Especial
Portugal MANAUS, QUARTA-FEIRA, 11 DE JUNHO DE 2014
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Uma das coisas mais interessantes de Lisboa é o fato de sua história se confundir com a nossa
Porta aberta para Manaus MÁRIO ADOLFO Enviado especial
Lisboa – “Portugal está na moda”. A frase, repetida pelo diretor-geral da TAP para a América do Sul, Mário Carvalho, pelo consultor da companhia, Francisco Sá Nogueira, e também pela promotora de turismo Carmo Botelho, pôde ser constatada por um grupo de cinco jornalistas de Manaus e Belém, que realizaram a viagem histórica de inauguração do voo inaugural da companhia aérea portuguesa TAP, que no dia 03 de junho começou a operar com voos diretos entre Belém e Lisboa, ligando a Amazônia a diversos destinos da Europa. Nos quatro dias em que permaneceram em Lisboa, os jornalistas puderam observar que, depois de sofrer a intervenção da troika e chegar ao fundo do poço, o país parece emergir da crise financeira internacional que começou em 2005, voltando a receber levas cada vez maiores de turistas. De acordo com Mário Carvalho e Francisco Nogueira, que acompanharam os jornalistas no dia a dia pelas andanças portuguesas, foi a partir do Campeonato de Futebol da Euro 2004, que essa tendência começou a crescer, apesar da quebra em 2009, o ano em que a crise chegou ao seu auge. Mas, nos últimos 3 anos, principalmente a partir de 2013, o número de turistas estrangeiros que começou a navegar em direção a Portugal registrou um aumento superior a 2,5 milhões de pessoas. — O boom foi mesmo no período de 2012 para 2013 –, confirma Francisco Nogueira, lembrando que foi a partir daí que a imprensa
internacional virou os olhos para Portugal e o número de visitantes passou de 7,6 milhões de turistas anuais para 8,3 milhões. No último dia da visita, quando apresentou um resumo do workshop “Porque Portugal” para os jornalistas amazônicos, Francisco atribuiu essa “volta por cima” ao fato de Portugal ser o destino mais barato da Europa, ter as melhores praias, um circuito do surfe, a gastronomia e vinhos que encantam os visitantes e proporcionar um verdadeiro mergulho no túnel do tempo por meio de sua rica história, de castelos, palácios, mosteiros, a saga de grandes navegantes, a vida de reis, rainhas e príncipes e a própria ligação da família real com a história do Brasil. — Estes são alguns dos atrativos que provocam os fascínio no turismo de Lisboa – comenta, lembrando – muito bem lembrado –, que até o pastel de Belém é um fator que atrai os visitantes. Nos primeiros passos por Lisboa, depois de uma viagem de mais de 12 horas – com escala em Belém onde o voo da TAP foi inaugurado em ritmo de carimbo –, os jornalistas foram levados por Francisco à parte velha de Lisboa, marcada pelo catastrófico terremoto de 1755, seguido de tsunami e incêndio, que acabaram destruindo o que tinha escapado a tremor. No percurso, o consultor de marketing apresenta também a avenida da Liberdade, onde estão concentradas as maiores grifes do mundo, “o paraíso do consumo”, avisa às coleguinhas de imprensa. O primeiro almoço nas terras lusitanas aconteceu no famoso restaurante Zambezi, localizado no centro
histórico de Lisboa, entre o largo do Caldas e o Castelo de São Jorge. A quarta-feira, 4, era de sol e céu azul, com temperatura agradável e a área externa do restaurante, instalado no último andar da antigo Mercado Chão do Loureiro, revela uma vista inesquecível da baixa lisboeta e as águas do Tejo. Isso tudo deliciando vinhos branco e tinto e saboreando pratos típicos da gastronomia portuguesa, que no Zambeze se misturam aos sabores africanos, traduzidos pacientemente pela promotora de turismo, Carmo Botelho. Depois do almoço, o grupo de jornalistas, sempre guiados por Francisco e Carmo, segue a pé, em direção ao Castelo de São Jorge, monumento nacional, de arquitetura militar, românica e gótica encravado na mais alta colina de Lisboa antiga, cercado por uma muralha datada de 138 a.C. Quem nos recebe na entrada é Susana Repolho, relações pública que faz breve histórico da fortificação que pertencia aos mouros e é considerada o “monumento mais emblemático da cidade de Lisboa”. Em 1147, dom Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, com a ajuda da Segunda Cruzada, conquista a cidade que capitula após cinco meses de cerco. — O rei não atacou a muralha. Simplesmente fez um cerco, impedindo que chegasse ao castelo comida e água. Depois de um tempo, os mouros não resistiram –, conta Susana, complementando que em outubro desse ano, o novo poder instala-se no Castelo de São Jorge. — Hoje, em 2013, o Castelo de São Jorge recebeu um milhão de visitantes. Nossa meta é atingir 1,2 milhão em 2014 – torce a relações públicas.
Castelo de São Jorge, localizado na colina mais alta da cidade, atravessou séculos e foi testemunha da destruição de Lisboa por um grande terremoto
Um passeio nas ruelas de Alfama, onde nasceu o fado Uma caminhada pelo Alfama, o bairro de maior tradição de Lisboa, dá sequência à visita dos jornalistas a Lisboa antiga. Foi lá que nasceu o fado e é lá que se encontra o museu do maior gênero da música portuguesa. Explica Francisco Nogueira, que o bairro destruído no grande terremoto do século 18, mas reconstruído quase igual. No caminho, vamos encontrando símbolos da Festa de Santo Antônio penduradas nas Janelas e alvoroço na frente dos velhos casarões, preparando o ambiente para o festejo. No meio da caminhada, uma surpresa: uma das barracas que vende bebida toca um CD do axé baiano, que anunciada como a “genuína música do Brasil” (pobre Bossa Nova!) . Localizado entre o rio Tejo e o Castelo de São Jorge, na parte alta de Lisboa e com mais de 1500 anos, Alfama é um labirinto de ruelas
e becos. Um lugar onde o tempo parece ter parado, principalmente quando o turista se depara com o bonde trafegando na rua principal. É o famoso elétrico 28. É no Alfama também que se encontra o mosteiro de São Vicente de Fora, que recebeu o nome por ter sido construído fora da velha muralha que cerca o Castelo de São Jorge. Com sua história fascinante e a simplicidade de sua gente, Alfama é visitado constantemente por turistas do mundo inteiro. Por coincidência, o grupo de jornalistas acabou encontrando uma turista de Manaus, moradora da Ponta Negra, que fica feliz ao saber que já existem voos diretos entre Manaus e Lisboa. “Para eu chegar aqui, tive que primeira ir para São Paulo. É muito cansativo. Agora isso vai mudar”, disse sorrindo.