando

liderava folgadamente, num gesto de companheirismo ou por imposição da equipe - cedeu passagem ao seu amigo e companheiro, o austríaco Gerhard Berger, que assim conquistava sua sexta vitória na F-1. Senna, então, entrava para o seletíssimo grupo dos tricampeões mundiais e também era o mais jovem piloto a conquistar essa façanha na história da F-1. E ao lado de

Nélson Piquet colocou o Brasil numa situação invejável no automobilismo mundial: era o único país a ter dois tricampeões mundiais de F1. Ainda no campeonato de 91, no último GP da temporada, Senna ganhou a corrida e quebrou um tabu de nunca vencer a prova de Adelaide, na Austrália. De passagem ainda deu o tetracampeonato mundial de construtores para a McLaren.

riscar a vida em situações tão absurdas. Sem ela, não valeria o risco, por dinheiro nenhum, por nada neste mundo”. E completava: “Ser piloto é uma questão de cromossomos: ou seu nas-

ce com esta predisposição, ou não. Se você tem as bases, pode desenvolvê-las, mas, quanto mais frio e racional, mais você precisa ter dentro de si a paixão pela corrida”.

O LEMA DO ÍDOLO O lema de Ayrton Senna desde que ingressou na Fórmula 1 sempre foi: “Vencer ou vencer”. Senna dizia: “A vitória é o único prêmio de um piloto. É a motivação real e justificável para ar-

VITÓRIA POR MENOS DE UM SEGUNDO A vitória mais dramática de Ayrton Senna em GPs foi em 13 de abril de 1986 na Espanha. Senna venceu o rival Nigel Mansell por apenas 0,014

segundos (ou seja: 14 milésimos) e com isso entrou para o livro “The Guinness Book of Sports Records”, da editora Facts on File na edição 95/96. Em toda

carreira na F-1, Senna conseguiu a incrível marca de 41 vitórias e 65 pole positions, além dos três mundiais.

O piloto de Fórmula 1, Ayrton Senna, morto em 1994, será eternizado na memória dos brasileiros


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